Ex-prefeito denuncia e pede cassação de Rodrigo Manga na Câmara de Sorocaba

Situação ocorre após série de reportagem do g1 e da TV TEM sobre os desdobramentos da operação Copia e Cola. José Crespo, que foi cassado em 2019, apresentou documento nesta segunda-feira (30). Ex-prefeito pede na Câmara de Sorocaba investigação contra Rodrigo Manga (Republicanos)
Marcel Scinocca/g1
O ex-prefeito de Sorocaba (SP), José Crespo (sem partido), protocolou na Câmara dos Vereadores, nesta segunda-feira (30), um pedido de investigação contra o atual chefe do Executivo, Rodrigo Manga (Republicanos).
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O documento leva em consideração diversos casos envolvendo investigações em andamento contra a administração atual, mas tem foco nas revelações feitas nos últimos dias sobre os desdobramentos da operação Copia e Cola, da Polícia Federal, publicadas com exclusividade pelo g1 e pela TV TEM.
No documento, Crespo cita “uma série de ações criminosas e de responsabilidade cometidas pelo prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, cujas práticas ilícitas comprometem gravemente a administração pública e a confiança da população nas instituições”.
“Desde o início de sua gestão, Manga se envolveu em fraudes em contratos, desvios de recursos públicos e favorecimento de aliados políticos, resultando em diversas investigações”, afirma o documento.
Na sequência, ele lembra das denúncias enfrentadas pela atual gestão na Justiça, incluindo o caso dos kits de robóticas, que fizeram com que os bens do atual prefeito fossem bloqueados pela Justiça. Também cita outras investigações em que o prefeito de Sorocaba se tornou réu, como no contrato de cursos para servidores da prefeitura e no caso da compra de lousas digitais pela Secretaria de Educação, com suspeita de superfaturamento de aproximadamente R$ 11 milhões. O caso da compra de um prédio pela Secretaria de Educação, já com condenação em primeira instância, também é citado.
O pedido de investigação traz na íntegra os textos de todas as informações publicadas na semana passada pelo g1 e pela TV TEM sobre a operação Copia e Cola. São citadas as quatro reportagens. São elas:
Prefeito de Sorocaba usou ‘dinheiro vivo’ para comprar imóvel de luxo, diz PF; empresa da primeira-dama recebeu R$ 750 mil da igreja da irmã;
Representante de organização cobrou ‘parceria’ de secretário municipal antes de contrato de R$ 86 milhões com a Prefeitura de Sorocaba, diz PF;
PF diz que prefeito Rodrigo Manga negociou com entidade investigada por propina antes de ser eleito em Sorocaba;
Saques fracionados de R$ 1,2 milhão foram feitos de conta da Prefeitura de Sorocaba de forma suspeita, aponta PF.
Crespo também cita outras reportagens publicadas pelo g1 e pela TV TEM, como o uso de servidores para a realização de vídeos em seus perfis pessoais e o fato do material produzido pelo prefeito conter desinformação.
Ex-prefeito de Sorocaba (SP) usou informações da operação Copia e Cola, sobre supostos desvios da saúde, para pedir investigação contra Rodrigo Manga
Polícia Federal/Divulgação
O que acontece agora?
No documento, o próprio Crespo lembra que, pelo Regimento Interno da Câmara de Sorocaba, na primeira sessão ordinária subsequente à apresentação da denúncia, o presidente da câmara deve ler o documento e consultar o plenário sobre o seu recebimento e processamento. Em tese, isso deverá ocorrer na sessão desta terça-feira (1º). Caso a câmara aceite a denúncia, os vereadores têm 90 dias para concluir a investigação.
Em seguida, o relatório final é votado pelo plenário, que avalia o entendimento do relator, que pode resultar no arquivamento do material e na cassação do mandato do prefeito. Caso a denúncia não seja aceita antes da fase de abertura da Comissão Processante, nada muda, isto é, sequer é feita a investigação pelos vereadores.
Cassação
Câmara de Sorocaba durante cassação de Crespo, em 2017
Mayara Corrêa/G1
Para realizar a denúncia, Crespo de baseia no Decreto-Lei número 201 de 1967, que tipifica os crimes de responsabilidade do prefeito. Foi esse mesmo decreto que foi usado contra o próprio Crespo, também na Câmara de Sorocaba, em duas ocasiões, em 2017, quando ele foi cassado, mas conseguiu reverter a situação na Justiça, e em 2019, quando ele teve o mandato cassado em definitivo, em função do caso chamado de falso voluntariado.
Quem pode denunciar?
Qualquer cidadão residente no Brasil pode entrar com pedido de investigação contra prefeitos e demais membros do Poder Executivo. É que estabelece o Decreto-Lei número 201/67. Foi com ele, por exemplo, que a então presidente da República, Dilma Rousseff (PT), foi cassada em 2016 pelo Congresso Nacional.
Denúncia contra vereadores
Em paralelo à denúncia feita à Câmara, os vereadores que deverão analisar o pedido de investigação contra Rodrigo Manga também foram denunciados ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP). O documento cita a Constituição Federal e pede instauração de inquérito civil e/ou criminal para apurar a conduta dos vereadores da Câmara Municipal de Sorocaba que não assinaram o requerimento número 9 de 2025, que pedia investigação na chamada CPI da Saúde.
A representação também cita os desdobramentos da Operação Copia e Cola e fala em omissão dos vereadores de Sorocaba. O documento foi protocolado em 26 de junho. Nesta segunda-feira (30), o MP ainda não havia analisado o caso.
O g1 questionou a prefeitura de Sorocaba e aguarda retorno.
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