Amizade vira casamento após jovem ter linfoma de Hodgkin e namorado raspar cabeça em apoio ao tratamento: 'Viveria tudo de novo'
Anally e Maurílio eram amigos de infância em Bálsamo (SP) e começaram a namorar dias antes de ela adoecer. Nesta quinta-feira (12), celebram o amor que resistiu à distância, às pausas e à notícia do câncer. Anally e Maurilio enquanto amigos (à esquerda) e, depois, no primeiro Dia dos Namorados (à direita)
Arquivo pessoal
O diagnóstico de um câncer poderia ter separado um casal de Bálsamo, no interior de São Paulo, mas foi justamente o que os uniu ainda mais. Eles se conheceram quando crianças, frequentando a mesma igreja e os mesmos ambientes no município de pouco mais de 9 mil habitantes. A amizade, que começou aos 11 anos, virou casamento.
Nesta quinta-feira (12), Dia dos Namorados, ambos celebram o amor que resistiu à distância, às pausas e à notícia da doença.
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Em maio de 2022, um mês após começarem a namorar, a bancária Anally Azevedo Marangoni Marchesi, de 27 anos, recebeu o diagnóstico de linfoma de Hodgkin no mediastino direito, um tipo raro de câncer que afeta o sistema linfático.
Naquele momento, o médico veterinário Maurilio Silva Marchesi, de 30 anos, de quem a jovem já era amiga, decidiu ficar ao lado dela em cada etapa da luta pela sobrevivência: da quimioterapia ao transplante de medula.
"Eu falei: 'A gente vai passar por isso juntos. Isso não é motivo para a gente se afastar, é motivo pra gente se unir mais ainda'", conta em entrevista ao g1.
Amor e resiliência
Apesar do contato ainda na infância, eles ficaram distantes durante um período. Depois de alguns anos afastados, os dois começaram a se reaproximar em 2021. Ela lembra que, à época, idealizava ter um relacionamento com alguém que fosse carinhoso e fiel, só não imaginava o que estava prestes a acontecer.
"A gente sempre teve uma ligação forte, mesmo nos períodos em que a vida nos levou para caminhos diferentes [...] Eu pedia a Deus uma resposta. Eu falava: 'Senhor, eu quero um relacionamento abençoado. E, se não for para ser, tira do meu coração esse sentimento'", conta a bancária.
Anally e Maurilio aguardando o transplante em maio de 2023 (à esquerda); o casal e a equipe hospitalar após a alta do transplante (à direita)
Arquivo pessoal
À reportagem, Maurilio revelou que esse reencontro também foi um divisor de águas na vida dele. "Deus me colocou no caminho dela na hora certa", afirma.
O namoro foi oficializado em abril de 2022. Poucas semanas depois, em maio, veio a confirmação do câncer. Em meio ao medo, o casal encontrou na fé a força para vencer mais um desafio.
Começaram a rezar juntos, diariamente, o Terço da Misericórdia, às 15h, horário que coincidiu com a primeira sessão de quimioterapia de Anally. "A partir dali, rezar às 15h virou rotina. Era o nosso encontro com Deus. A gente entregava tudo na mão d'Ele", diz ela. "Quando chegou o diagnóstico, entendi que eu não estava ali por acaso", complementa Maurício.
Na primeira vez em que Anally raspou o cabelo, Maurílio acompanhou o gesto, em 2022
Arquivo pessoal
Durante o tratamento, foram 38 sessões de quimioterapia, 20 de radioterapia e um transplante autólogo de medula óssea. Maurilio fez questão de participar de tudo. "Eu raspei a cabeça com ela para mostrar que não estava sozinha. Segurava a mão, rezava junto", compartilha.
Anally lembra do momento em que entendeu que Maurilio era o amor da sua vida. "Teve um dia que eu sonhei que ele estava com outra e eu acordei morrendo de ciúmes. Foi aí que eu entendi que estava apaixonada", afirma.
Após quase três anos de tratamento, o casal decidiu juntar as escovas de dente. Escolheram a data e o horário com significado: 26 de abril de 2025, às 15h, o mesmo horário das orações diárias e da primeira quimioterapia. Assista ao vídeo abaixo.
"Casar às 15h foi um jeito de agradecer. Foi o horário em que eu mais chorei, mais pedi, mais entreguei tudo para Deus. E foi o horário que Ele usou para mostrar que não me abandonou", afirma Anally.
Após vencer câncer, jovem de Bálsamo se casa em horário simbólico com melhor amigo
A cerimônia, realizada em Bálsamo, foi repleta de símbolos religiosos. A imagem da Sagrada Família enfeitou o altar. As alianças foram levadas em uma Bíblia, e o terço esteve presente o tempo todo nas mãos dos noivos. Balões brancos foram soltos em homenagem aos avós falecidos dos dois.
"Eu não pensava muito em casamento. Mas, depois de tudo o que a gente passou, eu soube que não queria mais esperar. Ela enfrentou tudo com uma força que me ensinou muito. Casei com a mulher mais guerreira que eu conheço", diz Maurilio.
Anally e Maurílio na consagração do buquê à Nossa Senhora da Paz, mais uma das simbologias presentes no casamento
Arquivo pessoal
Hoje, Anally celebra não apenas a vitória contra a doença, uma vez que está em processo de remissão do câncer, mas a reconstrução de sua vida ao lado do homem que, segundo ela, "foi enviado por Deus".
"Se eu pudesse escolher, viveria tudo de novo. Porque foi ali, na dor, que eu encontrei o sentido da minha vida. Descobri o amor em sua forma mais verdadeira. Ele foi a resposta das minhas orações", finaliza.
Anally e Maurilio em Gramado (RS), durante a Lua de Mel
Arquivo pessoal
*Colaborou sob supervisão de Henrique Souza
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Arquivo pessoal
O diagnóstico de um câncer poderia ter separado um casal de Bálsamo, no interior de São Paulo, mas foi justamente o que os uniu ainda mais. Eles se conheceram quando crianças, frequentando a mesma igreja e os mesmos ambientes no município de pouco mais de 9 mil habitantes. A amizade, que começou aos 11 anos, virou casamento.
Nesta quinta-feira (12), Dia dos Namorados, ambos celebram o amor que resistiu à distância, às pausas e à notícia da doença.
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Em maio de 2022, um mês após começarem a namorar, a bancária Anally Azevedo Marangoni Marchesi, de 27 anos, recebeu o diagnóstico de linfoma de Hodgkin no mediastino direito, um tipo raro de câncer que afeta o sistema linfático.
Naquele momento, o médico veterinário Maurilio Silva Marchesi, de 30 anos, de quem a jovem já era amiga, decidiu ficar ao lado dela em cada etapa da luta pela sobrevivência: da quimioterapia ao transplante de medula.
"Eu falei: 'A gente vai passar por isso juntos. Isso não é motivo para a gente se afastar, é motivo pra gente se unir mais ainda'", conta em entrevista ao g1.
Amor e resiliência
Apesar do contato ainda na infância, eles ficaram distantes durante um período. Depois de alguns anos afastados, os dois começaram a se reaproximar em 2021. Ela lembra que, à época, idealizava ter um relacionamento com alguém que fosse carinhoso e fiel, só não imaginava o que estava prestes a acontecer.
"A gente sempre teve uma ligação forte, mesmo nos períodos em que a vida nos levou para caminhos diferentes [...] Eu pedia a Deus uma resposta. Eu falava: 'Senhor, eu quero um relacionamento abençoado. E, se não for para ser, tira do meu coração esse sentimento'", conta a bancária.
Anally e Maurilio aguardando o transplante em maio de 2023 (à esquerda); o casal e a equipe hospitalar após a alta do transplante (à direita)
Arquivo pessoal
À reportagem, Maurilio revelou que esse reencontro também foi um divisor de águas na vida dele. "Deus me colocou no caminho dela na hora certa", afirma.
O namoro foi oficializado em abril de 2022. Poucas semanas depois, em maio, veio a confirmação do câncer. Em meio ao medo, o casal encontrou na fé a força para vencer mais um desafio.
Começaram a rezar juntos, diariamente, o Terço da Misericórdia, às 15h, horário que coincidiu com a primeira sessão de quimioterapia de Anally. "A partir dali, rezar às 15h virou rotina. Era o nosso encontro com Deus. A gente entregava tudo na mão d'Ele", diz ela. "Quando chegou o diagnóstico, entendi que eu não estava ali por acaso", complementa Maurício.
Na primeira vez em que Anally raspou o cabelo, Maurílio acompanhou o gesto, em 2022
Arquivo pessoal
Durante o tratamento, foram 38 sessões de quimioterapia, 20 de radioterapia e um transplante autólogo de medula óssea. Maurilio fez questão de participar de tudo. "Eu raspei a cabeça com ela para mostrar que não estava sozinha. Segurava a mão, rezava junto", compartilha.
Anally lembra do momento em que entendeu que Maurilio era o amor da sua vida. "Teve um dia que eu sonhei que ele estava com outra e eu acordei morrendo de ciúmes. Foi aí que eu entendi que estava apaixonada", afirma.
Após quase três anos de tratamento, o casal decidiu juntar as escovas de dente. Escolheram a data e o horário com significado: 26 de abril de 2025, às 15h, o mesmo horário das orações diárias e da primeira quimioterapia. Assista ao vídeo abaixo.
"Casar às 15h foi um jeito de agradecer. Foi o horário em que eu mais chorei, mais pedi, mais entreguei tudo para Deus. E foi o horário que Ele usou para mostrar que não me abandonou", afirma Anally.
Após vencer câncer, jovem de Bálsamo se casa em horário simbólico com melhor amigo
A cerimônia, realizada em Bálsamo, foi repleta de símbolos religiosos. A imagem da Sagrada Família enfeitou o altar. As alianças foram levadas em uma Bíblia, e o terço esteve presente o tempo todo nas mãos dos noivos. Balões brancos foram soltos em homenagem aos avós falecidos dos dois.
"Eu não pensava muito em casamento. Mas, depois de tudo o que a gente passou, eu soube que não queria mais esperar. Ela enfrentou tudo com uma força que me ensinou muito. Casei com a mulher mais guerreira que eu conheço", diz Maurilio.
Anally e Maurílio na consagração do buquê à Nossa Senhora da Paz, mais uma das simbologias presentes no casamento
Arquivo pessoal
Hoje, Anally celebra não apenas a vitória contra a doença, uma vez que está em processo de remissão do câncer, mas a reconstrução de sua vida ao lado do homem que, segundo ela, "foi enviado por Deus".
"Se eu pudesse escolher, viveria tudo de novo. Porque foi ali, na dor, que eu encontrei o sentido da minha vida. Descobri o amor em sua forma mais verdadeira. Ele foi a resposta das minhas orações", finaliza.
Anally e Maurilio em Gramado (RS), durante a Lua de Mel
Arquivo pessoal
*Colaborou sob supervisão de Henrique Souza
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