Moradores do Centro de SP reclamam de barulho e bloqueios no Vale do Anhangabaú durante eventos

Nunes diz que empresa vai adequar calendário do espaço. Festas de música eletrônica que custam até R$ 1.200 viram a madrugada com som alto e luzes intensas; desde 2024, eventos autorizados pela Prefeitura de SP não precisam seguir limites da Lei do Psiu. Barulho, luzes e tapumes: as festas que viram a noite e tiram o sono de vizinhos do Vale do Anhangabaú
Moradores da região central de São Paulo, especialmente nas proximidades do Vale do Anhangabaú, têm enfrentado dificuldades para descansar durante os fins de semana.
O motivo, segundo relatos, são os eventos realizados no local pela concessionária "Viva o Vale", que seguem madrugada adentro com música alta, canhões de luz e, em muitos casos, o bloqueio de áreas públicas para montagem das estruturas durante vários dias (veja vídeo acima).
A pá de cal desse transtorno aconteceu nesse último final de semana, quando uma festa de música eletrônica que começou no domingo (1°) e só terminou às 10h da manhã da segunda-feira (2°).
A cineasta Thaís Taverna, que mora a mais de um quilômetro do Anhangabaú, relata transtornos constantes no mês de maio por conta desses eventos que cortam a madrugada e vão até o amanhecer do dia.
“Teve apenas um fim de semana tranquilo no mês de maio. Os outros todos tivemos eventos com som altíssimo, luz piscando a noite inteira. Acordo de madrugada e levo a semana inteira para me recuperar. Quando consigo descansar, chega outro fim de semana com barulho de novo”, disse ela ao telejornal SP1.
Além do som, a iluminação usada nas festas também incomoda os moradores: “Os canhões de luz chegam até a minha janela. Ficam a madrugada inteira piscando. Tem algo fora do prumo nisso tudo”, afirma Thaís (veja vídeo abaixo).
Moradores do Centro de SP reclamam de barulho, bloqueios vindos de festas do Anhangabaú
Lei do Psiu alterada
Os moradores questionam se os eventos respeitam a Lei do Psiu, que regulamenta a poluição sonora na cidade.
A legislação original, de 2016, proibia sons acima dos níveis permitidos por regras municipais, estaduais ou federais. No entanto, uma alteração feita pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), em dezembro de 2024, abriu exceções.
De acordo com a nova redação do artigo 146 da lei nº 16.402, eventos e shows previamente autorizados pela Prefeitura não estão mais sujeitos aos limites de ruído. Ou seja, se a festa tiver autorização oficial, o som está liberado.
Questionado por meio de mensagem de texto, o prefeito disse que vai chamar a concessionária "Viva o Vale" – responsável pela administração do chamado "Novo Vale do Anhangabaú", para adequar as atividades no local.
“Realmente precisamos organizar melhor as atividades ali. A empresa que tem a concessão foi chamada e já terá a orientação para redução de ruídos, quanto aos horários vamos ver com eles a programação. Vamos adequar”, afirmou Nunes.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), durante inauguração do 1° Centro TEA do governo de SP, nesta quarta-feira (4), na capital paulista.
Reprodução/Youtube
Administração privada e bloqueios
Desde 2021, o Vale do Anhangabaú é justamente administrado pela concessionária "Viva o Vale", após um processo de reforma iniciado em 2019 que custou mais de R$ 110 milhões aos cofres públicos.
Apesar da concessão, a área segue sendo um espaço público — o que tem gerado críticas sobre o uso do local e o bloqueio frequente com tapumes.
“Não sou contra eventos, mas sou contra fecharem o acesso dos pedestres. O movimento aqui caiu muito”, afirma Edivalson Ferreira da Silva, comerciante há 40 anos na região.
Vale do Anhangabaú é bloqueado para pedestres mais uma vez nesta quarta-feira (4), em razão de montagem e desmontagem de eventos.
Reprodução/TV Globo
Trechos do espaço público ficam inacessíveis por causa da montagem e desmontagem dos eventos. Em alguns casos, a via exclusiva para pedestres é tomada por carros de produção e veículos particulares, obrigando quem passa a desviar por áreas laterais.
Segundo levantamento da rádio CBN, apenas no mês de maio, quatro festas privadas — com ingressos que chegavam a R$ 1.200 — ocuparam o Vale do Anhangabaú por 24 dias, considerando o tempo total de montagem e desmontagem das estruturas.
Ao longo de todo o mês, apenas um fim de semana teve a área totalmente livre e sem a realização de grandes eventos.
“Eles fecham a praça. Pra passar, tem que dar uma volta em tudo. É chato”, reclama uma pedestre que não quis se identificar.
Desempenho mediano
Relatório da Prefeitura de SP diz que concessionária Viva o Vale tem desempenho mediano no mês de maio de 2025.
Reprodução/TV Globo
A Prefeitura de São Paulo é obrigada a avaliar mensalmente a atuação da concessionária. No relatório mais recente, referente ao mês de maio, o desempenho foi classificado como “mediano”, embora tenha sido considerado um pouco melhor que o mês anterior.
Apesar de citar impactos em atividades coletivas causados pela interdição de trechos do Vale, o documento — com 170 páginas — não menciona nenhuma avaliação sobre ruído ou poluição sonora no local.
Segundo Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em administração pública, o interesse da população deve sempre prevalecer.
“As pessoas já conviviam com esse espaço antes da concessão. O contrato não pode ignorar esses processos. A empresa não pode atropelar o interesse público”, afirma.
Teixeira reforça que a concessão não retira a obrigação da Prefeitura de fiscalizar o que acontece no local: “A responsabilidade de fiscalização continua sendo do poder público.”
O que diz a concessionária
Vale do Anhangabaú é bloqueado mais uma vez nesta quarta-feira (4), em razão de montagem e desmontagem de eventos.
Reprodução/TV Globo
Em nota ao SP1, a concessionária Viva o Vale afirmou em nota que todos os eventos realizados no Anhangabaú são autorizados, possuem licenças e seguem as exigências legais.
Disse ainda que não realiza fechamentos irregulares do espaço e que a gestão é feita de acordo com o contrato de concessão.
Segundo a empresa, em junho estão previstas 437 atividades gratuitas no Vale e todas as reclamações sobre barulho ou luzes são acolhidas por canais oficiais. A concessionária afirma também que trabalha em conjunto com os promotores dos eventos e órgãos públicos para buscar soluções.
“Todos os eventos seguem critérios técnicos e legais. Não há fechamento irregular. Trechos específicos podem ser isolados temporariamente, mas o espaço nunca é fechado por completo.”, afirmou o comunicado da concessionária.
Moradores da região central de São Paulo, especialmente nas proximidades do Vale do Anhangabaú, têm enfrentado dificuldades para descansar durante os fins de semana.
O motivo, segundo relatos, são os eventos realizados no local pela concessionária "Viva o Vale", que seguem madrugada adentro com música alta, canhões de luz e, em muitos casos, o bloqueio de áreas públicas para montagem das estruturas durante vários dias (veja vídeo acima).
A pá de cal desse transtorno aconteceu nesse último final de semana, quando uma festa de música eletrônica que começou no domingo (1°) e só terminou às 10h da manhã da segunda-feira (2°).
A cineasta Thaís Taverna, que mora a mais de um quilômetro do Anhangabaú, relata transtornos constantes no mês de maio por conta desses eventos que cortam a madrugada e vão até o amanhecer do dia.
“Teve apenas um fim de semana tranquilo no mês de maio. Os outros todos tivemos eventos com som altíssimo, luz piscando a noite inteira. Acordo de madrugada e levo a semana inteira para me recuperar. Quando consigo descansar, chega outro fim de semana com barulho de novo”, disse ela ao telejornal SP1.
Além do som, a iluminação usada nas festas também incomoda os moradores: “Os canhões de luz chegam até a minha janela. Ficam a madrugada inteira piscando. Tem algo fora do prumo nisso tudo”, afirma Thaís (veja vídeo abaixo).
Moradores do Centro de SP reclamam de barulho, bloqueios vindos de festas do Anhangabaú
Lei do Psiu alterada
Os moradores questionam se os eventos respeitam a Lei do Psiu, que regulamenta a poluição sonora na cidade.
A legislação original, de 2016, proibia sons acima dos níveis permitidos por regras municipais, estaduais ou federais. No entanto, uma alteração feita pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), em dezembro de 2024, abriu exceções.
De acordo com a nova redação do artigo 146 da lei nº 16.402, eventos e shows previamente autorizados pela Prefeitura não estão mais sujeitos aos limites de ruído. Ou seja, se a festa tiver autorização oficial, o som está liberado.
Questionado por meio de mensagem de texto, o prefeito disse que vai chamar a concessionária "Viva o Vale" – responsável pela administração do chamado "Novo Vale do Anhangabaú", para adequar as atividades no local.
“Realmente precisamos organizar melhor as atividades ali. A empresa que tem a concessão foi chamada e já terá a orientação para redução de ruídos, quanto aos horários vamos ver com eles a programação. Vamos adequar”, afirmou Nunes.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), durante inauguração do 1° Centro TEA do governo de SP, nesta quarta-feira (4), na capital paulista.
Reprodução/Youtube
Administração privada e bloqueios
Desde 2021, o Vale do Anhangabaú é justamente administrado pela concessionária "Viva o Vale", após um processo de reforma iniciado em 2019 que custou mais de R$ 110 milhões aos cofres públicos.
Apesar da concessão, a área segue sendo um espaço público — o que tem gerado críticas sobre o uso do local e o bloqueio frequente com tapumes.
“Não sou contra eventos, mas sou contra fecharem o acesso dos pedestres. O movimento aqui caiu muito”, afirma Edivalson Ferreira da Silva, comerciante há 40 anos na região.
Vale do Anhangabaú é bloqueado para pedestres mais uma vez nesta quarta-feira (4), em razão de montagem e desmontagem de eventos.
Reprodução/TV Globo
Trechos do espaço público ficam inacessíveis por causa da montagem e desmontagem dos eventos. Em alguns casos, a via exclusiva para pedestres é tomada por carros de produção e veículos particulares, obrigando quem passa a desviar por áreas laterais.
Segundo levantamento da rádio CBN, apenas no mês de maio, quatro festas privadas — com ingressos que chegavam a R$ 1.200 — ocuparam o Vale do Anhangabaú por 24 dias, considerando o tempo total de montagem e desmontagem das estruturas.
Ao longo de todo o mês, apenas um fim de semana teve a área totalmente livre e sem a realização de grandes eventos.
“Eles fecham a praça. Pra passar, tem que dar uma volta em tudo. É chato”, reclama uma pedestre que não quis se identificar.
Desempenho mediano
Relatório da Prefeitura de SP diz que concessionária Viva o Vale tem desempenho mediano no mês de maio de 2025.
Reprodução/TV Globo
A Prefeitura de São Paulo é obrigada a avaliar mensalmente a atuação da concessionária. No relatório mais recente, referente ao mês de maio, o desempenho foi classificado como “mediano”, embora tenha sido considerado um pouco melhor que o mês anterior.
Apesar de citar impactos em atividades coletivas causados pela interdição de trechos do Vale, o documento — com 170 páginas — não menciona nenhuma avaliação sobre ruído ou poluição sonora no local.
Segundo Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em administração pública, o interesse da população deve sempre prevalecer.
“As pessoas já conviviam com esse espaço antes da concessão. O contrato não pode ignorar esses processos. A empresa não pode atropelar o interesse público”, afirma.
Teixeira reforça que a concessão não retira a obrigação da Prefeitura de fiscalizar o que acontece no local: “A responsabilidade de fiscalização continua sendo do poder público.”
O que diz a concessionária
Vale do Anhangabaú é bloqueado mais uma vez nesta quarta-feira (4), em razão de montagem e desmontagem de eventos.
Reprodução/TV Globo
Em nota ao SP1, a concessionária Viva o Vale afirmou em nota que todos os eventos realizados no Anhangabaú são autorizados, possuem licenças e seguem as exigências legais.
Disse ainda que não realiza fechamentos irregulares do espaço e que a gestão é feita de acordo com o contrato de concessão.
Segundo a empresa, em junho estão previstas 437 atividades gratuitas no Vale e todas as reclamações sobre barulho ou luzes são acolhidas por canais oficiais. A concessionária afirma também que trabalha em conjunto com os promotores dos eventos e órgãos públicos para buscar soluções.
“Todos os eventos seguem critérios técnicos e legais. Não há fechamento irregular. Trechos específicos podem ser isolados temporariamente, mas o espaço nunca é fechado por completo.”, afirmou o comunicado da concessionária.
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