Criança reclama da merenda da escola em audiência com vereadores e viraliza: ‘Ninguém aguenta mais soja’

Maria de Fátima, de 9 anos, fez crítica em tom bem-humorado durante evento na zona rural de Juazeiro do Norte, interior do Ceará. Após repercussão, prefeito fez live mostrando carnes no estoque. Criança viraliza ao cobrar carne na refeição escolar: 'Ninguém aguenta mais soja'
Uma aluna de 9 anos tomou a palavra durante uma audiência pública, na última sexta-feira (6), na zona rural de Juazeiro do Norte, para reclamar da merenda servida na escola, situada na região do Cariri.
“Todo dia é cuscuz com soja, é pão com soja, é sopa com soja… Ninguém aguenta mais comer soja”, disse a estudante Maria de Fátima Pinheiro.
“Tava todo mundo falando: ‘só faltava ser suco de soja’... Então a gente veio pedir a vocês, vereadores, que mandassem pelo menos uma carninha aí pra nós”, continua a menina, acompanhada dos risos de outras crianças ao lado dela (veja no vídeo acima).
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Em resposta à repercussão do vídeo nas redes sociais, o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos) gravou uma live, na manhã desta segunda-feira (9) no depósito central com insumos para a merenda escolar do município.
Segundo o gestor, um procedimento administrativo apura um problema no fornecimento de carnes para a merenda escolar. Na próxima semana, a prefeitura deve ampliar o número de fornecedores de proteína (veja abaixo na reportagem).
A cobrança de Maria de Fátima ocorreu durante o projeto Câmara com o Povo, com audiência realizada na sede da ONG Missão Baluarte, na localidade do Sítio Logradouro. O evento tinha a presença de vereadores de Juazeiro do Norte, com momentos em que moradores podiam falar sobre os desafios da região.
Menina de nove anos viraliza ao reclamar da merenda escolar em Juazeiro do Norte, no Ceará
Reprodução
A menina é aluna do 3º ano na escola Líder Comunitário Antônio Miguel de Souza, na comunidade conhecida como Sítio Pau Seco.
Ela lancha na unidade durante a manhã e costumava reclamar da soja fazendo comentários em casa, como explicou Alane Pinheiro, mãe de Maria de Fátima. O assunto também era trazido pelo irmão mais velho dela, de 14 anos, que também estuda na mesma escola.
“Não era só ela que falava. Eu tenho um rapaz que também estuda lá. Fora também os coleguinhas que sempre diziam que não aguentam mais soja. Ela não tava mais conseguindo lanchar na escola, porque ela tinha enjoado da soja”, contou Alane.
A mãe, que trabalha como autônoma, relatou também que Maria de Fátima sempre gostou de falar em público. A menina, inclusive, grava vídeos para mostrar a própria rotina nas redes sociais, sob orientação e cuidado de Alane.
“Ela é bem falante mesmo. Até mesmo na escola, quando ela vai fazer algum trabalho que precisa ser apresentado, os professores gostam de chamar por ela ser bem ativa”, detalhou a mãe.
A reclamação diante dos vereadores
Audiência pública foi realizada na zona rural de Juazeiro do Norte, no Ceará
Câmara Municipal de Juazeiro do Norte/Divulgação
Alane estava com a filha na audiência pública. Maria de Fátima chegou a perguntar para a mãe se poderia falar. Sem saber qual seria o assunto, a autônoma disse apenas que não achava que as crianças poderiam ter a palavra no evento.
Maria de Fátima se aproximou da mesa no momento em que ela e outras crianças da ONG Missão Baluarte entregaram desenhos em homenagem aos vereadores. Em seguida, a mesa deu espaço ao saber que uma das crianças gostaria de fazer uma fala.
“Os amiguinhos dela estavam lá interagindo, dizendo ‘vai, Maria, tu tem mais coragem’... Depois eu disse pra ela que ela teve muita coragem. Ela disse: ‘mamãe, se eu não falasse agora, eu não ia falar mais nunca’... E as pessoas comentaram depois que ela falou o que muitos tinham vontade de dizer”, comentou Alane.
A mãe de Maria de Fátima se preocupou com a repercussão das imagens da filha nas redes sociais. No entanto, disse que procura orientar a filha, que quer continuar gravando vídeos e pensa em se tornar influenciadora digital.
Depois de reclamar sobre a soja na merenda, Maria de Fátima fez ainda uma fala final: “Obrigada a todos que escutaram, esse é só um depoimento que eu vim pra dizer mesmo”, disse, ao ser aplaudida por todos.
Prefeitura busca adquirir mais carne
Na manhã desta segunda-feira (9), o prefeito Glêdson Bezerra fez uma live nas redes sociais para mostrar o estoque do depósito da merenda escolar no município, mostrando que há opções de carne, como patinho, coxão mole e carne moída bovina.
A rede municipal conta com 95 escolas e 34 mil alunos. A merenda escolar do município conta com 25 itens de distribuição permanente nas unidades.
Ao lado da secretária da Educação, Márcia França, Glêdson explicou que houve um problema no último pedido de carne para o fornecedor.
Segundo o gestor, dos 17 mil kg de carne solicitados pela Prefeitura, apenas 9 mil kg foram entregues. Ele complementou que a Prefeitura abriu processo administrativo interno para apurar os motivos da falha no abastecimento.
“Nós sabemos que teve o vídeo de uma jovem linda, maravilhosa, que viralizou. E ela tá no seu direito como cidadã, parabéns à jovem pelo trabalho que ela fez de reivindicar”, disse o prefeito durante a live.
O prefeito e a secretária afirmaram que está em fase de conclusão, até a próxima quarta-feira (11), o processo de aquisição de mais proteína com novas opções de fornecedores da agricultura familiar. Dentre as opções, ele citou que o processo é para compra de carne vermelha e filé de peixe.
Os gestores se comprometeram, ainda, a fazer visitas a algumas escolas durante esta segunda-feira (9) para averiguar os estoques distribuídos nas unidades.
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