Como mosquitos machos atacam fêmeas e evitam armadilhas

Pesquisa da Universidade de Nagoya, no Japão, revela que os mosquitos machos têm capacidade auditiva muito mais complexa do que se pensava. Cientistas que querem controlar população de mosquitos terão de pensar em outra estratégia.
Pixabay
As armadilhas sonoras que imitam o bater de asas das fêmeas usadas para controlar populações de mosquitos podem estar com os dias contados. Uma nova pesquisa da Universidade de Nagoya, no Japão, revela que os mosquitos machos têm capacidade auditiva muito mais complexa do que se pensava.
Segundo o estudo, esses insetos se sintonizam com uma gama de sons mais ampla e diversa do que as fêmeas. Essa descoberta pode explicar por que as armadilhas atuais são frequentemente ineficazes, capturando apenas poucos insetos.
O estudo, publicado na revista Science Advances, desvenda os sofisticados mecanismos cerebrais que permitem aos mosquitos machos localizar o som fraco de uma parceira em meio ao caos de um enxame. Essa habilidade complexa pode ser a chave para o comportamento de acasalamento dos mosquitos e, consequentemente, para o desenvolvimento de novas estratégias de controle.
Audição masculina mais abrangente
Para investigar a atividade cerebral dos mosquitos, a equipe de pesquisa utilizou uma técnica de imagem de cálcio, que permite visualizar a atividade neuronal em tempo real. Eles expuseram mosquitos machos e fêmeas a diferentes frequências sonoras.
"Descobrimos que os cérebros masculinos apresentaram respostas não apenas às mesmas frequências sonoras que os femininos, mas também a frequências muito mais altas", explica o professor-assistente Matthew Su, da Escola de Pós-Graduação em Ciências da Universidade Nagoya, no Japão.
"Os cérebros masculinos, portanto, respondem a uma gama altamente diversa de sons, incluindo não apenas os sons das batidas de asas femininas, mas também 'produtos de distorção', que são os sons produzidos pela mistura das batidas de asas masculinas e femininas. Essa descoberta demonstra o processamento complexo de informações necessário para que os machos identifiquem a localização das fêmeas."
Essa capacidade de detectar sons mais variados, incluindo a "interferência" de outros mosquitos, sugere que as armadilhas atuais, que focam apenas no som de bater de asas das fêmeas, são muito simplistas para atrair eficazmente os machos.
Formigas em casa: saiba como controlar a presença desses insetos
Mecanismos moleculares por trás da diferença auditiva
Para entender as bases moleculares dessas diferenças auditivas entre os sexos, o grupo de pesquisa realizou análises do transcriptoma e do proteoma. Eles compararam exaustivamente os genes expressos na base das antenas de machos e fêmeas.
O resultado mostrou que moléculas relacionadas aos cílios – pequenas estruturas semelhantes a pelos que os mosquitos usam para detectar vibrações sonoras – eram significativamente mais expressas nos machos. Entre essas moléculas, um grupo específico de genes chamado dineínas se destacou, sendo mais expresso em machos e já associado à função auditiva em outras espécies de insetos.
"Acredita-se que os cílios funcionem para aumentar a sensibilidade receptiva a certos sons. Isso indica que o tipo e a quantidade de genes relacionados aos cílios expressos na 'orelha' do mosquito podem resultar em diferenças sexuais na função auditiva", diz a professora Azusa Kamikouchi, da Escola de Pós-Graduação em Ciências/Instituto de Biomoléculas Transformativas.
"Esse mecanismo de processamento sonoro pode ser um mecanismo especializado e sofisticado que não é encontrado em outros insetos."
Implicações para o controle de mosquitos
A audição dos mosquitos é fundamental para sua reprodução, já que os machos dependem do som das asas das fêmeas para encontrar parceiras. Portanto, a audição se apresenta como um alvo promissor para novas estratégias de controle populacional.
"Ao descobrir como os mosquitos machos processam o som no nível neural, esperamos abrir caminho para ferramentas de controle de mosquitos mais eficazes que interrompam o comportamento reprodutivo em sua origem", concluiu a professora Kamikouchi.
Essa pesquisa abre portas para o desenvolvimento de armadilhas mais inteligentes, capazes de explorar a complexidade auditiva dos mosquitos e, assim, impactar significativamente a reprodução dessas pragas.
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As armadilhas sonoras que imitam o bater de asas das fêmeas usadas para controlar populações de mosquitos podem estar com os dias contados. Uma nova pesquisa da Universidade de Nagoya, no Japão, revela que os mosquitos machos têm capacidade auditiva muito mais complexa do que se pensava.
Segundo o estudo, esses insetos se sintonizam com uma gama de sons mais ampla e diversa do que as fêmeas. Essa descoberta pode explicar por que as armadilhas atuais são frequentemente ineficazes, capturando apenas poucos insetos.
O estudo, publicado na revista Science Advances, desvenda os sofisticados mecanismos cerebrais que permitem aos mosquitos machos localizar o som fraco de uma parceira em meio ao caos de um enxame. Essa habilidade complexa pode ser a chave para o comportamento de acasalamento dos mosquitos e, consequentemente, para o desenvolvimento de novas estratégias de controle.
Audição masculina mais abrangente
Para investigar a atividade cerebral dos mosquitos, a equipe de pesquisa utilizou uma técnica de imagem de cálcio, que permite visualizar a atividade neuronal em tempo real. Eles expuseram mosquitos machos e fêmeas a diferentes frequências sonoras.
"Descobrimos que os cérebros masculinos apresentaram respostas não apenas às mesmas frequências sonoras que os femininos, mas também a frequências muito mais altas", explica o professor-assistente Matthew Su, da Escola de Pós-Graduação em Ciências da Universidade Nagoya, no Japão.
"Os cérebros masculinos, portanto, respondem a uma gama altamente diversa de sons, incluindo não apenas os sons das batidas de asas femininas, mas também 'produtos de distorção', que são os sons produzidos pela mistura das batidas de asas masculinas e femininas. Essa descoberta demonstra o processamento complexo de informações necessário para que os machos identifiquem a localização das fêmeas."
Essa capacidade de detectar sons mais variados, incluindo a "interferência" de outros mosquitos, sugere que as armadilhas atuais, que focam apenas no som de bater de asas das fêmeas, são muito simplistas para atrair eficazmente os machos.
Formigas em casa: saiba como controlar a presença desses insetos
Mecanismos moleculares por trás da diferença auditiva
Para entender as bases moleculares dessas diferenças auditivas entre os sexos, o grupo de pesquisa realizou análises do transcriptoma e do proteoma. Eles compararam exaustivamente os genes expressos na base das antenas de machos e fêmeas.
O resultado mostrou que moléculas relacionadas aos cílios – pequenas estruturas semelhantes a pelos que os mosquitos usam para detectar vibrações sonoras – eram significativamente mais expressas nos machos. Entre essas moléculas, um grupo específico de genes chamado dineínas se destacou, sendo mais expresso em machos e já associado à função auditiva em outras espécies de insetos.
"Acredita-se que os cílios funcionem para aumentar a sensibilidade receptiva a certos sons. Isso indica que o tipo e a quantidade de genes relacionados aos cílios expressos na 'orelha' do mosquito podem resultar em diferenças sexuais na função auditiva", diz a professora Azusa Kamikouchi, da Escola de Pós-Graduação em Ciências/Instituto de Biomoléculas Transformativas.
"Esse mecanismo de processamento sonoro pode ser um mecanismo especializado e sofisticado que não é encontrado em outros insetos."
Implicações para o controle de mosquitos
A audição dos mosquitos é fundamental para sua reprodução, já que os machos dependem do som das asas das fêmeas para encontrar parceiras. Portanto, a audição se apresenta como um alvo promissor para novas estratégias de controle populacional.
"Ao descobrir como os mosquitos machos processam o som no nível neural, esperamos abrir caminho para ferramentas de controle de mosquitos mais eficazes que interrompam o comportamento reprodutivo em sua origem", concluiu a professora Kamikouchi.
Essa pesquisa abre portas para o desenvolvimento de armadilhas mais inteligentes, capazes de explorar a complexidade auditiva dos mosquitos e, assim, impactar significativamente a reprodução dessas pragas.
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