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Peixes são diagnosticados com anemia devido a poluição no maior rio de Fortaleza

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Peixes são diagnosticados com anemia devido a poluição no maior rio de Fortaleza
O quadro anêmico pode afetar o metabolismo e a reprodução dos peixes, o que por sua vez pode ameaçar a continuidade da espécie e a biodiversidade do rio Cocó. Rio Cocó atravessa Fortaleza
Fernando Travessoni/Diário do Nordeste
A quantidade de poluentes despejados nas águas do rio Cocó, o principal rio de Fortaleza, tem afetado o ecossistema aquático e causado até anemia nos animais que vivem lá. Conforme pesquisa do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), cerca de 75% dos peixes analisados, de quatro espécies diferentes, estão anêmicos.
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O quadro anêmico pode afetar o metabolismo e a reprodução dos peixes,, o que por sua vez pode ameaçar a continuidade da espécie e a biodiversidade do rio. Embora a anemia possa ser provocada por outros fatores, como presença de parasitas, a grande presença presença de poluentes orgânicos é apontada pelos pesquisadores como um fator preponderante para desenvolver o problema.
O rio Cocó nasce na serra de Pacatuba, município da região metropolitana, e percorre mais de 50 quilômetros, atravessando a cidades de Maracanaú e Itaitinga antes de chegar à capital cearense, onde encontra no mar na região da praia da Sabiaguaba. O rio é a casa de várias espécies de crustáceos, peixes, moluscos e aves.
O organismo dos peixes está diretamente associado ao habitat em que eles vivem, e pode ser afetado pela contaminação das águas. Como o sangue tem o papel de transportar substâncias dentro do organismo - de água a nutrientes -, a presença de poluentes no sangue do peixe é um indicativo de que o ambiente ao seu redor está com níveis elevados de poluentes.
As substâncias encontradas no rio são consideradas poluentes orgânicos persistentes, isto é, que têm longa vida tanto na natureza quanto no organismo dos seres que as absorvem. Entre os identificados no Cocó, as mais comuns são pesticidas, herbicidas e inseticidas, usados para jardinagem, agricultura ou mesmo para saúde animal.
Um dos fatores que contribuem para o volume de poluentes despejados no rio é o baixo percentual de esgotamento sanitário nas cidades pelas quais o Cocó passa. Em Fortaleza a rede de esgoto alcança cerca de 70% da população, mas os números são bem menores em Itaitinga (48%) e Maracanaú (52%), conforme o IBGE. Em Pacatuba, onde está a nascente do rio, o índice é de 61%.
Contaminação das águas afeta vida aquática do rio Cocó, em Fortaleza
TV Verdes Mares
"O lixo, ele é repleto de substâncias sintéticas, porque esses produtos para atender as nossas necessidades são feitos de produtos de substâncias sintéticas. Então, se isso vai parar no rio, está lá isso disponível para os peixes", explica o professor Rivelino Cavalcante, um dos responsáveis pela pesquisa do Labomar.
"Se você chegar em uma farmácia, se você estiver com sarna, se você chegar em uma farmácia, ele vai te passar um sabonete. Esse sabonete, ele vai ter um agrotóxico lá. Para quê? Para matar essa sarna. É o quê? Piretroide. Piretroide é um agrotóxico [inseticida]", detalha o professor. "A malationa [inseticida], ela é usada no fumacê. É jogada no meio ambiente. Chove, arrasta para onde? Para o rio"
A pesquisa do Labomar analisou a presença de 59 tipos de agentes poluentes, e detectou a presença de 48 deles nos organismos de peixes, sobretudo na região do fígado e das brânquias - o órgão através do qual eles respiram.
A presença de substâncias contaminantes na água pode provocar uma série de reações nos animais da fauna aquática, inclusive o estresse psicológico e alterações sanguíneas. Nestes casos, a anemia é um das consequências mais comuns entre organismos expostos aos poluentes.
Na pesquisa do Labomar, foram analisados peixes das seguintes espécies:
Oligoplites saurus, apresentou anemia moderada
Eugerres brasilianus, apresentou anemia severa
Centropomus parallelus, apresentou anemia moderada
Mugil Curema, apresentou resultados normais
Dos exemplares de peixe recolhidos, 75% tinham algum grau de anemia, de moderada a severa, com os animais da espécie Eugerres brasilianus apresentando o quadro mais crítico.
Em nota, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) destacou que o rio Cocó corta todo o território de Fortaleza, a quarta maior cidade do País, o que o torno mais suscetível à poluição por ação humana.
A secretaria também apontou que, de janeiro a abril deste ano, equipes retiraram 4,5 toneladas de resíduos do rio - sem contar sofás, colchões, móveis em geral e outros utensílios despejados pela população. (Veja o posicionamento completo abaixo)
Pesquisa aponta que 75% das espécies analisadas no Rio Cocó têm anemia
Despejo de resíduos e 'praga' vegetal
A TV Verdes Mares estava em um dos pontos mais emblemáticos do rio Cocó em Fortaleza, na avenida Washington Soares, uma das mais movimentadas da capital. A partir da ponte que separa a pista das águas, foi possível ver a superfície da água tomada pela Eichornia Crassipes, conhecida como aguapé.
A planta é considerada por muitos como uma praga e normalmente se alastra em leitos de água doce, como o rio Cocó. Sua presença é um indicativo de poluição da área, uma vez que ela sobrevive dos resíduos orgânicos que consome vindos do esgoto e lixo. Quanto mais lixo, mais aguapé.
Conforme o professor Michael Barbosa Viana, do Labomar/UFC, o rio Cocó recebe despejos de diversas fontes poluidoras, como esgoto doméstico tratado ou não, esgoto industrial, resíduos arrastados pelas chuvas, entre outros.
"A gente tem despejo ali de matéria orgânica, nitrogênio, fósforo, compostos orgânicos persistentes, agrotóxicos, microplásticos, muitos resíduos sólidos, e isso acaba prejudicando a qualidade da água, naturalmente causando prejuízos ao ecossistema aquático e também na desembocadura do rio Cocó. Toda essa carga poluidora acaba chegando até nossas praias e ao Oceano Atlântico", detalhe Michael Barbosa.
Trecho do rio Cocó tomado por aguapés, vegetação que costuma florescer em áreas com lixo
TV Verdes Mares
Conforme a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), responsável pelo monitoramento do rio Cocó, a qualidade da água no local vai de boa a ruim, a depender de onde ocorre a análise. Atualmente, o órgão possui 10 pontos de monitoramento no rio.
Conforme o gestor ambiental Lincoln Davi, funcionário da Semace, a qualidade da água do rio Cocó é muito boa na nascente, em Pacatuba, mas vai piorando conforme se aproxima e atravessa Fortaleza.
"Durante o percurso do rio essa qualidade vai diminuindo, muito em função da quantidade de lixo, de esgoto, que é lançado no rio Cocó, fazendo com que a gente tenha essa quantidade de fósforo, de nitrogênio, que são observados nos laudos da Semace", detalha.
Para os especialistas, o primeiro passo para a melhoria da qualidade da água do rio Cocó é a gestão dos resíduos. "Não tem para onde correr. É investir no gerenciamento de resíduos sólidos e resíduos líquidos", diz o professor Rivelino Cavalcante.
A coordenadora do projeto Recupera Cocó, Anna Abrahão, destaca a importância do esgotamento sanitário para proteger o rio e reduzir o despejo de resíduos.
"O mais importante é a gente trabalhar, na cidade de Fortaleza e na zona metropolitana, o tratamento do esgoto da cidade. Além disso, é muito importante que sejam construídas ou que sejam plantadas áreas verdes em volta do rio justamente para que essa faixa consiga filtrar a água que chega no rio", afirma a ecologista.
Cocó, em Fortaleza, é um dos maiores rios urbanos da América Latina
Nilton Alves/TVM
O que diz a Secretaria de Meio Ambiente
Procurada, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) afirmou que os resultados da pesquisa do Labomar são de interesse da pasta e destacou que o rio Cocó corta todo o município de Fortaleza, a quarta maior cidade do Brasil, o que o torna mais vulnerável a poluentes vindos da ação humana.
A secretaria apontou que, em 2022 o Governo do Estado assinou ordem de serviço para obras de esgotamento sanitário em dez bairros de Fortaleza, no valor de R$ 255 milhões, e que essas obras iriam aumentar em 12% a cobertura sanitária na bacia do rio Cocó.
A pasta também disse que, semanalmente, uma equipe responsável pela navegação no Cocó faz limpeza do leito do rio e que, somente de janeiro a abril deste ano, foram retiradas 4,5 toneladas de resíduos - sem contar sofás, colchões, móveis em geral e outros utensílios despejados pela população no rio.
Confira a nota na íntegra:
O constatado na pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência do Mar (Labomar/UFC) é um um assunto de interesse da SEMA. A situação de poluição, não apenas do Cocó, mas de todo e qualquer recurso hídrico, precisa de intervenções não só do Poder Público, mas da participação da população também. Principalmente, no caso do Cocó que corta todo o município de Fortaleza, a quarta maior Capital do País, portanto, mais vulnerável aos poluentes antrópicos.
Trata-se de um recurso hídrico que está associado a toda uma biodiversidade única, no caso, o manguezal, ecossistema litorâneo que ocorre na transição entre a terra firme e o mar. Ademais, a poluição de um modo geral, inclusive, está associada a perda da biodiversidade, mortandade e peixes e etc.
A SEMA está sempre atenta às as ações de limpeza e de fiscalização para reduzir a presença de poluentes, um trabalho que exige tempo. Tem relação direta com o reordenamento da Cidade, com as ligações clandestinas de esgotos na rede pluvial e com educação ambiental. No período de chuvas a concentração de poluentes aumenta, impactando diretamente na biodiversidade .
Ainda em 2015 [ano da criação da Secretaria], em parceria com outros órgãos, foi realizado um trabalho de limpeza e dragagem do Rio Cocó , com o propósito de devolver as condições mínimas de navegabilidade. Na ocasião, foram retiradas toneladas de resíduos.
Em 2022 o Governo do Estado, por meio da Secretaria das Cidades, assinou ordem de serviço para ampliação do sistema de esgotamento sanitário de dez bairros de Fortaleza, um investimento de R$ 255 milhões, para a execução de uma Estação de Tratamento de Esgoto capaz de atender 172.291 pessoas nos bairros Itaperi, Serrinha, Dias Macedo, Boa Vista, Passaré, Parque Dois Irmãos, Mondubim, Dendê, Jardim Cearense e Maraponga, em uma área de abrangência de aproximadamente 1.670 hectares., contribuindo para elevar o percentual de cobertura de esgoto de Fortaleza em 3,51%. Com relação somente à Bacia do Rio Cocó esse incremento representa 12,16%.
Diariamente, a equipe responsável pela navegação no Cocó faz limpeza do leito do rio. De janeiro a abril de 2025, foram retiradas quatro (4) toneladas e meia de resíduos. Nessa contagem, não estão inclusos sofás, colchões, móveis em geral e outros utensílios despejados pela população, no leito do Cocó. Quando chove, a quantidade de resíduos aumenta.
A equipe da navegação instalou três barreiras de contenção: uma na Avenida Engenheiro Santana Júnior e duas na Avenida Sebastião de Abreu. São barreiras diferenciadas e mais resistentes, confeccionadas com cabos de nylon e isopor.
No contexto do Projeto RestauraCocó acontecem ações de educação ambiental com as comunidades do entorno do Parque. Dentre os objetivos, está a questão do combate à poluição.
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