Professor encontra ex-aluna em cadastro de adoção e decide acolher adolescente, no Ceará

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Hermesson Nunes e sua esposa Catarina Mesquita utilizaram a Busca Ativa para realizar a adoção. A ferramenta possibilita a vinculação de uma criança ou adolescente a um(a) pretendente fora do perfil originalmente aceito. A pedido, o g1 não divulgou fotos ou vídeos da família.
Freepik
No Brasil, para realizar o processo de adoção é preciso passar pelo Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). E foi na plataforma que o professor cearense Hermesson Nunes encontrou uma adolescente de 14 anos que “não acreditava mais que seria adotada”.
Ela tinha o mesmo nome, a mesma idade e as mesmas informações que uma ex-estudante da escola onde ele leciona, em Fortaleza. Não era coincidência. Hermesson encontrou uma ex-aluna sua no cadastro e decidiu acolher a menina.
"O coração bateu forte só de pensar nessa possibilidade de ser ela. Eu já conversava bastante sobre adoção com minha esposa em 2023. Em 2024, a gente foi atrás. Fomos ao fórum, fizemos os cursos e tivemos a sentença do juiz de que poderíamos estar na fila. Poucas semanas depois, encontrei o nome dela", contou ao g1 o professor.
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Mesmo com número maior de pretendentes a pais e mães, crianças permanecem na fila de adoção, no Ceará; entenda
Os dois já vinham se aproximando mesmo antes de se tornarem pai e filha. Hermesson foi professor da menina durante seis meses no ano passado na disciplina de Robótica. Pelo comportamento que ela apresentava, ele imaginava que algo não estava certo. Levou um tempo, no entanto, para que ela pudesse se abrir:
"Por algumas vezes eu a via não querendo muito participar, dormia muito durante as aulas. Eu entendia que alguma coisa estava acontecendo, mas não sabia o que era. Algumas vezes eu tentei conversar com ela a respeito disso e ela não verbalizava o que estava sentindo. Mas ela era diferente das demais crianças que eu ensinava. Ela tinha algo diferente. Uma espécie de energia diferente das outras crianças'.
Hermesson e sua esposa Catarina Mesquita, também professora, decidiram falar com uma assistente social para iniciar o processo. Eles já buscavam adotar há um tempo. Catarina não queria ter filhos de maneira biológica, então o casal viu na adoção uma solução acertada.
Não havia dúvidas de que a ex-aluna passaria a ser chamada de filha, mas até a adoção tomar forma, todos os envolvidos passaram por um acompanhamento:
"O meu principal receio de adotar uma ex-aluna era que ela nunca me enxergasse como um pai, que eu fosse sempre o 'tio da Robótica', o 'professor'. Mas com a ajuda da equipe técnica do lar, quando a gente estava fazendo as visitas de aproximação, deixamos clara essa separação."
?Entenda: O Ceará tem hoje mais de mil pessoas aptas a adotar e 167 crianças e adolescentes disponíveis para adoção. Confira abaixo os dados detalhados:
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A adolescente estava em um lar de acolhimento da capital cearense desde os 11 anos de idade. Para Hermesson, foi duro ouvir da filha que ela não acreditava mais que seria adotada. E essa não é uma realidade exclusiva da adolescente. Há no Brasil um perfil padrão mais procurado por pretendentes a adoção: crianças com, no máximo, três anos, do sexo feminino e brancas - mostram dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento.
Ainda de acordo com o levantamento, em 2024 quase 70% das crianças aptas para adoção tinham mais de oito anos e eram negras. Ou seja: ainda que haja um número maior de pretendentes a pais e mães, muitas crianças ainda permanecem na fila. Essas crianças seguem o mesmo perfil: são mais velhas, não brancas, têm algum tipo de deficiência, entre outros aspectos.
Para tentar reduzir essa disparidade, o Sistema Nacional de Adoção possui uma ferramenta chamada Busca Ativa, que possibilita a vinculação de uma criança ou adolescente a um(a) pretendente fora do perfil originalmente aceito. Foi este o canal utilizado pelo casal cearense:
"As pessoas precisam conhecer essa realidade cruel. Nossa filha disse que quando chegou no abrigo na idade que ela chegou, já estava esperando fazer 18 anos, porque não imaginava que ninguém iria ter coragem de adotá-la. Nós conhecemos no abrigo duas adolescentes que estavam prestes a fazer 18 anos. É uma realidade triste saber que elas não tiveram a oportunidade de formar uma família", lamentou Hermesson Nunes.
Hoje, morando com os pais, atividades como ir ao shopping, cozinhar e assistir filmes se tornaram parte de uma vida tão sonhada. E o professor não nega que é complexo adotar uma adolescente que já chega com muitos traumas, mas acredita que não romantizar o processo de adoção é importante para formar um laço real e concreto.
"Muitas coisas aconteceram na vida dela. Mas isso não define a pessoa que ela é ou a pessoa que ela pode ser. Ela ainda precisa de atenção, precisa ser ouvida, precisa de amor (...) Eu e a Catarina acreditamos muito na adoção tardia. Mas sabemos que não é para qualquer um. Adoção não é só um ato de amor. Adoção é você compreender que vai ser parte da vida de uma pessoa. Você tem que se doar totalmente".
O casal ainda vai receber a guarda definitiva da adolescente, o que deve ocorrer nos próximos meses. Por enquanto, a família vai se conhecendo aos poucos, descobrindo os gostos musicais, os sonhos. A menina já tem uma nova escola para estudar e disse aos pais que pretende ser psicóloga ou policial:
"A gente enxerga ela como uma menina tão forte, esforçada. Hoje tentamos de todas as formas protegê-la de coisas ruins, tratar desses fantasmas que estão presentes na vida dela. Imagino ela no futuro como uma mulher forte, decidida, que não aceita injustiça. Ela tem isso muito forte nela", concluiu o professor.
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:
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No Brasil, para realizar o processo de adoção é preciso passar pelo Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). E foi na plataforma que o professor cearense Hermesson Nunes encontrou uma adolescente de 14 anos que “não acreditava mais que seria adotada”.
Ela tinha o mesmo nome, a mesma idade e as mesmas informações que uma ex-estudante da escola onde ele leciona, em Fortaleza. Não era coincidência. Hermesson encontrou uma ex-aluna sua no cadastro e decidiu acolher a menina.
"O coração bateu forte só de pensar nessa possibilidade de ser ela. Eu já conversava bastante sobre adoção com minha esposa em 2023. Em 2024, a gente foi atrás. Fomos ao fórum, fizemos os cursos e tivemos a sentença do juiz de que poderíamos estar na fila. Poucas semanas depois, encontrei o nome dela", contou ao g1 o professor.
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Mesmo com número maior de pretendentes a pais e mães, crianças permanecem na fila de adoção, no Ceará; entenda
Os dois já vinham se aproximando mesmo antes de se tornarem pai e filha. Hermesson foi professor da menina durante seis meses no ano passado na disciplina de Robótica. Pelo comportamento que ela apresentava, ele imaginava que algo não estava certo. Levou um tempo, no entanto, para que ela pudesse se abrir:
"Por algumas vezes eu a via não querendo muito participar, dormia muito durante as aulas. Eu entendia que alguma coisa estava acontecendo, mas não sabia o que era. Algumas vezes eu tentei conversar com ela a respeito disso e ela não verbalizava o que estava sentindo. Mas ela era diferente das demais crianças que eu ensinava. Ela tinha algo diferente. Uma espécie de energia diferente das outras crianças'.
Hermesson e sua esposa Catarina Mesquita, também professora, decidiram falar com uma assistente social para iniciar o processo. Eles já buscavam adotar há um tempo. Catarina não queria ter filhos de maneira biológica, então o casal viu na adoção uma solução acertada.
Não havia dúvidas de que a ex-aluna passaria a ser chamada de filha, mas até a adoção tomar forma, todos os envolvidos passaram por um acompanhamento:
"O meu principal receio de adotar uma ex-aluna era que ela nunca me enxergasse como um pai, que eu fosse sempre o 'tio da Robótica', o 'professor'. Mas com a ajuda da equipe técnica do lar, quando a gente estava fazendo as visitas de aproximação, deixamos clara essa separação."
?Entenda: O Ceará tem hoje mais de mil pessoas aptas a adotar e 167 crianças e adolescentes disponíveis para adoção. Confira abaixo os dados detalhados:
Crianças e adolescentes fora do "perfil desejado" enfrentam rejeição
Adoção: Ceará tem mais de 850 crianças e adolescentes em abrigos.
A adolescente estava em um lar de acolhimento da capital cearense desde os 11 anos de idade. Para Hermesson, foi duro ouvir da filha que ela não acreditava mais que seria adotada. E essa não é uma realidade exclusiva da adolescente. Há no Brasil um perfil padrão mais procurado por pretendentes a adoção: crianças com, no máximo, três anos, do sexo feminino e brancas - mostram dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento.
Ainda de acordo com o levantamento, em 2024 quase 70% das crianças aptas para adoção tinham mais de oito anos e eram negras. Ou seja: ainda que haja um número maior de pretendentes a pais e mães, muitas crianças ainda permanecem na fila. Essas crianças seguem o mesmo perfil: são mais velhas, não brancas, têm algum tipo de deficiência, entre outros aspectos.
Para tentar reduzir essa disparidade, o Sistema Nacional de Adoção possui uma ferramenta chamada Busca Ativa, que possibilita a vinculação de uma criança ou adolescente a um(a) pretendente fora do perfil originalmente aceito. Foi este o canal utilizado pelo casal cearense:
"As pessoas precisam conhecer essa realidade cruel. Nossa filha disse que quando chegou no abrigo na idade que ela chegou, já estava esperando fazer 18 anos, porque não imaginava que ninguém iria ter coragem de adotá-la. Nós conhecemos no abrigo duas adolescentes que estavam prestes a fazer 18 anos. É uma realidade triste saber que elas não tiveram a oportunidade de formar uma família", lamentou Hermesson Nunes.
Hoje, morando com os pais, atividades como ir ao shopping, cozinhar e assistir filmes se tornaram parte de uma vida tão sonhada. E o professor não nega que é complexo adotar uma adolescente que já chega com muitos traumas, mas acredita que não romantizar o processo de adoção é importante para formar um laço real e concreto.
"Muitas coisas aconteceram na vida dela. Mas isso não define a pessoa que ela é ou a pessoa que ela pode ser. Ela ainda precisa de atenção, precisa ser ouvida, precisa de amor (...) Eu e a Catarina acreditamos muito na adoção tardia. Mas sabemos que não é para qualquer um. Adoção não é só um ato de amor. Adoção é você compreender que vai ser parte da vida de uma pessoa. Você tem que se doar totalmente".
O casal ainda vai receber a guarda definitiva da adolescente, o que deve ocorrer nos próximos meses. Por enquanto, a família vai se conhecendo aos poucos, descobrindo os gostos musicais, os sonhos. A menina já tem uma nova escola para estudar e disse aos pais que pretende ser psicóloga ou policial:
"A gente enxerga ela como uma menina tão forte, esforçada. Hoje tentamos de todas as formas protegê-la de coisas ruins, tratar desses fantasmas que estão presentes na vida dela. Imagino ela no futuro como uma mulher forte, decidida, que não aceita injustiça. Ela tem isso muito forte nela", concluiu o professor.
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:
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