Produtores de Roraima reagem a liberação para exportar frutas: 'Nossa produção era tratada como droga'

Nova portaria do Mapa aumenta projeção de crescimento na fruticultura, mas nem todos os produtores estão otimistas. Cristóvão Rodrigues da Silva, 59 anos, produtor de manga em Roraima
Lucas Willame/Rede Amazônica
Depois de anos de prejuízo por causa da mosca-da-carambola, produtores rurais de Roraima voltam a ter esperança com a flexibilização das regras para comercialização de frutas. A nova portaria do Ministério da Agricultura permite que áreas livres da praga possam exportar, desde que sigam uma série de exigências sanitárias.
"A esperança que nós temos, agora, chegou. Agora a gente pode exportar nossa produção e de repente abrir [mercado] até pra Guiana Inglesa, vai melhorar muito para o produtor"
O relato acima é do fruticultor, Cristóvão Rodrigues da Silva, de 59 anos, mas o sobrenome dele também poderia ter persistência. Foi o que manteve ele na produção de manga, durante 15 anos de prejuízo por causa das restrições comerciais, provocadas pela praga mosca-da-carambola, em Roraima.
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O primeiro "pé de manga" ele cultivou em 2010, no ano em que o inseto foi identificado pela primeira no estado. Era o começo das perdas que o produtor enfrentaria na plantação de 20 hectares, na região do Monte Cristo, zona rural de Boa Vista. O Amazônia Agro foi conhecer a plantação de perto.
A mosca ataca mais de 100 espécies de frutas. Durante a reprodução, a fêmea se alimenta e coloca ovos na polpa, os frutos não conseguem se desenvolver e caem precocemente.
Se há presença da mosca, o Ministério da Agricultura, define regiões de quarentena: locais de onde o transporte e comercialização para outros estados e países fica proibido. Em abril de 2023, Roraima inteiro foi declarado como área sob quarentena.
Ministério da Agricultura proíbe saída de frutos por foco da mosca da carambola em Roraima
A determinação afetou todos os produtores. Mesmo aqueles de regiões sem a presença do inseto, ficaram proibidos de comercializar, inclusive Cristóvão. Ele afirma que a praga nunca foi encontrada na plantação, no entanto, somente em 2024, perdeu cerca de 30 toneladas de manga, metade da produção, que já vinha caindo, anos após ano.
"Eu trabalho aqui há 20 anos aqui, nunca tive mosca-da-carambola" afirma Cristóvão Rodrigues da Silva.
Em todo estado, segundo a Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), pelo menos 90 produtores foram afetados, entre 2017 e 2025. Somando laranja e limão e por exemplo, as perdas são de mais de R$ 230 mil reais.
O que muda com a nova portaria?
A esperança agora, de acordo com os produtores, é voltar a ter lucro com a flexibilização das regras, determinadas pela portaria do Mapa. O documento estabelece medidas a serem adotadas pelos órgãos de fiscalização, e também produtores rurais, para vigilância, contenção, supressão e erradicação da praga quarentenária Bactrocera carambolae, conhecida como mosca-da-carambola.
A comercialização dos frutos não foi liberada de forma irrestrita. Os fruticultores de áreas livres da praga, precisam seguir normas de segurança para produzir, transportar e comercializar os frutos.
As medidas incluem ações como levantamentos fitossanitários de detecção, delimitação e monitoramento dos insetos, coleta e destruição de frutos de hospedeiros, lacre das cargas de produtos enviados para outros estados, também a presença obrigatória de responsável técnico em cada região, para acompanhar processos como pré e pós-colheita.
Armadilha para mosca-da-carambola
Lucas Willame/Rede Amazônica
A liberação para vender os frutos deve impulsionar o crescimento da fruticultura. A projeção da Aderr, com nova portaria, é que o número de produtores registrados aumente 40%, e ultrapasse os 150.
Para Cristóvão é tempo de retomada e otimismo. Ele fala de novos horizontes e que vai voltar a investir pesado em manejo e maquinário para produção de mangas.
Mas nem todos estão otimistas
Ilson Ferreira, 42, produtor na zona rural de Rorainópolis, sul de Roraima.
Lucas Willame/Rede Amazônica
"Por enquanto, a portaria não é boa pra gente que é pequeno produtor".
A reclamação é de Ilson Ferreira, de 42 anos, produtor na zona Rural de Rorainópolis, sul de Roraima. Ele afirma que não vai conseguir vender a goiaba e o mamão que produz, mesmo com a liberação.
Como a produção é pequena, em média 20 caixas a cada três dias, lacrar a carga para transportar os frutos para Manaus, no Amazonas, sairá muito caro para o produtor. Além disso, há pouca disponibilidade de caminhões para frete de tão pouca carga.
O agricultor acredita que, por enquanto, vai continuar no prejuízo.
Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.
Lucas Willame/Rede Amazônica
Depois de anos de prejuízo por causa da mosca-da-carambola, produtores rurais de Roraima voltam a ter esperança com a flexibilização das regras para comercialização de frutas. A nova portaria do Ministério da Agricultura permite que áreas livres da praga possam exportar, desde que sigam uma série de exigências sanitárias.
"A esperança que nós temos, agora, chegou. Agora a gente pode exportar nossa produção e de repente abrir [mercado] até pra Guiana Inglesa, vai melhorar muito para o produtor"
O relato acima é do fruticultor, Cristóvão Rodrigues da Silva, de 59 anos, mas o sobrenome dele também poderia ter persistência. Foi o que manteve ele na produção de manga, durante 15 anos de prejuízo por causa das restrições comerciais, provocadas pela praga mosca-da-carambola, em Roraima.
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O primeiro "pé de manga" ele cultivou em 2010, no ano em que o inseto foi identificado pela primeira no estado. Era o começo das perdas que o produtor enfrentaria na plantação de 20 hectares, na região do Monte Cristo, zona rural de Boa Vista. O Amazônia Agro foi conhecer a plantação de perto.
A mosca ataca mais de 100 espécies de frutas. Durante a reprodução, a fêmea se alimenta e coloca ovos na polpa, os frutos não conseguem se desenvolver e caem precocemente.
Se há presença da mosca, o Ministério da Agricultura, define regiões de quarentena: locais de onde o transporte e comercialização para outros estados e países fica proibido. Em abril de 2023, Roraima inteiro foi declarado como área sob quarentena.
Ministério da Agricultura proíbe saída de frutos por foco da mosca da carambola em Roraima
A determinação afetou todos os produtores. Mesmo aqueles de regiões sem a presença do inseto, ficaram proibidos de comercializar, inclusive Cristóvão. Ele afirma que a praga nunca foi encontrada na plantação, no entanto, somente em 2024, perdeu cerca de 30 toneladas de manga, metade da produção, que já vinha caindo, anos após ano.
"Eu trabalho aqui há 20 anos aqui, nunca tive mosca-da-carambola" afirma Cristóvão Rodrigues da Silva.
Em todo estado, segundo a Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), pelo menos 90 produtores foram afetados, entre 2017 e 2025. Somando laranja e limão e por exemplo, as perdas são de mais de R$ 230 mil reais.
O que muda com a nova portaria?
A esperança agora, de acordo com os produtores, é voltar a ter lucro com a flexibilização das regras, determinadas pela portaria do Mapa. O documento estabelece medidas a serem adotadas pelos órgãos de fiscalização, e também produtores rurais, para vigilância, contenção, supressão e erradicação da praga quarentenária Bactrocera carambolae, conhecida como mosca-da-carambola.
A comercialização dos frutos não foi liberada de forma irrestrita. Os fruticultores de áreas livres da praga, precisam seguir normas de segurança para produzir, transportar e comercializar os frutos.
As medidas incluem ações como levantamentos fitossanitários de detecção, delimitação e monitoramento dos insetos, coleta e destruição de frutos de hospedeiros, lacre das cargas de produtos enviados para outros estados, também a presença obrigatória de responsável técnico em cada região, para acompanhar processos como pré e pós-colheita.
Armadilha para mosca-da-carambola
Lucas Willame/Rede Amazônica
A liberação para vender os frutos deve impulsionar o crescimento da fruticultura. A projeção da Aderr, com nova portaria, é que o número de produtores registrados aumente 40%, e ultrapasse os 150.
Para Cristóvão é tempo de retomada e otimismo. Ele fala de novos horizontes e que vai voltar a investir pesado em manejo e maquinário para produção de mangas.
Mas nem todos estão otimistas
Ilson Ferreira, 42, produtor na zona rural de Rorainópolis, sul de Roraima.
Lucas Willame/Rede Amazônica
"Por enquanto, a portaria não é boa pra gente que é pequeno produtor".
A reclamação é de Ilson Ferreira, de 42 anos, produtor na zona Rural de Rorainópolis, sul de Roraima. Ele afirma que não vai conseguir vender a goiaba e o mamão que produz, mesmo com a liberação.
Como a produção é pequena, em média 20 caixas a cada três dias, lacrar a carga para transportar os frutos para Manaus, no Amazonas, sairá muito caro para o produtor. Além disso, há pouca disponibilidade de caminhões para frete de tão pouca carga.
O agricultor acredita que, por enquanto, vai continuar no prejuízo.
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