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Quem era autor de livro 'picante' que inspirou série sensação de 2001 e nome artístico de Anitta

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Quem era autor de livro 'picante' que inspirou série sensação de 2001 e nome artístico de Anitta
Mário Donato completaria 110 anos nesta terça-feira (29). Escritor campineiro foi retaliado pelas frentes conservadoras, que chegaram a pedir excomunhão. Uma das fotos que Lorena de Rio Preto (SP) fez da Anitta durante um evento
Lorena Braguini/Arquivo pessoal
Você sabia que o nome de batismo da Anitta é Larissa Macedo? Para escolher o nome, a cantora carioca de 32 anos se inspirou na personagem homônima criada por Mário Donato, escritor e jornalista nascido em Campinas (SP) que completaria 110 anos nesta terça-feira (29).
O romance “Presença de Anita” foi a primeira publicação do autor e chegou às livrarias brasileiras em 1948, há 77 anos. Entretanto, ganhou o coração do público (e da artista) com a adaptação de Manoel Carlos, uma minissérie de 16 episódios exibida pela TV Globo e protagonizada pela atriz Mel Lisboa.
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Bruno Verneck, pesquisador de literatura erótica latino-americana do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo (USP), explicou ao g1 que o texto de Mário Donato chocou as frentes mais conservadoras do fim da década de 1940, assim como a cantora e a minissérie fizeram posteriormente.
Como tudo que é censurável, a história ganhou espaço nas estantes dos jovens e curiosos. O livro teve dez edições logo nas três primeiras décadas em circulação e foi traduzido para a língua inglesa, fazendo com que a Anita de Donato ficasse cada vez mais presente no imaginário brasileiro.
Mel Lisboa e José Mayer em Presença de Anita, 2001
Reprodução/Cristiana Isidoro/Globo
Quem é a Anita?
No romance de Mário Donato, Anita é uma protagonista provocadora e com uma “potência erótica”, e vive uma paixão fulminante com homem de meia-idade. O texto de 1948 também apresenta Eduardo, um homem infeliz e com problemas conjugais, que para além da diferença de idade, é oposto à personagem feminina.
"Eduardo, que é uma pessoa muito negativa e muito introvertida, vai com a Anita conceber um plano: eles decidem se suicidar para viver juntos para sempre. Anita aceita justamente pela característica oposta, porque ela é muito impulsiva e muito apaixonada. Aquela ideia de amor muito intenso. Nesse momento a Anita morre, mas o Eduardo sobrevive", explica o pesquisador.
Após sobreviver, Anita se torna uma “espécie de fantasma sexual”. A lembrança (e presença) da jovem atormenta Eduardo até quando ele se apaixona por outra jovem, e mesmo assim, tudo remete à sua obsessão. “Anita corresponde a ideia dessas mulheres que ficam orbitando na cabeça desses homens e tudo que eles conseguem ver é só aquilo que se parece com ela”, diz Bruno.
Bombástico e proibido
Apesar de ter se tornado um sucesso em 2001, a obra não agradou todos os públicos em 1948. Segundo o acervo da Academia Paulista de Letras (APL), o texto do campineiro foi classificado como um “romance maldito” e provocou a ira de senhoras da terra natal, que chegaram a pagar seções livres em jornais para criticá-lo.
Ainda conforme a instituição, Donato deixou de ser conhecido como um “jornalista de talento”, e passou a ter a fama de escritor terrível e um imoral, “um atrevido que feria a família, a religião, a tradição”.
Um pároco de Itapeva (SP) chegou até a escrever um artigo pedindo a excomunhão do autor, penalidade no catolicismo que consiste na exclusão de um fiel da comunhão, dos ritos e sacramentos da Igreja.
De acordo com Verneck, o romance tinha uma carga muito explosiva para a época e foi rechaçado pela comunidade conservadora. Mesmo assim, “os livros que não deveriam ser lidos são justamente os que terminam sendo lidos, mesmo de forma escondida”.
Dá para dizer que houve uma certa censura social por um lado, mas a obra foi muito lida. Em alguns momentos ela chegou até a ser recolhida. [...] Por mais que teve essa censura social, essa reserva de setores mais conservadores, o livro teve um impacto muito imediato.
Mel Lisboa e José Mayer em Presença de Anita, 2001
Reprodução/Globo
Anita de 2001
Mel Lisboa em Presença de Anita, 2001
Reprodução/Roberto Steinberger/Globo
A mudança de Eduardo para Fernando não é a única diferença entre a adaptação de Manoel Carlos e a publicação de 1948. Apesar de terem a mesma essência, a Anita interpretada pela Mel Lisboa difere da escrita por Mário Donato.
Além das adaptações no roteiro, a protagonista ganhou (além de alguns anos a mais) uma personalidade mais dominante, combativa e provocadora.
A postura dela é muito ambígua e ela tem uma coisa de enfrentamento. A personagem que ficou no nosso imaginário não é uma vítima desse homem, mas ficou como uma mulher combativa e que, em primeiro lugar, é sempre fiel aos seus desejos. Isso não é comum em personagens femininas.
Enquanto no livro Anita é completamente apaixonada por Eduardo, na série “nunca fica parecendo que ela é exatamente apaixonada por esse homem, e parece que ela é apaixonada pela sensação que ele provoca”, explica.
Anitta de 2025
Ao receber homenagem inédita em premiação, Anitta repensa a vida e a carreira
No programa de televisão “Tamanho Família”, apresentado por Márcio Garcia e exibido pela Rede Globo entre 2016 e 2019, a artista revelou que seu irmão gravava os episódios da minissérie em uma fita cassete e ela, ainda criança, acompanhava a história também.
A personalidade da Anita interpretada por Mel Lisboa inspirou Larissa Machado a escolher o seu nome para ingressar na carreira musical. Agora com dois “Ts”, Anitta atravessaria oceanos e seria dito com diferentes sotaques de fãs, apresentadores de televisão, jornalistas e premiações.
Apesar das diferentes épocas e contextos, Bruno percebe semelhanças entre a funkeira e a personagem que vão além da construção heroica.
"É uma mulher que fala em nome próprio. É uma mulher que fala em primeira pessoa. É uma mulher que provoca, porque ela quer afirmar tudo aquilo que ela é e tudo aquilo que ela gosta. Uma mulher que não transita com os próprios sentimentos. Ela não é apenas vítima, ela sai dessa posição de vulnerabilidade e constrói esse lugar de uma mulher que é combativa, uma mulher que toma a vida com as próprias mãos", finaliza.
Anitta no Carnatal 2024
Alexandre Lago
*Estagiária sob supervisão de Gabriella Ramos.
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