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Inspirada pelo Terra da Gente, botânica transforma paixão pela natureza em missão educativa

Inspirada pelo Terra da Gente, botânica transforma paixão pela natureza em missão educativa
Com olhar atento ao Cerrado, Carol Ferreira aposta na popularização do saber como caminho para a preservação. A paixão de Carol Ferreira pela natureza se transformou em profissão: ela se formou em biologia e tem doutorado em botânica
Carol Ferreira
Desde pequena, Carol Ferreira já dava sinais de que a natureza guiaria seu caminho. Ainda criança, ela se encantava com as plantas no quintal da avó e passava horas analisando raízes, plantando árvores frutíferas e descobrindo pequenas maravilhas no gramado.
“Na filmagem do meu aniversário de cinco anos eu paro de brincar com meus primos e amigos para sair correndo e mostrar uma pinha que havia encontrado, como se aquilo fosse a coisa mais espetacular do mundo”, lembra.
A paixão se transformou em profissão: Carol se formou em biologia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), fez mestrado na mesma área e doutorado em botânica na USP de Ribeirão Preto. Mas sua trajetória vai além da sala de aula e dos laboratórios.
Udu-de-coroa-azul (Momotus momota)
Carol Ferreira
Entre as primeiras inspirações de Carol, está o programa Terra da Gente, da EPTV. Ainda criança, ela folheava as páginas da revista do programa com os pais. As crônicas do jornalista e apresentador Ciro Porto e as reportagens acessíveis ajudaram a moldar a forma como ela se comunica com o público hoje.
“As reportagens e crônicas do Ciro me inspiraram tanto com a profissão como também com essa maneira de se falar sobre o mundo das plantas e dos animais de forma compreensível e acessível”.
Hoje, anos depois, Carol colabora com o Terra da Gente com a mesma paixão que a fez se encantar pelo programa no passado – desta vez, como fonte especializada em matérias voltadas à flora, especialmente as espécies do Cerrado.
Da botânica à fotografia de aves
A transição das plantas para as aves veio naturalmente. Durante o mestrado, Carol estudava plantas polinizadas por beija-flores – e foi justamente ali, no Cerrado, que ela começou a se encantar com o mundo alado.
Durante o mestrado, Carol estudava plantas polinizadas por beija-flores – e foi justamente ali, no Cerrado, que ela começou a se encantar com o mundo alado
Carol Ferreira
“Lembro da emoção que senti a primeira vez que vi um beija-flor bico-reto-de-banda-branca visitando uma flor de cana-de-macaco, também chamada de cana-do-brejo. As cores dele ‘acesas’ pelo sol me impactaram de uma maneira que até hoje fico emocionada quando o fotografo”.
A fotografia, inicialmente voltada para insetos, passou a registrar também a vida das aves que ela observava nas viagens de campo. Sua primeira câmera veio de uma viagem aos Estados Unidos, onde fotografou um cardeal-do-norte (Cardinalis cardinalis). Desde então, sua lente nunca mais parou.
Durante viagem para os Estados Unidos, Carol registrou o cardeal-do-norte (Cardinalis cardinalis), espécie encontrada na América do Norte
Carol Ferreira
Um novo começo em Goiás
Em 2019, Carol se mudou para Rio Verde, em Goiás, acompanhando o noivo. A mudança coincidiu com um momento desafiador: a pandemia. Durante o isolamento, retomou a escrita do doutorado, começou a trabalhar em uma escola de idiomas, mas não se afastou da biologia.
Foi um martim-pescador que, em 2019, a fez resgatar a câmera que estava guardada há anos
Carol Ferreira
Foi um martim-pescador que, em 2019, a fez resgatar a câmera que estava guardada há anos. “Ali começaram os registros das araras-canindés, dos pica-paus e de tantas aves incríveis do campus do Instituto Federal Goiano”.
A observação de aves se intensificou, assim como o envolvimento com ações de divulgação científica. Carol passou a participar de projetos, palestras e eventos, como o Avistar, com o desejo de levar o conhecimento para além da universidade.
As araras-canindés são os destaques do campus do Instituto Federal Goiano
Carol Ferreira
Um projeto para o futuro
Inspirada pelo impacto da educação ambiental, Carol já tem um novo plano: fazer um mestrado em Educação, com foco em divulgação científica nas escolas de Rio Verde.
“Ver as crianças com o olhar voltado para a natureza mostra que precisamos ir além dos muros da universidade. O conhecimento produzido nas pesquisas precisa chegar à população, desmistificar conceitos, romper barreiras e se transformar em algo acessível. É preciso que a ciência saia do papel e ganhe vida no cotidiano das pessoas”.
Carol flagrou um lobo-guará no Parque Nacional das Emas
Carol Ferreira
Para ela, despertar o interesse pela botânica é essencial para a conservação. E isso envolve combater o que chama de “impercepção botânica” – a dificuldade das pessoas em reconhecer a importância das plantas no cotidiano.
“As plantas não chamam tanto a atenção quanto uma onça ou uma ave colorida, mas são fundamentais. Produzem oxigênio, alimento, habitat. Por isso precisamos tirar um pouco o olhar das telas e voltar os olhos ao nosso redor”.
Carol registrou a araponga no Sítio Macuquinho, em Salesópolis
Carol Ferreira
Sonhos e descobertas
Entre as memórias mais marcantes da carreira, Carol destaca a descrição de uma nova espécie vegetal: Conchocarpus hendrixii, nome inspirado em Jimi Hendrix, por conta da coloração púrpura das flores – a única dentro do gênero.
Entre as memórias mais marcantes da carreira, Carol destaca a descrição de uma nova espécie vegetal: Conchocarpus hendrixii, nome inspirado em Jimi Hendrix, por conta da coloração púrpura das flores
Carol Ferreira
E ainda há sonhos a realizar. O maior deles: conhecer a Amazônia. “Fico encantada com as aves que ocorrem por lá, sem contar com as plantas. É um desejo que ainda pretendo realizar”.
Enquanto isso, ela segue atrás de um clique especial: a maria-leque-do-sudeste e o beija-flor gravatinha. E como tudo em sua vida, a busca é feita com delicadeza, paciência e profundo respeito por cada forma de vida que encontra pelo caminho.
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