'Melhor coisa que me aconteceu': conheça famílias que adotaram crianças acima de 10 anos de idade

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No RN, quase 60% das crianças disponíveis para adoção tem mais de 10 anos, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça. Dia da Adoção é comemorado neste domingo (25). Foto1: Pablo, o pai Yuri e o irmão Deivid | Foto 2: Margarida com o filho Leonardo
Cedidas
As histórias da potiguar Margarida Maria dos Santos e do baiano Yuri Sacramento se encontram em um ponto não tão comum no Brasil: a adoção de crianças acima dos 10 anos de idade, a também considerada "adoção tardia".
No Rio Grande do Norte, de acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acessados na sexta-feira (23), 58% das crianças disponíveis para adoção tinham acima de 10 anos de idade. Ao todo, 56 crianças estavam disponíveis para adoção, sendo 33 delas acima de 10 anos.
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A adoção de crianças mais velhas e de adolescentes é tida como um processo menos frequente no Brasil. Um dado levantado pelo Profissão Repórter junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontou que em 2024 o número de adoções de crianças nesse perfil aumentou 22% em um ano no Brasil, mas que apenas 2% das famílias pretendentes aceitariam crianças acima de 10 anos.
➡️ Dia da Adoção é comemorado neste domingo (25).
Adoção de crianças mais velhas e adolescentes aumenta 22% em um ano no Brasil
Esse cenário é percebido também em programas de acolhimento de crianças, como é o caso do programa Aldeias Infantis SOS Brasil, que cuida de crianças e adolescentes até 18 anos de idade em todo o Brasil.
No Rio Grande do Norte, o programa está em Pau dos Ferros, Caicó, Areia Branca, Natal e Mossoró e cuida de cerca de 50 crianças e adolescentes.
"Na realidade, a nível de país, a pretensão ideal que os casais pretendentes à adoção buscam é até 6 anos de idade", explicou Naara Sena, coordenadora do Programa da Aldeias Infantis SOS em Caicó.
"Quando a gente recebe uma uma adolescente ou uma criança que já é mais velha, que não tem como haver esse fortalecimento de vínculos com a família de origem ou a família extensa, então a gente inicia esse trabalho para busca de pretendentes a adoção no perfil dessa criança", completou.
As crianças chegam à casa de acolhimento por decisão judicial. Segundo Naara Sena, a primeira intenção do programa é fazer com que a criança retome à família de origem.
"Não tendo esse retorno à família de origem, aí a gente vai iniciar essa busca para um processo de adoção", reforçou.
Neste mês de maio, segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, havia cerca de 500 famílias pretendentes para adoção no estado.
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Uma das sedes do Programa Aldeias Infantis SOS Brasil, em Caicó, no Rio Grande do Norte
Divulgação
'Amor pelos meus filhos fala sempre mais alto'
Yuri Sacramento, de 30 anos, já tinha um filho adotivo, Deivid Sacramento, quando entrou com um processo de adoção de outro filho em meio à pandemia da Covid-19.
Morador de Salvador, onde realizou o processo, ele recebeu, em 2023, o contato do fórum da Comarca de Caicó, no interior do Rio Grande do Norte, informando sobre uma criança disponível no perfil que lhe atendia.
O processo era para adoção de Pablo, na época com 11 anos de idade. Os primeiros contatos foram por videochamadas. "Após longas semanas de aproximação por videochamada, foi aí que o juiz autorizou a minha aproximação presencial com ele", contou.
Yuri passou, em outubro de 2023, uma semana com Pablo, mas não pôde levá-lo porque a criança estava ainda em período escolar. Em dezembro daquele ano, adoção foi concluída definitivamente.
Para Yuri, "no Brasil a maioria dos pretendentes à adoção a preferência deles geralmente são crianças menores e isso acaba dificultando mais ainda para aqueles adolescentes que já têm uma idade superior ao que a maioria deseja".
Ele acredita que crianças com idade superior" vêm com uma história de sofrimento maior, vêm com alguns desafios.
"A maioria das pessoas tem muito medo de adotar uma criança maior devido a essas questões", apontou.
Yuri Sacramento e o filho Pablo
Cedida
"Cheguei sim a pensar sobre isso e cheguei a uma conclusão que todos eles têm que ter o direito de ter a oportunidade de ter uma família substituta. E foi isso que me fez optar por uma idade mais avançada, justamente para dar oportunidade para aqueles que de fato não acreditavam mais em ter uma família substituta".
Após receber a guarda provisória, Yuri contou que Pablo ainda mostrava esperança de retornar à família de origem.
"Eu conversei com ele, eu expliquei o quanto ele era importante pra mim, e que, embora a família biológica o tenha rejetado, que aqui ele vai ter uma família que vai dar muito amor, muito carinho", contou.
"Isso reacendeu novamente aquela esperança dele de que, de fato, pode ser amado por uma outra família. E hoje ele está muito mais entrosado com o seio familiar, ele interage, ele sai com os primos".
Pablo, que é pai solo, já tinha adotado outra criança, o Deivid Sacramento, que saiu de Guarapuava (PR) para Salvador. Ele acha que isso pode ter fortalecido a relação familiar.
"A vinculação dos dois foi muito positiva, até hoje os dois são bem unidos, embora sendo irmãos não biológicos, mas em papel. Eles são bem unidos, e isso fortalece mais ainda que, de fato, a vinculação se constrói com amor", contou Yuri.
"A adoção para mim, foi uma mistura de realização e amor ao mesmo tempo. E trazendo um pouco para a adoção tardia, foi também um sentimento de empatia, ter bastante paciência e muito amor. Assim, a nossa vinculação ocorreu de forma gradativa, dias de altos e baixos, mas, o amor pelos meus filhos fala sempre mais alto".
No RN, 500 pessoas esperam na fila da adoção
'A melhor coisa que me aconteceu'
Margarida Maria dos Santos trabalhava na casa lar do programa Aldeias Infantis SOS Brasil em Natal quando conheceu o filho Leonardo Jordan dos Santos.
"Ele foi transferido para casa 3 [do programa], que era a casa que eu trabalhava, e logo que ele chegou na casa eu senti que ele era meu filho", contou Margarida Maria dos Santos.
"Continuei cuidando dele igualmente aos outros acolhidos. Quando surgiu a oportunidade para eu retornar para o programa em Caicó, aí então fui até a Vara da Infância e entrei com o pedido da guarda dele".
O processo de adoção foi rápido, segundo a mãe, e ocorreu em 2016, quando Leonardo tinha 14 anos. A idade dele, no entanto, nunca a preocupou em nada.
"Eu nunca vi que isso fosse uma dificuldade pra mim, até porque eu sempre me identifiquei muito com jovens e adolescentes. Aí um motivo que fez aumentar ainda mais a vontade de adotar o Leo, além do amor que eu sentia por ele", contou.
Leonardo Jordan e a mãe Margarida Santos
Cedida
Margarida, que na época da adoção tinha 55 anos, conta que não tinha filhos até a chegada de Leonardo Jordan e que a união dos dois fortaleceu a relação rapidamente.
"A nossa relação após a adoção só cresceu, nos fortaleceu e a cada dia fomos confiando um no outro, caminhando juntos, até porque éramos só nós dois", relatou.
"Eu digo que a adoção pra mim foi meu porto seguro, ou seja, foi a melhor coisa que me aconteceu, pois como eu morava sozinha antes dele, quando eu chegava em casa, na minha folga, eu tinha ele pra conversar, pra desabafar e então isso me fez muito bem".
Hoje Leonardo Jordan está com 23 anos trabalhando como motoentregador, casado e se prepara para ser pai de uma menina chamada Esther.
"Uma coisa que eu acho muito interessante é que sempre que eu chego em casa na minha folga ele logo pergunta como está a Aldeias, mesmo depois de oito anos", contou Margarida.
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Cedidas
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"Quando a gente recebe uma uma adolescente ou uma criança que já é mais velha, que não tem como haver esse fortalecimento de vínculos com a família de origem ou a família extensa, então a gente inicia esse trabalho para busca de pretendentes a adoção no perfil dessa criança", completou.
As crianças chegam à casa de acolhimento por decisão judicial. Segundo Naara Sena, a primeira intenção do programa é fazer com que a criança retome à família de origem.
"Não tendo esse retorno à família de origem, aí a gente vai iniciar essa busca para um processo de adoção", reforçou.
Neste mês de maio, segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, havia cerca de 500 famílias pretendentes para adoção no estado.
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O processo era para adoção de Pablo, na época com 11 anos de idade. Os primeiros contatos foram por videochamadas. "Após longas semanas de aproximação por videochamada, foi aí que o juiz autorizou a minha aproximação presencial com ele", contou.
Yuri passou, em outubro de 2023, uma semana com Pablo, mas não pôde levá-lo porque a criança estava ainda em período escolar. Em dezembro daquele ano, adoção foi concluída definitivamente.
Para Yuri, "no Brasil a maioria dos pretendentes à adoção a preferência deles geralmente são crianças menores e isso acaba dificultando mais ainda para aqueles adolescentes que já têm uma idade superior ao que a maioria deseja".
Ele acredita que crianças com idade superior" vêm com uma história de sofrimento maior, vêm com alguns desafios.
"A maioria das pessoas tem muito medo de adotar uma criança maior devido a essas questões", apontou.
Yuri Sacramento e o filho Pablo
Cedida
"Cheguei sim a pensar sobre isso e cheguei a uma conclusão que todos eles têm que ter o direito de ter a oportunidade de ter uma família substituta. E foi isso que me fez optar por uma idade mais avançada, justamente para dar oportunidade para aqueles que de fato não acreditavam mais em ter uma família substituta".
Após receber a guarda provisória, Yuri contou que Pablo ainda mostrava esperança de retornar à família de origem.
"Eu conversei com ele, eu expliquei o quanto ele era importante pra mim, e que, embora a família biológica o tenha rejetado, que aqui ele vai ter uma família que vai dar muito amor, muito carinho", contou.
"Isso reacendeu novamente aquela esperança dele de que, de fato, pode ser amado por uma outra família. E hoje ele está muito mais entrosado com o seio familiar, ele interage, ele sai com os primos".
Pablo, que é pai solo, já tinha adotado outra criança, o Deivid Sacramento, que saiu de Guarapuava (PR) para Salvador. Ele acha que isso pode ter fortalecido a relação familiar.
"A vinculação dos dois foi muito positiva, até hoje os dois são bem unidos, embora sendo irmãos não biológicos, mas em papel. Eles são bem unidos, e isso fortalece mais ainda que, de fato, a vinculação se constrói com amor", contou Yuri.
"A adoção para mim, foi uma mistura de realização e amor ao mesmo tempo. E trazendo um pouco para a adoção tardia, foi também um sentimento de empatia, ter bastante paciência e muito amor. Assim, a nossa vinculação ocorreu de forma gradativa, dias de altos e baixos, mas, o amor pelos meus filhos fala sempre mais alto".
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Margarida Maria dos Santos trabalhava na casa lar do programa Aldeias Infantis SOS Brasil em Natal quando conheceu o filho Leonardo Jordan dos Santos.
"Ele foi transferido para casa 3 [do programa], que era a casa que eu trabalhava, e logo que ele chegou na casa eu senti que ele era meu filho", contou Margarida Maria dos Santos.
"Continuei cuidando dele igualmente aos outros acolhidos. Quando surgiu a oportunidade para eu retornar para o programa em Caicó, aí então fui até a Vara da Infância e entrei com o pedido da guarda dele".
O processo de adoção foi rápido, segundo a mãe, e ocorreu em 2016, quando Leonardo tinha 14 anos. A idade dele, no entanto, nunca a preocupou em nada.
"Eu nunca vi que isso fosse uma dificuldade pra mim, até porque eu sempre me identifiquei muito com jovens e adolescentes. Aí um motivo que fez aumentar ainda mais a vontade de adotar o Leo, além do amor que eu sentia por ele", contou.
Leonardo Jordan e a mãe Margarida Santos
Cedida
Margarida, que na época da adoção tinha 55 anos, conta que não tinha filhos até a chegada de Leonardo Jordan e que a união dos dois fortaleceu a relação rapidamente.
"A nossa relação após a adoção só cresceu, nos fortaleceu e a cada dia fomos confiando um no outro, caminhando juntos, até porque éramos só nós dois", relatou.
"Eu digo que a adoção pra mim foi meu porto seguro, ou seja, foi a melhor coisa que me aconteceu, pois como eu morava sozinha antes dele, quando eu chegava em casa, na minha folga, eu tinha ele pra conversar, pra desabafar e então isso me fez muito bem".
Hoje Leonardo Jordan está com 23 anos trabalhando como motoentregador, casado e se prepara para ser pai de uma menina chamada Esther.
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