Trump critica julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado; Planalto responde que Brasil não aceita interferência

Foi a primeira vez que o presidente dos Estados Unidos fez um comentário direto sobre as ações judiciais contra Jair Bolsonaro. O ex-presidente foi condenado por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação. Trump critica julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. Planalto responde
Em uma postagem do presidente americano em uma rede social motivou uma resposta do Palácio do Planalto. Donald Trump afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de uma caça às bruxas no julgamento por tentativa de golpe de Estado.
Foi a primeira vez que o presidente dos Estados Unidos fez um comentário direto sobre as ações judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Donald Trump disse, em um post em uma rede social, que Bolsonaro é alvo de perseguição. Sem mencionar diretamente as ações judiciais contra o ex-presidente, escreveu que o Brasil está fazendo algo terrível no tratamento dado a Bolsonaro, que segundo Trump, "não é culpado de nada". O presidente americano disse ainda que vai "acompanhar muito de perto essa caça às bruxas contra Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores".
Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral tornou Jair Bolsonaro inelegível por oito anos por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação. O TSE entendeu que a reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, teve uso eleitoral. Na ocasião, Bolsonaro determinou que o encontro fosse transmitido pela TV oficial do governo e fez afirmações, sem provas, contra o sistema eleitoral brasileiro. Em depoimento no dia 10 de junho aos ministros da Primeira Turma do STF, o ex-presidente admitiu que nunca teve provas de que tenha havido fraude nas eleições.
Bolsonaro também é réu em uma ação no STF - Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro chefiou uma organização criminosa com um projeto autoritário, que planejou impedir que o presidente eleito, Lula, assumisse o poder.
No mesmo depoimento, no dia 10 de junho, Bolsonaro admitiu ter discutido com ministros militares alternativas – segundo ele, constitucionais – para contestar o resultado das eleições. Mas negou as principais acusações e afirmou que não teve qualquer envolvimento com planos ilegais. Ainda não há data para a conclusão do julgamento no STF.
Trump critica julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado; Planalto responde que Brasil não aceita interferência
Jornal Nacional/ Reprodução
Em uma rede social, Bolsonaro agradeceu a mensagem de Trump – a quem se referiu como "ilustre presidente e amigo" - e que o americano passou por algo semelhante nos Estados Unidos, tendo sido também, segundo Bolsonaro, "implacavelmente perseguido".
O Palácio do Planalto reagiu ao post de Trump. Em uma nota assinada pelo presidente Lula, o governo brasileiro afirmou que:
"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Afirmou que o país é soberano, que não aceita interferência ou tutela de quem quer que seja; que o Brasil possui instituições sólidas e independentes; que ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”.
Pouco depois, durante a entrevista coletiva de encerramento do encontro dos Brics, no Rio, o presidente Lula respondeu a uma pergunta sobre o post do presidente americano:
"Esse país tem lei, esse país tem regra e esse país tem um dono chamado povo brasileiro. Portanto, dê palpite na sua vida e não na nossa”.
O STF não se manifestou sobre a publicação de Donald Trump.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos também pediu, em 2023, a abertura de processo contra Donald Trump para investigar a responsabilidade dele em atos contra a democracia – como a invasão do Congresso americano – e por não aceitar o resultado das eleições quando foi derrotado por Joe Biden.
Em novembro de 2024, esse e outros processos contra Trump foram arquivados porque a legislação americana não permite que presidentes no exercício da função respondam a processos judiciais.
O jurista Gustavo Sampaio aponta diferenças entre as legislações sobre ataques à democracia no Brasil e nos Estados Unidos:
"Se fossem aplicáveis as leis brasileiras nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump hoje não seria Presidente da República. Porque certamente ele teria sido acusado de crime contra a democracia, teria sido processado e julgado e possivelmente condenado. Como ele escapou ileso da persecução penal, ele quer criticar um país que não permite o mesmo desfecho e que, preservando a autoridade da sua lei penal, pune quem age contra a democracia. É, mais uma vez, um discurso populista, uma narrativa, uma retórica populista de quem despreza o Estado Democrático de Direito e defende um modelo centralizador, um modelo autoritário de governança que não coincide com as expectativas democráticas do mundo ocidental livre”.
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Em uma postagem do presidente americano em uma rede social motivou uma resposta do Palácio do Planalto. Donald Trump afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de uma caça às bruxas no julgamento por tentativa de golpe de Estado.
Foi a primeira vez que o presidente dos Estados Unidos fez um comentário direto sobre as ações judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Donald Trump disse, em um post em uma rede social, que Bolsonaro é alvo de perseguição. Sem mencionar diretamente as ações judiciais contra o ex-presidente, escreveu que o Brasil está fazendo algo terrível no tratamento dado a Bolsonaro, que segundo Trump, "não é culpado de nada". O presidente americano disse ainda que vai "acompanhar muito de perto essa caça às bruxas contra Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores".
Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral tornou Jair Bolsonaro inelegível por oito anos por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação. O TSE entendeu que a reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, teve uso eleitoral. Na ocasião, Bolsonaro determinou que o encontro fosse transmitido pela TV oficial do governo e fez afirmações, sem provas, contra o sistema eleitoral brasileiro. Em depoimento no dia 10 de junho aos ministros da Primeira Turma do STF, o ex-presidente admitiu que nunca teve provas de que tenha havido fraude nas eleições.
Bolsonaro também é réu em uma ação no STF - Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro chefiou uma organização criminosa com um projeto autoritário, que planejou impedir que o presidente eleito, Lula, assumisse o poder.
No mesmo depoimento, no dia 10 de junho, Bolsonaro admitiu ter discutido com ministros militares alternativas – segundo ele, constitucionais – para contestar o resultado das eleições. Mas negou as principais acusações e afirmou que não teve qualquer envolvimento com planos ilegais. Ainda não há data para a conclusão do julgamento no STF.
Trump critica julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado; Planalto responde que Brasil não aceita interferência
Jornal Nacional/ Reprodução
Em uma rede social, Bolsonaro agradeceu a mensagem de Trump – a quem se referiu como "ilustre presidente e amigo" - e que o americano passou por algo semelhante nos Estados Unidos, tendo sido também, segundo Bolsonaro, "implacavelmente perseguido".
O Palácio do Planalto reagiu ao post de Trump. Em uma nota assinada pelo presidente Lula, o governo brasileiro afirmou que:
"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Afirmou que o país é soberano, que não aceita interferência ou tutela de quem quer que seja; que o Brasil possui instituições sólidas e independentes; que ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”.
Pouco depois, durante a entrevista coletiva de encerramento do encontro dos Brics, no Rio, o presidente Lula respondeu a uma pergunta sobre o post do presidente americano:
"Esse país tem lei, esse país tem regra e esse país tem um dono chamado povo brasileiro. Portanto, dê palpite na sua vida e não na nossa”.
O STF não se manifestou sobre a publicação de Donald Trump.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos também pediu, em 2023, a abertura de processo contra Donald Trump para investigar a responsabilidade dele em atos contra a democracia – como a invasão do Congresso americano – e por não aceitar o resultado das eleições quando foi derrotado por Joe Biden.
Em novembro de 2024, esse e outros processos contra Trump foram arquivados porque a legislação americana não permite que presidentes no exercício da função respondam a processos judiciais.
O jurista Gustavo Sampaio aponta diferenças entre as legislações sobre ataques à democracia no Brasil e nos Estados Unidos:
"Se fossem aplicáveis as leis brasileiras nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump hoje não seria Presidente da República. Porque certamente ele teria sido acusado de crime contra a democracia, teria sido processado e julgado e possivelmente condenado. Como ele escapou ileso da persecução penal, ele quer criticar um país que não permite o mesmo desfecho e que, preservando a autoridade da sua lei penal, pune quem age contra a democracia. É, mais uma vez, um discurso populista, uma narrativa, uma retórica populista de quem despreza o Estado Democrático de Direito e defende um modelo centralizador, um modelo autoritário de governança que não coincide com as expectativas democráticas do mundo ocidental livre”.
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