Nascida em Sacramento, Carolina Maria de Jesus inspira enredo da Unidos da Tijuca no carnaval 2026

Neta de escravos e filha de mãe analfabeta, Carolina foi para SP em 1947 em busca de melhores condições de vida. Seu livro "Quarto de Despejo", é uma das obras mais marcantes da literatura brasileira, e vendeu cerca de 3 milhões de livros, em 16 idiomas. Fome, inflação e pobreza vividas pela escritora negra Carolina Maria de Jesus na década de 1950 se assemelham à realidade dos mais pobres na pandemia
Divulgação
A escritora mineira, natural de Sacramento no Triângulo Mineiro, Carolina Maria de Jesus, será homenageada no carnaval de 2026 pela escola de samba Unidos da Tijuca. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (2), durante evento realizado na quadra da escola, no Centro do Rio de Janeiro. O título do enredo será o próprio nome da escritora.
Esta é a segunda vez que Carolina será tema de escola de samba. Em abril de 2022, a escola de São Paulo, Colorado do Brás homenageou a escritora com o enredo 'Carolina – A Cinderela Negra do Canindé'.
Em São Paulo, Carolina viveu por décadas na favela do Canindé, onde recolhia papel e outros materiais recicláveis para sobreviver. Foi ali que ela começou a registrar sua realidade em cadernos, que resultariam no livro Quarto de Despejo, publicado em 1960. Seu livro mais conhecido, teve grande repercussão no Brasil e no exterior, e é até hoje referência sobre a realidade das periferias.
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"O título - o próprio nome da autora, ‘Carolina Maria de Jesus’ ainda alvo de dúvidas e confusões - foi escolhido em virtude da necessidade de afirmarmos sua identidade, de colocarmos em lugar de direito a "escritora que foi favelada" ao invés da "favelada que escrevia". A agremiação desfraldará, feito pavilhão engalando, o lenço que foi a prisão imagética de Carolina, coroando-a de livros, recortes e poesias, num reencontro sensível e emocionante com a sua literatura visceral, verdadeira e comovente", explicou o carnavalesco Edson Pereira.
Quem foi Carolina Maria de Jesus, uma das mais importantes escritoras do Brasil?
Neta de escravos e filha de mãe analfabeta, Carolina foi para São Paulo em 1947, em busca de melhores condições de vida, e foi morar na favela do Canindé, que ficava às margens do Rio Tietê.
Chegou a passar fome e morar na rua. Dessa experiência e de uma profunda capacidade de observação, ela tirou a inspiração para escrever a sua principal obra: "Quarto de Despejo".
"Quando ela recebe o livro 'Quarto de Despejo' impresso, ela coloca assim, no alto, eu lembro como se fosse hoje, e ela lê. Eu vi a felicidade no olhar dela - 'Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo'. Ela estava muito feliz porque tinha alcançado o objetivo dela", relatou Vera Eunice de Jesus, professora e filha da escritora, em entrevista à TV Globo em 2021.
O biógrafo de Carolina, o jornalista Tom Farias, conta que os acadêmicos rejeitaram muita coisa que ela escreveu por causa dos "erros de português". Tom Farias defende que o sucesso que os livros dela fazem até hoje no mundo todo comprova a qualidade do material.
"A voz do negro no Brasil, desde 1500, quando começaram a vir as primeiras levas de escravizados pra cá, nunca foi ouvida, né, e a Carolina veio no século 1920 pra quebrar esse estigma de que o negro não tem voz", afirmou.
Na avaliação de Vera, filha da escritora, sua mãe escrevia em "pretoguês".
"Nós estamos no século 21, esse livro é da década de 1940, 1937, e os problemas continuam vigentes porque a gente vê todos dias acontecerem essas coisas, essa discriminação, essa violência. Então, eu sempre digo que a Carolina de Jesus é uma escritora atual", afirmou em 2021.
Quarto de Despejo
A escritora Carolina Maria de Jesus, em abril de 1961, e capas do 'Quarto de Despejo' em diferentes línguas
Marcelo Brandt/G1; Reprodução
Lançado em 1960, seu primeiro livro, "Quarto de Despejo", é uma das obras mais marcantes da literatura brasileira, e vendeu cerca de 3 milhões de livros, em 16 idiomas.
Multiartista, ela também era cantora, escritora de contos, crônicas, letras de música, peças de teatro e artista têxtil.
Em 2021, a vida e a obra da artista foram retratadas na mostra "Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros", que ocupou dois andares do Instituto Moreira Sales (IMS), na Avenida Paulista, em São Paulo.
Em julho de 2022, uma estátua de Carolina foi inaugurada pela prefeitura de São Paulo em Parelheiros, na Zona Sul da capital.
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A escritora mineira, natural de Sacramento no Triângulo Mineiro, Carolina Maria de Jesus, será homenageada no carnaval de 2026 pela escola de samba Unidos da Tijuca. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (2), durante evento realizado na quadra da escola, no Centro do Rio de Janeiro. O título do enredo será o próprio nome da escritora.
Esta é a segunda vez que Carolina será tema de escola de samba. Em abril de 2022, a escola de São Paulo, Colorado do Brás homenageou a escritora com o enredo 'Carolina – A Cinderela Negra do Canindé'.
Em São Paulo, Carolina viveu por décadas na favela do Canindé, onde recolhia papel e outros materiais recicláveis para sobreviver. Foi ali que ela começou a registrar sua realidade em cadernos, que resultariam no livro Quarto de Despejo, publicado em 1960. Seu livro mais conhecido, teve grande repercussão no Brasil e no exterior, e é até hoje referência sobre a realidade das periferias.
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"O título - o próprio nome da autora, ‘Carolina Maria de Jesus’ ainda alvo de dúvidas e confusões - foi escolhido em virtude da necessidade de afirmarmos sua identidade, de colocarmos em lugar de direito a "escritora que foi favelada" ao invés da "favelada que escrevia". A agremiação desfraldará, feito pavilhão engalando, o lenço que foi a prisão imagética de Carolina, coroando-a de livros, recortes e poesias, num reencontro sensível e emocionante com a sua literatura visceral, verdadeira e comovente", explicou o carnavalesco Edson Pereira.
Quem foi Carolina Maria de Jesus, uma das mais importantes escritoras do Brasil?
Neta de escravos e filha de mãe analfabeta, Carolina foi para São Paulo em 1947, em busca de melhores condições de vida, e foi morar na favela do Canindé, que ficava às margens do Rio Tietê.
Chegou a passar fome e morar na rua. Dessa experiência e de uma profunda capacidade de observação, ela tirou a inspiração para escrever a sua principal obra: "Quarto de Despejo".
"Quando ela recebe o livro 'Quarto de Despejo' impresso, ela coloca assim, no alto, eu lembro como se fosse hoje, e ela lê. Eu vi a felicidade no olhar dela - 'Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo'. Ela estava muito feliz porque tinha alcançado o objetivo dela", relatou Vera Eunice de Jesus, professora e filha da escritora, em entrevista à TV Globo em 2021.
O biógrafo de Carolina, o jornalista Tom Farias, conta que os acadêmicos rejeitaram muita coisa que ela escreveu por causa dos "erros de português". Tom Farias defende que o sucesso que os livros dela fazem até hoje no mundo todo comprova a qualidade do material.
"A voz do negro no Brasil, desde 1500, quando começaram a vir as primeiras levas de escravizados pra cá, nunca foi ouvida, né, e a Carolina veio no século 1920 pra quebrar esse estigma de que o negro não tem voz", afirmou.
Na avaliação de Vera, filha da escritora, sua mãe escrevia em "pretoguês".
"Nós estamos no século 21, esse livro é da década de 1940, 1937, e os problemas continuam vigentes porque a gente vê todos dias acontecerem essas coisas, essa discriminação, essa violência. Então, eu sempre digo que a Carolina de Jesus é uma escritora atual", afirmou em 2021.
Quarto de Despejo
A escritora Carolina Maria de Jesus, em abril de 1961, e capas do 'Quarto de Despejo' em diferentes línguas
Marcelo Brandt/G1; Reprodução
Lançado em 1960, seu primeiro livro, "Quarto de Despejo", é uma das obras mais marcantes da literatura brasileira, e vendeu cerca de 3 milhões de livros, em 16 idiomas.
Multiartista, ela também era cantora, escritora de contos, crônicas, letras de música, peças de teatro e artista têxtil.
Em 2021, a vida e a obra da artista foram retratadas na mostra "Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros", que ocupou dois andares do Instituto Moreira Sales (IMS), na Avenida Paulista, em São Paulo.
Em julho de 2022, uma estátua de Carolina foi inaugurada pela prefeitura de São Paulo em Parelheiros, na Zona Sul da capital.
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