Menina que viu sargento matar a mãe com 51 facadas relata crime e diz já ter levado chute e tapa no rosto por causa de achocolatado

Criança, de 10 anos, contou detalhes do crime em Santos (SP) para a avó materna, de 71. A criança também foi atingida por disparos e ficou seis dias internada. Samir Carvalho matou a esposa a tiros dentro de clínica médica em Santos (SP)
Redes sociais e Daniela Rucio/TV Tribuna
A menina de 10 anos viu o pai, o sargento da Polícia Militar (PM) Samir do Nascimento Rodrigues de Carvalho, matar a mãe Amanda Fernandes Carvalho, dentro de uma clínica médica em Santos, no litoral de São Paulo. A criança, que foi atingida por três disparos, contou para a avó materna que presenciou o crime e que já havia sido agredida pelo pai em outra ocasião, com chutes e tapa no rosco, por causa de um achocolatado.
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O caso ocorreu no dia 7 de maio, dentro de uma clínica localizada na Avenida Pinheiro Machado, no bairro Marapé. Samir atirou na esposa e na filha de 10 anos. Em seguida, ele esfaqueou Amanda. A criança foi socorrida e ficou internada por seis dias.
A mãe de Amanda, de 71 anos, prestou depoimento à Polícia Civil no dia 16 de maio. Ela contou aos agentes o que a neta havia lhe dito sobre o ataque de Samir. Segundo a idosa, a primeira frase que a menina disse, antes de passar por cirurgia no hospital, foi sobre a loucura do pai.
"Vovó, o papai ficou louco. Ele deu tanta facada na mamãe. A mamãe estava com o rosto todo cheio de sangue e o papai estava dando soco nela", disse a menor para a avó materna.
A criança contou a avó que, quando foi tirada do local do crime, a mãe estava desacordada. Em seguida, a menina entrou em cirurgia e, depois, foi levada para Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Amanda Fernandes e Samir Carvalho (à esq.) e laudo do IML (à dir.)
Redes Sociais e Reprodução
A avó contou que apenas quando a neta teve alta da UTI, no dia 9 de maio, que descobriu sobre a morte de Amanda. A menina chorou muito e, no mesmo dia, começou a dar detalhes do crime.
A criança disse à avó que ficou trancada no consultório médico junto com a mãe até a chegada dos policiais, que tinham sido acionados pela amiga de Amanda. Segundo ela, o pai estava atrás de dois agentes e usou a mão para afastá-los e passar no meio deles.
A menina ainda disse que o médico se escondeu debaixo da mesa, enquanto ela estava sentada em uma “mesa” e a mãe estava de pé. A criança afirmou que os policiais não fizeram nada e, após um disparo, ouviu um “barulho muito ruim” e sentiu a perna formigar e a vista embaçar.
Segundo a avó, a neta disse que desceu da mesa ao sentir o formigamento na perna. Ela afirmou que queria ir na direção da mãe para ser protegida por Amanda, mas caiu e foi atingida no braço.
Logo depois, a menina relatou que viu o pai dando tiros, facadas e, por último, socos na mãe. A avó da criança contou que ela chorou ao relembrar das cenas e finalizou falando sobre a intenção de Samir. “Vovó, o papai quis me matar, ele deu tiro e deu facada em mim", teria dito a menor.
Agressão por causa de leite
A idosa disse, em depoimento, que a neta revelou que foi agredida pelo pai em outra ocasião. Segundo o relato da menina, certa vez, ela estava preparando um leite com chocolate e Samir implicou com a quantidade de chocolate.
De acordo com a criança, o pai alegou que ela iria engordar, mas a menina continuou colocando o chocolate no leite. Samir, então, pegou o copo e jogou tudo fora na pia. Apesar disso, a menina foi fazer outro copo de leite. O pai, então, chutou a criança e, em seguida, desferiu um tapa no rosto dela.
Reconstituição
O sargento da PM Samir do Nascimento Rodrigues de Carvalho participou da reconstituição do crime nesta quinta-feira (22). A delegada Deborah Lázaro, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), afirmou ao g1 que a reprodução simulada é de "suma importância" para esclarecer dúvidas existentes no inquérito policial.
A reconstituição do crime começou no local por volta das 10h. O caso foi reproduzido por diferentes pessoas, sendo Samir, o médico que atendeu Amanda, uma secretária, uma paciente e dois PMs. A filha do casal, também baleada pelo homem, foi preservada por ser menor de idade.
Samir disse às autoridades que não lembrava detalhes do ocorrido. Apesar disso, ele revelou ter escondido a arma dentro das calças para passar por outros PMs na unidade de saúde.
Samir Carvalho matou a esposa Amanda Fernandes em Santos, SP
Reprodução/Instagram
Laudo necroscópico
O laudo necroscópico, obtido pela equipe de reportagem, indica que a maioria das facadas atingiu o lado direito do corpo de Amanda, com golpes da coxa até a face. O documento aponta também que os tiros foram disparados à distância.
O médico legista responsável pelo documento concluiu que Amanda sofreu "morte violenta, decorrente de anemia aguda por hemorragia interna traumática, em consequência dos ferimentos" causados pelos tiros e facadas.
Inativo da PM
Segundo apuração do g1 junto à Justiça Militar, a prisão do sargento resultou na chamada agregação militar, status que o coloca como inativo temporariamente.
Nessa condição, ele perde o direito ao salário e o tempo de serviço não é contabilizado.
Samir está detido no Presídio da Polícia Militar Romão Gomes, na capital paulista. No entanto, ele deve ser transferido para Santos nesta semana para participar da reconstituição do crime, de acordo com a delegada Débora Lázaro, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que conduz as investigações.
Entenda o caso
O sargento da Polícia Militar (PM) Samir Carvalho foi preso em flagrante após matar a esposa Amanda Fernandes, na tarde do dia 7 de maio, dentro de uma clínica médica na Avenida Senador Pinheiro Machado, no bairro Marapé.
A filha do casal foi levada à Santa Casa de Santos. Ao g1, o hospital informou que a paciente foi atendida pela equipe multidisciplinar da emergência e recebeu alta no dia 13 de maio.
Menina que tentou salvar a mãe de tiros disparados pelo pai sargento recebe alta
Em depoimento à polícia, o médico proprietário da clínica disse ter sido surpreendido por Amanda e pela filha. Ele aguardava o horário de chamá-las para uma consulta que estava agendada.
O profissional contou às autoridades que Amanda estava muito nervosa e disse que estava sendo ameaçada pelo companheiro.
"Meu marido está comigo, está armado, é policial e ele quer me matar, pois estamos nos separando”, teria dito Amanda ao médico.
Amanda Fernandes, de 42 anos, foi morta pelo sargento Samir Carvalho, em Santos (SP)
Redes sociais
O médico contou que trancou o consultório, colocou duas cadeiras atrás da porta e ficou segurando, com medo de que fosse arrombada. Disse ainda que pediu para Amanda chamar a polícia, mas ela respondeu que uma amiga já havia acionado a corporação. Por isso, insistiu por uma nova ligação.
O homem relatou que ouviu uma batida na porta e questionou quem era, mas não teve retorno. Momentos depois, ele escutou a voz da secretária pedindo para a porta ser aberta porque a PM havia chegado. Segundo o relato, também foi possível escutar uma voz masculina dizendo: “pode abrir, é a polícia, está tudo sob controle”.
Após questionar se os agentes estavam uniformizados, o médico abriu parcialmente a porta e, em seguida, foi para atrás da mesa. Ele disse que viu, no fim do corredor, um policial fardado e depois ouviu uma sequência de mais de dez tiros.
Segundo apurado pelo g1, a menor tentou salvar a mãe, que era o alvo dos disparos, pulando na frente dela. O profissional disse para polícia que se abrigou debaixo da mesa para se proteger e acredita que o atirador tenha começado os disparos do lado de fora da sala. Ele só se levantou depois que o agressor foi contido pelas equipes policiais.
O homem contou que socorreu a filha de Amanda e, logo depois, viu o corpo da mulher com uma faca “cravada no pescoço e banhada em sangue”. Ele garantiu que nunca havia visto as vítimas antes e não chegou a ver o atirador porque se escondeu ao ouvir o primeiro tiro.
Investigação
Em nota, a SSP-SP informou que a PM instaurou um Inquérito Policial Militar para “apurar rigorosamente a conduta dos agentes acionados para atender uma ocorrência que evoluiu para feminicídio e tentativa de homicídio em uma clínica de saúde”.
Anteriormente, a SSP-SP havia informado que os agentes tinham encontrado a mulher já morta e a filha do casal ferida ao chegarem no local da ocorrência, contrariando à versão obtida pelo g1 com a Polícia Civil de que os policiais estavam na clínica na hora dos disparos.
Defesa de Samir
Por meio de nota, o advogado Paulo de Jesus, que representa Samir, afirmou que na tarde do dia 8 de maio foi realizada audiência de custódia e a prisão em flagrante do policial foi convertida em preventiva. Samir foi encaminhado ao presídio Romão Gomes. Paulo de Jesus disse que a defesa se manifestará apenas quando as investigações forem concluídas.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
Redes sociais e Daniela Rucio/TV Tribuna
A menina de 10 anos viu o pai, o sargento da Polícia Militar (PM) Samir do Nascimento Rodrigues de Carvalho, matar a mãe Amanda Fernandes Carvalho, dentro de uma clínica médica em Santos, no litoral de São Paulo. A criança, que foi atingida por três disparos, contou para a avó materna que presenciou o crime e que já havia sido agredida pelo pai em outra ocasião, com chutes e tapa no rosco, por causa de um achocolatado.
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O caso ocorreu no dia 7 de maio, dentro de uma clínica localizada na Avenida Pinheiro Machado, no bairro Marapé. Samir atirou na esposa e na filha de 10 anos. Em seguida, ele esfaqueou Amanda. A criança foi socorrida e ficou internada por seis dias.
A mãe de Amanda, de 71 anos, prestou depoimento à Polícia Civil no dia 16 de maio. Ela contou aos agentes o que a neta havia lhe dito sobre o ataque de Samir. Segundo a idosa, a primeira frase que a menina disse, antes de passar por cirurgia no hospital, foi sobre a loucura do pai.
"Vovó, o papai ficou louco. Ele deu tanta facada na mamãe. A mamãe estava com o rosto todo cheio de sangue e o papai estava dando soco nela", disse a menor para a avó materna.
A criança contou a avó que, quando foi tirada do local do crime, a mãe estava desacordada. Em seguida, a menina entrou em cirurgia e, depois, foi levada para Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Amanda Fernandes e Samir Carvalho (à esq.) e laudo do IML (à dir.)
Redes Sociais e Reprodução
A avó contou que apenas quando a neta teve alta da UTI, no dia 9 de maio, que descobriu sobre a morte de Amanda. A menina chorou muito e, no mesmo dia, começou a dar detalhes do crime.
A criança disse à avó que ficou trancada no consultório médico junto com a mãe até a chegada dos policiais, que tinham sido acionados pela amiga de Amanda. Segundo ela, o pai estava atrás de dois agentes e usou a mão para afastá-los e passar no meio deles.
A menina ainda disse que o médico se escondeu debaixo da mesa, enquanto ela estava sentada em uma “mesa” e a mãe estava de pé. A criança afirmou que os policiais não fizeram nada e, após um disparo, ouviu um “barulho muito ruim” e sentiu a perna formigar e a vista embaçar.
Segundo a avó, a neta disse que desceu da mesa ao sentir o formigamento na perna. Ela afirmou que queria ir na direção da mãe para ser protegida por Amanda, mas caiu e foi atingida no braço.
Logo depois, a menina relatou que viu o pai dando tiros, facadas e, por último, socos na mãe. A avó da criança contou que ela chorou ao relembrar das cenas e finalizou falando sobre a intenção de Samir. “Vovó, o papai quis me matar, ele deu tiro e deu facada em mim", teria dito a menor.
Agressão por causa de leite
A idosa disse, em depoimento, que a neta revelou que foi agredida pelo pai em outra ocasião. Segundo o relato da menina, certa vez, ela estava preparando um leite com chocolate e Samir implicou com a quantidade de chocolate.
De acordo com a criança, o pai alegou que ela iria engordar, mas a menina continuou colocando o chocolate no leite. Samir, então, pegou o copo e jogou tudo fora na pia. Apesar disso, a menina foi fazer outro copo de leite. O pai, então, chutou a criança e, em seguida, desferiu um tapa no rosto dela.
Reconstituição
O sargento da PM Samir do Nascimento Rodrigues de Carvalho participou da reconstituição do crime nesta quinta-feira (22). A delegada Deborah Lázaro, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), afirmou ao g1 que a reprodução simulada é de "suma importância" para esclarecer dúvidas existentes no inquérito policial.
A reconstituição do crime começou no local por volta das 10h. O caso foi reproduzido por diferentes pessoas, sendo Samir, o médico que atendeu Amanda, uma secretária, uma paciente e dois PMs. A filha do casal, também baleada pelo homem, foi preservada por ser menor de idade.
Samir disse às autoridades que não lembrava detalhes do ocorrido. Apesar disso, ele revelou ter escondido a arma dentro das calças para passar por outros PMs na unidade de saúde.
Samir Carvalho matou a esposa Amanda Fernandes em Santos, SP
Reprodução/Instagram
Laudo necroscópico
O laudo necroscópico, obtido pela equipe de reportagem, indica que a maioria das facadas atingiu o lado direito do corpo de Amanda, com golpes da coxa até a face. O documento aponta também que os tiros foram disparados à distância.
O médico legista responsável pelo documento concluiu que Amanda sofreu "morte violenta, decorrente de anemia aguda por hemorragia interna traumática, em consequência dos ferimentos" causados pelos tiros e facadas.
Inativo da PM
Segundo apuração do g1 junto à Justiça Militar, a prisão do sargento resultou na chamada agregação militar, status que o coloca como inativo temporariamente.
Nessa condição, ele perde o direito ao salário e o tempo de serviço não é contabilizado.
Samir está detido no Presídio da Polícia Militar Romão Gomes, na capital paulista. No entanto, ele deve ser transferido para Santos nesta semana para participar da reconstituição do crime, de acordo com a delegada Débora Lázaro, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que conduz as investigações.
Entenda o caso
O sargento da Polícia Militar (PM) Samir Carvalho foi preso em flagrante após matar a esposa Amanda Fernandes, na tarde do dia 7 de maio, dentro de uma clínica médica na Avenida Senador Pinheiro Machado, no bairro Marapé.
A filha do casal foi levada à Santa Casa de Santos. Ao g1, o hospital informou que a paciente foi atendida pela equipe multidisciplinar da emergência e recebeu alta no dia 13 de maio.
Menina que tentou salvar a mãe de tiros disparados pelo pai sargento recebe alta
Em depoimento à polícia, o médico proprietário da clínica disse ter sido surpreendido por Amanda e pela filha. Ele aguardava o horário de chamá-las para uma consulta que estava agendada.
O profissional contou às autoridades que Amanda estava muito nervosa e disse que estava sendo ameaçada pelo companheiro.
"Meu marido está comigo, está armado, é policial e ele quer me matar, pois estamos nos separando”, teria dito Amanda ao médico.
Amanda Fernandes, de 42 anos, foi morta pelo sargento Samir Carvalho, em Santos (SP)
Redes sociais
O médico contou que trancou o consultório, colocou duas cadeiras atrás da porta e ficou segurando, com medo de que fosse arrombada. Disse ainda que pediu para Amanda chamar a polícia, mas ela respondeu que uma amiga já havia acionado a corporação. Por isso, insistiu por uma nova ligação.
O homem relatou que ouviu uma batida na porta e questionou quem era, mas não teve retorno. Momentos depois, ele escutou a voz da secretária pedindo para a porta ser aberta porque a PM havia chegado. Segundo o relato, também foi possível escutar uma voz masculina dizendo: “pode abrir, é a polícia, está tudo sob controle”.
Após questionar se os agentes estavam uniformizados, o médico abriu parcialmente a porta e, em seguida, foi para atrás da mesa. Ele disse que viu, no fim do corredor, um policial fardado e depois ouviu uma sequência de mais de dez tiros.
Segundo apurado pelo g1, a menor tentou salvar a mãe, que era o alvo dos disparos, pulando na frente dela. O profissional disse para polícia que se abrigou debaixo da mesa para se proteger e acredita que o atirador tenha começado os disparos do lado de fora da sala. Ele só se levantou depois que o agressor foi contido pelas equipes policiais.
O homem contou que socorreu a filha de Amanda e, logo depois, viu o corpo da mulher com uma faca “cravada no pescoço e banhada em sangue”. Ele garantiu que nunca havia visto as vítimas antes e não chegou a ver o atirador porque se escondeu ao ouvir o primeiro tiro.
Investigação
Em nota, a SSP-SP informou que a PM instaurou um Inquérito Policial Militar para “apurar rigorosamente a conduta dos agentes acionados para atender uma ocorrência que evoluiu para feminicídio e tentativa de homicídio em uma clínica de saúde”.
Anteriormente, a SSP-SP havia informado que os agentes tinham encontrado a mulher já morta e a filha do casal ferida ao chegarem no local da ocorrência, contrariando à versão obtida pelo g1 com a Polícia Civil de que os policiais estavam na clínica na hora dos disparos.
Defesa de Samir
Por meio de nota, o advogado Paulo de Jesus, que representa Samir, afirmou que na tarde do dia 8 de maio foi realizada audiência de custódia e a prisão em flagrante do policial foi convertida em preventiva. Samir foi encaminhado ao presídio Romão Gomes. Paulo de Jesus disse que a defesa se manifestará apenas quando as investigações forem concluídas.
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