Sobreviventes de tragédias aéreas: relembre histórias de quem escapou da morte

Do desastre da Air India em 2025 ao voo da Chapecoense e ao milagre dos Andes, conheça os relatos comoventes de quem sobreviveu a quedas de avião que chocaram o mundo. Sobreviventes de tragédias aéreas
g1
O acidente da Air India na quinta-feira (12), que matou mais de 240 pessoas e teve apenas um sobrevivente, reaviva relatos marcantes de quem escapou da morte em tragédias aéreas de grandes proporções.
De acidentes com centenas de vítimas, como o recente desastre no aeroporto Ahmedabad, na Índia, ao dramático voo da Chapecoense, em 2016, passando episódios históricos como o incêndio do Varig 820, em 1973, e o milagre dos Andes, em 1972, surgem, histórias de pessoas que desafiaram as estatísticas.
O g1 traz relatos de sobreviventes dessas tragédias, incluindo o do brasileiro Ricardo Trajano, único sobrevivente de um voo que matou 123 passageiros e que, até hoje, diz se perguntar o motivo de apenas ele não ter morrido.
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Acidente da Air India em 2025: um sobrevivente, mais de 240 mortos
Sobrevivente de queda de avião na Índia fala como se salvou
Um Boeing 787-8 Dreamliner com 242 pessoas a bordo caiu na Índia a quinta-feira (12). A queda ocorreu 30 segundos após a decolagem e a apenas 1,5 km da pista do Aeroporto Internacional Sardar Vallabhbhai Patel, na cidade de Ahmedabad, localizada a oeste do país, no início da tarde no horário local (manhã no horário de Brasília).
Um homem de 40 anos sobreviveu ao escapar da aeronave pela saída de emergência, contrariando duas estatísticas: a de mortes em acidentes aéreos e a de sobrevivência de passageiros sentados na parte dianteira do avião: ele estava sentado na poltrona 11A.
Ele foi identificado como Vishwash Ramesh, de 40 anos. Imagens de redes sociais mostraram o sobrevivente caminhando com ferimentos no rosto. A Air India, companhia aérea que operava o voo, confirmou que houve um sobrevivente no acidente.
A polícia disse que Ramesh estava perto da saída de emergência e conseguiu escapar pulando pela porta. Ainda não está claro se ele pulou antes ou depois do impacto.
Em entrevista ao jornal local "Hindustan Times", o sobrevivente afirmou que conseguiu levantar e sair caminhando após a queda. Ramesh contou que a queda ocorreu cerca de 30 segundos após a decolagem.
"Teve um barulho muito alto, e o avião caiu. Foi tudo muito rápido. Quando eu me levantei, havia corpos ao meu redor. Foi assustador. Eu me levantei e corri. Eu não sei como estou vivo. Vi pessoas morrendo diante dos meus olhos", disse em entrevista no hospital.
Homem que relatou ao jornal indiano "Hindustan Times" ter sobrevivido à queda de um Boeing 787 na Índia, em 12 de junho de 2025.
Reprodução/ Hindustan Times
Um médico de um dos hospitais que receberam vítimas da queda do avião afirmou à agência de notícias Associated Press ter atendido Ramesh.
"Ele estava desorientado, com vários ferimentos por todo o corpo", disse o médico Dhaval Gameti. "Mas ele parece estar fora de perigo".
Acidente da Jeju Air em 2024: dois sobreviventes, 179 mortos
Polícia da Coreia do Sul proíbe CEO da Jeju Air de deixar o país em meio à inquérito sobre acidente aéreo
Uma aeronave transportando 181 pessoas, entre passageiros e tripulantes, saiu da pista, bateu em um muro e explodiu no dia 29 de dezembro de 2024, no Aeroporto Internacional de Muan, no sul da Coreia do Sul.
Duas pessoas foram resgatadas com vida, um homem e uma mulher, ambos membros da tripulação. Eles foram retirados da cauda do avião em chamas pelos bombeiros.
O único depoimento registrado é do comissário de bordo de 33 anos, de sobrenome Lee. Ele disse apenas que "acordou após ser resgatado". Lee foi levado para um hospital e internado na UTI com múltiplas fraturas pelo corpo. Segundo o diretor da unidade, ele estava conseguindo se comunicar e não havia sinais de perda de memória.
A outra sobrevivente é uma comissária de bordo de 25 anos, de sobrenome Koo. Após o resgate, ela também foi levada a um hospital. Seu estado de saúde foi considerado estável, com ferimentos no tornozelo e na cabeça.
Segundo a agência de notícias Reuters, o acidente foi o mais mortal já registrado em solo sul-coreano e o pior envolvendo uma companhia aérea do país desde 1997, ano em que a queda de um avião da Korean Air Lines, em Guam, matou mais de 200 pessoas.
A aeronave era um Boeing, um 737-800 da companhia aérea sul-coreana Jeju Air. O voo havia decolado de Bagkok, na Tailândia, com destino a Muan (Coreia do Sul).
Vítima é resgatada por socorristas no Aeroporto de Muan, na Coreia do Sul, após avião explodir
Yonhap via REUTERS
Acidente do voo da Chapecoense em 2016: seis sobreviventes, 71 mortos
Em 29 de novembro de 2016, um avião fretado que levava o time de futebol da Chapecoense para Medelín, na Colômbia, caiu durante o procedimento de pouso. A causa da queda foi uma pane seca — falta de combustível. A delegação viajava para disputar a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.
Sem combustível, os motores do voo 2933, operado pela empresa boliviana LaMia, pararam de funcionar. A aeronave planou até colidir contra uma montanha. A investigação concluiu que o combustível era insuficiente para a distância prevista e que a companhia aérea falhou na gestão de risco. A aeronave era um Avro RJ8.
Das 81 pessoas no voo, 71 morreram. Seis sobreviveram: os jogadores Alan Ruschel, Neto e Follmann, o jornalista Rafael Henzel, o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a comissária de bordo Ximena Suarez.
Sobreviventes relataram que as luzes da aeronave se apagaram de forma repentina e que o impacto aconteceu logo em seguida, sem tempo para reação ou pânico generalizado.
Avião que transportava a delegação da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, sofreu um acidente.
Luis Benavides/AP
O goleiro Danilo, que havia sido resgatado com vida, morreu no hospital. Em 2019, o jornalista Rafael Henzel morreu aos 45 anos, após sofrer um mal súbito durante partida de futebol.
O ex-jogador Neto conversou com o Globo Esporte, em 2023. "A vida não volta, e a dor vai continuar", afirmou.
"Éramos uma família. A gente foi descobrindo muitos erros em tudo o que aconteceu e espera que a justiça seja feita. Quero que as famílias possam ter alívio mediante a tanta injustiça. A vida não volta, a dor sempre vai continuar, a saudade daqueles que fizeram história", comentou o ex-jogador.
"Eu entendi que Deus me deu essa oportunidade e tinha a missão de fazer mais coisas além do futebol. Tentei voltar, eu lutei. Sofri uma lesão na coluna, operei o joelho seis vezes, ainda quebrei um osso da coluna, achatei uma vértebra, rompi um ligamento e ainda preciso de uma cirurgia", revelou à época.
O g1 tentou contato com os três jogadores sobreviventes, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Acidente do voo Varig 820 em 1973: 11 sobreviventes, 123 mortos
Fogo consumiu avião da Varig em acidente próximo ao aeroporto de Orly, periferia de Paris, em 1973
Arquivo pessoal/Ricardo Trajano
Uma ponta de cigarro acesa — numa época em que ainda era permitido fumar a bordo — é apontada como a causa mais provável de um dos acidentes mais trágicos da história moderna da aviação.
Das 134 pessoas à bordo, 11 sobreviveram: 10 tripulantes e apenas um passageiro, o brasileiro Ricardo Trajano.
O acidente ocorreu em 11 de julho de 1973, há pouco mais de 50 anos. Um avião da Varig havia decolado do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e estava a menos de cinco minutos do pouso no aeroporto de Orly, nos arredores de Paris, na França, após um voo sem intercorrências.
Foi nesse momento que uma fumaça começou a sair de um dos banheiros do fundo da aeronave. Em segundos, tomou toda a cabine. Na época, fumar durante o voo era permitido — atualmente, é proibido em qualquer etapa da viagem aérea.
O piloto fez um pouso de emergência em um campo de cebolas. Mas, a essa altura, a maior parte dos passageiros já havia desmaiado por inalação da fumaça. Quando o fogo atingiu o teto da aeronave, muitos já estavam inconscientes — entre eles, Ricardo Trajano, então com 20 anos.
No total, 123 pessoas morreram — quase todos os passageiros. Trajano foi o único sobrevivente entre eles. Sentado na última fileira, foi um dos primeiros a perceber a fumaça. Por instinto, soltou o cinto de segurança e caminhou até a cabine para alertar o piloto.
“Eu sempre me pergunto: por que eu? Por que só eu?”, disse em entrevista ao Fantástico, em 2023, quando a tragédia completou 50 anos. (veja a entrevista mais abaixo)
Sobrevivente de voo da Varig que caiu na França relembra episódio
Trajano também desmaiou, mas os bombeiros encontraram o então jovem ainda com sinais vitais. Ele ficou internado por um mês em um hospital na França, até receber alta.
O relatório final do governo francês nunca cravou uma causa única, mas indicou como hipótese mais provável uma ponta de cigarro jogada acesa na lixeira do banheiro. Também foi considerada, com menor probabilidade, a possibilidade de uma falha elétrica.
O avião era um Boeing 707, modelo considerado moderno e seguro na época.
Entre os passageiros mortos estavam o ex-presidente do Senado Filinto Müller, o cantor Agostinho dos Santos, o jornalista Júlio Delamare, o iatista Jörg Bruder (bicampeão pan-americano) e a atriz Regina Léclery.
O acidente com o voo Varig 820 é uma das maiores tragédias da aviação brasileira e mundial. Ficou marcado pelo alto número de mortes e pelas circunstâncias dramáticas do incêndio a bordo, que se espalhou rapidamente pela cabine.
A tragédia levou a mudanças nas normas internacionais de aviação, especialmente sobre o uso de cinzeiros e a obrigatoriedade de materiais menos inflamáveis no interior das aeronaves.
Acidente do voo 571 da Força Aérea Uruguaia em 1972: 16 sobreviventes, 29 mortos
A queda de um avião que levava um time de rúgbi do Uruguai para o Chile, em 13 de outubro de 1972, se tornou uma das histórias mais impactantes da aviação mundial. A tragédia, que completa 53 anos em 2025, ficou conhecida como o "Milagre dos Andes".
O voo 571 da Força Aérea Uruguaia partiu de Montevidéu com 45 pessoas a bordo, entre jogadores amadores de rúgbi — ex-alunos de um colégio católico —, familiares e tripulantes. Eles viajavam para disputar uma partida em Santiago, no Chile. Uma tempestade obrigou o grupo a fazer uma escala em Mendoza, na Argentina, onde passaram a noite.
No dia seguinte, mesmo com o clima instável, o avião decolou e caiu minutos depois, em uma região de montanhas geladas, a cerca de 4 mil metros de altitude. Apenas 16 pessoas sobreviveram, após passarem 72 dias isoladas na cordilheira dos Andes, enfrentando frio extremo de até –30°C.
Sem comida, os sobreviventes recorreram à carne dos colegas mortos para não morrer de fome. A decisão extrema, que chocou o mundo, já foi contada em dezenas de documentários, filmes e livros.
"Eu pergunto em todas as conferências: 'Algum de vocês não o faria?' E ninguém levanta a mão", afirmou Carlos Páez, um dos sobreviventes. Com o tempo, ele deixou de ver o episódio como um drama. "O que venceu foi a vida."
Os sobreviventes conseguiam escutar um rádio do avião que ainda funcionava. Dez dias depois do acidente, eles souberam que as buscas pelo avião haviam sido suspensas. Para as autoridades, eles já eram considerados mortos.
Foi quando decidiram que deveriam "deixar de esperar e começar a agir". A única saída era escalar as montanhas e buscar ajuda.
Após semanas de preparação, o plano foi colocado em prática em 12 de dezembro. Dois deles, Fernando Parrado e Roberto Canessa, iniciaram nove dias de caminhada até esbarrarem com o tropeiro Sergio Catalán na remota localidade chilena de Los Maitenes.
"Fizemos as coisas acontecerem. Fomos buscar os helicópteros", disse Páez.
Planeta Extremo: sobrevivente revive tragédia na Cordilheira dos Andes
Cristão, Páez diz que a fé ajudou a lidar com a memória do ocorrido. "Sabemos que o corpo vai para um lado e a alma para outro. Buscamos essa explicação. Mas o mais importante foi o direito à vida e de voltar para casa."
Outro sobrevivente, Roy Harley, afirma que hoje se considera um sortudo. "É uma história maravilhosa, espetacular. Uma história que ainda é atual, 50 anos depois", disse.
Em 2025, dos 16 sobreviventes, 14 ainda estão vivos. Eles mantêm até hoje uma relação de amizade e se reúnem com frequência.
Dirigido por Juan Antonio Bayona, 'A Sociedade da Neve' conta em língua espanhola a história do desastre aéreo nos Andes
Reprodução/Netflix
g1
O acidente da Air India na quinta-feira (12), que matou mais de 240 pessoas e teve apenas um sobrevivente, reaviva relatos marcantes de quem escapou da morte em tragédias aéreas de grandes proporções.
De acidentes com centenas de vítimas, como o recente desastre no aeroporto Ahmedabad, na Índia, ao dramático voo da Chapecoense, em 2016, passando episódios históricos como o incêndio do Varig 820, em 1973, e o milagre dos Andes, em 1972, surgem, histórias de pessoas que desafiaram as estatísticas.
O g1 traz relatos de sobreviventes dessas tragédias, incluindo o do brasileiro Ricardo Trajano, único sobrevivente de um voo que matou 123 passageiros e que, até hoje, diz se perguntar o motivo de apenas ele não ter morrido.
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Acidente da Air India em 2025: um sobrevivente, mais de 240 mortos
Sobrevivente de queda de avião na Índia fala como se salvou
Um Boeing 787-8 Dreamliner com 242 pessoas a bordo caiu na Índia a quinta-feira (12). A queda ocorreu 30 segundos após a decolagem e a apenas 1,5 km da pista do Aeroporto Internacional Sardar Vallabhbhai Patel, na cidade de Ahmedabad, localizada a oeste do país, no início da tarde no horário local (manhã no horário de Brasília).
Um homem de 40 anos sobreviveu ao escapar da aeronave pela saída de emergência, contrariando duas estatísticas: a de mortes em acidentes aéreos e a de sobrevivência de passageiros sentados na parte dianteira do avião: ele estava sentado na poltrona 11A.
Ele foi identificado como Vishwash Ramesh, de 40 anos. Imagens de redes sociais mostraram o sobrevivente caminhando com ferimentos no rosto. A Air India, companhia aérea que operava o voo, confirmou que houve um sobrevivente no acidente.
A polícia disse que Ramesh estava perto da saída de emergência e conseguiu escapar pulando pela porta. Ainda não está claro se ele pulou antes ou depois do impacto.
Em entrevista ao jornal local "Hindustan Times", o sobrevivente afirmou que conseguiu levantar e sair caminhando após a queda. Ramesh contou que a queda ocorreu cerca de 30 segundos após a decolagem.
"Teve um barulho muito alto, e o avião caiu. Foi tudo muito rápido. Quando eu me levantei, havia corpos ao meu redor. Foi assustador. Eu me levantei e corri. Eu não sei como estou vivo. Vi pessoas morrendo diante dos meus olhos", disse em entrevista no hospital.
Homem que relatou ao jornal indiano "Hindustan Times" ter sobrevivido à queda de um Boeing 787 na Índia, em 12 de junho de 2025.
Reprodução/ Hindustan Times
Um médico de um dos hospitais que receberam vítimas da queda do avião afirmou à agência de notícias Associated Press ter atendido Ramesh.
"Ele estava desorientado, com vários ferimentos por todo o corpo", disse o médico Dhaval Gameti. "Mas ele parece estar fora de perigo".
Acidente da Jeju Air em 2024: dois sobreviventes, 179 mortos
Polícia da Coreia do Sul proíbe CEO da Jeju Air de deixar o país em meio à inquérito sobre acidente aéreo
Uma aeronave transportando 181 pessoas, entre passageiros e tripulantes, saiu da pista, bateu em um muro e explodiu no dia 29 de dezembro de 2024, no Aeroporto Internacional de Muan, no sul da Coreia do Sul.
Duas pessoas foram resgatadas com vida, um homem e uma mulher, ambos membros da tripulação. Eles foram retirados da cauda do avião em chamas pelos bombeiros.
O único depoimento registrado é do comissário de bordo de 33 anos, de sobrenome Lee. Ele disse apenas que "acordou após ser resgatado". Lee foi levado para um hospital e internado na UTI com múltiplas fraturas pelo corpo. Segundo o diretor da unidade, ele estava conseguindo se comunicar e não havia sinais de perda de memória.
A outra sobrevivente é uma comissária de bordo de 25 anos, de sobrenome Koo. Após o resgate, ela também foi levada a um hospital. Seu estado de saúde foi considerado estável, com ferimentos no tornozelo e na cabeça.
Segundo a agência de notícias Reuters, o acidente foi o mais mortal já registrado em solo sul-coreano e o pior envolvendo uma companhia aérea do país desde 1997, ano em que a queda de um avião da Korean Air Lines, em Guam, matou mais de 200 pessoas.
A aeronave era um Boeing, um 737-800 da companhia aérea sul-coreana Jeju Air. O voo havia decolado de Bagkok, na Tailândia, com destino a Muan (Coreia do Sul).
Vítima é resgatada por socorristas no Aeroporto de Muan, na Coreia do Sul, após avião explodir
Yonhap via REUTERS
Acidente do voo da Chapecoense em 2016: seis sobreviventes, 71 mortos
Em 29 de novembro de 2016, um avião fretado que levava o time de futebol da Chapecoense para Medelín, na Colômbia, caiu durante o procedimento de pouso. A causa da queda foi uma pane seca — falta de combustível. A delegação viajava para disputar a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.
Sem combustível, os motores do voo 2933, operado pela empresa boliviana LaMia, pararam de funcionar. A aeronave planou até colidir contra uma montanha. A investigação concluiu que o combustível era insuficiente para a distância prevista e que a companhia aérea falhou na gestão de risco. A aeronave era um Avro RJ8.
Das 81 pessoas no voo, 71 morreram. Seis sobreviveram: os jogadores Alan Ruschel, Neto e Follmann, o jornalista Rafael Henzel, o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a comissária de bordo Ximena Suarez.
Sobreviventes relataram que as luzes da aeronave se apagaram de forma repentina e que o impacto aconteceu logo em seguida, sem tempo para reação ou pânico generalizado.
Avião que transportava a delegação da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, sofreu um acidente.
Luis Benavides/AP
O goleiro Danilo, que havia sido resgatado com vida, morreu no hospital. Em 2019, o jornalista Rafael Henzel morreu aos 45 anos, após sofrer um mal súbito durante partida de futebol.
O ex-jogador Neto conversou com o Globo Esporte, em 2023. "A vida não volta, e a dor vai continuar", afirmou.
"Éramos uma família. A gente foi descobrindo muitos erros em tudo o que aconteceu e espera que a justiça seja feita. Quero que as famílias possam ter alívio mediante a tanta injustiça. A vida não volta, a dor sempre vai continuar, a saudade daqueles que fizeram história", comentou o ex-jogador.
"Eu entendi que Deus me deu essa oportunidade e tinha a missão de fazer mais coisas além do futebol. Tentei voltar, eu lutei. Sofri uma lesão na coluna, operei o joelho seis vezes, ainda quebrei um osso da coluna, achatei uma vértebra, rompi um ligamento e ainda preciso de uma cirurgia", revelou à época.
O g1 tentou contato com os três jogadores sobreviventes, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Acidente do voo Varig 820 em 1973: 11 sobreviventes, 123 mortos
Fogo consumiu avião da Varig em acidente próximo ao aeroporto de Orly, periferia de Paris, em 1973
Arquivo pessoal/Ricardo Trajano
Uma ponta de cigarro acesa — numa época em que ainda era permitido fumar a bordo — é apontada como a causa mais provável de um dos acidentes mais trágicos da história moderna da aviação.
Das 134 pessoas à bordo, 11 sobreviveram: 10 tripulantes e apenas um passageiro, o brasileiro Ricardo Trajano.
O acidente ocorreu em 11 de julho de 1973, há pouco mais de 50 anos. Um avião da Varig havia decolado do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e estava a menos de cinco minutos do pouso no aeroporto de Orly, nos arredores de Paris, na França, após um voo sem intercorrências.
Foi nesse momento que uma fumaça começou a sair de um dos banheiros do fundo da aeronave. Em segundos, tomou toda a cabine. Na época, fumar durante o voo era permitido — atualmente, é proibido em qualquer etapa da viagem aérea.
O piloto fez um pouso de emergência em um campo de cebolas. Mas, a essa altura, a maior parte dos passageiros já havia desmaiado por inalação da fumaça. Quando o fogo atingiu o teto da aeronave, muitos já estavam inconscientes — entre eles, Ricardo Trajano, então com 20 anos.
No total, 123 pessoas morreram — quase todos os passageiros. Trajano foi o único sobrevivente entre eles. Sentado na última fileira, foi um dos primeiros a perceber a fumaça. Por instinto, soltou o cinto de segurança e caminhou até a cabine para alertar o piloto.
“Eu sempre me pergunto: por que eu? Por que só eu?”, disse em entrevista ao Fantástico, em 2023, quando a tragédia completou 50 anos. (veja a entrevista mais abaixo)
Sobrevivente de voo da Varig que caiu na França relembra episódio
Trajano também desmaiou, mas os bombeiros encontraram o então jovem ainda com sinais vitais. Ele ficou internado por um mês em um hospital na França, até receber alta.
O relatório final do governo francês nunca cravou uma causa única, mas indicou como hipótese mais provável uma ponta de cigarro jogada acesa na lixeira do banheiro. Também foi considerada, com menor probabilidade, a possibilidade de uma falha elétrica.
O avião era um Boeing 707, modelo considerado moderno e seguro na época.
Entre os passageiros mortos estavam o ex-presidente do Senado Filinto Müller, o cantor Agostinho dos Santos, o jornalista Júlio Delamare, o iatista Jörg Bruder (bicampeão pan-americano) e a atriz Regina Léclery.
O acidente com o voo Varig 820 é uma das maiores tragédias da aviação brasileira e mundial. Ficou marcado pelo alto número de mortes e pelas circunstâncias dramáticas do incêndio a bordo, que se espalhou rapidamente pela cabine.
A tragédia levou a mudanças nas normas internacionais de aviação, especialmente sobre o uso de cinzeiros e a obrigatoriedade de materiais menos inflamáveis no interior das aeronaves.
Acidente do voo 571 da Força Aérea Uruguaia em 1972: 16 sobreviventes, 29 mortos
A queda de um avião que levava um time de rúgbi do Uruguai para o Chile, em 13 de outubro de 1972, se tornou uma das histórias mais impactantes da aviação mundial. A tragédia, que completa 53 anos em 2025, ficou conhecida como o "Milagre dos Andes".
O voo 571 da Força Aérea Uruguaia partiu de Montevidéu com 45 pessoas a bordo, entre jogadores amadores de rúgbi — ex-alunos de um colégio católico —, familiares e tripulantes. Eles viajavam para disputar uma partida em Santiago, no Chile. Uma tempestade obrigou o grupo a fazer uma escala em Mendoza, na Argentina, onde passaram a noite.
No dia seguinte, mesmo com o clima instável, o avião decolou e caiu minutos depois, em uma região de montanhas geladas, a cerca de 4 mil metros de altitude. Apenas 16 pessoas sobreviveram, após passarem 72 dias isoladas na cordilheira dos Andes, enfrentando frio extremo de até –30°C.
Sem comida, os sobreviventes recorreram à carne dos colegas mortos para não morrer de fome. A decisão extrema, que chocou o mundo, já foi contada em dezenas de documentários, filmes e livros.
"Eu pergunto em todas as conferências: 'Algum de vocês não o faria?' E ninguém levanta a mão", afirmou Carlos Páez, um dos sobreviventes. Com o tempo, ele deixou de ver o episódio como um drama. "O que venceu foi a vida."
Os sobreviventes conseguiam escutar um rádio do avião que ainda funcionava. Dez dias depois do acidente, eles souberam que as buscas pelo avião haviam sido suspensas. Para as autoridades, eles já eram considerados mortos.
Foi quando decidiram que deveriam "deixar de esperar e começar a agir". A única saída era escalar as montanhas e buscar ajuda.
Após semanas de preparação, o plano foi colocado em prática em 12 de dezembro. Dois deles, Fernando Parrado e Roberto Canessa, iniciaram nove dias de caminhada até esbarrarem com o tropeiro Sergio Catalán na remota localidade chilena de Los Maitenes.
"Fizemos as coisas acontecerem. Fomos buscar os helicópteros", disse Páez.
Planeta Extremo: sobrevivente revive tragédia na Cordilheira dos Andes
Cristão, Páez diz que a fé ajudou a lidar com a memória do ocorrido. "Sabemos que o corpo vai para um lado e a alma para outro. Buscamos essa explicação. Mas o mais importante foi o direito à vida e de voltar para casa."
Outro sobrevivente, Roy Harley, afirma que hoje se considera um sortudo. "É uma história maravilhosa, espetacular. Uma história que ainda é atual, 50 anos depois", disse.
Em 2025, dos 16 sobreviventes, 14 ainda estão vivos. Eles mantêm até hoje uma relação de amizade e se reúnem com frequência.
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