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'Cochilódromo': cápsula da soneca dá a chance de dormir por alguns minutos em meio ao caos de SP

'Cochilódromo': cápsula da soneca dá a chance de dormir por alguns minutos em meio ao caos de SP
Cápsula do sono oferece oportunidade de sonecas em espaços com concentração de escritórios. Cochilódromo: uma pausa na cidade que não para
Você teve uma péssima noite de sono e de repente, no meio do dia cheio de compromissos, bate aquela vontade irresistível de dormir por pelo menos 15 minutos. Então, para espantar a moleza, sai do escritório em busca de um café e um pouco de ar fresco e se depara com uma cápsula feita exatamente para as pessoas tirarem um cochilo.
Parece um sonho? Pois é pura realidade. Quem vive no agito da cidade às vezes precisa de uma pausa – mesmo em pleno horário comercial.
Surgiu, assim, o cochilódromo – uma cabine instalada em espaços da capital que concentram escritórios. Nessa espécie de cápsula de sono, testada pelo g1, é possível tirar uma pestana de 15 minutos ou de meia hora, dependendo da quantidade de bocejos do usuário. Cada minuto custa R$ 1.
Escolhido para assumir essa missão tão invejada – dormir durante o expediente –, confesso que mal preguei o olho na noite anterior ao dia da reportagem. Estava ansioso para conhecer um serviço tão peculiar.
O cochilo precisa ser com hora marcada, reservado pelo aplicativo da empresa – que, no caso, se chama, bem apropriadamente, Cochilo. A cabine fica em uma área externa e coberta do Shopping JK Iguatemi, na Zona Sul. Segundo a sócia-fundadora do negócio, Alicia Jankavski, de 58 anos, ao menos mais uma unidade deve ser aberta ainda neste ano, em outro ponto da capital.
Alicia conta que a ideia do projeto surgiu 15 anos atrás, quando seu marido e sócio, Marcelo, quis cochilar em um shopping de São Paulo para esperar a hora de uma reunião de trabalho. “Ele tentou repousar no carro, no estacionamento do local, mas o segurança o abordou dizendo que era proibido”, diz. Dois anos depois, em 2012, lançaram seus primeiros "cochilódromos".
As cabines, de fabricação própria, se multiplicaram pela metrópole – chegaram a somar 48 unidades, que fecharam por conta da pandemia. A unidade no JK Iguatemi marca o recomeço da empreitada.
Experiência onírica
Há mesmo um quê de onírico na experiência. Segundos depois de fechar a porta e me isolar do ambiente exterior – literalmente, porque a estrutura tem isolamento acústico e nenhum contato visual com o lado de fora –, a iluminação comum se apagou e foi acionada uma lâmpada ultravioleta, acondicionada embaixo da cama. A escolha desse tipo de luz, segundo Alicia, se deu por suas propriedades higienizadoras. Como efeito adicional, provoca um certo torpor, benéfico para a tarefa de cochilar.
Em relação à cama, o leito não é reto; seu desenho é um “S” suave, confortável. Mas não há fronha no travesseiro, nem um cobertorzinho para amenizar o efeito do ar-condicionado – que eu poderia ter desligado, até porque já estava frio do lado de fora em tarde de outono paulistano.
O barulho do aparelho também incomodou um pouco, e acabei não acionando o sistema de som da cabine, que seria via celular, através da leitura de um QR Code disponibilizado em um aviso na parede bem ao lado da cama.
A largura do leito não é exatamente generosa. Acomodou-me quase no limite: sou um homem de 1,80 m de altura e peso 90 kg. Mas não se esqueçam de que estamos falando de um cochilo, e é muito melhor tirá-lo em um lugar próprio para ele – ainda que o conforto não seja “king size”.
Lembrete para quem for usar a cabine: guarde o celular. Eu reservei 15 minutos para o cochilo, mas boa parte do tempo gastei no smartphone – isso porque estava a trabalho, registrando o local e as sensações decorrentes da experiência. Um quarto de hora passa voando e não cochilei. Mal pisquei os olhos, e o despertador tocou.
Por sinal, não é um despertador tradicional. A iluminação normal volta e se alterna com a ultravioleta enquanto o colchão treme, dando até uma sensação gostosa de vibração massageadora.
Há outra possibilidade de interpretação para o encerramento do cochilo. Pode ser um chacoalhão para a realidade que não parou lá fora. O "cochilódromo" parece mesmo uma cápsula de suspensão da vida cotidiana característica de São Paulo.
A cabine do cochilódromo fica em lugares de concentração de escritórios.
Edson Valente/g1
Detalhes de como garantir seus minutos de cochilo na cápsula
Cíntia Acayaba/g1

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