'Efeito colateral horrível', diz Tarcísio sobre despejo de esgoto sem tratamento no Rio Tietê

Sabesp informou que interrompeu ação adotada para esvaziar a tubulação rompida na Marginal Tietê. Governador afirmou que medida garantiu segurança a trabalhadores. Governador de SP diz que despejo de esgoto no Rio Tietê tem 'efeito colateral horrível'
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse neste sábado (28) que o despejo de esgoto sem tratamento no Rio Tietê tem "efeito colateral terrível", mas foi importante para garantir a segurança de trabalhadores que atuam no reparo de uma tubulação rompida na Marginal Tietê.
"Foi uma manobra para garantir a segurança dos trabalhadores que estão lá, senão você podia ter uma consequência dramática. E é óbvio que é algo que precisa ser feito com a maior brevidade. É um efeito colateral horrível, mas que está se procurando resolver para dar segurança para os trabalhadores", afirmou o governador, em visita a Americana neste sábado.
A Sabesp informou interrompeu, também neste sábado, o lançamento de esgoto no manancial. A ação estava sendo adotada como forma de esvaziar a tubulação rompida. "Você tem uma obra que está sendo feita a 18 metros, uma obra em um lugar super instável, que tem problema geotérmico, que você precisa resolver de forma definitiva", completou Tarcísio.
A TV Globo flagrou, na sexta, um líquido escuro com forte odor saindo continuamente de tubulações ligadas a bombas de grande porte.
O despejo ocorria entre as pistas local e central da Marginal Tietê, no sentido Castelo Branco, em frente à Avenida Engenheiro Caetano Álvares."
Ainda na sexta, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) notificou a Sabesp e deu prazo de 72 horas para a companhia de saneamento apresentar alternativas ao despejo de esgoto no rio.
Tubulação da Sabesp.
Reprodução/ TV Globo
Segundo o engenheiro Amauri Pollachi, que trabalhou por 30 anos na Sabesp, o volume despejado equivale a cerca de 216 milhões de litros por dia, o que equivale a 86 piscinas olímpicas.
“A cratera surgiu a partir do colapso de uma tubulação de grande porte, que é um interceptor, ele que recebe todos os esgotos da região Norte de São Paulo", afirma o engenheiro.
Quais são os impactos?
O educador e mobilizador da SOS Mata Atlântica, Cesar Pegoraro, explica que a rede de esgoto é frágil e "um acidente como esse bota a perder anos de luta e de conquista por um rio mais limpo e saudável".
"A gente entende que foi um acidente, uma operação, contudo há uma perda bastante expressiva em todo um trabalho feito em prol da despoluição do Rio Tietê que já tem mais de três décadas", afirma Pegoraro.
Até o momento, não há informações sobre o impacto do lançamento de esgoto no rio. A Cetesb vai fazer uma nova vistoria no local neste sábado.
O educador da SOS Mata Atlântica também explica que, além de provocar o mau cheiro, o lançamento de esgoto no rio aumenta a quantidade de matéria orgânica e, por consequência, o número de bactérias.
"A gente passa a ter uma ação das bactérias que vão fazer o consumo dessa matéria orgânica. Esse consumo vai gerar gás metano, ou seja, o rio vai perder a sua cor. Vai ficar escurecido, começar a fermentar, produzir gases e ficar com coloração ruim", descreve Pegoraro.
Sabesp afirma que interrompeu o lançamento de esgoto no Rio Tietê neste sábado.
Reprodução/TV Globo
Como começou o problema?
O problema começou há mais de um mês, quando uma tubulação de grande porte rompeu na Marginal Tietê, provocando o afundamento da pista em dois momentos.
O interceptor, com mais de três metros de diâmetro, carrega o esgoto de bairros da Zona Norte, como Vila Maria, Santana, Mandaqui, Tremembé, Freguesia do Ó e Brasilândia, e o leva até a estação de tratamento em Barueri.
Com o colapso da estrutura, o fluxo foi interrompido. A solução adotada pela Sabesp foi bombear os dejetos até o Córrego Mandaqui, que deságua a poucos metros no Rio Tietê — sem nenhum tipo de tratamento.
“É esgoto puro, que está sendo retirado da tubulação que rompeu. E é uma quantidade enorme: algo equivalente a 86 piscinas olímpicas por dia. Dá para ver claramente uma mancha entrando no rio. Isso pode ser caracterizado como crime ambiental”, alerta Pollachi.
O engenheiro explica que o despejo direto foi a solução encontrada para evitar o transbordamento. Para ele, no entanto, havia alternativas técnicas menos prejudiciais ao meio ambiente.
“Seria viável que a Sabesp fizesse uma tubulação em paralelo para eliminar essa que está colapsada e instalar uma nova tubulação”, disse.
Procurada, a Sabesp confirmou que está direcionando o esgoto para outras estruturas como forma de esvaziar a tubulação danificada.
"A Sabesp esclarece que, para realizar o diagnóstico e reparo da rede subterrânea na Marginal Tietê, profissionais precisarão entrar na tubulação. Para que isso seja feito com total segurança, foi preciso direcionar o fluxo de esgoto para outras estruturas, a fim de esvaziar a tubulação naquele trecho. Essa é a única alternativa técnica viável para a execução das obras no local", afirmou a companhia.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) diz que não foi avisada sobre o despejo de resíduos e foi informada somente que a Sabesp faria obras emergenciais no interceptor. Durante uma vistoria realizada nesta sexta-feira (27), a Cetesb identificou o lançamento de esgoto na região e declarou que irá notificar a Sabesp.
Cratera aberta há um mês
Alça de acesso temporária é aberta na Marginal Tietê próximo a local da cratera
A cratera reaberta na Marginal Tietê completou um mês no dia 11 de junho. O buraco foi aberto inicialmente em 10 de abril na pista central, na altura da Ponte Atílio Fontana, sentido Rodovia Castelo Branco, levando à interdição da via.
Em abril, a Sabesp descobriu que havia uma infiltração na caixa de acesso, uma estrutura que permite o acesso a tubulações e, consequentemente, facilita a manutenção e a limpeza da rede de esgoto. O problema teria sido causado por um sobrecarga no sistema.
Na época, a CET bloqueou o trecho por cinco dias para que a Sabesp reparasse o dano. A empresa concluiu o primeiro reparo e o trânsito foi liberado no dia 14 de maio.
No dia 11 de maio, porém, a cratera surgiu novamente no mesmo lugar pela mesma razão. Em nova vistoria, a Sabesp entendeu que o problema era mais complexo e que teria que refazer a caixa de acesso.
A Sabesp afirmou haver instabilidade no solo, o que classificou como risco para funcionários e para quem passa pelo local, além da possibilidade de existirem outros afundamentos do local.
Para contornar o problema, a empresa utilizou concreto para segurar o solo — o equivale a 20 caminhões betoneiras. A quantidade vai mais do que dobrar nos próximos dias, segundo a Sabesp.
Só depois disso que os funcionários vão conseguir descer os cerca de 18 metros em segurança para realizar a troca da caixa de acesso. Não há prazo para a entrega do reparo.
Cratera reabre na Marginal Tietê
Arte/g1
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse neste sábado (28) que o despejo de esgoto sem tratamento no Rio Tietê tem "efeito colateral terrível", mas foi importante para garantir a segurança de trabalhadores que atuam no reparo de uma tubulação rompida na Marginal Tietê.
"Foi uma manobra para garantir a segurança dos trabalhadores que estão lá, senão você podia ter uma consequência dramática. E é óbvio que é algo que precisa ser feito com a maior brevidade. É um efeito colateral horrível, mas que está se procurando resolver para dar segurança para os trabalhadores", afirmou o governador, em visita a Americana neste sábado.
A Sabesp informou interrompeu, também neste sábado, o lançamento de esgoto no manancial. A ação estava sendo adotada como forma de esvaziar a tubulação rompida. "Você tem uma obra que está sendo feita a 18 metros, uma obra em um lugar super instável, que tem problema geotérmico, que você precisa resolver de forma definitiva", completou Tarcísio.
A TV Globo flagrou, na sexta, um líquido escuro com forte odor saindo continuamente de tubulações ligadas a bombas de grande porte.
O despejo ocorria entre as pistas local e central da Marginal Tietê, no sentido Castelo Branco, em frente à Avenida Engenheiro Caetano Álvares."
Ainda na sexta, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) notificou a Sabesp e deu prazo de 72 horas para a companhia de saneamento apresentar alternativas ao despejo de esgoto no rio.
Tubulação da Sabesp.
Reprodução/ TV Globo
Segundo o engenheiro Amauri Pollachi, que trabalhou por 30 anos na Sabesp, o volume despejado equivale a cerca de 216 milhões de litros por dia, o que equivale a 86 piscinas olímpicas.
“A cratera surgiu a partir do colapso de uma tubulação de grande porte, que é um interceptor, ele que recebe todos os esgotos da região Norte de São Paulo", afirma o engenheiro.
Quais são os impactos?
O educador e mobilizador da SOS Mata Atlântica, Cesar Pegoraro, explica que a rede de esgoto é frágil e "um acidente como esse bota a perder anos de luta e de conquista por um rio mais limpo e saudável".
"A gente entende que foi um acidente, uma operação, contudo há uma perda bastante expressiva em todo um trabalho feito em prol da despoluição do Rio Tietê que já tem mais de três décadas", afirma Pegoraro.
Até o momento, não há informações sobre o impacto do lançamento de esgoto no rio. A Cetesb vai fazer uma nova vistoria no local neste sábado.
O educador da SOS Mata Atlântica também explica que, além de provocar o mau cheiro, o lançamento de esgoto no rio aumenta a quantidade de matéria orgânica e, por consequência, o número de bactérias.
"A gente passa a ter uma ação das bactérias que vão fazer o consumo dessa matéria orgânica. Esse consumo vai gerar gás metano, ou seja, o rio vai perder a sua cor. Vai ficar escurecido, começar a fermentar, produzir gases e ficar com coloração ruim", descreve Pegoraro.
Sabesp afirma que interrompeu o lançamento de esgoto no Rio Tietê neste sábado.
Reprodução/TV Globo
Como começou o problema?
O problema começou há mais de um mês, quando uma tubulação de grande porte rompeu na Marginal Tietê, provocando o afundamento da pista em dois momentos.
O interceptor, com mais de três metros de diâmetro, carrega o esgoto de bairros da Zona Norte, como Vila Maria, Santana, Mandaqui, Tremembé, Freguesia do Ó e Brasilândia, e o leva até a estação de tratamento em Barueri.
Com o colapso da estrutura, o fluxo foi interrompido. A solução adotada pela Sabesp foi bombear os dejetos até o Córrego Mandaqui, que deságua a poucos metros no Rio Tietê — sem nenhum tipo de tratamento.
“É esgoto puro, que está sendo retirado da tubulação que rompeu. E é uma quantidade enorme: algo equivalente a 86 piscinas olímpicas por dia. Dá para ver claramente uma mancha entrando no rio. Isso pode ser caracterizado como crime ambiental”, alerta Pollachi.
O engenheiro explica que o despejo direto foi a solução encontrada para evitar o transbordamento. Para ele, no entanto, havia alternativas técnicas menos prejudiciais ao meio ambiente.
“Seria viável que a Sabesp fizesse uma tubulação em paralelo para eliminar essa que está colapsada e instalar uma nova tubulação”, disse.
Procurada, a Sabesp confirmou que está direcionando o esgoto para outras estruturas como forma de esvaziar a tubulação danificada.
"A Sabesp esclarece que, para realizar o diagnóstico e reparo da rede subterrânea na Marginal Tietê, profissionais precisarão entrar na tubulação. Para que isso seja feito com total segurança, foi preciso direcionar o fluxo de esgoto para outras estruturas, a fim de esvaziar a tubulação naquele trecho. Essa é a única alternativa técnica viável para a execução das obras no local", afirmou a companhia.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) diz que não foi avisada sobre o despejo de resíduos e foi informada somente que a Sabesp faria obras emergenciais no interceptor. Durante uma vistoria realizada nesta sexta-feira (27), a Cetesb identificou o lançamento de esgoto na região e declarou que irá notificar a Sabesp.
Cratera aberta há um mês
Alça de acesso temporária é aberta na Marginal Tietê próximo a local da cratera
A cratera reaberta na Marginal Tietê completou um mês no dia 11 de junho. O buraco foi aberto inicialmente em 10 de abril na pista central, na altura da Ponte Atílio Fontana, sentido Rodovia Castelo Branco, levando à interdição da via.
Em abril, a Sabesp descobriu que havia uma infiltração na caixa de acesso, uma estrutura que permite o acesso a tubulações e, consequentemente, facilita a manutenção e a limpeza da rede de esgoto. O problema teria sido causado por um sobrecarga no sistema.
Na época, a CET bloqueou o trecho por cinco dias para que a Sabesp reparasse o dano. A empresa concluiu o primeiro reparo e o trânsito foi liberado no dia 14 de maio.
No dia 11 de maio, porém, a cratera surgiu novamente no mesmo lugar pela mesma razão. Em nova vistoria, a Sabesp entendeu que o problema era mais complexo e que teria que refazer a caixa de acesso.
A Sabesp afirmou haver instabilidade no solo, o que classificou como risco para funcionários e para quem passa pelo local, além da possibilidade de existirem outros afundamentos do local.
Para contornar o problema, a empresa utilizou concreto para segurar o solo — o equivale a 20 caminhões betoneiras. A quantidade vai mais do que dobrar nos próximos dias, segundo a Sabesp.
Só depois disso que os funcionários vão conseguir descer os cerca de 18 metros em segurança para realizar a troca da caixa de acesso. Não há prazo para a entrega do reparo.
Cratera reabre na Marginal Tietê
Arte/g1
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