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PF diz que prefeito Rodrigo Manga negociou com entidade investigada por propina antes de ser eleito em Sorocaba

PF diz que prefeito Rodrigo Manga negociou com entidade investigada por propina antes de ser eleito em Sorocaba
Terceira reportagem da TV TEM e do g1 mostra que primeiras conversas ocorreram em 2020. Somados, contratos com a entidade somam mais de R$ 100 milhões. Rodrigo Manga (Republicanos), alvo da Operação Copia e Cola em abril, foi eleito prefeito de Sorocaba (SP) em 2020 e assumiu em 2021. PF diz que ligação de Rodrigo Manga com entidade começou antes do mandato
Antes de tomar posse como prefeito de Sorocaba, em 2021, Rodrigo Manga já mantinha contato com representantes da Aceni. A organização social é suspeita de pagar propina para assumir a gestão de unidades de saúde da cidade. Desde o início da gestão do prefeito tiktoker, como é conhecido, a entidade firmou contratos que ultrapassam R$ 100 milhões.
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As informações constam no relatório da Polícia Federal que embasou a Operação Copia e Cola e que foi obtido com exclusividade pelo g1 e pela TV TEM. Os mandados da operação tiveram como alvo Manga e a primeira-dama, além de outras pessoas e instituições suspeitas. Todos os citados negam qualquer irregularidade.
Conforme a investigação, o vínculo entre eles fica evidente em conversa de 2020, em uma conversa entre Paulo Korek e o sócio Anderson Luiz Santana, à época, integrantes da cúpula do Instituto de Atenção à Saúde e Educação (Iase, antiga Aceni). A conversa, do dia 23 de setembro, mostra o início de um possível apoio à campanha de Manga para prefeito.
“O João marcou para segunda-feira no prb, com o cara de Sorocaba, o cara de sorocaba vai ganhar, é aquele cara que já esteve com a gente… joão já marcou no partido, inclusive, para tentar fazer até uma situação melhor pra nós…”
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Com apenas três meses do governo Rodrigo Manga, a Aceni já estava no gabinete do então secretário de Administração, Fausto Bossolo, no primeiro andar da Prefeitura de Sorocaba. Em 12 de março, Paulo Korek enviou duas mensagens para Fausto Bossolo avisando que estava chegando para uma reunião.
“Oi Fausto, boa tarde, como você está, meu irmão, na paz? Sim, Fausto, tô chegando tá?”
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Reprodução/TV TEM
Um minuto depois, outra mensagem:
“Fausto, show, show, acabei pegando um pouquinho de trânsito, tá dando aqui que vou chegar em dez minutinhos, tá? Atrasado, tá? Mas uma e dez estou no seu gabinete, tá bom?”
Em maio, menos de dois meses depois da primeira reunião, a prefeitura informa ao Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), grupo que administrava a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden, que o contrato não seria prorrogado.
Um mês depois, em junho, há uma nova mensagem entre representantes da Aceni. Korek foi avisado por um funcionário que ele havia se reunido em Sorocaba com o secretário de Saúde da época, Vinícius Rodrigues. O funcionário afirma que o secretário queria que a Aceni assumisse um serviço na cidade, pensando em "uns 20 por mês".
A proposta era válida até o dia seguinte e ele destaca ainda que Fausto Bossolo, o secretário de Administração, ligaria para informar o valor necessário para que a O.S. ganhasse.
Vale lembrar que Fausto Bossolo já foi condenado a mais de 23 anos de prisão, por corrupção, no caso da venda do prédio da Secretaria de Educação da Prefeitura de Sorocaba.
16 dias depois, a Secretaria de Saúde de Sorocaba publicou o projeto básico para receber propostas de instituições interessadas na gestão da UPA do Éden, assinado pelo secretário Vinícius Rodrigues.
A Polícia Federal teve acesso também a e-mails de funcionários da Aceni encaminhados para a empresa que fornecia medicamentos para a organização social, a Medmais, que também é investigada e pertence ao cunhado de Paulo Korek, Carlos Korek Farias. Eles mostram que pessoas ligadas à Aceni sabiam que assumiriam o serviço da UPA do Éden, antes mesmo que o processo chegasse ao fim, o que ocorreu somente em 13 de julho de 2021.
A UPA do Éden funcionará 24 horas por dia
Emerson Ferraz
Quase 15 dias antes da prefeitura anunciar o vencedor, o supervisor de farmácia da Aceni enviou um e-mail para a fornecedora falando sobre a data para assumir o serviço.
“Possivelmente estaremos dando início a um novo projeto… previsão para início 17/07. UPA do Éden porte II, com uma média de atendimento de 10 a 13 mil…”
Uma semana antes do anúncio da empresa vencedora, a data de início de funcionamento é cravada.
“Corrigindo a data de início do projeto Sorocaba, a nova data de início será dia 15/07”
O contrato foi assinado em 14 de julho. E como adiantou o e-mail do funcionário da farmácia da Aceni, o serviço realmente começou no dia 15 de julho.
Para a Polícia Federal, a vitória não foi por mérito técnico, mas por acerto prévio com propina a agentes públicos.
Nova fase do esquema
PF investiga contrato em Sorocaba (SP)
Reprodução/TV TEM
Segundo a investigação, depois de entrar em Sorocaba, a organização social passou a operar uma nova fase do suposto esquema de desvio de recursos da saúde. Foram feitas subcontratações, mas todas as empresas que fecharam contratos como prestadoras de serviços pertenciam a pessoas da cúpula da própria organização social.
Além disso, muitos serviços apontados como concluídos existiam apenas no papel. Os responsáveis copiavam relatórios disponíveis na internet, o famoso "Control C - Control V", e depois cobravam da prefeitura. Essa artimanha identificada pela PF deu nome a operação Copia e Cola.
Uma das empresas investigadas é a AP Engenharia Clínica Ltda., que pertence a Paulo Korek Farias e a Anderson Luiz Santana – apontados como parte da cúpula da Aceni.
A empresa apresentou diversos relatórios copiados da internet. E, com isso, somente a Aceni recebeu mais de R$ 2 milhões em verba pública. Para a Polícia Federal, os valores foram pagos por serviços que muito provavelmente não foram executados. E parte do dinheiro foi para conta pessoal dos dois sócios da Aceni.
Já a Medmais Comércio de Medicamentos, do cunhado de Paulo Korek, recebeu da Aceni mais de R$ 6,5 milhões. A investigação apontou que a Medmais entregou menos produtos do que estava no contrato e que nem todos os repasses tinham nota fiscal para comprovar o serviço. As contas da empresa registraram 267 saques, em dinheiro vivo, somando mais de R$ 500 mil. Saques fracionados, desde R$ 400 até R$ 5 mil.
Ao cruzar dados de outras empresas e pessoas envolvidas com a Aceni, a perícia da PF fez outra descoberta. Na conta de Sérgio Peralta, ligado a O.S, foram identificados mais de R$ 965 mil em depósitos fracionados. Para a investigação, há um fortíssimo indício de que o dinheiro que a Aceni pagou à Medmais foi desviado para Peralta.
PF diz que ligação de Rodrigo Manga, prefeito de Sorocaba (S), com entidade começou antes do mandato
Reprodução/TV TEM
Apenas uma nota...
Há ainda outra empresa envolvida. Ela é de São Paulo e atuou na UPA do Éden. A empresa recebeu mais de R$ 1,5 milhão por serviços médicos prestados. Só que apenas uma nota fiscal, de R$ 553 mil foi encontrada. Um dos sócios da empresa recebeu mais de R$ 1 milhão na própria conta. Desse valor, mais de R$ 790 mil foram sacados em dinheiro.
Inclusive, essas movimentações chamaram a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Um apontamento é que a renda dele não seria suficiente para justificar o valor depositado. E esses depósitos em espécie, feitos de forma fracionada, podem indicar a intenção de esconder quem era o verdadeiro dono do dinheiro ou disfarçar o valor real da movimentação.
Ao fim desta primeira fase da operação Copia e Cola, a Polícia Federal concluiu que o núcleo empresarial de Paulo Korek Farias, Anderson Luiz Santana e Sérgio Ricardo Peralta ofereceu e prometeu vantagens indevidas, que eram pagamentos em dinheiro para o prefeito Rodrigo Manga e a para a primeira-dama, Sirlange Frate Maganhato, feitos por intermediários: Marco Mott, o amigo de infância do prefeito, e Fausto Bossolo, ex-secretário de administração.
São dois contratos com a Prefeitura de Sorocaba que, somados, chegam a R$ 101 milhões dos cofres públicos, sendo R$ 15 milhões na UPA do Éden e R$ 86 milhões na UPH zona oeste.
Representante cobrou ‘parceria’ antes de contrato com a Prefeitura de Sorocaba
O que dizem os citados
A Prefeitura de Sorocaba afirmou que todos os fornecedores "passam por fiscalização, conforme critérios legais e de transparência. Disse ainda que as "análises são feitas tanto pelo fiscalizador do contrato quanto pela auditoria da saúde. No caso citado, notificações comprobatórias da fiscalização foram devidamente emitidas".
O Iase, antiga Aceni, disse que não há qualquer relação "do Iase com as ditas pessoas investigadas. O IASE assim que tomou conhecimento das atividades ditas como irregulares por parte dos prestadores de serviço, rescindiu unilateralmente e determinou a suspensão dos pagamentos aos contratados".
"Durante todo o curso do contrato do Iase celebrado com o Município de Sorocaba, todos os pagamentos foram realizados com base na prestação de contas aprovada pelo Município, não havendo por parte do Iase qualquer prática ilegal. Todos os contratos celebrados pelo Iase com o Município foram assinados com base no processo de chamamento publico em que foram avaliados critérios como melhor técnica e menor preço, sendo que o Iase preencheu todos os requisitos previsto na lei e no chamamento. A Instituição respeita as investigações e colabora com a autoridade policial para a elucidação dos fatos, empreendendo esforços para esclarecimentos e arquivamento da investigação, como ocorreu em outros procedimentos em que ficou comprovada a licitude da atuação do Iase nos contratos que executou ao longo dos últimos anos."
A assessoria de imprensa de Paulo Korek disse que "não tem nada a acrescentar e que no depoimento dele está correto conforme a oitiva da Polícia Federal".
Sérgio Peralta disse que, "em respeito ao Poder Judiciário, ao Ministério Público e à Policia Federal, só me manifestarei em juízo sobre os fatos investigados, sendo que todos esclarecimentos já estão sendo prestados às autoridades competentes”.
Em nota, de segunda-feira (23), os advogados Daniel Leon Bialski, Bruno Garcia Borragine, André Bialski, Flávia Maria Ebaid e Júlia Zonzini, que representam o prefeito Rodrigo Manga e a primeira-dama Sirlange Rodrigues Frate Maganhato, afirmaram “que seus nomes foram mencionados nessa investigação de forma indevida e em nítida perseguição política”.
"Todas as operações financeiras mencionadas possuem origem lícita e devidamente corroboradas por documentação, declaradas no Imposto de Renda e, algumas, inclusive, realizadas através de financiamento bancário. A defesa já apresentou diversos documentos à justiça, comprovando a legalidade de todas essas transações", diz a nota.
Disseram ainda que aguardam com brevidade o arquivamento do procedimento.
O advogado Edson Asarias, que defende Vinicius Rodrigues, disse que repudia com veemência a citação de seu cliente no relatório da chamada “Operação Cópia e Cola”, e que é uma "tentativa inaceitável de imputar responsabilidade com base em vínculos pessoais".
"Trata-se de construção frágil e constrangedora, apoiada não em fatos, mas em conjecturas, ilações e fotografias de redes sociais — como se a amizade fosse, por si só, prova de crime. Vinícius jamais participou da formulação, decisão ou execução dos contratos ora investigados. Forçar sua menção é ampliar indevidamente o escopo da investigação para além de seus reais alvos — um desvio que compromete a seriedade da apuração e atenta contra o Estado Democrático de Direito.
Já a defesa do empresário Marco Mott informou que não vai se manifestar.
Fausto Bossolo não foi localizado para comentar a situação. Ele foi procurado por meio do telefone em que já respondeu à reportagem. Anderson Luiz Santana e Carlos Korek Farias também não foram localizados.
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Na terça-feira (24), o g1 e a TV TEM mostraram, na segunda reportagem da série sobre a investigação da Operação Copia e Cola. As reportagens retrataram que representante de organização cobrou ‘parceria’ de secretário municipal antes de contrato de R$ 86 milhões com a Prefeitura de Sorocaba.
A primeira reportagem da série, de segunda-feira (23), mostrouque o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga , pagou R$ 183 mil em "dinheiro vivo" como entrada em um imóvel de alto padrão em um condomínio fechado, localizado na zona leste da cidade.
Relação entre o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), de Sorocaba (SP), teria começado antes de mandato, diz PF
Reprodução/TV TEM
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