Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP

Dia Nacional do Funk é celebrado neste sábado (12). Febre atravessou os muros da capital e umbrellas marcam presença na cena funk em Campinas (SP). Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Óculos espelhados, tênis extravagantes, bonés, grifes esportivas de luxo e… guarda-chuvas? ? Com ou sem nuvens no céu, já faz algum tempo que as “umbrellas” entraram de vez no estilo ostentação e fazem parte da estética dos bailes funks paulistas.
O acessório, que causa curiosidade e estranhamento nas redes sociais, se consagrou como símbolo do funk em São Paulo. A febre atravessou os muros da capital e as umbrellas já marcam presença no interior, como no Baile do Ozipa e na Submundo 808, protagonistas da cena funk em Campinas (SP).
No Dia Nacional do Funk, celebrado neste sábado (12), g1 mostra como uso do adereço mudou o ambiente dos bailes funk de SP. Veja detalhes abaixo e assista no vídeo acima.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Júulios Mariano/@juulios
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Thiago de Souza, professor de música especialista em funk, explicou ao g1 que o adereço já era utilizado em festas de música eletrônica para os mesmos fins práticos de um guarda-chuva: se proteger do sol e da chuva.
Nos bailes funk, a função prática une estética e ostentação. O professor explica que o modelo de guarda-sol utilizado não é como os que compramos em lojas de departamentos: todos seguem o modelo dos que são fabricados para jogadores golfe.
“A umbrella vem desse contexto esportivo, e também vira um item de ostentação. E também vira um atrativo estético no baile funk. O baile tem muita gente, e um guarda-chuva chama a atenção. Então é uma estética. É uma forma de você trazer uma ostentação também, e de você ostentar o seu item e estar *bonitão* no baile de diversas formas”, explica o professor.
E eles chamam realmente a atenção. Nas redes sociais, os guarda-chuvas se tornaram um símbolo imagético dos bailes funks paulistas, e causam curiosidade e estranhamento de quem vê a “dança das umbrellas” pela primeira vez.
Usuários do X (antigo Twitter) comentam de forma engraçada o uso dos acessórios — e alguns até desejam aderir ao uso e passar a fazer parte desse universo. Veja os comentários mais divertidos selecionados pelo g1.
Galerias Relacionadas
O sucesso nas redes é reflexo do uso ostensivo nas ruas. As umbrellas já foram avistadas em edições do Fluxo do Ozipa, baile funk que costuma ocorrer na região sudoeste de Campinas, e no Submundo 808 — festa privada da metrópole inspirada em pancadões.
Muitas umbrellas balançadas na metrópole pertencem aos “Meninos da Umbrella”. Apesar de viverem na zona leste da capital, os amigos Rodrigo Vasconcelos, de 24 anos, Gabriel Gaglioni, de 25 anos, Guilherme Augusto, de 21 anos, Paulo Roberto, de 26 anos e Arthur de Andrade, de 25 anos, frequentam todas as edições da Submundo 808 — sempre acompanhados de seus guarda-chuvas.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Júulios Mariano/@juulios
O grupo de amigos mantém uma conta conjunta no Instagram, onde publicam vídeos usando umbrellas em bailes e festas — que se tornou um assessório indispensável. Eles relatam que já receberam olhares tortos e debochados por estarem com o guarda-chuva, mas que, em geral, a recepção dos frequentadores é positiva.
“Quando a gente abre a umbrella, o pessoal tudo ao redor já saca o celular, pra gravar um videozão. E assim vai. Eu acho que é algo que deixa o baile com uma estética 'da hora', tá ligado? Deixa o baile bonito. E eu vejo também que é como se fosse uma dança. Porque você precisa fazer o movimento certo com as umbrellas”, explica Gabriel Gaglioni.
'Umbrella' no Baile do Ozipa, em Campinas (SP).
Reprodução/Fluxo do Ozipa
“Balança muito, balança bem”
Balançar uma umbrella pode não ser uma tarefa simples. Os “Meninos da Umbrella” ressaltam que é preciso fazer o movimento certo para acertar o ritmo da batida.
“Acaba sendo meio que uma dança, tá ligado? Assim como você fica admirando uma pessoa que dança muito bem, você fica admirando ela fazendo o negócio. Quando você vê uma pessoa encaixando certinho também nas batidas com a umbrella, você fala: ‘Caraca, essa pessoa manja muito. Ela sabe muito balançar bem; ‘balança muito, balança bem’", diz Gabriel.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Maria Eduarda Matoso/Arquivo Pessoal
O ritmo da umbrella é importante, mas os amigos explicam que os movimentos não são coreografados. “A gente não faz nada combinado antes. Conforme a gente vai ouvindo a música, aí cada um vai fazendo de um jeito”, reitera Arthur de Andrade.
Ostentação
Como parte da cultura da ostentação, os guarda-chuvas geralmente possuem estampas com logos de marcas de luxo. O preço das réplicas costuma partir de R$ 100, mas opções de grife podem chegar a R$ 5 mil.
Mesmo com o preço elevado, Thiago explica que usar um adereço caro de grife faz parte da cultura de ostentação do funk.
“Isso tem a ver com o momento histórico em que os funkeiros passaram a usar marcas de luxo. E a coisa de trazer coisas do universo do luxo, para realmente fazer uma ostentação mais ostensiva da coisa, e mostrar que o 'bagulho' é caro, e que a menorzada está acessando”, explica Thiago.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Reprodução/Baile do Ozipa
Rodrigo Vasconcelos reitera que o preço das umbrellas é bem variado, e que pagar mais caro não garante o balanço perfeito no baile. “Tem umbrella que você pode chegar a gastar R$ 800 que vai abrir automática, só que às vezes ela não vai ter o mesmo balanço do que a nossa”, explica.
"Não é uma questão só de ostentação das marcas em si que a gente leva. São marcas relevantes 'pra' cultura do funk também, que faz parte da cultura histórica da parada", explica Pedro.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Júulios Mariano/@juulios
Adaptação brasileira
Para garantir o balanço perfeito, os funkeiros paulistas recorreram a uma adaptação brasileira.
Com preços entre R$ 150 e $ 300, os vendedores passaram a montar umbrellas estampadas com logos das marcas (e idênticas a versões originais) e semelhantes às de golfe, mas com uma armação que permite mais movimento. “As originais não tem esse balanço”, explica Arthur.
"Quando veio para o Brasil, o pessoal começou a levar para o baile funk, tudo mais. Eles gostavam de balançar 'pra' cima e 'pra' baixo 'pra' fazer conforme a música, só que aí acabaram adaptando [a estrutura] 'pra' fazer o balanço 'pro' lado também, e acaba ficando mais bonito", completa Paulo Roberto.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Júulios Mariano/@juulios
Só em São Paulo?
Uma tradição que começou em São Paulo invadiu o interior, e está cada vez mais presente em outros estados e cidades — e se tornando nacional. O professor ressalta que, desde 2010, quando as umbrellas surgiram, o uso só cresceu, deixando o regionalismo e se tornando nacional.
"Essa tendência é típica de São Paulo, que curiosamente é a terra da garoa, e tem influenciado os bailes de Minas Gerais, que são parecidos com São Paulo", relata Thiago.
*Estagiária sob supervisão de Bárbara Camilotti
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Óculos espelhados, tênis extravagantes, bonés, grifes esportivas de luxo e… guarda-chuvas? ? Com ou sem nuvens no céu, já faz algum tempo que as “umbrellas” entraram de vez no estilo ostentação e fazem parte da estética dos bailes funks paulistas.
O acessório, que causa curiosidade e estranhamento nas redes sociais, se consagrou como símbolo do funk em São Paulo. A febre atravessou os muros da capital e as umbrellas já marcam presença no interior, como no Baile do Ozipa e na Submundo 808, protagonistas da cena funk em Campinas (SP).
No Dia Nacional do Funk, celebrado neste sábado (12), g1 mostra como uso do adereço mudou o ambiente dos bailes funk de SP. Veja detalhes abaixo e assista no vídeo acima.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Júulios Mariano/@juulios
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Thiago de Souza, professor de música especialista em funk, explicou ao g1 que o adereço já era utilizado em festas de música eletrônica para os mesmos fins práticos de um guarda-chuva: se proteger do sol e da chuva.
Nos bailes funk, a função prática une estética e ostentação. O professor explica que o modelo de guarda-sol utilizado não é como os que compramos em lojas de departamentos: todos seguem o modelo dos que são fabricados para jogadores golfe.
“A umbrella vem desse contexto esportivo, e também vira um item de ostentação. E também vira um atrativo estético no baile funk. O baile tem muita gente, e um guarda-chuva chama a atenção. Então é uma estética. É uma forma de você trazer uma ostentação também, e de você ostentar o seu item e estar *bonitão* no baile de diversas formas”, explica o professor.
E eles chamam realmente a atenção. Nas redes sociais, os guarda-chuvas se tornaram um símbolo imagético dos bailes funks paulistas, e causam curiosidade e estranhamento de quem vê a “dança das umbrellas” pela primeira vez.
Usuários do X (antigo Twitter) comentam de forma engraçada o uso dos acessórios — e alguns até desejam aderir ao uso e passar a fazer parte desse universo. Veja os comentários mais divertidos selecionados pelo g1.
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O sucesso nas redes é reflexo do uso ostensivo nas ruas. As umbrellas já foram avistadas em edições do Fluxo do Ozipa, baile funk que costuma ocorrer na região sudoeste de Campinas, e no Submundo 808 — festa privada da metrópole inspirada em pancadões.
Muitas umbrellas balançadas na metrópole pertencem aos “Meninos da Umbrella”. Apesar de viverem na zona leste da capital, os amigos Rodrigo Vasconcelos, de 24 anos, Gabriel Gaglioni, de 25 anos, Guilherme Augusto, de 21 anos, Paulo Roberto, de 26 anos e Arthur de Andrade, de 25 anos, frequentam todas as edições da Submundo 808 — sempre acompanhados de seus guarda-chuvas.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Júulios Mariano/@juulios
O grupo de amigos mantém uma conta conjunta no Instagram, onde publicam vídeos usando umbrellas em bailes e festas — que se tornou um assessório indispensável. Eles relatam que já receberam olhares tortos e debochados por estarem com o guarda-chuva, mas que, em geral, a recepção dos frequentadores é positiva.
“Quando a gente abre a umbrella, o pessoal tudo ao redor já saca o celular, pra gravar um videozão. E assim vai. Eu acho que é algo que deixa o baile com uma estética 'da hora', tá ligado? Deixa o baile bonito. E eu vejo também que é como se fosse uma dança. Porque você precisa fazer o movimento certo com as umbrellas”, explica Gabriel Gaglioni.
'Umbrella' no Baile do Ozipa, em Campinas (SP).
Reprodução/Fluxo do Ozipa
“Balança muito, balança bem”
Balançar uma umbrella pode não ser uma tarefa simples. Os “Meninos da Umbrella” ressaltam que é preciso fazer o movimento certo para acertar o ritmo da batida.
“Acaba sendo meio que uma dança, tá ligado? Assim como você fica admirando uma pessoa que dança muito bem, você fica admirando ela fazendo o negócio. Quando você vê uma pessoa encaixando certinho também nas batidas com a umbrella, você fala: ‘Caraca, essa pessoa manja muito. Ela sabe muito balançar bem; ‘balança muito, balança bem’", diz Gabriel.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Maria Eduarda Matoso/Arquivo Pessoal
O ritmo da umbrella é importante, mas os amigos explicam que os movimentos não são coreografados. “A gente não faz nada combinado antes. Conforme a gente vai ouvindo a música, aí cada um vai fazendo de um jeito”, reitera Arthur de Andrade.
Ostentação
Como parte da cultura da ostentação, os guarda-chuvas geralmente possuem estampas com logos de marcas de luxo. O preço das réplicas costuma partir de R$ 100, mas opções de grife podem chegar a R$ 5 mil.
Mesmo com o preço elevado, Thiago explica que usar um adereço caro de grife faz parte da cultura de ostentação do funk.
“Isso tem a ver com o momento histórico em que os funkeiros passaram a usar marcas de luxo. E a coisa de trazer coisas do universo do luxo, para realmente fazer uma ostentação mais ostensiva da coisa, e mostrar que o 'bagulho' é caro, e que a menorzada está acessando”, explica Thiago.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Reprodução/Baile do Ozipa
Rodrigo Vasconcelos reitera que o preço das umbrellas é bem variado, e que pagar mais caro não garante o balanço perfeito no baile. “Tem umbrella que você pode chegar a gastar R$ 800 que vai abrir automática, só que às vezes ela não vai ter o mesmo balanço do que a nossa”, explica.
"Não é uma questão só de ostentação das marcas em si que a gente leva. São marcas relevantes 'pra' cultura do funk também, que faz parte da cultura histórica da parada", explica Pedro.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Júulios Mariano/@juulios
Adaptação brasileira
Para garantir o balanço perfeito, os funkeiros paulistas recorreram a uma adaptação brasileira.
Com preços entre R$ 150 e $ 300, os vendedores passaram a montar umbrellas estampadas com logos das marcas (e idênticas a versões originais) e semelhantes às de golfe, mas com uma armação que permite mais movimento. “As originais não tem esse balanço”, explica Arthur.
"Quando veio para o Brasil, o pessoal começou a levar para o baile funk, tudo mais. Eles gostavam de balançar 'pra' cima e 'pra' baixo 'pra' fazer conforme a música, só que aí acabaram adaptando [a estrutura] 'pra' fazer o balanço 'pro' lado também, e acaba ficando mais bonito", completa Paulo Roberto.
Funk e guarda-chuva? Entenda como ‘umbrellas’ se tornaram símbolo dos bailes funk de SP
Júulios Mariano/@juulios
Só em São Paulo?
Uma tradição que começou em São Paulo invadiu o interior, e está cada vez mais presente em outros estados e cidades — e se tornando nacional. O professor ressalta que, desde 2010, quando as umbrellas surgiram, o uso só cresceu, deixando o regionalismo e se tornando nacional.
"Essa tendência é típica de São Paulo, que curiosamente é a terra da garoa, e tem influenciado os bailes de Minas Gerais, que são parecidos com São Paulo", relata Thiago.
*Estagiária sob supervisão de Bárbara Camilotti
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