Um em cada três municípios do Brasil enfrenta desabastecimento de vacinas básicas

Precisando de um Site
Criação de site para sua empresa a partir de 2x de R$299. Agende uma reunião
BID Midia Patrocinado

Estudo da Confederação Nacional de Municípios revela melhoria em comparação ao ano passado, mas dado ainda gera alerta. Vacinação contra a gripe foi ampliada para todas as pessoas com mais de seis meses de idade
Prefeitura de Jundiaí/Divulgação
Um novo estudo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) revela que um em cada três municípios brasileiros (33,7%) enfrenta problemas de desabastecimento de vacinas.
O levantamento, produzido em maio de 2025, envolveu 1.490 cidades de todos os Estados da Federação e apresenta melhora em comparação ao mesmo estudo realizado em setembro de 2024. Ainda assim, a Confederação se diz vigilante.
Segundo a pesquisa, 33% dos municípios apresentaram alguma piora na distribuição de vacinas em comparação ao ano passado, e um em cada quatro municípios respondeu haver falta de alguma vacina em todas as três pesquisas. Por outro lado, 64,2% dos municípios apresentaram melhora no abastecimento.
Em setembro, mais da metade das cidades do país enfrentavam desabastecimento vacinal –eram 70,3% delas em escassez. Atualmente, apesar da queda, a carência envolve os seguintes imunizantes:
Varicela. Lidera a lista pela terceira pesquisa consecutiva, sendo mencionada por 32% dos municípios com problemas de falta de vacina. A escassez do imunizante, que protege crianças de até quatro anos contra a catapora, persiste em 338 municípios respondentes, com uma média de desabastecimento superior a 90 dias. A cobertura atual da vacina contra Varicela é de 74,46%, abaixo da meta de 95%.
Tetraviral (Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela). Está em falta em 16% das localidades que relataram desabastecimento (165 municípios).
Vacina contra a covid-19. Apresenta escassez em 174 localidades, afetando 9% dos municípios em relação à imunização de adultos e 8% quando se trata da vacina em crianças. A indisponibilidade do imunizante contra a covid-19 foi recorrente nas edições anteriores e continua na atual, o que pode estar relacionado ao aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Falta de vacinas tem motivos diferentes
Em entrevista ao g1, a infectologista Luana Araújo explica que as razões para a escassez de duas vacinas essenciais –a tríplice viral e a da covid-19– são diferentes.
Segundo a médica, a vacina da varicela sofreu um desabastecimento em escala global. “Houve um problema na produção, que é bastante restrita em termos de números de fornecedores, e isso resultou na redução do estoque mundial nos últimos tempos”, diz Luana.
“O Brasil chegou a apelar à Organização Pan-Americana de Saúde por doses, recebendo algumas delas com atraso. Como a vacina faz parte do calendário vacinal e tem uma demanda considerável, reabastecer os estoques a níveis que permitam sanar as ausências e continuar a vacinação das crianças no tempo correto levará um período significativo.”
Já no caso da vacina da covid-19, Luana detalha que a situação é atribuída a "erro gerencial". Ainda segundo ela, houve dificuldades na negociação e na elaboração dos pregões para a aquisição do imunizante.
“Essa falha no gerenciamento não só causou desabastecimento, mas também levou à desatualização da vacina. O Brasil tem um contrato vigente desde o início da pandemia que prevê o fornecimento de vacinas atualizadas. No entanto, esse erro gerencial fez com que o país tivesse, por um período, apenas vacinas que não eram adequadas ao momento epidemiológico”, diz a infectologista.
Luana ressalta que a formulação das vacinas previstas para o próximo período no hemisfério norte já tem composição diferente, indicando uma mudança na epidemiologia. "Só agora estamos vacinando pessoas vulneráveis com vacinas mais atualizadas", diz.
Impactos e desafios regionais
Minas Gerais vive situação de emergência em saúde pública devido ao avanço dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, com 8.800 casos e 442 óbitos registrados em 2025 até 10 de maio.
O estado também concentra a maioria dos casos de coqueluche no Brasil (373 casos até abril de 2025), uma doença respiratória altamente contagiosa que teve um aumento de mais de 3.000% nos casos confirmados em 2024 em comparação com o ano anterior.
Na terceira edição da pesquisa da CNM, 51% dos municípios mineiros (124 de 241 respondentes) relataram falta de vacinas.
Pernambuco também se destaca, com 53% dos municípios participantes com escassez de imunizantes.
O que diz o Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde é o responsável pela aquisição e distribuição de todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação aos municípios. Procurada pela reportagem, a Pasta não se manifestou até o momento da publicação. O espaço segue aberto.
De acordo com a pesquisa atual, as cidades enfrentam problemas na logística de distribuição. Entre os 1.490 municípios que responderam sobre motivos para perda de vacinas por prazo de vencimento:
32% (540 municípios) afirmaram ter recebido doses do Estado com data de vencimento muito próxima.
27% (452 municípios) responderam que há baixa procura da população.
26% (431 municípios) relataram que os frascos de vacina eram multidose e ultrapassaram a validade após a abertura.
10% (176 municípios) assinalaram que receberam vacinas em volume maior que o público-alvo.
Ainda de acordo com a publicação, a manutenção das salas de vacinas também representa um desafio financeiro para os municípios. A pesquisa mostra quee 17% deles investem mais de R$ 240 mil por ano para garantir seu funcionamento pleno e, segundo a CNM, isso acontece muitas vezes sem apoio financeiro adequado.
A CNM reitera que a falta de vacinas nos municípios é um cenário grave e apela por urgência na disponibilização de imunizantes pelo Ministério da Saúde para proteger a população, especialmente as crianças. Apesar da melhora observada, a persistência da falta de vacinas em um terço dos municípios ainda suscita preocupações para evitar o retorno de doenças já eliminadas, que requerem coberturas vacinais altas e homogêneas. Dos 19 tipos de vacinas com cobertura divulgada de janeiro a abril de 2025, apenas seis atingiram as metas estipuladas.
Prefeitura de Jundiaí/Divulgação
Um novo estudo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) revela que um em cada três municípios brasileiros (33,7%) enfrenta problemas de desabastecimento de vacinas.
O levantamento, produzido em maio de 2025, envolveu 1.490 cidades de todos os Estados da Federação e apresenta melhora em comparação ao mesmo estudo realizado em setembro de 2024. Ainda assim, a Confederação se diz vigilante.
Segundo a pesquisa, 33% dos municípios apresentaram alguma piora na distribuição de vacinas em comparação ao ano passado, e um em cada quatro municípios respondeu haver falta de alguma vacina em todas as três pesquisas. Por outro lado, 64,2% dos municípios apresentaram melhora no abastecimento.
Em setembro, mais da metade das cidades do país enfrentavam desabastecimento vacinal –eram 70,3% delas em escassez. Atualmente, apesar da queda, a carência envolve os seguintes imunizantes:
Varicela. Lidera a lista pela terceira pesquisa consecutiva, sendo mencionada por 32% dos municípios com problemas de falta de vacina. A escassez do imunizante, que protege crianças de até quatro anos contra a catapora, persiste em 338 municípios respondentes, com uma média de desabastecimento superior a 90 dias. A cobertura atual da vacina contra Varicela é de 74,46%, abaixo da meta de 95%.
Tetraviral (Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela). Está em falta em 16% das localidades que relataram desabastecimento (165 municípios).
Vacina contra a covid-19. Apresenta escassez em 174 localidades, afetando 9% dos municípios em relação à imunização de adultos e 8% quando se trata da vacina em crianças. A indisponibilidade do imunizante contra a covid-19 foi recorrente nas edições anteriores e continua na atual, o que pode estar relacionado ao aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Falta de vacinas tem motivos diferentes
Em entrevista ao g1, a infectologista Luana Araújo explica que as razões para a escassez de duas vacinas essenciais –a tríplice viral e a da covid-19– são diferentes.
Segundo a médica, a vacina da varicela sofreu um desabastecimento em escala global. “Houve um problema na produção, que é bastante restrita em termos de números de fornecedores, e isso resultou na redução do estoque mundial nos últimos tempos”, diz Luana.
“O Brasil chegou a apelar à Organização Pan-Americana de Saúde por doses, recebendo algumas delas com atraso. Como a vacina faz parte do calendário vacinal e tem uma demanda considerável, reabastecer os estoques a níveis que permitam sanar as ausências e continuar a vacinação das crianças no tempo correto levará um período significativo.”
Já no caso da vacina da covid-19, Luana detalha que a situação é atribuída a "erro gerencial". Ainda segundo ela, houve dificuldades na negociação e na elaboração dos pregões para a aquisição do imunizante.
“Essa falha no gerenciamento não só causou desabastecimento, mas também levou à desatualização da vacina. O Brasil tem um contrato vigente desde o início da pandemia que prevê o fornecimento de vacinas atualizadas. No entanto, esse erro gerencial fez com que o país tivesse, por um período, apenas vacinas que não eram adequadas ao momento epidemiológico”, diz a infectologista.
Luana ressalta que a formulação das vacinas previstas para o próximo período no hemisfério norte já tem composição diferente, indicando uma mudança na epidemiologia. "Só agora estamos vacinando pessoas vulneráveis com vacinas mais atualizadas", diz.
Impactos e desafios regionais
Minas Gerais vive situação de emergência em saúde pública devido ao avanço dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, com 8.800 casos e 442 óbitos registrados em 2025 até 10 de maio.
O estado também concentra a maioria dos casos de coqueluche no Brasil (373 casos até abril de 2025), uma doença respiratória altamente contagiosa que teve um aumento de mais de 3.000% nos casos confirmados em 2024 em comparação com o ano anterior.
Na terceira edição da pesquisa da CNM, 51% dos municípios mineiros (124 de 241 respondentes) relataram falta de vacinas.
Pernambuco também se destaca, com 53% dos municípios participantes com escassez de imunizantes.
O que diz o Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde é o responsável pela aquisição e distribuição de todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação aos municípios. Procurada pela reportagem, a Pasta não se manifestou até o momento da publicação. O espaço segue aberto.
De acordo com a pesquisa atual, as cidades enfrentam problemas na logística de distribuição. Entre os 1.490 municípios que responderam sobre motivos para perda de vacinas por prazo de vencimento:
32% (540 municípios) afirmaram ter recebido doses do Estado com data de vencimento muito próxima.
27% (452 municípios) responderam que há baixa procura da população.
26% (431 municípios) relataram que os frascos de vacina eram multidose e ultrapassaram a validade após a abertura.
10% (176 municípios) assinalaram que receberam vacinas em volume maior que o público-alvo.
Ainda de acordo com a publicação, a manutenção das salas de vacinas também representa um desafio financeiro para os municípios. A pesquisa mostra quee 17% deles investem mais de R$ 240 mil por ano para garantir seu funcionamento pleno e, segundo a CNM, isso acontece muitas vezes sem apoio financeiro adequado.
A CNM reitera que a falta de vacinas nos municípios é um cenário grave e apela por urgência na disponibilização de imunizantes pelo Ministério da Saúde para proteger a população, especialmente as crianças. Apesar da melhora observada, a persistência da falta de vacinas em um terço dos municípios ainda suscita preocupações para evitar o retorno de doenças já eliminadas, que requerem coberturas vacinais altas e homogêneas. Dos 19 tipos de vacinas com cobertura divulgada de janeiro a abril de 2025, apenas seis atingiram as metas estipuladas.
Para ler a notícia completa, acesse o link original:
0 curtidas
Notícias Relacionadas
Não há mais notícias para carregar
Comentários 0