'Coiotes do trânsito' ganham dinheiro de condutores para burlar blitze em Vitória

Motoristas de aplicativo foram presos após assumirem direção de veículos para ajudar condutores que se recusaram a fazer o teste do bafômetro em fiscalizações da Lei Seca. ‘Coiotes do trânsito’ ganham dinheiro de condutores para burlar blitze em Vitória, Espírito Santo.
Guarda Municipal de Vitória
Durante as operações do Maio Amarelo, em Vitória, a Guarda Municipal identificou uma nova prática irregular para burlar as blitze: a ação de 'coiotes do trânsito', pessoas que recebem dinheiro de condutores em situação irregular para passar pelas fiscalizações, assumindo a direção e devolvendo os veículos logo à frente dos pontos de bloqueio.
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Duas pessoas foram presas em flagrante por atuarem dessa forma, no último dia 30. Uma delas foi detida na descida da Segunda Ponte, a outra, na Avenida Fernando Ferrari. Nos dois casos, os suspeitos se apresentaram para liberar o carro de condutores abordados que se recusaram a fazer o teste do bafômetro.
Os detidos são motoristas de aplicativo, que não tiveram as identidades divulgadas, e cobravam até R$ 200 pelo serviço ilegal.
A prática foi descoberta após uma análise detalhada das 33 fiscalizações realizadas durante o mês de maio. Seus nomes foram detectados diversas vezes em análise dos autos de infração de recusa do teste de etilômetro lavrados.
O secretário de Segurança Urbana de Vitória, Amarílio Boni, falou sobre a conduta dos suspeitos e como chamou a ação chamou a atenção da equipe de inteligência.
"Verificamos que em várias dessas blitze havia pessoas observando o movimento, se posicionando antes e depois dos pontos de bloqueio. Em seguida, notamos que nomes de condutores habilitados apareciam repetidamente nos autos de infração por recusa ao teste do etilômetro. A partir disso, iniciamos um acompanhamento com uso de drones e agentes infiltrados, e conseguimos flagrar dois desses motoristas", explicou Boni.
'Coiotes' são detidos por ajudar motoristas a driblar blitz em Vitória
Os motoristas de aplicativo foram conduzidos para a Delegacia de Delitos de Trânsito e vão responder pelo crime previsto no artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
O delegado lavrou termos circunstanciados e os motoristas foram liberados, com tendo que se apresentar quando convocado pela Justiça.
O crime previsto no artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) consiste em “permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança”, uma vez que, devolveram o carro a motoristas que se negaram a realizar o teste do etilômetro.
Prática vai continuar sendo monitorada
A desconfiança da Guarda Municipal começou quando as fiscalizações aumentaram, devido ao Maio Amarelo - mês de conscientização contra acidentes de trânsito -, e a prática ficou mais evidente. Os agentes perceberam um grande grupo de pessoas acompanhando o trabalho dos agentes e circulando próximo aos motoristas abordados.
A partir daí, a equipe de inteligência passou a verificar os registros, chegando a uma listagem de nomes repetidos, que foi compartilhada com a equipe de videomonitoramento e os agentes na rua.
‘Coiotes do trânsito’ ganham dinheiro de condutores para burlar blitze em Vitória, Espírito Santo.
GMV
Segundo o secretário, os "coiotes" agiam em momentos de vulnerabilidade dos motoristas abordados nas blitze.
"São duas práticas: eles começavam antes da abordagem, já na fila que se formava, avisando sobre a fiscalização e se oferecendo para atravessar o veículo. E, também, após a abordagem, se aproximavam dos condutores que recusaram o teste do bafômetro e que estavam ali fragilizados, muitas vezes ligando para familiares. Ofereciam, então, o serviço para liberar e assumir a direção do veículo, devolvendo o carro logo depois", contou Amarílio.
Com os nomes em mãos, os dois suspeitos foram flagrados e detidos. Um dos presos admitiu ter cobrado R$ 130 para realizar o serviço. O outro chegou a cobrar R$ 200.
Entretanto, de acordo com o secretário, é correto afirmar que a prática foi disseminada, principalmente em grupos de aplicativos e a ação vai continuar sendo monitorada.
"A gente tem um número, uns que fizeram mais, e outros que fizeram menos. Não são só esses dois presos. Identificamos um grupo maior fazendo isso. É correto dizer que tem mais gente atuando dessa forma e são principalmente motoristas de aplicativo", afirmou.
Segundo Amarílio, o trabalho de fiscalização vai continuar acontecendo.
"Temos um trabalho integrado das equipes, e uma lista com os coiotes já identificados disseminada nas blitze, câmeras focadas para ver as pessoas que se aproximam dos condutores e vamos reforçar para que, havendo possibilidade, a gente consiga fazer a prisão. [...] Essas pessoas trazem um risco real à sociedade. Estão colaborando para que condutores alcoolizados continuem ao volante, o que pode resultar em tragédias, que é o que a gente trabalha para evitar", completou o secretário.
Teste do etilômetro sendo realizado em Vitória, Espírito Santo.
GMV
Recusa ao bafômetro já prevê punição grave
O secretário esclareceu que, quando um motorista se recusa a passar pelo teste do etilômetro, é lavrado um auto de infração pela recusa, uma infração gravíssima, que prevê a pena da suspensão de dirigir por 12 meses, multa de R$ 2.900, e sete pontos na CNH. Além disso, se for pego outra vez na mesma infração, o condutor sofrerá com uma multa duplicada.
Desde que o veículo esteja regularizado, licenciado e com equipamentos obrigatórios, um outro motorista pode ser chamado para fazer a condução, se responsabilizando pela direção.
"Ou seja, os motoristas que pagavam para o coiote retirar o carro do local já tinham sido penalizado, mas, ainda assim concordavam com o serviço para não ter ainda o veículo levado para um pátio", disse.
Balanço do Maio Amarelo
Agente da Guarda Municipal da Vitória atuando em blitz do Maio Amarelo. Espírito Santo.
Guarda Municipal de Vitória
As prisões ocorreram durante a última blitz do mês, realizada na sexta-feira (30), em três pontos diferentes da cidade, encerrando a programação do Maio Amarelo. Ao todo, foram feitos 6.171 testes de etilômetro nas operações da Guarda Civil Municipal de Vitória, com foco especial em madrugadas e fins de semana.
Além das 33 fiscalizações com etilômetros passivos e ativos, a campanha contou com 30 ações educativas, com distribuição de materiais, orientações em instituições de ensino e abordagens em pontos estratégicos.
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Queda nas mortes
De acordo com dados do Observatório de Segurança Pública, Vitória registrou uma redução de 35% no número de mortes no trânsito entre janeiro e maio de 2025, em comparação ao mesmo período do ano passado. A capital é a única da Região Metropolitana que apresentou essa queda.
"Nossa missão é salvar vidas. Com a colaboração da população e o trabalho contínuo de fiscalização e educação, esperamos manter essa curva descendente e tornar o trânsito de Vitória cada vez mais seguro", concluiu Amarílio Boni.
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Guarda Municipal de Vitória
Durante as operações do Maio Amarelo, em Vitória, a Guarda Municipal identificou uma nova prática irregular para burlar as blitze: a ação de 'coiotes do trânsito', pessoas que recebem dinheiro de condutores em situação irregular para passar pelas fiscalizações, assumindo a direção e devolvendo os veículos logo à frente dos pontos de bloqueio.
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Duas pessoas foram presas em flagrante por atuarem dessa forma, no último dia 30. Uma delas foi detida na descida da Segunda Ponte, a outra, na Avenida Fernando Ferrari. Nos dois casos, os suspeitos se apresentaram para liberar o carro de condutores abordados que se recusaram a fazer o teste do bafômetro.
Os detidos são motoristas de aplicativo, que não tiveram as identidades divulgadas, e cobravam até R$ 200 pelo serviço ilegal.
A prática foi descoberta após uma análise detalhada das 33 fiscalizações realizadas durante o mês de maio. Seus nomes foram detectados diversas vezes em análise dos autos de infração de recusa do teste de etilômetro lavrados.
O secretário de Segurança Urbana de Vitória, Amarílio Boni, falou sobre a conduta dos suspeitos e como chamou a ação chamou a atenção da equipe de inteligência.
"Verificamos que em várias dessas blitze havia pessoas observando o movimento, se posicionando antes e depois dos pontos de bloqueio. Em seguida, notamos que nomes de condutores habilitados apareciam repetidamente nos autos de infração por recusa ao teste do etilômetro. A partir disso, iniciamos um acompanhamento com uso de drones e agentes infiltrados, e conseguimos flagrar dois desses motoristas", explicou Boni.
'Coiotes' são detidos por ajudar motoristas a driblar blitz em Vitória
Os motoristas de aplicativo foram conduzidos para a Delegacia de Delitos de Trânsito e vão responder pelo crime previsto no artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
O delegado lavrou termos circunstanciados e os motoristas foram liberados, com tendo que se apresentar quando convocado pela Justiça.
O crime previsto no artigo 310 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) consiste em “permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança”, uma vez que, devolveram o carro a motoristas que se negaram a realizar o teste do etilômetro.
Prática vai continuar sendo monitorada
A desconfiança da Guarda Municipal começou quando as fiscalizações aumentaram, devido ao Maio Amarelo - mês de conscientização contra acidentes de trânsito -, e a prática ficou mais evidente. Os agentes perceberam um grande grupo de pessoas acompanhando o trabalho dos agentes e circulando próximo aos motoristas abordados.
A partir daí, a equipe de inteligência passou a verificar os registros, chegando a uma listagem de nomes repetidos, que foi compartilhada com a equipe de videomonitoramento e os agentes na rua.
‘Coiotes do trânsito’ ganham dinheiro de condutores para burlar blitze em Vitória, Espírito Santo.
GMV
Segundo o secretário, os "coiotes" agiam em momentos de vulnerabilidade dos motoristas abordados nas blitze.
"São duas práticas: eles começavam antes da abordagem, já na fila que se formava, avisando sobre a fiscalização e se oferecendo para atravessar o veículo. E, também, após a abordagem, se aproximavam dos condutores que recusaram o teste do bafômetro e que estavam ali fragilizados, muitas vezes ligando para familiares. Ofereciam, então, o serviço para liberar e assumir a direção do veículo, devolvendo o carro logo depois", contou Amarílio.
Com os nomes em mãos, os dois suspeitos foram flagrados e detidos. Um dos presos admitiu ter cobrado R$ 130 para realizar o serviço. O outro chegou a cobrar R$ 200.
Entretanto, de acordo com o secretário, é correto afirmar que a prática foi disseminada, principalmente em grupos de aplicativos e a ação vai continuar sendo monitorada.
"A gente tem um número, uns que fizeram mais, e outros que fizeram menos. Não são só esses dois presos. Identificamos um grupo maior fazendo isso. É correto dizer que tem mais gente atuando dessa forma e são principalmente motoristas de aplicativo", afirmou.
Segundo Amarílio, o trabalho de fiscalização vai continuar acontecendo.
"Temos um trabalho integrado das equipes, e uma lista com os coiotes já identificados disseminada nas blitze, câmeras focadas para ver as pessoas que se aproximam dos condutores e vamos reforçar para que, havendo possibilidade, a gente consiga fazer a prisão. [...] Essas pessoas trazem um risco real à sociedade. Estão colaborando para que condutores alcoolizados continuem ao volante, o que pode resultar em tragédias, que é o que a gente trabalha para evitar", completou o secretário.
Teste do etilômetro sendo realizado em Vitória, Espírito Santo.
GMV
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O secretário esclareceu que, quando um motorista se recusa a passar pelo teste do etilômetro, é lavrado um auto de infração pela recusa, uma infração gravíssima, que prevê a pena da suspensão de dirigir por 12 meses, multa de R$ 2.900, e sete pontos na CNH. Além disso, se for pego outra vez na mesma infração, o condutor sofrerá com uma multa duplicada.
Desde que o veículo esteja regularizado, licenciado e com equipamentos obrigatórios, um outro motorista pode ser chamado para fazer a condução, se responsabilizando pela direção.
"Ou seja, os motoristas que pagavam para o coiote retirar o carro do local já tinham sido penalizado, mas, ainda assim concordavam com o serviço para não ter ainda o veículo levado para um pátio", disse.
Balanço do Maio Amarelo
Agente da Guarda Municipal da Vitória atuando em blitz do Maio Amarelo. Espírito Santo.
Guarda Municipal de Vitória
As prisões ocorreram durante a última blitz do mês, realizada na sexta-feira (30), em três pontos diferentes da cidade, encerrando a programação do Maio Amarelo. Ao todo, foram feitos 6.171 testes de etilômetro nas operações da Guarda Civil Municipal de Vitória, com foco especial em madrugadas e fins de semana.
Além das 33 fiscalizações com etilômetros passivos e ativos, a campanha contou com 30 ações educativas, com distribuição de materiais, orientações em instituições de ensino e abordagens em pontos estratégicos.
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Queda nas mortes
De acordo com dados do Observatório de Segurança Pública, Vitória registrou uma redução de 35% no número de mortes no trânsito entre janeiro e maio de 2025, em comparação ao mesmo período do ano passado. A capital é a única da Região Metropolitana que apresentou essa queda.
"Nossa missão é salvar vidas. Com a colaboração da população e o trabalho contínuo de fiscalização e educação, esperamos manter essa curva descendente e tornar o trânsito de Vitória cada vez mais seguro", concluiu Amarílio Boni.
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