Hasteamento da bandeira marca 63 anos de emancipação do Acre: ‘herança ancestral’

Data de 15 de junho relembra decreto que tornou o então território federal um novo estado. Tradicionalmente, solenidade cívico-militar reúne autoridades e população para homenagens a figuras de destaque e ao maior símbolo regional: a bandeira acreana. Solenidade contou com a tradicional troca da bandeira
Pedro Devani/Secom
A tradicional cerimônia de troca e hasteamento da bandeira marcou as comemorações de 63 anos de emancipação política do Acre com homenagens a autoridades e figuras de destaque que contribuíram para o desenvolvimento local. O evento ocorreu no início da noite desse domingo (15), data que relembra o decreto que tornou o então território federal um novo estado. (Saiba mais abaixo)
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Tradicionalmente, a solenidade cívico-militar reúne o público no Calçadão da Gameleira, às margens do Rio Acre. Entre os participantes, estava o estudante Marcos Antônio, de 17 anos, que compartilhou a emoção de fazer parte desse marco histórico.
“Bom, é o momento mais gratificante, todos os alunos estarem aqui disponíveis para podermos registrar um momento muito especial para o nosso Acre, que é a troca de bandeiras em homenagem aos 63 anos do nosso estado”, disse à Rede Amazônica Acre.
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Solenidade cívico-militar reúne o público no Calçadão da Gameleira, às margens do Rio Acre.
Pedro Devani/Secom
Durante a cerimônia, o governador Gladson Camelí (PP) concedeu a Ordem da Estrela, maior honraria estadual, que é entregue em diferentes graus e, segundo o governo, é destinada a personalidades cujas contribuições notáveis impulsionam o desenvolvimento do estado ou cujas ações impactam diretamente a vida da população acreana.
Um dos condecorados foi o servidor público Messias dos Santos Paiva, que presta serviço há mais de 50 anos e recebeu a honraria no grau de cavaleiro.
“Eu entrei em 1974 e, desde que ingressei no serviço público, a evolução é grande, né? Cada governo que passa tem a sua colaboração, sua contribuição para o crescimento do estado. E não é à toa onde nós estamos com o nosso estado, com bastante crescimento em todas as áreas e a evolução, tecnologia. Cada governo que passa, a gente vai acompanhando, a gente vai desenvolvendo com o tempo”, comemorou.
Messias dos Santos Paiva é servidor público há mais de 50 anos e foi condecorado
Reprodução/Rede Amazônica Acre
E as homenagens às pessoas que deram nome e rosto a este estado não se resumiram à condecoração. Em seu discurso, o governador ressaltou todo o histórico do território e destacou o legado das populações que habitaram a região antes da ocupação europeia.
“Vamos comemorar os 63 anos de emancipação do Estado do Acre, mas precisamos ter a consciência de que o estado não começou há apenas seis décadas. O Acre é maior. Aqui, antes da chegada dos europeus, já viviam mais de uma dezena de povos indígenas, muitos dos quais nos deixaram sua genética, conhecimento e costumes. Somos parte dessa herança ancestral”, enfatizou.
Veja fotos que contam a história do Acre
Movimento autonomista
A primeira de uma série de revoltas autonomistas no Acre foi a 'Revolta Autonomista do Alto Juruá’, em 1910. Encampada pela população de Cruzeiro do Sul que declarou a criação do estado do Acre pouco depois da anexação definitiva do território pelo Brasil. A tomada de poder, porém, duraria apenas 100 dias. Logo o Exército Brasileiro reprimiu o movimento popular e retomou o poder na região.
“Por conta dessa revolta autonomista, em 1912, o governo brasileiro decidiu fazer uma reforma administrativa no Acre. E, como maneira de diminuir a capacidade de poder do Juruá e Cruzeiro do Sul, decidiu, então, dividir o departamento do Juruá em dois departamentos e criou um quarto departamento chamado Departamento do Alto Tarauacá, com sede na Vila Seabra, que já existia, e depois veio a se chamar de Tarauacá”, explicou em 2022 o historiador Marcos Vinicius Neves.
Em 1918 foi a vez da população de Rio Branco de revoltar
Acervo Digital: Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Enquanto o governo federal se preocupava em extinguir qualquer chama revolucionária no Juruá, a população de Sena Madureira também resolveu pedir independência. A revolta, porém, terminou depois que um bombardeio da Marinha foi lançado contra a cidade. Por fim, em 1918, foi a vez de Rio Branco protestar, também sem sucesso.
Sem sucesso, os movimentos autonomistas foram perdendo cada vez mais força. O golpe mais duro ocorreu após 1920.
Inconformados por não poder explorar o território acreano, os ingleses haviam roubado sementes de seringueira e estabelecidos plantações nas colônias que mantinham na Malásia. Com o aumento dessa produção, o comércio de borracha nativa do Acre entrou em declínio.
Acreano, José Augusto de Araújo venceu 'pai do estado', Guiomard Santos e foi o primeiro governador eleito pelos acreanos para governar o estado
Acervo histórico do Museu Universitário da Ufac
Enfim estado do Acre
Os anos seguintes não tiveram grandes revoltas. O governo federal seguiu decidindo quem governava o Acre e como o estado funcionaria. Foi só em 1962 que foi aprovado o projeto de lei nº 4.070, de autoria do então deputado federal Guiomard do Santos, ele mesmo um ex-governador do estado indicado pelo governo federal.
O projeto foi resultado de uma negociação que durou cinco anos. Em 15 de junho do mesmo ano, o presidente João Goulart sancionou a lei que deu autonomia ao Acre. Nesse ponto da história, 60 anos já haviam se passado desde o início da Revolução Acreana.
No mesmo ano uma eleição pôs o 'pai do estado do Acre', Santos contra um político quase desconhecido, José Augusto de Araújo. Para o choque da classe política, Araújo venceu. A seu favor, o fato de ser acreano contra o mineiro José Guiomard.
"O Acre tinha sofrido tanto nas mãos dos que vinham de fora, que se aproveitaram do melhor que o Acre tinha e não deixavam nada, que os acreanos elegeram o acreano e não Guiomard Santos, que era mineiro de nascimento", explicou Neves.
A alegria, porém, duraria pouco. Logo viria o golpe militar de 1964 e o primeiro governador eleito pelos acreanos seria deposto. Uma nova luta iria começar.
Acre celebra 63 anos de emancipação política com solenidade no Calçadão da Gameleira
VÍDEOS: g1
Pedro Devani/Secom
A tradicional cerimônia de troca e hasteamento da bandeira marcou as comemorações de 63 anos de emancipação política do Acre com homenagens a autoridades e figuras de destaque que contribuíram para o desenvolvimento local. O evento ocorreu no início da noite desse domingo (15), data que relembra o decreto que tornou o então território federal um novo estado. (Saiba mais abaixo)
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Tradicionalmente, a solenidade cívico-militar reúne o público no Calçadão da Gameleira, às margens do Rio Acre. Entre os participantes, estava o estudante Marcos Antônio, de 17 anos, que compartilhou a emoção de fazer parte desse marco histórico.
“Bom, é o momento mais gratificante, todos os alunos estarem aqui disponíveis para podermos registrar um momento muito especial para o nosso Acre, que é a troca de bandeiras em homenagem aos 63 anos do nosso estado”, disse à Rede Amazônica Acre.
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Durante a cerimônia, o governador Gladson Camelí (PP) concedeu a Ordem da Estrela, maior honraria estadual, que é entregue em diferentes graus e, segundo o governo, é destinada a personalidades cujas contribuições notáveis impulsionam o desenvolvimento do estado ou cujas ações impactam diretamente a vida da população acreana.
Um dos condecorados foi o servidor público Messias dos Santos Paiva, que presta serviço há mais de 50 anos e recebeu a honraria no grau de cavaleiro.
“Eu entrei em 1974 e, desde que ingressei no serviço público, a evolução é grande, né? Cada governo que passa tem a sua colaboração, sua contribuição para o crescimento do estado. E não é à toa onde nós estamos com o nosso estado, com bastante crescimento em todas as áreas e a evolução, tecnologia. Cada governo que passa, a gente vai acompanhando, a gente vai desenvolvendo com o tempo”, comemorou.
Messias dos Santos Paiva é servidor público há mais de 50 anos e foi condecorado
Reprodução/Rede Amazônica Acre
E as homenagens às pessoas que deram nome e rosto a este estado não se resumiram à condecoração. Em seu discurso, o governador ressaltou todo o histórico do território e destacou o legado das populações que habitaram a região antes da ocupação europeia.
“Vamos comemorar os 63 anos de emancipação do Estado do Acre, mas precisamos ter a consciência de que o estado não começou há apenas seis décadas. O Acre é maior. Aqui, antes da chegada dos europeus, já viviam mais de uma dezena de povos indígenas, muitos dos quais nos deixaram sua genética, conhecimento e costumes. Somos parte dessa herança ancestral”, enfatizou.
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Movimento autonomista
A primeira de uma série de revoltas autonomistas no Acre foi a 'Revolta Autonomista do Alto Juruá’, em 1910. Encampada pela população de Cruzeiro do Sul que declarou a criação do estado do Acre pouco depois da anexação definitiva do território pelo Brasil. A tomada de poder, porém, duraria apenas 100 dias. Logo o Exército Brasileiro reprimiu o movimento popular e retomou o poder na região.
“Por conta dessa revolta autonomista, em 1912, o governo brasileiro decidiu fazer uma reforma administrativa no Acre. E, como maneira de diminuir a capacidade de poder do Juruá e Cruzeiro do Sul, decidiu, então, dividir o departamento do Juruá em dois departamentos e criou um quarto departamento chamado Departamento do Alto Tarauacá, com sede na Vila Seabra, que já existia, e depois veio a se chamar de Tarauacá”, explicou em 2022 o historiador Marcos Vinicius Neves.
Em 1918 foi a vez da população de Rio Branco de revoltar
Acervo Digital: Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Enquanto o governo federal se preocupava em extinguir qualquer chama revolucionária no Juruá, a população de Sena Madureira também resolveu pedir independência. A revolta, porém, terminou depois que um bombardeio da Marinha foi lançado contra a cidade. Por fim, em 1918, foi a vez de Rio Branco protestar, também sem sucesso.
Sem sucesso, os movimentos autonomistas foram perdendo cada vez mais força. O golpe mais duro ocorreu após 1920.
Inconformados por não poder explorar o território acreano, os ingleses haviam roubado sementes de seringueira e estabelecidos plantações nas colônias que mantinham na Malásia. Com o aumento dessa produção, o comércio de borracha nativa do Acre entrou em declínio.
Acreano, José Augusto de Araújo venceu 'pai do estado', Guiomard Santos e foi o primeiro governador eleito pelos acreanos para governar o estado
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Enfim estado do Acre
Os anos seguintes não tiveram grandes revoltas. O governo federal seguiu decidindo quem governava o Acre e como o estado funcionaria. Foi só em 1962 que foi aprovado o projeto de lei nº 4.070, de autoria do então deputado federal Guiomard do Santos, ele mesmo um ex-governador do estado indicado pelo governo federal.
O projeto foi resultado de uma negociação que durou cinco anos. Em 15 de junho do mesmo ano, o presidente João Goulart sancionou a lei que deu autonomia ao Acre. Nesse ponto da história, 60 anos já haviam se passado desde o início da Revolução Acreana.
No mesmo ano uma eleição pôs o 'pai do estado do Acre', Santos contra um político quase desconhecido, José Augusto de Araújo. Para o choque da classe política, Araújo venceu. A seu favor, o fato de ser acreano contra o mineiro José Guiomard.
"O Acre tinha sofrido tanto nas mãos dos que vinham de fora, que se aproveitaram do melhor que o Acre tinha e não deixavam nada, que os acreanos elegeram o acreano e não Guiomard Santos, que era mineiro de nascimento", explicou Neves.
A alegria, porém, duraria pouco. Logo viria o golpe militar de 1964 e o primeiro governador eleito pelos acreanos seria deposto. Uma nova luta iria começar.
Acre celebra 63 anos de emancipação política com solenidade no Calçadão da Gameleira
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