Fotos da cirurgia íntima da mãe da ex-BBB Vanessa Lopes geram debate: entenda o que é a labioplastia e quando é indicada

Brasil é recordista mundial em cirurgias íntimas femininas. Ginecologistas alertam que não existe um padrão: cada vulva tem seu próprio tamanho e forma. Lica Lopes, mãe da ex-BBB Vanessa Lopes
reprodução redes sociais
Lica Lopes, mãe da ex-BBB Vanessa Lopes, fez uma plástica íntima chamada de ninfoplastia e postou fotos fortes numa rede social, mas apagou as imagens após muitos comentários negativos. Mas por que cada vez mais mulheres realizam cirurgias na parte íntima? Há riscos envolvidos?
Lica informou por meio de post no Instagram que foi um procedimento tranquilo, não sentiu dor e que seu único arrependimento foi não ter feito a cirurgia antes. Após deletar imagens íntimas do pós-cirúrgico, ela postou também sobre cuidados para a cicatrização da região, que envolve uma drenagem local, luzes de LED e radiofrequência para melhorar o edema e estimular o colágeno.
Liziane Lopes Ramalho, conhecida como Lica Lopes, tem cerca de 1 milhão de seguidores no Instagram. Empreendedora e influenciadora, Lica publica conteúdo sobre fitness e comportamento.
A ninfoplastia e a labioplastia são termos usados para se referir à cirurgia de redução dos pequenos lábios vaginais. A labioplastia refere-se especificamente à redução dos pequenos lábios. Já a ninfoplastia pode englobar outras intervenções na região íntima, como a redução dos grandes lábios ou mesmo a cirurgia de clitóris, dependendo do caso e da necessidade da paciente.
O Brasil é recordista mundial em cirurgias íntimas femininas. Só em 2020, a labioplastia (entenda o que é a cirurgia mais abaixo) foi feita por 20.334 mulheres no país, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps, na sigla em inglês). Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar, com 13.697 cirurgias realizadas.
Toda vagina tem cheiro?
Sabonete íntimo é item obrigatório para higiene da região genital?
12 hábitos que podem prejudicar a saúde íntima feminina
Cirurgia íntima feminina: questão de saúde ou só estética?
Dainis Graveris/Pexels
A Isaps reúne dados de procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos desde 2013 e o Brasil está no topo da labioplastia desde o início. Naquele ano, foram 13.683 procedimentos registrados.
Para a ginecologista Lucia Alves da Silva Lara, presidente da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), a busca pela labioplastia muitas vezes é só estética. Mulheres buscam a cirurgia porque acreditam na “vulva perfeita”.
“Existe um questionamento: qual seria a vulva perfeita? Existe uma variação, padrão de medidas, de dimensões? Isso seria de extrema importância para estabelecer normas para uma labioplastia adequada, mas isso não existe”, alerta a ginecologista da Febrasgo.
Flávia Fairbanks, mestre e doutora em ginecologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), concorda e mostra uma preocupação com esse “conceito estético”.
“O que nos preocupa é buscar a cirurgia baseada em um conceito estético, um padrão estético que pode ser diferente daqui uns anos. Se não conseguimos nem definir um padrão para o corpo feminino, quem dirá para a região vulvar”, diz Fairbanks.
Aliás, vale sempre lembrar o que é a vulva e o que a vagina (sim, são coisas diferentes!). Vulva é o nome dado para a parte externa do aparelho genital feminino, enquanto a vagina é uma cavidade dentro da vulva.
O que é a cirurgia e quando ela é indicada?
Antes de mais nada, é preciso deixar claro que a labioplastia não provoca melhorias sexuais, ela traz apenas mudanças físicas.
Dito isso, a cirurgia de redução dos pequenos lábios remove a pele e a mucosa que se "projetam" para fora dos grandes lábios. Ela tira esse "excesso". Ela pode ser feita tanto com anestesia local quanto geral e a paciente é liberada algumas horas após ao procedimento.
Anatomia da vulva
Arte g1
Apesar de parecer simples, Fairbanks aponta que não devemos banalizar a labioplastia, já que o procedimento remove uma parte do tecido do corpo (que não tem como refazer) e requer cuidado de uma equipe de saúde. A recuperação é rápida e a mucosa se estabelece entre uma e duas semanas.
“Os pontos são absorvíveis, não precisa retirar. A paciente precisa ter cuidado com a higiene pessoal, evitar entrar em locais contaminados durante um mês, como piscina ou mar, e a relação sexual vai depender da recuperação - entre um mês e 45 dias”, completa a doutora em ginecologia.
Como a cirurgia não é reversível, a mulher deve pensar bem antes de realizar o procedimento.
E quando ela é indicada?
A indicação fica muito na mão da paciente, pois é ela que sente o desconforto com a vulva. “Precisa ser a demanda da mulher. Quando ela procura o médico, esse especialista precisa utilizar de todo o seu conhecimento para fazer o julgamento. Se a cirurgia interferir na função do órgão, ele precisa discutir e se negar a realizar”, comenta Lucia Lara, presidente da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Febrasgo.
Segundo o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG, na sigla em inglês), a cirurgia pode ser indicada em algumas situações:
Hipertrofia ou assimetria dos pequenos lábios percebida pela mulher e que causa desconforto com atividades esportivas ou uso de roupas, e dor ou aprisionamento intravaginal dos pequenos lábios durante a penetração vaginal;
Alterações vaginais devidas à gravidez ou a lesão obstétrica que afetam a aparência da genitália ou interferem na sensação prazerosa ao coito;
Frouxidão vaginal pós-parto que interfere na satisfação sexual da mulher
Flávia Fairbanks explica que o procedimento não é novo e que, antigamente, existiam indicações específicas, que não eram estéticas, como a hipertrofia (com desconforto) e dificuldades nas relações sexuais com penetração - os pequenos lábios podiam entrar no canal vaginal.
E o que seria esse desconforto? "A hipertrofia é um aumento dos pequenos lábios em relação aos grandes lábios. A mulher sente um incômodo quando coloca calça, roupa mais apertada, sente vergonha quando coloca um biquini. Como não há regressão dos pequenos lábios (assim como as orelhas), o indicado é o tratamento cirúrgico", exemplifica a especialista.
Mulheres na pós-menopausa também podem ir atrás do procedimento. Isso porque, segundo Fairbanks, os grandes lábios "emagrecem" por falta de hormônio.
"A vulva gordinha está ligada a questões hormonais. Com o tempo ela vai diminuindo e os pequenos lábios passam a assumir um tamanho maior. Algumas mulheres podem acabar se incomodando com isso", diz a ginecologista.
É normal que vulvas tenham todas as formas e tamanhos
master1305/freepik
Toda ppk é linda e não deve ser catalogada
É normal que vulvas tenham todas as formas e tamanhos. Como já dissemos acima, não existe um “padrão de beleza” vulvar. Por isso, a mulher deve procurar o procedimento se ELA quiser e não por uma pressão da “sociedade”.
“Não sou contrária ao procedimento, mas é extremamente problemático a mulher que não tem problema ou uma indicação ser convencida que seu padrão de vulva não é adequado. Eu não vejo pessoas catalogando mãos, pés. De onde tiraram isso de catalogar a vulva?”, questiona Fairbanks.
A especialista lembra que muitas mulheres não são estimuladas a conhecer o próprio corpo, a olhar a vulva e a vagina. Inclusive, estudos já mostraram que as pessoas não sabem onde fica o clitóris e a uretra (veja mais aqui).
“Se você não conhece o seu e é apresentado para um modelo, você acha que o seu está errado”, finaliza a ginecologista.
reprodução redes sociais
Lica Lopes, mãe da ex-BBB Vanessa Lopes, fez uma plástica íntima chamada de ninfoplastia e postou fotos fortes numa rede social, mas apagou as imagens após muitos comentários negativos. Mas por que cada vez mais mulheres realizam cirurgias na parte íntima? Há riscos envolvidos?
Lica informou por meio de post no Instagram que foi um procedimento tranquilo, não sentiu dor e que seu único arrependimento foi não ter feito a cirurgia antes. Após deletar imagens íntimas do pós-cirúrgico, ela postou também sobre cuidados para a cicatrização da região, que envolve uma drenagem local, luzes de LED e radiofrequência para melhorar o edema e estimular o colágeno.
Liziane Lopes Ramalho, conhecida como Lica Lopes, tem cerca de 1 milhão de seguidores no Instagram. Empreendedora e influenciadora, Lica publica conteúdo sobre fitness e comportamento.
A ninfoplastia e a labioplastia são termos usados para se referir à cirurgia de redução dos pequenos lábios vaginais. A labioplastia refere-se especificamente à redução dos pequenos lábios. Já a ninfoplastia pode englobar outras intervenções na região íntima, como a redução dos grandes lábios ou mesmo a cirurgia de clitóris, dependendo do caso e da necessidade da paciente.
O Brasil é recordista mundial em cirurgias íntimas femininas. Só em 2020, a labioplastia (entenda o que é a cirurgia mais abaixo) foi feita por 20.334 mulheres no país, segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps, na sigla em inglês). Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar, com 13.697 cirurgias realizadas.
Toda vagina tem cheiro?
Sabonete íntimo é item obrigatório para higiene da região genital?
12 hábitos que podem prejudicar a saúde íntima feminina
Cirurgia íntima feminina: questão de saúde ou só estética?
Dainis Graveris/Pexels
A Isaps reúne dados de procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos desde 2013 e o Brasil está no topo da labioplastia desde o início. Naquele ano, foram 13.683 procedimentos registrados.
Para a ginecologista Lucia Alves da Silva Lara, presidente da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), a busca pela labioplastia muitas vezes é só estética. Mulheres buscam a cirurgia porque acreditam na “vulva perfeita”.
“Existe um questionamento: qual seria a vulva perfeita? Existe uma variação, padrão de medidas, de dimensões? Isso seria de extrema importância para estabelecer normas para uma labioplastia adequada, mas isso não existe”, alerta a ginecologista da Febrasgo.
Flávia Fairbanks, mestre e doutora em ginecologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), concorda e mostra uma preocupação com esse “conceito estético”.
“O que nos preocupa é buscar a cirurgia baseada em um conceito estético, um padrão estético que pode ser diferente daqui uns anos. Se não conseguimos nem definir um padrão para o corpo feminino, quem dirá para a região vulvar”, diz Fairbanks.
Aliás, vale sempre lembrar o que é a vulva e o que a vagina (sim, são coisas diferentes!). Vulva é o nome dado para a parte externa do aparelho genital feminino, enquanto a vagina é uma cavidade dentro da vulva.
O que é a cirurgia e quando ela é indicada?
Antes de mais nada, é preciso deixar claro que a labioplastia não provoca melhorias sexuais, ela traz apenas mudanças físicas.
Dito isso, a cirurgia de redução dos pequenos lábios remove a pele e a mucosa que se "projetam" para fora dos grandes lábios. Ela tira esse "excesso". Ela pode ser feita tanto com anestesia local quanto geral e a paciente é liberada algumas horas após ao procedimento.
Anatomia da vulva
Arte g1
Apesar de parecer simples, Fairbanks aponta que não devemos banalizar a labioplastia, já que o procedimento remove uma parte do tecido do corpo (que não tem como refazer) e requer cuidado de uma equipe de saúde. A recuperação é rápida e a mucosa se estabelece entre uma e duas semanas.
“Os pontos são absorvíveis, não precisa retirar. A paciente precisa ter cuidado com a higiene pessoal, evitar entrar em locais contaminados durante um mês, como piscina ou mar, e a relação sexual vai depender da recuperação - entre um mês e 45 dias”, completa a doutora em ginecologia.
Como a cirurgia não é reversível, a mulher deve pensar bem antes de realizar o procedimento.
E quando ela é indicada?
A indicação fica muito na mão da paciente, pois é ela que sente o desconforto com a vulva. “Precisa ser a demanda da mulher. Quando ela procura o médico, esse especialista precisa utilizar de todo o seu conhecimento para fazer o julgamento. Se a cirurgia interferir na função do órgão, ele precisa discutir e se negar a realizar”, comenta Lucia Lara, presidente da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Febrasgo.
Segundo o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG, na sigla em inglês), a cirurgia pode ser indicada em algumas situações:
Hipertrofia ou assimetria dos pequenos lábios percebida pela mulher e que causa desconforto com atividades esportivas ou uso de roupas, e dor ou aprisionamento intravaginal dos pequenos lábios durante a penetração vaginal;
Alterações vaginais devidas à gravidez ou a lesão obstétrica que afetam a aparência da genitália ou interferem na sensação prazerosa ao coito;
Frouxidão vaginal pós-parto que interfere na satisfação sexual da mulher
Flávia Fairbanks explica que o procedimento não é novo e que, antigamente, existiam indicações específicas, que não eram estéticas, como a hipertrofia (com desconforto) e dificuldades nas relações sexuais com penetração - os pequenos lábios podiam entrar no canal vaginal.
E o que seria esse desconforto? "A hipertrofia é um aumento dos pequenos lábios em relação aos grandes lábios. A mulher sente um incômodo quando coloca calça, roupa mais apertada, sente vergonha quando coloca um biquini. Como não há regressão dos pequenos lábios (assim como as orelhas), o indicado é o tratamento cirúrgico", exemplifica a especialista.
Mulheres na pós-menopausa também podem ir atrás do procedimento. Isso porque, segundo Fairbanks, os grandes lábios "emagrecem" por falta de hormônio.
"A vulva gordinha está ligada a questões hormonais. Com o tempo ela vai diminuindo e os pequenos lábios passam a assumir um tamanho maior. Algumas mulheres podem acabar se incomodando com isso", diz a ginecologista.
É normal que vulvas tenham todas as formas e tamanhos
master1305/freepik
Toda ppk é linda e não deve ser catalogada
É normal que vulvas tenham todas as formas e tamanhos. Como já dissemos acima, não existe um “padrão de beleza” vulvar. Por isso, a mulher deve procurar o procedimento se ELA quiser e não por uma pressão da “sociedade”.
“Não sou contrária ao procedimento, mas é extremamente problemático a mulher que não tem problema ou uma indicação ser convencida que seu padrão de vulva não é adequado. Eu não vejo pessoas catalogando mãos, pés. De onde tiraram isso de catalogar a vulva?”, questiona Fairbanks.
A especialista lembra que muitas mulheres não são estimuladas a conhecer o próprio corpo, a olhar a vulva e a vagina. Inclusive, estudos já mostraram que as pessoas não sabem onde fica o clitóris e a uretra (veja mais aqui).
“Se você não conhece o seu e é apresentado para um modelo, você acha que o seu está errado”, finaliza a ginecologista.
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