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Pai de santo acusado de estuprar fiéis durante sessões espirituais é preso pela 2ª vez por determinação da Justiça de SP

Pai de santo acusado de estuprar fiéis durante sessões espirituais é preso pela 2ª vez por determinação da Justiça de SP
Pai Guimarães de Ogum, que sempre alegou inocência, foi detido na segunda (30). Prisão voltará a ser domiciliar porque o acusado tem problemas de saúde. Ele ainda não foi julgado pelos crimes. Pai Guimarães de Ogum nega as acusações de que teria abusado de fiéis em SP
Reprodução/Redes sociais
O pai de santo Heraldo Lopes Guimarães, de 61 anos, acusado de estuprar seis fiéis durante sessões espirituais, foi preso pela segunda vez por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Sua prisão será domiciliar devido ao seu estado de saúde (saiba mais abaixo).
A prisão de Pai Guimarães de Ogum, como o réu é conhecido, foi feita pela Polícia Militar (PM) na segunda-feira (30) em cumprimento a um mandado de prisão decretado na última sexta (27). O pai de santo estava num imóvel em São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital, e não ofereceu resistência.
A informação sobre a prisão do pai de santo foi confirmada na terça-feira (1º) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). "Ele foi detido e levado à delegacia, onde permaneceu à disposição da Justiça", informa trecho da nota da pasta. O caso foi registrado como captura de procurado no 63º Distrito Policial (DP), Vila Jacuí.
Prisão domiciliar
Pai de santo vira réu, acusado de ter estuprado mulheres em supostas sessões espirituais
Como Pai Guimarães tem problemas cardíacos, a Justiça decidiu que sua prisão será domiciliar. Ele terá de ficar detido em casa e só poderá sair de lá para procurar atendimento médico, mesmo assim mediante autorização judicial. Se descumprir alguma restrição, sua situação será revista.
O Ministério Público (MP) acusa o pai de santo de cometer os crimes sexuais entre 2011 e 2016. Ele responde por quatro estupros de vulneráveis (porque teria se valido do fato de ser mentor espiritual das vítimas para ganhar a confiança delas e cometer os abusos) e dois estupros com lesão corporal (teria machucado as mulheres).
Segundo a Promotoria, uma das vítimas contou ter sido estuprada quando era adolescente. Ela tinha 14 anos à época. Em 2020, o g1 conversou com três mulheres que dizem ter sido abusadas pelo religioso (leia mais abaixo).
Pai Guimarães sempre negou as acusações e alegou inocência (veja ao fim da reportagem).
Seis vítimas
Pai de santo Heraldo Guimarães é acusado de crimes sexuais contra fiéis em SP
Reprodução/Redes sociais
O pai de santo estava em liberdade desde 2023, quando a Justiça havia revogado a sua primeira prisão domiciliar, decretada em 2021. O pedido para soltá-lo tinha sido feito à época pela defesa do acusado.
Mas o Ministério Público voltou a pedir recentemente a prisão preventiva do religioso, desta vez ao TJ, que representa a segunda instância da Justiça. O MP alegou que ele não poderia responder aos seis processos em liberdade devido à gravidade dos crimes. E que poderia coagir vítimas e testemunhas.
O Poder Judiciário concordou com a Promotoria e determinou que Pai Guimarães responda preso pelos casos. E decretou o mandado domiciliar de prisão dele na semana passada.
O religioso ainda não foi julgado por nenhum dos estupros pelos quais é acusado. Ao menos um dos processos está na fase da audiência de instrução, para ouvir testemunhas de acusação e defesa e interrogar o réu. Somente depois que a Justiça decidirá se há indícios de crime para levá-lo a julgamento.
Em casos de condenações, as penas para estupro variam de 6 a 10 anos de prisão e, em relação ao estupro de vulnerável, até 15 anos de reclusão. Quando há mais vítimas, a Justiça também costuma somar as penas atribuídas a cada uma das condenações por este crime.
Mulheres detalham abusos
Justiça torna réu pai de santo acusado de estuprar 4 fiéis durante sessões espirituais
Pai Guimarães de Ogum atua na Umbanda, religião brasileira de matriz africana. Além disso, comandava um templo na Zona Sul da capital, onde, segundo o MP, aconteceu a maioria dos abusos.
De acordo com a Promotoria, as mulheres contaram ter procurado o grupo de Acolhimento de Vítimas, Análise e Resolução de Conflitos (Avarc) do Ministério Público para acusar o pai de santo de se valer da sua posição de sacerdote espiritual para cometer os estupros de vulneráveis. Eles também ocorreriam em outro templo, no Centro, e até na casa do acusado.
As mulheres disseram ainda que Pai Guimarães exercia domínio psicológico, deixando-as vulneráveis a ponto de se sentirem obrigadas a manter relações sexuais com ele, achando que estavam se relacionando com uma entidade incorporada por ele. Elas acreditavam que aquilo fazia parte do tratamento em busca de uma cura espiritual.
"Heraldo Lopes Guimarães não representa a Umbanda, ele se aproveitou de mim como se aproveitou de todas nós”, disse ela, em uma carta enviada ao g1 na qual acusa o pai de santo de tê-la estuprado.
Após ter conhecimento das denúncias contra o pai de santo por crimes sexuais, o Partido da Mulher Brasileira (PMB), do qual ele era presidente municipal em São Paulo, informou ao g1 que decidiu afastá-lo em definitivo.
Pai Guimarães também comandava a Abratu (Associação Brasileira dos Religiosos de Umbanda, Candomblé e Jurema), entidade da qual deixou a presidência após as acusações de estupro.
Advogadas das vítimas
Pai Guimarães de Ogum
Reprodução/Arquivo pessoal/Redes sociais
Procurada nesta terça (1º) pelo g1, a advogada Talitha Camargo, que representa os interesses de uma mulher que acusa o pai de santo por estupro, enviou nota para informar que sua cliente e as outras vítimas aguardam o julgamento do réu.
"A prisão reflete o dever do Estado em coibir abusos contra os mais frágeis. Não podemos permitir que pessoas com tendências criminais sejam vistas como incólumes só por se dizerem religiosos. O predador sexual, neste caso, fez uso de uma religião para cometer seus crimes. E ninguém calará as vítimas", informou Talitha.
Procurada, a advogada Raisa de Martins, que defende quatro das vítimas, informou que não iria se pronunciar sobre a prisão do réu em razão de "ordem judicial que determina a restrição de manifestações públicas sobre o processo em curso".
Mas reforçou que confia na Justiça. "A defesa das vítimas está convicta de que, ao final do devido processo legal, o réu será devidamente condenado pelos crimes que cometeu."
O g1 tenta localizar a advogada que atua no caso da outra mulher que acusa o pai de santo por abuso.
Defesa do réu
Pai Guimarães de Ogum
Reprodução/Redes sociais
Por meio de mensagens, a advogada Ana Paula Oliveira Guimarães, que defende Pai Guimarães, informou que ocorreram erros durante a prisão de seu cliente, que se considera inocente das acusações.
"Esclareço, desde já, que há grave distorção nos fatos que vêm sendo propagados", informa a defesa do pai de santo, que alega que o acusado "nunca esteve foragido. Ele estava em liberdade e, após julgamento de recurso, foi restabelecido o mandado de prisão cautelar".
Ela também afirma que a Justiça falhou ao decretar um mandado de prisão comum e não domiciliar para o réu. O equívoco foi corrigido depois pelo Judiciário, segundo a defesa.
"O recolhimento efetuado no dia 30/06 foi fruto de erro material no sistema, com a expedição incorreta de mandado de prisão com recolhimento em unidade prisional — já reconhecido como incompatível com a decisão judicial vigente. A situação foi formalmente levada à juíza do caso e está sendo tratada nos autos", informa Ana Paula.
Ainda segundo a sua advogada, "esse equívoco foi reconhecido expressamente pela juíza do caso, conforme decisão proferida em 01/07/2025, já lançada nos autos, determinando a retificação do mandado para constar a prisão cautelar domiciliar".
A defesa informou ainda que seu cliente "se encontrava em casa, no endereço conhecido da Justiça, aguardando o cumprimento adequado." E que ele "estava em liberdade há mais de dois anos. Durante esse período, permaneceu em casa, em razão de sua condição de saúde extremamente delicada, longe de qualquer exposição pública, pois sua prioridade sempre foi preservar a própria vida e estabilidade clínica".

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