Mulher com endometriose celebra Dia das Mães ao conseguir 1ª gravidez natural: 'Sou a prova disso'

Letícia Helena Trindade foi diagnosticada com a doença crônica aos 29 anos. Ela conta sobre cólicas intensas e dificuldades que enfrentou para engravidar. Letícia Helena Trindade, de Ribeirão Preto (SP), engravidou do seu primeiro filho através da fertilização in vitro
Arquivo Pessoal
A cabeleireira Letícia Helena Trindade, de 35 anos e moradora de Ribeirão Preto (SP), descobriu que tinha endometriose aos 29 anos, depois de um aborto espontâneo e muitas tentativas frustradas de engravidar.
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Após passar por acompanhamento médico especializado e adotar mudanças no estilo de vida, ela conseguiu ser mãe pela primeira vez por meio da fertilização in vitro.
Agora Letícia está grávida pela segunda vez, mas sendo a primeira de forma natural, e aproveitou o Dia das Mães para compartilhar sua trajetória .
"Eu sentia muita cólica, muita cólica mesmo. Era a cólica de ter que ir pra emergência, tomar remédio na veia porque só o oral não segurava. E a qualidade de vida era péssima, porque uma vez por mês não conseguia trabalhar, ficava em casa, de cama, muita cólica, ia para o hospital", relata.
Durante anos, ela procurou ajuda médica, mas não teve respostas.
"Eu já acompanhava com frequência, ia a cada seis meses, mas é, em um ginecologista que nunca me pediu exame e que sempre falou pra mim que cólica era normal. É normal sentir incômodos, mas não sentir cólicas a ponto de você ter que tomar remédio ou muito menos parar no hospital".
Diagnóstico e tratamento
A situação só começou a mudar quando ela encontrou uma ginecologista que investigou a fundo as causas das dores.
“Até que eu consegui achar uma ginecologista muito competente, que me pediu vários exames. E aí eu fui nas escadas através de exame de imagem, que é feito hoje em Ribeirão Preto com uma pessoa específica. Ela faz rastreamento de endometriose”.
O exame que confirmou o diagnóstico foi o rastreamento por ultrassom transvaginal. Segundo Letícia, apesar de desconfortável, o procedimento foi essencial.
Com o diagnóstico, veio também o desafio da fertilidade. Letícia optou por não fazer cirurgia, considerada invasiva e com risco de comprometer os ovários.
“A cirurgia da endometriose é uma cirurgia bem invasiva, onde você pode, dependendo do foco da onde a endometriose estiver, você pode perder óvulos, né, e a produtividade de óvulos. Então, quando você faz a cirurgia de endometriose, você assina esse termo de que você pode ficar até infértil, não ter mais fertilidade, e você pode tentar engravidar novamente depois de dois anos. Então, nós optamos por não fazer”, cita.
Ela também tentou tratamentos hormonais, sem sucesso, até optar pela fertilização in vitro.
“Nós começamos a fazer um tratamento onde você pausa a menstruação e depois tenta engravidar, mas sem sucesso. Então nós partimos pra uma fertilização in vitro, que foi depois, na terceira tentativa, que eu consegui engravidar do meu menino.”
Mudança na rotina e gravidez
Letícia acredita que o novo estilo de vida foi fundamental para o sucesso do tratamento e da maternidade.
“Depois que eu mudei completamente o meu estilo de vida, diminuí a carga horária de trabalho, mudei minha alimentação, incluí atividade física, só eu consegui, né, através da fertilização in vitro, ter o meu primeiro filho. E hoje eu consegui naturalmente engravidar, sem precisar de recursos médicos”.
A ginecologista Flávia de Aguiar Mendonça, que a acompanha há dois anos, confirmou o quadro clínico e detalhou a evolução das gestações da paciente.
“A Letícia, ela começou acompanhamento comigo em março de 2023, na época com diagnóstico de endometriose profunda e vários miomas. Ela já tinha feito um procedimento de fertilização in vitro por causa da infertilidade em decorrência da endometriose.”
Segundo a médica, mesmo com o diagnóstico de diabetes gestacional, a primeira gestação foi tranquila e terminou com cesárea após início do trabalho de parto.
“Ela evoluiu com uma gestação, sem maiores intercorrências que culminou num parto cesariano em trabalho de parto. O bebê nasceu com excelente vitalidade e tudo correu a contento”.
Pouco tempo depois, Letícia engravidou naturalmente.
“Que é uma coisa que acontece muito, uma mulher com infertilidade de repente ela tem uma gestação espontânea”.
Entenda a doença
A médica explica que a endometriose é uma doença inflamatória complexa, associada a disfunções hormonais e imunológicas.
“A endometriose, ela é uma doença inflamatória com várias disfunções celulares relacionadas. Esse excesso de estradiol em relação à progesterona gera um ambiente de proliferação desse tipo de tecido, né, do endométrio ali fora da cavidade uterina”.
Ainda segundo Flávia, o quadro pode prejudicar a formação da placenta e aumentar o risco de complicações.
“A doença gera então esse ambiente inflamatório que pode impactar na formação da placenta e a formação da placenta ela pode impactar no curso da gravidez, aumentando o risco de intercorrências gestacionais”.
Letícia está atualmente com 32 semanas da segunda gestação, agora de uma menina chamada Serena.
“Nesse momento, a Letícia está já no iniciando o segundo, o terceiro trimestre da gestação dela, agora ela espera uma menina. E apesar de ter o diagnóstico de diabetes gestacional, nós estamos conseguindo manter um bom controle e ela está evoluindo bem na gestação dela”.
Letícia Helena Trindade, de Ribeirão Preto (SP), conseguiu engravidar na terceira tentativa do seu primeiro filho
Arquivo Pessoal
Flávia também chama atenção para o quanto a doença pode afetar o cotidiano e o bem-estar das mulheres.
“Elas enfrentam desafios em relação à sua fertilidade e elas enfrentam desafios em relação ao curso da gestação para terem bebês saudáveis. E cada uma dessas etapas é muito importante um bom médico que entenda da fisiopatologia da doença para que ele possa tratar adequadamente essa mulher”.
Além de tratamentos médicos, mudanças no estilo de vida são consideradas essenciais.
“A gente controla muito a doença endometriose com estilo de vida. Passa pelo pilar alimentação, passa pelo pilar atividade física, que é fundamental no controle da dor da endometriose, passa pelo pilar ajuste de suplementação manejo de estresse e o sono”.
Força e superação
O primeiro filho de Letícia tem 1 ano e 5 meses, o Benjamin. Agora, grávida de 32 semanas da sua segunda gestação, com Serena a caminho, ela comemora a nova fase com menos dor e mais qualidade de vida.
“A menstruação está super controlada depois da minha primeira gestação, mudando meu estilo de vida. As dores diminuíram muito, coisa de 70%.”
Mesmo sem uma causa definitiva para a endometriose, ela acredita que os hábitos influenciam no controle da doença.
“Existem vários estudos de causa, mas até hoje, ninguém sabe exatamente da onde vem a endometriose. O que é levado em consideração mesmo que tem resultados é o estilo de vida da mulher. Eles chamam a endometriose de doença da mulher moderna.”
Neste Dia das Mães, ela compartilha sua experiência como forma de incentivo a outras mulheres que passam por algo semelhante.
“Eu sou a prova disso, tá? Porque depois que eu mudei completamente o meu estilo de vida, diminuí a carga horária de trabalho, mudei minha alimentação, incluí atividade física... eu consegui", finaliza.
Foto 1: Letícia, estava grávida de seu primeiro filho, Benjamin. Foto 2: Letícia, agora à espera de sua segunda filha, Serena
Arquivo Pessoal
*Sob a supervisão de Helio Carvalho
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Arquivo Pessoal
A cabeleireira Letícia Helena Trindade, de 35 anos e moradora de Ribeirão Preto (SP), descobriu que tinha endometriose aos 29 anos, depois de um aborto espontâneo e muitas tentativas frustradas de engravidar.
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Após passar por acompanhamento médico especializado e adotar mudanças no estilo de vida, ela conseguiu ser mãe pela primeira vez por meio da fertilização in vitro.
Agora Letícia está grávida pela segunda vez, mas sendo a primeira de forma natural, e aproveitou o Dia das Mães para compartilhar sua trajetória .
"Eu sentia muita cólica, muita cólica mesmo. Era a cólica de ter que ir pra emergência, tomar remédio na veia porque só o oral não segurava. E a qualidade de vida era péssima, porque uma vez por mês não conseguia trabalhar, ficava em casa, de cama, muita cólica, ia para o hospital", relata.
Durante anos, ela procurou ajuda médica, mas não teve respostas.
"Eu já acompanhava com frequência, ia a cada seis meses, mas é, em um ginecologista que nunca me pediu exame e que sempre falou pra mim que cólica era normal. É normal sentir incômodos, mas não sentir cólicas a ponto de você ter que tomar remédio ou muito menos parar no hospital".
Diagnóstico e tratamento
A situação só começou a mudar quando ela encontrou uma ginecologista que investigou a fundo as causas das dores.
“Até que eu consegui achar uma ginecologista muito competente, que me pediu vários exames. E aí eu fui nas escadas através de exame de imagem, que é feito hoje em Ribeirão Preto com uma pessoa específica. Ela faz rastreamento de endometriose”.
O exame que confirmou o diagnóstico foi o rastreamento por ultrassom transvaginal. Segundo Letícia, apesar de desconfortável, o procedimento foi essencial.
Com o diagnóstico, veio também o desafio da fertilidade. Letícia optou por não fazer cirurgia, considerada invasiva e com risco de comprometer os ovários.
“A cirurgia da endometriose é uma cirurgia bem invasiva, onde você pode, dependendo do foco da onde a endometriose estiver, você pode perder óvulos, né, e a produtividade de óvulos. Então, quando você faz a cirurgia de endometriose, você assina esse termo de que você pode ficar até infértil, não ter mais fertilidade, e você pode tentar engravidar novamente depois de dois anos. Então, nós optamos por não fazer”, cita.
Ela também tentou tratamentos hormonais, sem sucesso, até optar pela fertilização in vitro.
“Nós começamos a fazer um tratamento onde você pausa a menstruação e depois tenta engravidar, mas sem sucesso. Então nós partimos pra uma fertilização in vitro, que foi depois, na terceira tentativa, que eu consegui engravidar do meu menino.”
Mudança na rotina e gravidez
Letícia acredita que o novo estilo de vida foi fundamental para o sucesso do tratamento e da maternidade.
“Depois que eu mudei completamente o meu estilo de vida, diminuí a carga horária de trabalho, mudei minha alimentação, incluí atividade física, só eu consegui, né, através da fertilização in vitro, ter o meu primeiro filho. E hoje eu consegui naturalmente engravidar, sem precisar de recursos médicos”.
A ginecologista Flávia de Aguiar Mendonça, que a acompanha há dois anos, confirmou o quadro clínico e detalhou a evolução das gestações da paciente.
“A Letícia, ela começou acompanhamento comigo em março de 2023, na época com diagnóstico de endometriose profunda e vários miomas. Ela já tinha feito um procedimento de fertilização in vitro por causa da infertilidade em decorrência da endometriose.”
Segundo a médica, mesmo com o diagnóstico de diabetes gestacional, a primeira gestação foi tranquila e terminou com cesárea após início do trabalho de parto.
“Ela evoluiu com uma gestação, sem maiores intercorrências que culminou num parto cesariano em trabalho de parto. O bebê nasceu com excelente vitalidade e tudo correu a contento”.
Pouco tempo depois, Letícia engravidou naturalmente.
“Que é uma coisa que acontece muito, uma mulher com infertilidade de repente ela tem uma gestação espontânea”.
Entenda a doença
A médica explica que a endometriose é uma doença inflamatória complexa, associada a disfunções hormonais e imunológicas.
“A endometriose, ela é uma doença inflamatória com várias disfunções celulares relacionadas. Esse excesso de estradiol em relação à progesterona gera um ambiente de proliferação desse tipo de tecido, né, do endométrio ali fora da cavidade uterina”.
Ainda segundo Flávia, o quadro pode prejudicar a formação da placenta e aumentar o risco de complicações.
“A doença gera então esse ambiente inflamatório que pode impactar na formação da placenta e a formação da placenta ela pode impactar no curso da gravidez, aumentando o risco de intercorrências gestacionais”.
Letícia está atualmente com 32 semanas da segunda gestação, agora de uma menina chamada Serena.
“Nesse momento, a Letícia está já no iniciando o segundo, o terceiro trimestre da gestação dela, agora ela espera uma menina. E apesar de ter o diagnóstico de diabetes gestacional, nós estamos conseguindo manter um bom controle e ela está evoluindo bem na gestação dela”.
Letícia Helena Trindade, de Ribeirão Preto (SP), conseguiu engravidar na terceira tentativa do seu primeiro filho
Arquivo Pessoal
Flávia também chama atenção para o quanto a doença pode afetar o cotidiano e o bem-estar das mulheres.
“Elas enfrentam desafios em relação à sua fertilidade e elas enfrentam desafios em relação ao curso da gestação para terem bebês saudáveis. E cada uma dessas etapas é muito importante um bom médico que entenda da fisiopatologia da doença para que ele possa tratar adequadamente essa mulher”.
Além de tratamentos médicos, mudanças no estilo de vida são consideradas essenciais.
“A gente controla muito a doença endometriose com estilo de vida. Passa pelo pilar alimentação, passa pelo pilar atividade física, que é fundamental no controle da dor da endometriose, passa pelo pilar ajuste de suplementação manejo de estresse e o sono”.
Força e superação
O primeiro filho de Letícia tem 1 ano e 5 meses, o Benjamin. Agora, grávida de 32 semanas da sua segunda gestação, com Serena a caminho, ela comemora a nova fase com menos dor e mais qualidade de vida.
“A menstruação está super controlada depois da minha primeira gestação, mudando meu estilo de vida. As dores diminuíram muito, coisa de 70%.”
Mesmo sem uma causa definitiva para a endometriose, ela acredita que os hábitos influenciam no controle da doença.
“Existem vários estudos de causa, mas até hoje, ninguém sabe exatamente da onde vem a endometriose. O que é levado em consideração mesmo que tem resultados é o estilo de vida da mulher. Eles chamam a endometriose de doença da mulher moderna.”
Neste Dia das Mães, ela compartilha sua experiência como forma de incentivo a outras mulheres que passam por algo semelhante.
“Eu sou a prova disso, tá? Porque depois que eu mudei completamente o meu estilo de vida, diminuí a carga horária de trabalho, mudei minha alimentação, incluí atividade física... eu consegui", finaliza.
Foto 1: Letícia, estava grávida de seu primeiro filho, Benjamin. Foto 2: Letícia, agora à espera de sua segunda filha, Serena
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