Dia do Meio Ambiente: cientistas e indígenas descobrem quase 3 mil espécies em região ameaçada pelo garimpo no AM

Ação conjunta entre cientistas e povos indígenas revelou novas espécies e reforça a urgência de proteger a Amazônia do avanço do garimpo. ntre elas, estão dez potenciais novas espécies de peixes e dez de anfíbios, além de aves como o formigueiro-do-Içá, que recebeu nome popular pela primeira vez.
Divulgação
Em meio ao avanço do garimpo e da extração ilegal de madeira, cientistas de cinco países e especialistas indígenas catalogaram mais de 2.800 espécies no Alto Rio Içá, no Amazonas. A expedição, que aconteceu em maio, identificou novas espécies para a ciência e destacou o papel fundamental dos povos indígenas na conservação da floresta.
Durante 20 dias, uma equipe multinacional e interdisciplinar percorreu o Alto Rio Içá, região de floresta amazônica no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com Colômbia e Peru. A área abriga florestas públicas não destinadas, comunidades indígenas e uma das maiores diversidades biológicas da região — mas está cada vez mais pressionada por atividades ilegais, como garimpo e desmatamento.
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A missão, coordenada pelo Field Museum of Natural History (EUA) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), resultou na identificação de quase 3 mil espécies de animais e plantas, algumas nunca antes registradas no Brasil. Entre elas, estão dez potenciais novas espécies de peixes e dez de anfíbios, além de aves como o formigueiro-do-Içá, que recebeu nome popular pela primeira vez.
Conhecimento indígena é reconhecido como chave para conservação
O inventário envolveu 71 pessoas, entre pesquisadores de dez instituições e representantes dos povos Kokama, Tikuna e Kambeba. A expedição registrou mais de 400 espécies conhecidas pelos nomes e usos tradicionais. Destas, 135 plantas e 177 animais são utilizados na alimentação, 80 espécies são empregadas na construção e outras em medicina e práticas culturais.
Para a cacica Milena Kokama, da comunidade Raízes da Ayahuasca, a iniciativa é um marco na união entre ciência e tradição.
"A expedição é muito importante para nós, indígenas e organizações indígenas, porque as pesquisas realizadas vêm para validar o nosso conhecimento tradicional. O conhecimento ocidental e o ancestral devem andar juntos. Preservar a mãe natureza é compromisso e responsabilidade de todos, pois sem ela não existe vida nem futuro", declarou a cacica.
Demarcação de terra indígena é vista como medida urgente
A região inventariada, de 463,8 mil hectares, está em processo de solicitação de reconhecimento como Terra Indígena. A expectativa é que os dados da expedição subsidiem a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) a iniciar esse processo. Para o Ministério do Meio Ambiente (MMA), as terras indígenas são essenciais para conter o desmatamento, sobretudo em áreas federais não destinadas — que concentram as maiores taxas de devastação na Amazônia.
"O grosso do desmatamento ocorre onde não há definição fundiária. Avançar com o reconhecimento é crucial para proteger a biodiversidade", destacou a secretária de Biodiversidade do MMA, Rita Mesquita.
Sociobiodiversidade e ocupação tradicional moldam o território
Além da diversidade natural, o inventário também mapeou sítios arqueológicos e registrou modos tradicionais de ocupação do território, como pesca, agricultura rotativa, caça e manejo florestal. Esses sistemas são passados de geração em geração e demonstram que os povos da floresta mantêm um equilíbrio ecológico essencial para a saúde dos ecossistemas.
Segundo o antropólogo Jeremy Campbell, coordenador pelo Field Museum, o levantamento vai apoiar políticas de conservação e reconhecimento territorial.
"Fizemos o levantamento multidisciplinar da área registrando os animais presentes na parte brasileira da bacia, registramos inclusive novas espécies para a ciência e principalmente registramos a presença humana dessa região que existe há décadas ou milênios, encontramos sítios arqueológicos importantes, e o sistema de manejo que os moradores usam", finalizou Campbell.
Expedição internacional identifica mais de 2.800 espécies e reforça urgência na proteção de rio no AM.
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Em meio ao avanço do garimpo e da extração ilegal de madeira, cientistas de cinco países e especialistas indígenas catalogaram mais de 2.800 espécies no Alto Rio Içá, no Amazonas. A expedição, que aconteceu em maio, identificou novas espécies para a ciência e destacou o papel fundamental dos povos indígenas na conservação da floresta.
Durante 20 dias, uma equipe multinacional e interdisciplinar percorreu o Alto Rio Içá, região de floresta amazônica no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com Colômbia e Peru. A área abriga florestas públicas não destinadas, comunidades indígenas e uma das maiores diversidades biológicas da região — mas está cada vez mais pressionada por atividades ilegais, como garimpo e desmatamento.
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A missão, coordenada pelo Field Museum of Natural History (EUA) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), resultou na identificação de quase 3 mil espécies de animais e plantas, algumas nunca antes registradas no Brasil. Entre elas, estão dez potenciais novas espécies de peixes e dez de anfíbios, além de aves como o formigueiro-do-Içá, que recebeu nome popular pela primeira vez.
Conhecimento indígena é reconhecido como chave para conservação
O inventário envolveu 71 pessoas, entre pesquisadores de dez instituições e representantes dos povos Kokama, Tikuna e Kambeba. A expedição registrou mais de 400 espécies conhecidas pelos nomes e usos tradicionais. Destas, 135 plantas e 177 animais são utilizados na alimentação, 80 espécies são empregadas na construção e outras em medicina e práticas culturais.
Para a cacica Milena Kokama, da comunidade Raízes da Ayahuasca, a iniciativa é um marco na união entre ciência e tradição.
"A expedição é muito importante para nós, indígenas e organizações indígenas, porque as pesquisas realizadas vêm para validar o nosso conhecimento tradicional. O conhecimento ocidental e o ancestral devem andar juntos. Preservar a mãe natureza é compromisso e responsabilidade de todos, pois sem ela não existe vida nem futuro", declarou a cacica.
Demarcação de terra indígena é vista como medida urgente
A região inventariada, de 463,8 mil hectares, está em processo de solicitação de reconhecimento como Terra Indígena. A expectativa é que os dados da expedição subsidiem a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) a iniciar esse processo. Para o Ministério do Meio Ambiente (MMA), as terras indígenas são essenciais para conter o desmatamento, sobretudo em áreas federais não destinadas — que concentram as maiores taxas de devastação na Amazônia.
"O grosso do desmatamento ocorre onde não há definição fundiária. Avançar com o reconhecimento é crucial para proteger a biodiversidade", destacou a secretária de Biodiversidade do MMA, Rita Mesquita.
Sociobiodiversidade e ocupação tradicional moldam o território
Além da diversidade natural, o inventário também mapeou sítios arqueológicos e registrou modos tradicionais de ocupação do território, como pesca, agricultura rotativa, caça e manejo florestal. Esses sistemas são passados de geração em geração e demonstram que os povos da floresta mantêm um equilíbrio ecológico essencial para a saúde dos ecossistemas.
Segundo o antropólogo Jeremy Campbell, coordenador pelo Field Museum, o levantamento vai apoiar políticas de conservação e reconhecimento territorial.
"Fizemos o levantamento multidisciplinar da área registrando os animais presentes na parte brasileira da bacia, registramos inclusive novas espécies para a ciência e principalmente registramos a presença humana dessa região que existe há décadas ou milênios, encontramos sítios arqueológicos importantes, e o sistema de manejo que os moradores usam", finalizou Campbell.
Expedição internacional identifica mais de 2.800 espécies e reforça urgência na proteção de rio no AM.
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