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Bira Presidente deixa toque de classe no pandeiro e no samba do Fundo de Quintal ao morrer aos 88 anos no Rio

Bira Presidente deixa toque de classe no pandeiro e no samba do Fundo de Quintal ao morrer aos 88 anos no Rio
Bira Presidente (1937 – 2025) foi mestre no toque do pandeiro, instrumento que percutiu no grupo Fundo de Quintal
Reprodução / Instagram Bira Presidente
♫ OBITUÁRIO
♬ Ao promover renovação no toque do samba na segunda metade dos anos 1970, revolução exposta pela cantora Beth Carvalho (1946 – 2019) no álbum De pé no chão (1978), o grupo carioca Fundo de Quintal pôs na roda o tantã progressista de Sereno, o repique de mão – criação de Ubirany Félix do Nascimento (1940 – 2020) – e o banjo formatado por Almir Guineto (1946 – 2017), integrante da formação original do grupo, com o auxílio de Mussum (1941 – 1994).
Instrumento já recorrente no samba, o pandeiro ressurgiu inovador no Fundo de Quintal com o toque de classe de Bira Presidente. Referência no mundo do samba, a cozinha do Fundo de Quintal também deu protagonismo ao pandeiro de Bira Presidente, sempre em fina sintonia com os outros instrumentos de percussão.
É pela notória habilidade no toque do pandeiro, mas também por ter sido um dos fundadores do Fundo de Quintal ao lado do irmão Ubirany e de Sereno, que o ritmista carioca Ubirajara Félix do Nascimento (23 de março de 1937 – 14 de junho de 2025) fica eternizado na galeria dos nobres do samba.
Bira Presidente morreu às 23h55m da noite de ontem, aos 88 anos, em hospital da cidade natal do Rio de Janeiro (RJ), onde estava internado para tratar complicações de câncer de próstata e da doença de Alzheimer.
Criado em rodas de samba em que viu em ação alguns seminais bambas do samba, como João da Baiana (1887 – 1974) e Alcebíades Barcelos (1902 – 1975), o Bide, Bira começou a fazer história quando fundou o bloco Cacique de Ramos em janeiro de 1961. Quinze anos mais tarde, por volta de 1976, o bloco começou a promover rodas de samba na sede do bloco construída em 1972.
Foi nessas rodas que Beth Carvalho, sempre com os pés no chão, conheceu o toque inovador do grupo Fundo de Quintal e o transpôs para o estúdio no já mencionado álbum de 1978.
Com o sucesso do disco De pé no chão, o grupo se profissionalizou e, com o aval de Beth, entrou em cena e nos estúdios, construindo referencial discografia iniciada em 1980 com o álbum Samba é no Fundo de Quintal. Com a consolidação do grupo, o pandeiro de Bira Presidente também passou a ser ouvidos em discos de discípulos como Zeca Pagodinho e Dudu Nobre.
Exímio ritmista, pandeirista de mão cheia, Bira Presidente nunca se destacou como compositor – assim como o irmão Ubirany – mas deixa algumas músicas feitas com parceiros como Adilson Gavião, Noca da Portela, Roberto Lopes, Roberto Serrão e Wander Timbalada. O Fundo de Quintal gravou Andei, andei (samba de Bira com Noca e Serrão) no álbum Do fundo do nosso quintal (1987).
Muitas músicas de Bira foram gravadas por grupos de pagode como Delírio Sensual, Lance certo, Ponto Alto e Puro Cristal. A mais conhecida, Vem sambar, de Bira com Adilson Gavião e Roberto Lopes, foi gravada por Beth Carvalho no álbum Brasileira da gema (1996).
Presidente vitalício do bloco Cacique de Ramos, Bira foi ritmista respeitado além do universo do samba. Até porque conseguiu impor o pandeiro entre os instrumentos com os quais o Fundo de Quintal fez a revolução no gênero no fim dos anos 1970.
Contudo, para além das renovações e dos méritos pessoais como ritmista, Ubirajara Félix do Nascimento foi um grande nome que simbolizou a resistência e a altivez do samba ao longo do século XX.

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