É #FAKE que Lula disse ter negado ajuda militar ao Irã; post tira de contexto fala de 2023 sobre guerra entre Rússia e Ucrânia
Post mentiroso usa declarações verdadeiras concedidas em entrevista de 2023, mas omite circunstância real e sugere que se trata de comentário a respeito de conflito no Oriente Médio. É #FAKE que vídeo mostre Lula negando ajuda militar ao Irã; entrevista é sobre guerra entre Rússia e Ucrânia
Reprodução
Circula nas redes sociais um post com um vídeo de uma entrevista do presidente Lula (PT), na qual ele supostamente diz ter negado ajuda militar ao Irã. É #FAKE.
selo fake
g1
?Como é a publicação?
Publicado em 18 de junho de 2025 no TikTok, onde teve mais de 3,5 milhões de visualizações, o conteúdo mentiroso compartilha um vídeo do presidente brasileiro e tem a seguinte legenda: "Lula diz que negou ajuda militar ao Irã porque quer acabar com a guerra. 18/06/25".
O material fake usa o trecho de uma entrevista real de Lula, concedida em 2023, sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, mas omite essa informação para sugerir que se trata de uma fala a respeito do atual conflito entre Israel e Irã (leia mais ao final da reportagem).
Na ocasião, o petista fez um comentário sobre o eventual envio de tanques leopard, afirmando: "Eu não quis mandar. Eu falei: 'Se eu mandar, entrei na guerra'. Eu falei: 'Se eu mandar as munições que você está pedindo, eu entrei na guerra'. E eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com a guerra. Esse é o meu dilema, esse é o meu compromisso".
⚠️ Por que isso é mentiroso?
Embora o vídeo seja verdadeiro – e não algo produzido por inteligência artificial (IA), por exemplo –, o conteúdo está fora de contexto. Na realidade, Lula estava respondendo a uma pergunta sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, durante entrevista à CNN internacional, em 10 de fevereiro de 2023, antes de uma reunião com o então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
No trecho utilizado, a entrevistadora questiona se Olaf Scholz, ex-chanceler alemão, havia pedido que o Brasil enviasse tanques para a região do conflito. Na sequência, Lula corrige a informação e explica: "Era mandar munição, e eu não quis mandar. Eu falei: 'Se eu mandar, eu entrei na guerra' [...]". Portanto, a fala não tem qualquer relação com a guerra entre Israel e Irã.
Em 17 de junho de 2025, durante o encontro da cúpula do G7, Lula deu sua primeira declaração sobre o atual conflito no Oriente Médio. "Os recentes ataques de Israel ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis".
Quatro dias antes, o Itamaraty já havia divulgado uma nota condenando a ação. "O governo brasileiro expressa firme condenação e acompanha com forte preocupação a ofensiva aérea israelense lançada na última madrugada contra o Irã, em clara violação à soberania desse país e ao direito internacional".
? Qual o contexto da fake?
Em 12 de junho, um ataque de Israel matou parte da cúpula militar de iraniana e danificou instalações nucleares. Segundo o governo israelense, o objetivo seria impedir o avanço do programa nuclear do país rival.
Em resposta, o governo do Irã lançou cerca de cem mísseis contra Israel.
O confronto continuou com ataques e ameaças graves das duas partes. Em 17 de junho, Trump exigiu uma rendição incondicional do Irã.
Em 19 de junho, o Irã atacou um hospital em Beersheba, deixando 71 feridos. No mesmo dia, Israel atingiu um reator nuclear iraniano em Arak.
Em 23 de junho, Trump declarou que Irã e Israel concordaram com cessar-fogo completo. No entanto, na manhã seguinte, ele relatou que os países violaram o acordo: "Não estou feliz com Israel. Não estou feliz com o Irã também, mas realmente não estou feliz com Israel".
Em 25 de junho, o Irã suspendeu a cooperação com Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de fiscalização nuclear da ONU.
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O material fake usa o trecho de uma entrevista real de Lula, concedida em 2023, sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, mas omite essa informação para sugerir que se trata de uma fala a respeito do atual conflito entre Israel e Irã (leia mais ao final da reportagem).
Na ocasião, o petista fez um comentário sobre o eventual envio de tanques leopard, afirmando: "Eu não quis mandar. Eu falei: 'Se eu mandar, entrei na guerra'. Eu falei: 'Se eu mandar as munições que você está pedindo, eu entrei na guerra'. E eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com a guerra. Esse é o meu dilema, esse é o meu compromisso".
⚠️ Por que isso é mentiroso?
Embora o vídeo seja verdadeiro – e não algo produzido por inteligência artificial (IA), por exemplo –, o conteúdo está fora de contexto. Na realidade, Lula estava respondendo a uma pergunta sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, durante entrevista à CNN internacional, em 10 de fevereiro de 2023, antes de uma reunião com o então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
No trecho utilizado, a entrevistadora questiona se Olaf Scholz, ex-chanceler alemão, havia pedido que o Brasil enviasse tanques para a região do conflito. Na sequência, Lula corrige a informação e explica: "Era mandar munição, e eu não quis mandar. Eu falei: 'Se eu mandar, eu entrei na guerra' [...]". Portanto, a fala não tem qualquer relação com a guerra entre Israel e Irã.
Em 17 de junho de 2025, durante o encontro da cúpula do G7, Lula deu sua primeira declaração sobre o atual conflito no Oriente Médio. "Os recentes ataques de Israel ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis".
Quatro dias antes, o Itamaraty já havia divulgado uma nota condenando a ação. "O governo brasileiro expressa firme condenação e acompanha com forte preocupação a ofensiva aérea israelense lançada na última madrugada contra o Irã, em clara violação à soberania desse país e ao direito internacional".
? Qual o contexto da fake?
Em 12 de junho, um ataque de Israel matou parte da cúpula militar de iraniana e danificou instalações nucleares. Segundo o governo israelense, o objetivo seria impedir o avanço do programa nuclear do país rival.
Em resposta, o governo do Irã lançou cerca de cem mísseis contra Israel.
O confronto continuou com ataques e ameaças graves das duas partes. Em 17 de junho, Trump exigiu uma rendição incondicional do Irã.
Em 19 de junho, o Irã atacou um hospital em Beersheba, deixando 71 feridos. No mesmo dia, Israel atingiu um reator nuclear iraniano em Arak.
Em 23 de junho, Trump declarou que Irã e Israel concordaram com cessar-fogo completo. No entanto, na manhã seguinte, ele relatou que os países violaram o acordo: "Não estou feliz com Israel. Não estou feliz com o Irã também, mas realmente não estou feliz com Israel".
Em 25 de junho, o Irã suspendeu a cooperação com Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de fiscalização nuclear da ONU.
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