Estudante de medicina na UFRR é afastado do curso após denúncia de racismo e LGBTfobia

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Fábio Felipe dos Santos Nogueira é investigado por conduta discriminatória e foi afastado das atividades acadêmicas após denúncias feitas por colegas e pelo Centro Acadêmico. Por meio de nota, ele reconhece atitudes como ‘inadequadas’. Fábio Felipe dos Santos Nogueira também publicava nas redes sociais publicações com teor criminoso
Reprodução
O estudante medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Fábio Felipe dos Santos Nogueira, de 24 anos, foi afastado do curso e é investigado pela instituição por comportamento racista e LGBTfóbico. A informação foi confirmada pela universidade nessa terça-feira (20).
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Fábio foi denunciado à coordenação do curso pelos próprios colegas e pelo e pelo Centro Acadêmico de Medicina (Camed) da UFRR. Após isso, a Universidade instaurou um processo administrativo e uma comissão avalia as denuncias. Fábio Felipe foi afastado no dia 22 de abril por tempo indeterminado ou até o fim do processo - a instituição não informou o prazo para o fim da investigação interna.
Fábio Felipe ingressou no curso em 2021 e está no 5º ano da graduação. Os colegas o denunciaram por falas discriminatórias, criminosas e discurso de ódio durante as aulas e no convívio diário que são "incompatíveis com o exercício da medicina".
No X (antigo Twitter), o estudante fazia publicações ofensivas direcionadas a pessoas negras, LGBTQIA+, mulheres e religiões de matriz africana. Ele também compartilhava imagens estereotipadas. (Veja nos prints abaixo).
Por meio de nota, o estudante afirmou que está "ciente da repercussão causada por declarações" que fez nas redes sociais e reconhece que foram inadequadas. Disse ainda que está "refletindo com seriedade sobre o ocorrido" e preparando a retratação formal à coordenação da universidade.
Fábio Nogueira publicava posts com teor racista no X
Reprodução
Em outro momento, ele afirma ser a favor do preconceito: "o mundo está faltando muito em preconceito", disse. Fábio também publicou que: "O Brasil é um país de macacos [sic]".
Fábio afirmou que muitas das publicações eram feitas "por meio de uma persona exagerada, como forma impulsiva e equivocada de extravasar raiva e frustração". Ele também destacou que tem diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e está em tratamento psiquiátrico contínuo, "o que tem sido essencial para lidar melhor com minhas emoções, impulsos e formas de expressão", disse. (Leia a nota na integra abaixo).
Fábio Nogueira afirma que 'sempre irá miliar a favor do preconceito' em publicação no X
Reprodução
Por meio de nota, a UFRR afirmou que a instituição adotou as providências cabíveis, conforme previsto no Estatuto e Regimento da Universidade. Destacou ainda a resolução da instituição que estabelece normas e procedimentos a serem adotados em casos de assédio moral, assédio sexual, violência étnico-racial, de gênero e de sexualidade, além de outras formas de preconceito e discriminação no âmbito da Universidade.
"A UFRR destaca que o processo segue em trâmite no âmbito da unidade acadêmica vinculada ao discente, assegurando também ao estudante o pleno direito à ampla defesa e ao contraditório, conforme preceitos legais e normativos vigentes", disse.
A reportagem procurou o Ministério Público Federal (MPF) e aguarda resposta.
'Comportamento de ódio frequente'
Aluno de medicina da UFRR afirma que vacina contra HPV é para "garotos de programa"
Reprodução
O g1 entrevistou uma das colegas de turma de Fábio Felipe, uma jovem de 23 anos que também está no 5º ano do curso de medicina da UFRR e preferiu não se identificar. Segundo ela, os comportamentos problemáticos do estudante começaram ainda no primeiro ano de faculdade.
“Tudo começou no primeiro ano do curso, quando foi realizado um fórum com a pergunta: ‘Por que você escolheu fazer medicina?’. Todos responderam com falas bonitas, diziam amar as pessoas, a medicina, a saúde. Mas ele escreveu coisas absurdas, que eu nem consegui acreditar no que eu lia”.
"Ele escrevia coisas horríveis, demonstrando total falta de tato com as pessoas. O que deu para entender é que ele fazia medicina mais por curiosidade", contou a estudante.
Ao longo dos anos seguintes, ela relata que os comentários e atitudes de Fábio deixaram claro que ele “demonstrava ódio por mulheres, negros, gays” e queria impor a visão pessoal a todos.
“Isso não é só uma impressão minha, pessoas do próprio grupo dele comentavam, várias vezes, que tudo tinha que ser do jeito dele. Sempre impunha as visões preconceituosas dele. Um comportamento de ódio frequente”, afirmou.
Aluno de medicina da UFRR se refere a mulheres negras como "sempre feias"
Reprodução
Segundo a colega, muitos evitavam confronto direto com Fábio por medo de represálias. Ela relata que, em casos de desentendimento, ele recorria à mãe, que levava as situações à coordenação, o que acabava gerando punições a outros estudantes.
“Por isso, muitas atitudes absurdas que ele teve durante a faculdade não foram enfrentadas, não porque a gente concordasse, mas para evitar problemas”, disse.
A situação se agravou no quinto ano, quando Fábio foi excluído pelos colegas dos grupos de internato (fase final do curso, um estágio curricular obrigatório para acadêmicos de medicina). A estudante afirmou que ele fez uma denúncia formal na coordenação reportando isso, o que gerou punição aos colegas.
Ela destacou que a divisão dos grupos foi feita com base em afinidade e segurança, considerando que muitos dependem de carona após plantões noturnos.
“Com a denúncia do Fábio, a coordenação refez os grupos como bem entendeu, por uma forma de punição porque a gente não incluiu ele", relatou.
Após isso, os acadêmicos decidiram denunciar o comportamento do estudante à coordenação e à UFRR.
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Injúria, ofensas e apologia ao crime: como jogos universitários ficaram marcados por cultura de ódio
'Para eles, as mulheres são o problema’: o que é incel, submundo misógino que se espalha na internet
O Centro Acadêmico de Medicina da UFRR repudiou o comportamento de Fábio Felipe e se solidarizou com as vítimas, por meio de nota.
"O curso de Medicina se posiciona de forma contrária a qualquer ação que propague o ódio, especialmente quando praticada por alunos regularmente matriculados. Entendemos que atitudes assim ferem os princípios da convivência acadêmica e não representam os ideais do nosso curso".
Luta de classes em jogos universitários: torcidas demonstram racismo e preconceito
Nota de Fábio Felipe dos Santos Nogueira
Estou ciente da repercussão causada por declarações que fiz nas redes sociais e reconheço que foram inadequadas. No momento, estou refletindo com seriedade sobre o ocorrido e preparando minha retratação formal à coordenação da universidade.
Quero deixar claro que apoio os valores de respeito, inclusão e responsabilidade — justamente os princípios que falhei em demonstrar na forma como me expressei online. Muitas das minhas publicações foram feitas por meio de uma persona exagerada, como forma impulsiva e equivocada de extravasar raiva e frustração.
Essa raiva, reconheço hoje, tem raízes mais profundas, ligadas a conflitos internos mal elaborados, inclusive com minha vivência religiosa e com questões pessoais relacionadas à minha própria sexualidade, que por muito tempo reprimi ou não compreendi com clareza. Nada disso justifica o que foi dito, mas me ajuda a entender por que permiti que uma persona distorcida assumisse o lugar da empatia e do bom senso.
Ressalto que nunca ataquei ou feri a honra de ninguém do meu convívio ao longo destes anos, e sempre mantive uma postura respeitosa com colegas, professores e demais membros da comunidade acadêmica.
Tenho diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e estou em tratamento psiquiátrico contínuo, o que tem sido essencial para lidar melhor com minhas emoções, impulsos e formas de expressão. Não trago isso como justificativa, mas como parte do esforço que venho fazendo para crescer, amadurecer e agir com mais responsabilidade daqui em diante.
Não pretendo conceder entrevistas neste momento, pois meu foco está em me responsabilizar pelas consequências e agir com respeito às pessoas envolvidas e à instituição da qual faço parte.
Agradeço a compreensão.
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O estudante medicina da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Fábio Felipe dos Santos Nogueira, de 24 anos, foi afastado do curso e é investigado pela instituição por comportamento racista e LGBTfóbico. A informação foi confirmada pela universidade nessa terça-feira (20).
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Fábio foi denunciado à coordenação do curso pelos próprios colegas e pelo e pelo Centro Acadêmico de Medicina (Camed) da UFRR. Após isso, a Universidade instaurou um processo administrativo e uma comissão avalia as denuncias. Fábio Felipe foi afastado no dia 22 de abril por tempo indeterminado ou até o fim do processo - a instituição não informou o prazo para o fim da investigação interna.
Fábio Felipe ingressou no curso em 2021 e está no 5º ano da graduação. Os colegas o denunciaram por falas discriminatórias, criminosas e discurso de ódio durante as aulas e no convívio diário que são "incompatíveis com o exercício da medicina".
No X (antigo Twitter), o estudante fazia publicações ofensivas direcionadas a pessoas negras, LGBTQIA+, mulheres e religiões de matriz africana. Ele também compartilhava imagens estereotipadas. (Veja nos prints abaixo).
Por meio de nota, o estudante afirmou que está "ciente da repercussão causada por declarações" que fez nas redes sociais e reconhece que foram inadequadas. Disse ainda que está "refletindo com seriedade sobre o ocorrido" e preparando a retratação formal à coordenação da universidade.
Fábio Nogueira publicava posts com teor racista no X
Reprodução
Em outro momento, ele afirma ser a favor do preconceito: "o mundo está faltando muito em preconceito", disse. Fábio também publicou que: "O Brasil é um país de macacos [sic]".
Fábio afirmou que muitas das publicações eram feitas "por meio de uma persona exagerada, como forma impulsiva e equivocada de extravasar raiva e frustração". Ele também destacou que tem diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e está em tratamento psiquiátrico contínuo, "o que tem sido essencial para lidar melhor com minhas emoções, impulsos e formas de expressão", disse. (Leia a nota na integra abaixo).
Fábio Nogueira afirma que 'sempre irá miliar a favor do preconceito' em publicação no X
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Por meio de nota, a UFRR afirmou que a instituição adotou as providências cabíveis, conforme previsto no Estatuto e Regimento da Universidade. Destacou ainda a resolução da instituição que estabelece normas e procedimentos a serem adotados em casos de assédio moral, assédio sexual, violência étnico-racial, de gênero e de sexualidade, além de outras formas de preconceito e discriminação no âmbito da Universidade.
"A UFRR destaca que o processo segue em trâmite no âmbito da unidade acadêmica vinculada ao discente, assegurando também ao estudante o pleno direito à ampla defesa e ao contraditório, conforme preceitos legais e normativos vigentes", disse.
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O g1 entrevistou uma das colegas de turma de Fábio Felipe, uma jovem de 23 anos que também está no 5º ano do curso de medicina da UFRR e preferiu não se identificar. Segundo ela, os comportamentos problemáticos do estudante começaram ainda no primeiro ano de faculdade.
“Tudo começou no primeiro ano do curso, quando foi realizado um fórum com a pergunta: ‘Por que você escolheu fazer medicina?’. Todos responderam com falas bonitas, diziam amar as pessoas, a medicina, a saúde. Mas ele escreveu coisas absurdas, que eu nem consegui acreditar no que eu lia”.
"Ele escrevia coisas horríveis, demonstrando total falta de tato com as pessoas. O que deu para entender é que ele fazia medicina mais por curiosidade", contou a estudante.
Ao longo dos anos seguintes, ela relata que os comentários e atitudes de Fábio deixaram claro que ele “demonstrava ódio por mulheres, negros, gays” e queria impor a visão pessoal a todos.
“Isso não é só uma impressão minha, pessoas do próprio grupo dele comentavam, várias vezes, que tudo tinha que ser do jeito dele. Sempre impunha as visões preconceituosas dele. Um comportamento de ódio frequente”, afirmou.
Aluno de medicina da UFRR se refere a mulheres negras como "sempre feias"
Reprodução
Segundo a colega, muitos evitavam confronto direto com Fábio por medo de represálias. Ela relata que, em casos de desentendimento, ele recorria à mãe, que levava as situações à coordenação, o que acabava gerando punições a outros estudantes.
“Por isso, muitas atitudes absurdas que ele teve durante a faculdade não foram enfrentadas, não porque a gente concordasse, mas para evitar problemas”, disse.
A situação se agravou no quinto ano, quando Fábio foi excluído pelos colegas dos grupos de internato (fase final do curso, um estágio curricular obrigatório para acadêmicos de medicina). A estudante afirmou que ele fez uma denúncia formal na coordenação reportando isso, o que gerou punição aos colegas.
Ela destacou que a divisão dos grupos foi feita com base em afinidade e segurança, considerando que muitos dependem de carona após plantões noturnos.
“Com a denúncia do Fábio, a coordenação refez os grupos como bem entendeu, por uma forma de punição porque a gente não incluiu ele", relatou.
Após isso, os acadêmicos decidiram denunciar o comportamento do estudante à coordenação e à UFRR.
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O Centro Acadêmico de Medicina da UFRR repudiou o comportamento de Fábio Felipe e se solidarizou com as vítimas, por meio de nota.
"O curso de Medicina se posiciona de forma contrária a qualquer ação que propague o ódio, especialmente quando praticada por alunos regularmente matriculados. Entendemos que atitudes assim ferem os princípios da convivência acadêmica e não representam os ideais do nosso curso".
Luta de classes em jogos universitários: torcidas demonstram racismo e preconceito
Nota de Fábio Felipe dos Santos Nogueira
Estou ciente da repercussão causada por declarações que fiz nas redes sociais e reconheço que foram inadequadas. No momento, estou refletindo com seriedade sobre o ocorrido e preparando minha retratação formal à coordenação da universidade.
Quero deixar claro que apoio os valores de respeito, inclusão e responsabilidade — justamente os princípios que falhei em demonstrar na forma como me expressei online. Muitas das minhas publicações foram feitas por meio de uma persona exagerada, como forma impulsiva e equivocada de extravasar raiva e frustração.
Essa raiva, reconheço hoje, tem raízes mais profundas, ligadas a conflitos internos mal elaborados, inclusive com minha vivência religiosa e com questões pessoais relacionadas à minha própria sexualidade, que por muito tempo reprimi ou não compreendi com clareza. Nada disso justifica o que foi dito, mas me ajuda a entender por que permiti que uma persona distorcida assumisse o lugar da empatia e do bom senso.
Ressalto que nunca ataquei ou feri a honra de ninguém do meu convívio ao longo destes anos, e sempre mantive uma postura respeitosa com colegas, professores e demais membros da comunidade acadêmica.
Tenho diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e estou em tratamento psiquiátrico contínuo, o que tem sido essencial para lidar melhor com minhas emoções, impulsos e formas de expressão. Não trago isso como justificativa, mas como parte do esforço que venho fazendo para crescer, amadurecer e agir com mais responsabilidade daqui em diante.
Não pretendo conceder entrevistas neste momento, pois meu foco está em me responsabilizar pelas consequências e agir com respeito às pessoas envolvidas e à instituição da qual faço parte.
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