Homicídios ocultos mudariam ranking de estados menos e mais violentos do país; compare

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Em 2023, o Brasil teve 3.755 assassinatos a mais do que os registros oficiais, segundo o Atlas da Violência. Se essas mortes fossem contadas, SP deixa de ser o estado com menos homicídios per capita, e SC passa a liderar o ranking. Também há alterações em outras posições. Veja tabela. Ranking de estados com taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes
Arte/g1
O Brasil teve teve 3.755 assassinatos a mais do que os registros oficiais em 2023, aponta o Atlas da Violência divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O estudo classifica essas mortes como homicídios ocultos.
Homicídios ocultos são as mortes violentas em que os estados não conseguiram identificar as suas causas básicas – se ocorreram por conta de um acidente, de suicídio ou se foi um homicídio, por exemplo. Estes óbitos são chamados tecnicamente de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI).
Os pesquisadores do Ipea estimam que algumas destas mortes entram nas estatísticas de homicídios ocultos e usam uma metodologia probabilística para estimar quais seriam estes números. A soma dos homicídios registrados com os homicídios ocultos (fruto deste cálculo) se transformam nos homicídios estimados, de acordo com o Atlas.
Caso essas mortes fossem contadas junto aos registros oficiais, SP deixa de ser o estado com menos homicídios per capita do país, e SC passa a liderar o ranking (veja na arte acima). Além deles, Acre, Rio de Janeiro, Paraíba e Rio Grande do Norte mudariam de posição.
Caso somados as mortes ocultas, os números gerais subiriam de 45.747 homicídios no Brasil para 49.502.
A principal razão, segundo o estudo, é a deterioração na qualidade dos registros de óbitos em alguns estados, associada à dificuldade das autoridades em determinar se a morte foi resultado de homicídio, acidente ou suicídio.
Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia concentraram dois terços (66,4%) dos homicídios ocultos, segundo o estudo. O Anuário aponta que a inclusão dos homicídios ocultos "faz mudar significativamente os indicadores" dos estados.
"São Paulo é o caso mais extremo: em 2023, o estado deixou de registrar 2.277 homicídios. Assim, enquanto a taxa de homicídios registrados era de 6,4 para cada 100 mil habitantes, a taxa estimada naquele ano era de 11,2. Com isso, o estado de São Paulo deixa de ser a UF menos violenta da nação, passando para a segunda posição, atrás de Santa Catarina", dizem os pesquisadores.
O levantamento também indica que o país teve 51.608 homicídios classificados como mortes sem causa determinada entre 2013 e 2023. Eles representam 38% das mortes ocorridas de morte violenta no período (135,4 mil) e que o poder público não classificou como acidente, suicídio ou homicídio .
Governo apresenta PEC da Segurança Pública a líderes da Câmara dos Deputados
Caso esses homicídios fossem somados ao total, o número de assassinatos no Brasil saltaria de 598.399 para 650.007 entre 2013 e 2023.
Em nota, o governo de São Paulo diz que "faz monitoramento e análise minuciosa dos casos registrados com vítimas fatais, garantindo que cada ocorrência seja registrada e investigada adequadamente para evitar que casos de homicídio sejam erroneamente classificados como morte suspeita". (Leia a nota na íntegra ao fim da reportagem).
Como o problema foi identificado
O Atlas da Violência 2025 faz uma distinção importante entre dois conceitos. O primeiro é o de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI), que ocorre quando uma pessoa morre de forma violenta, mas as autoridades de saúde e segurança não conseguem determinar a natureza da morte — ou seja, não se sabe se foi homicídio, suicídio ou acidente. Essas mortes ficam classificadas oficialmente como de causa indeterminada e não entram nas estatísticas formais de homicídio.
Já os homicídios ocultos são uma subcategoria dentro das MVCI. Ou seja, eles correspondem à parcela dessas mortes indeterminadas que, na prática, foram homicídios — mas não foram reconhecidos como tal nos registros. O desafio, portanto, foi estimar quantas dessas mortes indeterminadas eram, de fato, assassinatos não contabilizados.
Para chegar a essa estimativa, os pesquisadores aplicaram uma metodologia que analisou padrões históricos de mortes violentas no Brasil desde 1996, levando em conta características pessoais e situacionais (como sexo, idade, local e circunstâncias da morte). A partir desses padrões, o algoritmo calculou a probabilidade de cada MVCI ser um homicídio. Com isso, foi possível estimar que, entre 2013 e 2023, 51.608 dessas mortes indeterminadas foram, na verdade, homicídios ocultos
"A piora da qualidade dos dados fez com que existissem mais homicídios que ficaram ocultados nas estatísticas oficiais, prejudicando a análise da prevalência da violência letal", diz o Atlas.
Veja abaixo a classificação de homicídios ocultos por estado:
Homicídios ocultos por estado
Arte/g1
Onde o cenário mudou
Em resposta às constatações do Atlas anterior (2024), 21 estados brasileiros adotaram ações em 2023 para qualificar seus dados e reduzir as mortes classificadas como causa indeterminada. O Espírito Santo é citado como exemplo de boas práticas: o estado criou um grupo de trabalho entre as secretarias de saúde, segurança pública e planejamento, integrando dados de diferentes fontes.
Com isso, o Espírito Santo reduziu de 205 para apenas 7 casos de homicídios ocultos entre 2022 e 2023, passando a ter a menor taxa desse tipo de ocultação no país. O relatório destaca que a melhoria na qualidade da informação fez com que, em muitos estados, parte das mortes ocultas voltasse a ser corretamente classificada como homicídio.
Rio Grande do Norte (-21,2%), Paraná (-14,9%), Sergipe (-13%) e Amazonas (-12,9%) são outros estados que registraram melhora nos indicadores de homicídios ocultos.
A situação piorou no Amapá, com alta de 40% nas estimativas de homicídios não registrados: subiu de 370 casos em 2022 para 519 em 2023, segundo o Atlas da Violência. A alta é de 117% se comparado o período de 2013, quando eram 239 casos estimados, para 2023.
O que diz o estado de São Paulo
"A atual gestão implantou o SPVida, que faz monitoramento e análise minuciosa dos casos registrados com vítimas fatais, garantindo que cada ocorrência seja registrada e investigada adequadamente, para evitar que casos de homicídio sejam erroneamente classificados como morte suspeita. Estes dados são disponibilizados para consulta, como forma de compromisso com a transparência.
Os dados da Secretaria da Segurança Pública são de natureza jurídica e criminológica, diferentemente dos utilizados como referência pelo levantamento e que são coletados pelo DataSUS. Estes identificam a natureza dos óbitos sob o ponto de vista sanitário. Seus critérios e finalidades são absolutamente distintos, portanto, não é razoável qualquer tipo de comparação.
O Estado de São Paulo mantém a tendência de queda nos homicídios, com as menores taxas da história. A queda progressiva no número de crimes contra a vida é reflexo do investimento em diversas políticas públicas, com a melhoria de procedimentos, ações e equipamentos das polícias, além do aperfeiçoamento dos sistemas integrados de comando e controle com as forças policiais em todo o Estado de São Paulo."
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Homicídios ocultos são as mortes violentas em que os estados não conseguiram identificar as suas causas básicas – se ocorreram por conta de um acidente, de suicídio ou se foi um homicídio, por exemplo. Estes óbitos são chamados tecnicamente de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI).
Os pesquisadores do Ipea estimam que algumas destas mortes entram nas estatísticas de homicídios ocultos e usam uma metodologia probabilística para estimar quais seriam estes números. A soma dos homicídios registrados com os homicídios ocultos (fruto deste cálculo) se transformam nos homicídios estimados, de acordo com o Atlas.
Caso essas mortes fossem contadas junto aos registros oficiais, SP deixa de ser o estado com menos homicídios per capita do país, e SC passa a liderar o ranking (veja na arte acima). Além deles, Acre, Rio de Janeiro, Paraíba e Rio Grande do Norte mudariam de posição.
Caso somados as mortes ocultas, os números gerais subiriam de 45.747 homicídios no Brasil para 49.502.
A principal razão, segundo o estudo, é a deterioração na qualidade dos registros de óbitos em alguns estados, associada à dificuldade das autoridades em determinar se a morte foi resultado de homicídio, acidente ou suicídio.
Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia concentraram dois terços (66,4%) dos homicídios ocultos, segundo o estudo. O Anuário aponta que a inclusão dos homicídios ocultos "faz mudar significativamente os indicadores" dos estados.
"São Paulo é o caso mais extremo: em 2023, o estado deixou de registrar 2.277 homicídios. Assim, enquanto a taxa de homicídios registrados era de 6,4 para cada 100 mil habitantes, a taxa estimada naquele ano era de 11,2. Com isso, o estado de São Paulo deixa de ser a UF menos violenta da nação, passando para a segunda posição, atrás de Santa Catarina", dizem os pesquisadores.
O levantamento também indica que o país teve 51.608 homicídios classificados como mortes sem causa determinada entre 2013 e 2023. Eles representam 38% das mortes ocorridas de morte violenta no período (135,4 mil) e que o poder público não classificou como acidente, suicídio ou homicídio .
Governo apresenta PEC da Segurança Pública a líderes da Câmara dos Deputados
Caso esses homicídios fossem somados ao total, o número de assassinatos no Brasil saltaria de 598.399 para 650.007 entre 2013 e 2023.
Em nota, o governo de São Paulo diz que "faz monitoramento e análise minuciosa dos casos registrados com vítimas fatais, garantindo que cada ocorrência seja registrada e investigada adequadamente para evitar que casos de homicídio sejam erroneamente classificados como morte suspeita". (Leia a nota na íntegra ao fim da reportagem).
Como o problema foi identificado
O Atlas da Violência 2025 faz uma distinção importante entre dois conceitos. O primeiro é o de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI), que ocorre quando uma pessoa morre de forma violenta, mas as autoridades de saúde e segurança não conseguem determinar a natureza da morte — ou seja, não se sabe se foi homicídio, suicídio ou acidente. Essas mortes ficam classificadas oficialmente como de causa indeterminada e não entram nas estatísticas formais de homicídio.
Já os homicídios ocultos são uma subcategoria dentro das MVCI. Ou seja, eles correspondem à parcela dessas mortes indeterminadas que, na prática, foram homicídios — mas não foram reconhecidos como tal nos registros. O desafio, portanto, foi estimar quantas dessas mortes indeterminadas eram, de fato, assassinatos não contabilizados.
Para chegar a essa estimativa, os pesquisadores aplicaram uma metodologia que analisou padrões históricos de mortes violentas no Brasil desde 1996, levando em conta características pessoais e situacionais (como sexo, idade, local e circunstâncias da morte). A partir desses padrões, o algoritmo calculou a probabilidade de cada MVCI ser um homicídio. Com isso, foi possível estimar que, entre 2013 e 2023, 51.608 dessas mortes indeterminadas foram, na verdade, homicídios ocultos
"A piora da qualidade dos dados fez com que existissem mais homicídios que ficaram ocultados nas estatísticas oficiais, prejudicando a análise da prevalência da violência letal", diz o Atlas.
Veja abaixo a classificação de homicídios ocultos por estado:
Homicídios ocultos por estado
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Em resposta às constatações do Atlas anterior (2024), 21 estados brasileiros adotaram ações em 2023 para qualificar seus dados e reduzir as mortes classificadas como causa indeterminada. O Espírito Santo é citado como exemplo de boas práticas: o estado criou um grupo de trabalho entre as secretarias de saúde, segurança pública e planejamento, integrando dados de diferentes fontes.
Com isso, o Espírito Santo reduziu de 205 para apenas 7 casos de homicídios ocultos entre 2022 e 2023, passando a ter a menor taxa desse tipo de ocultação no país. O relatório destaca que a melhoria na qualidade da informação fez com que, em muitos estados, parte das mortes ocultas voltasse a ser corretamente classificada como homicídio.
Rio Grande do Norte (-21,2%), Paraná (-14,9%), Sergipe (-13%) e Amazonas (-12,9%) são outros estados que registraram melhora nos indicadores de homicídios ocultos.
A situação piorou no Amapá, com alta de 40% nas estimativas de homicídios não registrados: subiu de 370 casos em 2022 para 519 em 2023, segundo o Atlas da Violência. A alta é de 117% se comparado o período de 2013, quando eram 239 casos estimados, para 2023.
O que diz o estado de São Paulo
"A atual gestão implantou o SPVida, que faz monitoramento e análise minuciosa dos casos registrados com vítimas fatais, garantindo que cada ocorrência seja registrada e investigada adequadamente, para evitar que casos de homicídio sejam erroneamente classificados como morte suspeita. Estes dados são disponibilizados para consulta, como forma de compromisso com a transparência.
Os dados da Secretaria da Segurança Pública são de natureza jurídica e criminológica, diferentemente dos utilizados como referência pelo levantamento e que são coletados pelo DataSUS. Estes identificam a natureza dos óbitos sob o ponto de vista sanitário. Seus critérios e finalidades são absolutamente distintos, portanto, não é razoável qualquer tipo de comparação.
O Estado de São Paulo mantém a tendência de queda nos homicídios, com as menores taxas da história. A queda progressiva no número de crimes contra a vida é reflexo do investimento em diversas políticas públicas, com a melhoria de procedimentos, ações e equipamentos das polícias, além do aperfeiçoamento dos sistemas integrados de comando e controle com as forças policiais em todo o Estado de São Paulo."
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