Dia dos Namorados: como a ciência explica as 'borboletas' no estômago

Paixão é montanha-russa que libera hormônios controversos e tira as pessoas do prumo. Paixão deixa as pessoas em estado constante de excitação e alerta
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Você já sentiu aquele frio na barriga só de pensar na pessoa amada? As famosas “borboletas no estômago” — expressão que virou clichê em histórias de amor — têm explicação científica: elas são, na verdade, o efeito colateral de uma tempestade de hormônios liberada no corpo quando estamos apaixonados. Dopamina, noradrenalina e cortisol entram em cena, provocando um estado de alerta que mistura prazer, ansiedade e até sintomas físicos como coração acelerado e mãos suadas.
? O maior estudo sobre como a paixão age no cérebro, produzido pela antropóloga Helen Fisher em 2005, analisou o cérebro de indivíduos apaixonados e descobriu que ele sofre alterações similares às causadas por transtornos psiquiátricos.
♥️ Estar apaixonado, segundo uma revisão do estudo feita anos depois pelos pesquisadores de Harvard Richard Schwartz e Jacqueline Olds, aumenta exageradamente os níveis de cortisol no organismo, hormônio responsável pelo estresse. Não suficientemente, derrubam os níveis de serotonina, que é o hormônio do bem-estar e da calmaria.
? “Estar apaixonado é como pular de paraquedas”, afirma ao g1 o médico especialista em medicina psicossomática Rubens Cascapera. As tais borboletas no estômago, retratadas em filmes românticos, nada mais são que a combinação de hormônios responsáveis pelo sentimento de paixão: dopamina, noradrenalina e cortisol.
O aumento nos níveis desses hormônios gera uma mistura de sentimentos, que envolvem a excitação, o prazer, a motivação e a euforia. Só que tudo isso vem acompanhado de altos índices de estresse pela angústia de não saber o que está por vir.
"Tudo é novo quando se está apaixonado", diz o psicanalista e escritor Christian Dunker.
Ele ressalta que a paixão é uma explosão de expectativas que inundam a mente de quem a está sentindo. “No estado de apaixonamento, a pessoa vive uma espécie de indeterminação sobre o outro. Ela perde o controle”, diz.
Droga que vicia
Registros apontam que, durante a Idade Média, a paixão era considerada doença devido a forma como tirava suas “vítimas” do prumo.
Cascapera explica que a paixão ativa uma área do cérebro chamada núcleo accumbente, responsável pela sensação de prazer. O sentimento interfere, ainda, nas amígdalas cerebrais, onde se concentram as emoções. “Quando se está apaixonado, essas áreas se desregulam”, conta o médico.
? O apaixonado, então, passa a ter sentimentos confusos, que variam da angústia à excitação, da motivação ao medo, e tudo isso gera estímulos para o corpo. Por isso, as mãos suam e o coração acelera.
“É uma grande incerteza que gera medo e descompensa nossa mente”, explica.
Liberada à exaustão durante a paixão, a dopamina é o hormônio dos vícios. No processo do apaixonamento, diz o especialista, a pessoa se vicia no sentimento.
“É o que explica a tal cegueira da paixão, onde a pessoa não consegue ver de fato quem é o ser por quem está apaixonada. Ele se transforma num amontoado de expectativas”, afirma o médico.
“Quando acaba, a gente pensa: ‘Como fui me apaixonar por aquilo?’. É a cegueira, o corpo fica totalmente dirigido pelo emocional e a razão fica lá embaixo. É por isso que a decisão de se casar com alguém só deve ser tomada depois que a paixão dar lugar ao amor.”
A transição para o amor
“Quando a paixão vai sendo dita, colocada em palavras, em experiências, encontros e jornadas, se torna isso que a gente chama de amor”, diz o psicanalista Christian Dunker.
? Professor de química da plataforma Professor Ferretto, Michel Arthaud detalha essa metamorfose do sentimento, que costuma acontecer entre seis meses e dois anos de relacionamento. “É como se a gente saísse da tempestade e entrasse em águas mais calmas”, diz.
“A paixão começa a dar lugar ao amor, onde a dopamina e o cortisol caem e quem se sobressai é a oxitocina e a serotonina”, afirma.
A serotonina é o hormônio da tranquilidade e da paz. A oxitocina é quem se responsabiliza, dentro da fisiologia, pela criação de vínculos –é esse hormônio que a mãe libera quando amamenta o bebê.
Quando esses hormônios começam a prevalecer em relação aos que pautam a paixão, ela perde força, e o vínculo do amor surge.
“A verdadeira saúde plena está no amor, não na paixão”, diz Cascapera. “Ela é apenas um caminho para chegar no processo do amor.”
Para Dunker, a transição pode ser uma experiência de decepção e perda. É normal, ele diz, o fim da paixão transformar “a estátua que você esculpiu com suas fantasias em uma pessoa real, com imperfeições e problemas”.
“No fim, é isso que a paixão quer: virar amor real.”
E por que a gente gosta tanto de paixão?
“Quando o amor aparece, você troca o herói das estrelas, de outro mundo, por um herói desse mundo –que pega ônibus, vai trabalhar, divide histórias e conquistas. Para muitos, essa troca é injusta, tão injusta que essas pessoas querem voltar ao capítulo anterior. E seguem buscando paixões incessantemente”, diz Dunker.
Quem não consegue migrar para o amor e segue preso nos ciclos de paixão, explica o médico especialista em medicina psicossomática Rubens Cascapera, vive na dependência química da dopamina. “É como uma droga”, detalha.
Dunker explica que a paixão faz o ser humano projetar no outro seus mais potentes ideais, construir esse objeto de paixão por meio da própria fantasia. E essa fantasia é sempre dupla, ao mesmo tempo em que existe o príncipe, ele pode ser o lobo mau.
“Você se lança aos pés do outro e, um minuto depois, sofre porque imagina que vai perdê-lo. Mas desejamos isso porque mobiliza um conjunto tão radical de transformações em nós mesmos que nos viciamos. Queremos viver de novo e de novo.”
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Você já sentiu aquele frio na barriga só de pensar na pessoa amada? As famosas “borboletas no estômago” — expressão que virou clichê em histórias de amor — têm explicação científica: elas são, na verdade, o efeito colateral de uma tempestade de hormônios liberada no corpo quando estamos apaixonados. Dopamina, noradrenalina e cortisol entram em cena, provocando um estado de alerta que mistura prazer, ansiedade e até sintomas físicos como coração acelerado e mãos suadas.
? O maior estudo sobre como a paixão age no cérebro, produzido pela antropóloga Helen Fisher em 2005, analisou o cérebro de indivíduos apaixonados e descobriu que ele sofre alterações similares às causadas por transtornos psiquiátricos.
♥️ Estar apaixonado, segundo uma revisão do estudo feita anos depois pelos pesquisadores de Harvard Richard Schwartz e Jacqueline Olds, aumenta exageradamente os níveis de cortisol no organismo, hormônio responsável pelo estresse. Não suficientemente, derrubam os níveis de serotonina, que é o hormônio do bem-estar e da calmaria.
? “Estar apaixonado é como pular de paraquedas”, afirma ao g1 o médico especialista em medicina psicossomática Rubens Cascapera. As tais borboletas no estômago, retratadas em filmes românticos, nada mais são que a combinação de hormônios responsáveis pelo sentimento de paixão: dopamina, noradrenalina e cortisol.
O aumento nos níveis desses hormônios gera uma mistura de sentimentos, que envolvem a excitação, o prazer, a motivação e a euforia. Só que tudo isso vem acompanhado de altos índices de estresse pela angústia de não saber o que está por vir.
"Tudo é novo quando se está apaixonado", diz o psicanalista e escritor Christian Dunker.
Ele ressalta que a paixão é uma explosão de expectativas que inundam a mente de quem a está sentindo. “No estado de apaixonamento, a pessoa vive uma espécie de indeterminação sobre o outro. Ela perde o controle”, diz.
Droga que vicia
Registros apontam que, durante a Idade Média, a paixão era considerada doença devido a forma como tirava suas “vítimas” do prumo.
Cascapera explica que a paixão ativa uma área do cérebro chamada núcleo accumbente, responsável pela sensação de prazer. O sentimento interfere, ainda, nas amígdalas cerebrais, onde se concentram as emoções. “Quando se está apaixonado, essas áreas se desregulam”, conta o médico.
? O apaixonado, então, passa a ter sentimentos confusos, que variam da angústia à excitação, da motivação ao medo, e tudo isso gera estímulos para o corpo. Por isso, as mãos suam e o coração acelera.
“É uma grande incerteza que gera medo e descompensa nossa mente”, explica.
Liberada à exaustão durante a paixão, a dopamina é o hormônio dos vícios. No processo do apaixonamento, diz o especialista, a pessoa se vicia no sentimento.
“É o que explica a tal cegueira da paixão, onde a pessoa não consegue ver de fato quem é o ser por quem está apaixonada. Ele se transforma num amontoado de expectativas”, afirma o médico.
“Quando acaba, a gente pensa: ‘Como fui me apaixonar por aquilo?’. É a cegueira, o corpo fica totalmente dirigido pelo emocional e a razão fica lá embaixo. É por isso que a decisão de se casar com alguém só deve ser tomada depois que a paixão dar lugar ao amor.”
A transição para o amor
“Quando a paixão vai sendo dita, colocada em palavras, em experiências, encontros e jornadas, se torna isso que a gente chama de amor”, diz o psicanalista Christian Dunker.
? Professor de química da plataforma Professor Ferretto, Michel Arthaud detalha essa metamorfose do sentimento, que costuma acontecer entre seis meses e dois anos de relacionamento. “É como se a gente saísse da tempestade e entrasse em águas mais calmas”, diz.
“A paixão começa a dar lugar ao amor, onde a dopamina e o cortisol caem e quem se sobressai é a oxitocina e a serotonina”, afirma.
A serotonina é o hormônio da tranquilidade e da paz. A oxitocina é quem se responsabiliza, dentro da fisiologia, pela criação de vínculos –é esse hormônio que a mãe libera quando amamenta o bebê.
Quando esses hormônios começam a prevalecer em relação aos que pautam a paixão, ela perde força, e o vínculo do amor surge.
“A verdadeira saúde plena está no amor, não na paixão”, diz Cascapera. “Ela é apenas um caminho para chegar no processo do amor.”
Para Dunker, a transição pode ser uma experiência de decepção e perda. É normal, ele diz, o fim da paixão transformar “a estátua que você esculpiu com suas fantasias em uma pessoa real, com imperfeições e problemas”.
“No fim, é isso que a paixão quer: virar amor real.”
E por que a gente gosta tanto de paixão?
“Quando o amor aparece, você troca o herói das estrelas, de outro mundo, por um herói desse mundo –que pega ônibus, vai trabalhar, divide histórias e conquistas. Para muitos, essa troca é injusta, tão injusta que essas pessoas querem voltar ao capítulo anterior. E seguem buscando paixões incessantemente”, diz Dunker.
Quem não consegue migrar para o amor e segue preso nos ciclos de paixão, explica o médico especialista em medicina psicossomática Rubens Cascapera, vive na dependência química da dopamina. “É como uma droga”, detalha.
Dunker explica que a paixão faz o ser humano projetar no outro seus mais potentes ideais, construir esse objeto de paixão por meio da própria fantasia. E essa fantasia é sempre dupla, ao mesmo tempo em que existe o príncipe, ele pode ser o lobo mau.
“Você se lança aos pés do outro e, um minuto depois, sofre porque imagina que vai perdê-lo. Mas desejamos isso porque mobiliza um conjunto tão radical de transformações em nós mesmos que nos viciamos. Queremos viver de novo e de novo.”
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