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Negligência, falhas de segurança: quais as conclusões de inquérito sobre explosão de fábrica em Sertãozinho

Negligência, falhas de segurança: quais as conclusões de inquérito sobre explosão de fábrica em Sertãozinho
Dois diretores da fábrica foram indiciados por homicídio, lesão corporal e crime ambiental. Tragédia terminou com três mortos e dez feridos. Diretores são indiciados por explosão em empresa de Sertãozinho
Dois diretores da fábrica de produtos químicos onde uma explosão em outubro de 2024 matou três pessoas e deixou outras dez feridas em Sertãozinho (SP) foram indiciados por homicídio, lesão corporal e crime ambiental.
O inquérito da Polícia Civil, que já foi encaminhado à Justiça, aponta uma série de falhas de segurança, negligência e irregularidades na empresa como as principais causas da tragédia (veja mais abaixo quais são elas). Os nomes dos indiciados não foram divulgados devido ao sigilo da investigação.
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A explosão ocorreu em 11 de outubro de 2024 quando funcionários descarregavam 22,5 toneladas de clorito de sódio, uma substância inflamável, em um caminhão em frente na empresa que fica na Vila Industrial. Rogério Soares, um dos funcionários atingidos, ainda se recupera dos ferimentos graves e do trauma.
"Até hoje a gente lembra dos companheiros que se foram, dos amigos. A gente estava em uma 'resenha' muito tranquila, brincando normal, quando 'daqui a pouco', em segundos, explodiu tudo, tudo mudou, tudo transformou", desabafa.
Um vídeo de câmera de segurança obtido pela EPTV mostra o momento em que acontece a explosão que antecedeu um incêndio na fábrica (veja abaixo).
Vídeo mostra momento em que caminhão com produtos químicos explode em Sertãozinho
O fogo se alastrou pelos imóveis vizinhos e comprometeu as estruturas. Um quarteirão inteiro teve de ser evacuado e moradores no bairro tiveram ao menos 12 casas interditadas por causa de danos causados.
De acordo com a Prefeitura, no dia do incêndio ao menos 30 pessoas, 11 delas com queimaduras, foram atendidas na UPA. Uma mulher e os quatro filhos, com idades de 2 a 10 anos, ficaram feridos. Três funcionários morreram.
Falhas levaram à tragédia, diz polícia
O delegado assistente da Seccional de Sertãozinho, Eric Natalício Germano, explicou que as conclusões do inquérito são baseadas em laudos da Cetesb, da Secretaria do Meio Ambiente e da Auditoria Fiscal do Trabalho.
"Não tem uma causa única, mas juntas criaram um resultado. Primeiro foi a falta de cuidado, negligência da empresa, na falta de fiscalização, controle e orientações dos funcionários", afirmou o delegado.
A perícia apontou que a forma como o material foi manuseado criou as condições de risco. Segundo testemunhas, uma empilhadeira bateu em uma plataforma com o produto, gerando uma faísca que iniciou o incêndio.
"A empilhadeira tinha sido abastecida com gás momentos antes, então com aquela faísca com a empilhadeira abastecida, ela pegou fogo. A gente percebe nas imagens uma explosão muito forte, e na sequência todo o material interno daquele galpão irregular, também foi incendiado. Esses detritos foram lançados para o outro lado da via pública, onde estava o caminhão estacionado, o caminhão também explodiu em razão da primeira explosão e atingiu outras vítimas que estavam trabalhando naquele local", detalhou o delegado Germano.
Houve, então, duas explosões: uma dentro do galpão e outra no caminhão que estava do lado de fora. Entre as três vítimas fatais estava o operador da empilhadeira.
Famílias tiveram de evacuar as causas após incêndio em fábrica de produtos químicos em Sertãozinho, SP
Fabio Marchiselli/CBN Ribeirão
Irregularidades e falta de treinamento
Um dos pontos levantados pela investigação é a irregularidade do galpão onde o material era descarregado. O local não possuía licenças de funcionamento, energia elétrica adequada, ligação de água nem autorização da prefeitura.
A Polícia Civil também concluiu que os funcionários não receberam o treinamento exigido por lei para a execução do serviço, houve falhas no manuseio dos produtos e faltavam equipamentos de segurança e fiscalização.
"O controlador da empilhadeira, que embora fosse funcionário da empresa, que foi uma das vítimas fatais, não era habilitado para operar aquele tipo de equipamento, então durante um descarregamento houve uma falha no trabalho que estava sendo desenvolvido, e juntando todas essas situações resultaram no fato da explosão, no incêndio", enfatizou o delegado.
A Polícia Civil concluiu que os dois diretores da empresa poderiam ter evitado o incêndio e as explosões se tivessem seguido todas as normas. Apesar do indiciamento, eles não foram presos.
Além das responsabilidades criminais, a empresa foi multada em mais de R$ 16 milhões. O inquérito foi encaminhado à Justiça para as devidas providências.
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O que diz a empresa
A empresa Inovve Química informou que os investigados colaboram com as investigações e se anteciparam voluntariamente com pagamentos de indenização às vítimas e familiares.
Comunicou ainda que todas as medidas legais e operacionais vêm sendo conduzidas com transparência, ética e respeito às autoridades, à comunidade, às vítimas e ao meio ambiente.
"Desde o lamentável acidente ocorrido, a empresa tem agido de forma responsável, adotando uma postura colaborativa com os órgãos competentes e priorizando ações imediatas de reparação e mitigação de danos", completou.
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