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Jovens do interior de SP que sonham em viver da literatura vão lançar livros na Bienal do RJ: ‘Experiência única’

Jovens do interior de SP que sonham em viver da literatura vão lançar livros na Bienal do RJ: ‘Experiência única’
Amanda Abdias, Jéssica Anitelli, Lola Chambrett e Nicole Oliveira são do Vale do Paraíba, no interior de SP. Ao g1, as jovens contaram as dificuldades de conciliar os empregos formais e a literatura, com o sonho de viver da escrita. Jovens do interior de SP que sonham em viver da literatura vão lançar livros na Bienal do RJ: ‘Experiência única’
Arquivo pessoal
Sentimento de realização profissional e também de estar vivendo um sonho de infância. É assim que quatro jovens escritoras do interior de São Paulo estão se sentindo nesta sexta-feira (13). Elas começaram a escrever na adolescência, se apaixonaram pela literatura, foram se desafiando na escrita e agora vão lançar livros na Bienal do Rio de Janeiro 2025, a maior feira literária do país.
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? A Bienal do Livro 2025 acontecerá no Rio de Janeiro, entre os dias 13 e 22 de junho, no Riocentro. Com a Cidade Maravilhosa ganhando o título de "Capital Mundial do Livro", concedido pela Unesco, o evento ganha ainda mais importância no cenário cultural.
A Bienal contará com mais de 300 participantes e 200 horas de conteúdo, reunindo grandes nomes da literatura nacional e internacional em uma programação imersiva e interativa. Entre os centenas de participantes que passarão pela feira literária, destacam-se quatro escritoras do Vale do Paraíba.
Em entrevista ao g1, Amanda Abdias, Jéssica Anitelli, Lola Chambrett e Nicole Oliveira falaram sobre o sonho de viver da literatura e a empolgação para participar da Bienal, levando as próprias histórias para milhares de leitores do Brasil.
Amanda Abdias é uma das escritoras do Vale do Paraíba que lançará livro na Bienal 2025.
Arquivo pessoal/Amanda Abdias
Das fanfics até a bienal
? Amanda Abdias, de 28 anos, é de São José dos Campos. Formada em Jornalismo, ela já teve experiências trabalhando como conteudista em agências de comunicação e atualmente trabalha com design gráfico no mercado editorial, além de atender outros clientes para as redes sociais.
Amanda conta que começou a se interessar por literatura na adolescência, escrevendo fanfics - histórias de ficção criadas por fãs, baseadas em personagens, enredos e universos de obras já existentes, como livros, filmes, séries e jogos.
Segundo Amanda, ela já escreveu dois livros e está com mais um a caminho.
"Eu sempre fui apaixonada por livros, então era fascinada pela ideia de ver uma história minha ser lida por tantas pessoas. Mas, só em 2023, lancei meu primeiro livro como autora independente. O primeiro foi 'Os Fantasmas de Felipe', uma fantasia urbana que se passa em São Paulo, e dois jovens se juntam para enfrentar uma casa assombrada. O segundo foi 'Entre Deusas e Ruínas', que levarei para a bienal e estou muito ansiosa. O terceiro ainda é segredo", contou empolgada.
É a segunda vez que a escritora vai para a Bienal. A primeira foi em São Paulo, no ano passado. De acordo com ela, foi muito gratificante ir a um evento tão grande e conversar com as pessoas, ter seu trabalhado reconhecido e dar autógrafos. Este ano ela levará o livro 'Entre Deusas e Ruínas', uma fantasia jovem que mistura castelos, fadas e elfos com a cultura e o folclore.
Amanda Abdias é uma das escritoras do Vale do Paraíba que lançará livro na Bienal 2025.
Arquivo pessoal/Amanda Abdias
Sobre conciliar o trabalho de designer com a escrita de livros, Amanda disse que é difícil, pois ser autora independente exige muito. Apesar disso, ela segue empenhada e sonha em um dia poder se dedicar exclusivamente à escrita.
"A minha função não se resume a escrever o livro, ainda preciso cuidar dos detalhes de pós-escrita, lançamento, abastecer minhas redes sociais e tentar ser lembrada e vista em meio a tantas pessoas que estão buscando o mesmo espaço", explicou.
"Uma forma de estar cada vez mais inserida no mercado literário foi realmente me dedicar para oferecer os serviços que presto como designer para outras pessoas autoras. Hoje, trabalho com a diagramação de livros físicos e e-books, identidade visual e peças paras as redes sociais de pessoas que estão no mesmo nicho que o meu. Foi a junção de dois mundos que me encantam", completou.
A escritora disse que é muito gratificante representar o Vale do Paraíba na Bienal, mas que sente que seria tudo mais fácil se os escritores tivessem mais espaço na região.
"Quando eu era adolescente, parecia um sonho muito distante ser uma escritora. Acho que teria sido incrível se eu tivesse tido contato com outras autoras da região e que escrevessem o que eu tanto amava ler: fantasia. Como um todo, sempre senti que os eventos da região focavam em um público específico e não conversavam comigo", avaliou.
Tentando se superar diariamente e lutando para ganhar mais visibilidade com suas obras, Amanda contou que sonha em poder viver da literatura no futuro e busca conversar com os jovens indo em escolas e dando palestras para incentivar que eles se interessem pela literatura, mostrando que eles também podem lançar um livro e começar a viver a escrita muito mais cedo que ela.
Jéssica Anitelli é uma das escritoras do Vale do Paraíba que lançará livro na Bienal 2025.
Arquivo pessoal/Jéssica Anitelli
Sonho de infância
??‍? Jéssica Anitelli, de 34 anos, nasceu em Leme, município do interior de São Paulo e mora em São José dos Campos desde 2014. É formada em Letras pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e trabalha atualmente como revisora e preparadora de texto.
A letróloga disse que começou a escrever aos 17 anos, quando tomou coragem para dar voz às histórias que sempre imaginou. Entretanto, ela sempre desejou ser escritora desde os 11 anos de idade.
"Já escrevi mais livros do que consigo me lembrar. Alguns publiquei só de forma independente, outros apenas por pequenas editoras; e uns já tirei de circulação. Mas, atualmente, contando com livros impressos e digitais, estou trabalhando com 11 títulos", contou.
A escritora comentou que tem uma relação com a Bienal há mais de uma década.
"A primeira que fui, foi em 2012, ano que publiquei meu primeiro livro. De lá para cá, foram muitas experiências em bienais do livro, algumas muito legais, outras nem tanto. Mas é sempre uma experiência única e não vejo a hora de estar lá para viver a edição de 2025. Estou muito empolgada", narrou.
Jéssica levará para a feira literária sua principal obra no momento, chamada 'Em Sintonia'. Nela, os leitores acompanharão Felipe, um garoto de 17 anos que, depois de uma pandemia, só quer que seu último ano do ensino médio seja o mais normal possível.
"O problema é que ele vai descobrir que sua mãe vai lecionar matemática para a sua turma e seu pai será o novo coordenador do ensino médio. Então os planos de Felipe de ter um ano tranquilo estão indo por água abaixo, já que terá os pais na escola. Se já não bastasse isso, ainda terá de lidar com os problemas dos amigos e com a aluna nova, Anita, com quem se desentende desde o começo das aulas", comentou a escritora.
Jéssica Anitelli é uma das escritoras do Vale do Paraíba que lançará livro na Bienal 2025.
Arquivo pessoal/Jéssica Anitelli
Jéssica avalia que não é fácil conciliar mais de uma profissão, ainda mais quando existem outras demandas, como filhos, práticas de exercícios físicos e tarefas domésticas.
"Sou revisora e preparadora de texto e trabalho majoritariamente com materiais didáticos. Quando estou em processo de escrita, tento reservar umas duas horas por dia para escrever. É o momento que fico imersa no texto e não gosto que nada me atrapalhe. Muitas vezes uso o horário da madrugada para escrever, antes dos meus filhos acordarem para ir à escola", explicou.
Mesmo não nascendo no Vale do Paraíba, Jéssica Anitelli falou que fica feliz em representar a região que escolheu para viver. Além disso, de acordo com a letróloga, o seu livro 'Em Sintonia' é ambientado em São José dos Campos e ela fica muito realizada quando as pessoas leem e reconhecem os locais por onde os personagens andam.
Jéssica considera que a escrita é vital em sua vida e que não se vê deixando isso de lado.
"É como se não existisse a Jéssica sem a escrita. No momento, os ganhos com os livros são renda extra, mas espero que um dia possa ser a minha renda principal e eu consiga viver da literatura", finalizou.
Lola Chambrett é uma das escritoras do Vale do Paraíba que lançará livro na Bienal 2025.
Arquivo pessoal/Lola Chambrett
Histórias sobre amadurecimento e amor
??‍? Conhecida pelo pseudônimo artístico de Lola Chambrett, a escritora, de 29 anos, nasceu em São José dos Campos e mora atualmente em Taubaté. Formada em Administração, ela trabalha gerenciando um negócio familiar.
Lola diz que se apaixonou pela literatura ainda na pré-adolescência, escrevendo pequenos contos e poesias, mas só publicou seu primeiro romance em 2018, na plataforma Wattpad.
"Foi lá que conquistei alguns milhões de leitores, o que acabou abrindo as portas para o mercado editorial tradicional", relatou.
Lola disse que, apensar de ser cansativo conciliar o trabalho "formal" com o mundo dos livros - ela escreve, publica e faz conteúdos para as redes sociais -, se sente muito grata, pois o carinho dos fãs fazem valer a pena. Ela já publicou 11 livros, duas obras tradicionais por editora e nove digitais.
Sobre a Bienal, a escritora falou que será sua segunda ida, já que foi na edição do ano passado. Apesar de conhecer o ambiente, comentou que está empolgada e com frio na barriga.
"Levarei dois livros esse ano. O primeiro é 'Ninguém Mais Que Você', um romance Young Adult ambientado em Ilhabela, que fala sobre amadurecimento, primeiros amores e autodescoberta. Já o segundo é “O Que Os Olhos Não Veem”, uma comédia romântica sáfica, com um tom mais maduro, que aborda amor, carreira e os perrengues dos vinte e poucos anos", explicou.
Lola Chambrett levará esses dois livros para a Bienal 2025.
Arquivo pessoal/Lola Chambrett
Sobre representar o Vale do Paraíba, Lola Chambrett narra que gosta de levar características e lugares da região em suas obras.
"Sou nascida e criada aqui e isso se reflete bastante no regionalismo da minha escrita. Muitas das minhas protagonistas são do Vale e várias histórias são ambientadas na região, passando por lugares que fizeram parte da minha vida", disse.
A autora destaca que a literatura é muito importante na sua vida, principalmente nos momentos difíceis do dia a dia e comenta que pretende viver da escrita no futuro.
"Essa é uma pergunta que ainda estou trabalhando na terapia, mas sim, é um sonho", brincou.
Nicole Oliveira é uma das escritoras do Vale do Paraíba que lançará livro na Bienal 2025.
Arquivo pessoal/Nicole Oliveira
Um recomeço na pandemia
? Nicole Oliveira, de 29 anos, nasceu em Nova Iguaçu, um município do Rio de Janeiro e mora em São José dos Campos há 25 anos. Mãe de gêmeos, a escritora concluiu diversos cursos, como marketing, comunicação, escrita criativa, editoração, diagramação e leitura crítica, além de ter trabalhado apresentando um quadro em um programa televiso, foi colunista digital em um jornal e influenciadora digital.
Desde 2023, trabalha como leitora crítica e diagramadora de e-books no mercado independente. Conta com um portfólio de mais de 35 obras trabalhadas na leitura crítica, sendo 13 já publicadas, e mais de 15 e-books diagramados.
Nicole conta que começou a escrever desde criança, mas o costume se perdeu ao longo dos anos, voltando na pandemia, momento que sentiu que precisava se expressar.
"De lá para cá, não parei mais e transformei a escrita na minha carreira. Além das 5 publicações no mercado editorial independente - que já contam com mais 6 milhões de páginas lidas e mais 20 mil e-books vendidos na Amazon. Em 2025, me tornei autora de ficção da Buzz Editora com minha primeira fantasia, com protagonismo LGBTQIA+ e ambientação tanto no mundo das fadas quanto em São José dos Campos. Em breve estará disponível em todas as livrarias do país", contou.
Como autora, Nicole Oliveira frequenta a Bienal desde 2023 e disse que está empolgada para a edição de 2025, pois o evento tem um espaço especial em seu coração.
"Na minha primeira ida, levei alguns exemplares do segundo livro que escrevi e vendi para os leitores que combinaram de encontrar comigo no evento. Já no ano passado, foi minha primeira vez em um stand com meus livros disponíveis e vendi mais de 100 exemplares durante todo o evento", comentou.
"Foi uma experiência incrível e muito desafiadora pois é um evento muito intenso e cansativo, mas amei poder compartilhar minha arte com tantos leitores. Trabalhar, na maioria das vezes, com livros digitais, me faz perder a noção de quantas pessoas leem o que escrevo e foi muito especial poder abraçar, autografar e conversar com pessoas interessadas no meu trabalho", continuou.
Para a Bienal 2025, a escritora vai levar o seu livro 'Antes Do Sim', uma comédia romântica sáfica, onde o leitor acompanha um grupo de amigas caóticas em uma viagem para comemorar a despedida de solteiro da personagem Luana, em um chalé em Campos do Jordão.
"O problema é que uma das madrinhas, Bianca, é apaixonada pela noiva e não fala com ela desde que se declarou, anos atrás. Já as outras 3 madrinhas são contra o casamento e planejam fazer uma intervenção durante a viagem. Regado de piadas, caos e conversas de jovens 25+, o livro fala, principalmente, sobre amizade e sobre se escolher, ao invés de apenas tentar atender as expectativas dos outros", explicou.
'Antes Do Sim' é o livro escolhido pela autora, Nicole Oliveira, para a Bienal 2025
Arquivo pessoal/Nicole Oliveira
Sobre conciliar seu emprego e a literatura, Nicole disse que não é complicado, pois como leitora crítica e diagramadora autônoma, já está inserida no mercado editorial.
"Eu separo meu dia entre cuidar dos gêmeos, fazer as entregas dos projetos de outros autores e escrever os meus próprios livros. Às vezes não dou conta e preciso deixar alguns projetos de lado por um tempo, mas no geral é fácil de conciliar", falou a escritora.
A autora disse que é muito importante poder representar o Vale do Paraíba em eventos grandiosos como esse.
"Nós temos muitos escritores contemporâneos na nossa região e, infelizmente, eles não têm destaque que merecem por aqui. Então ser uma escritora do Vale, vivendo de literatura e indo para o maior evento do mercado do Brasil, é especial. É um lembrete de que estamos aqui sendo vistos e lidos".
Sobre a importância da literatura em sua vida, ela comentou que cresceu em uma família matriarcal de professores e sempre foi incentivada a ler.
"O universo da escrita e da literatura sempre foi muito natural para mim, bastava eu descobrir qual caminho seguir. Hoje em dia não consigo viver sem uma boa história, ou sem colocar as minhas histórias em palavras. É o que nasci para fazer".
"Meus livros, hoje em dia, são minha principal fonte de renda. Mas espero que, em um futuro próximo, eu consiga viver 100% da escrita", finalizou.
Nicole Oliveira é uma das escritoras do Vale do Paraíba que lançará livro na Bienal 2025.
Arquivo pessoal/Nicole Oliveira
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