Fila para consultas eletivas no RS passa de 410 mil pessoas: 'a cada dia, dificuldade aumenta', diz paciente

Especialidades com maior demanda são oftalmologia, ortopedia, reabilitação, otorrinolaringologia e cirurgia geral. RBS TV conversou com pacientes que enfrentam piora nas condições de saúde. Claudino Moraes Munhoz enfrenta piora enquanto aguarda por cirurgia de redução de estômago
Reprodução/RBS TV
Mesmo com programas lançados pelos governos estadual e federal para reduzir as filas do SUS, o número de pedidos de consultas com especialistas no RS teve aumento nos últimos meses, como mostram dados obtidos via Lei de Acesso à Informação pela reportagem. Segundo estimativa do governo, a expectativa era de contratação de 48 mil novos atendimentos.
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Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, a fila por consultas com especialistas tinha 474 mil pedidos em dezembro de 2023. Após uma revisão cadastral, o número caiu para 412 mil, em fevereiro.
E em maio, tinha subido para 413 mil pessoas aguardando atendimento. As especialidades com maior demanda são oftalmologia, ortopedia, reabilitação, otorrinolaringologia e cirurgia geral.
O Grupo de Investigações da RBS (GDI) acompanha a evolução das filas desde o final de 2024, em uma série de reportagens que joga luz sobre a evolução dos números e o agravamento do quadro de saúde de pacientes como a empresária Kelly Priscila Maciel Oliveira, de Esteio, Região Metropolitana de Porto Alegre. Ela aguarda há quase nove anos por uma cirurgia de redução de estômago.
Aos 31 anos, ela entrou na fila. Agora, prestes a completar 40, acumula novos problemas de saúde.
"Descobri nódulos na tireoide, pressão alta, fadiga, falta de ar e dores corporais. Tudo relacionado à obesidade", contou.
O caso de Priscila foi mostrado pela RBS TV e pelo g1 em dezembro passado. Desde então, ela não foi chamada sequer para uma nova consulta.
Kelly Priscila Maciel Oliveira aguarda há quase nove anos por cirurgia de redução de estômago.
Reprodução/RBS TV
"Cada dia que passa, dificuldade aumenta"
Em Arroio dos Ratos, o aposentado Claudino Moraes Munhoz também espera pelo mesmo procedimento. Em fevereiro deste ano, ele ainda conseguia caminhar. Hoje, mal consegue permanecer de pé por dez minutos.
"Cada dia que passa, as minhas dificuldades aumentam", lamenta.
"Não sei até quando vou aguentar"
A espera prolongada levou pacientes a buscar a Justiça. Em Eldorado do Sul, a cuidadora de idosos Soeli da Silva aguardou mais de 800 dias por uma consulta para tratar dores na perna direita. Quando finalmente foi atendida, em dezembro de 2024, descobriu que o problema havia se agravado e que a outra perna também começou a apresentar sintomas.
"Agora, até a esquerda está falhando. Não sei até quando vou aguentar", desabafou.
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) atribui a superlotação da fila à falta de investimentos. A Constituição determina que o estado deve aplicar, no mínimo, 12% da receita em saúde, mas o índice não vem sendo cumprido.
"A ausência desses 12% produz impacto direto na população que depende do SUS", afirma Marcelo Matias, presidente do Simers.
A Promotoria de Justiça dos Direitos Humanos cobra o cumprimento da regra desde 2006. Houve condenações em 2006 e 2013, além de uma nova ação ajuizada em 2021. Na semana passada, o governador Eduardo Leite anunciou a intenção de atingir os 12% apenas em 2031.
"Hoje a parte incontroversa da saúde são 9,33% que o estado aplica. A nossa proposta é justamente que o estado já traga neste ano isso para algo como 9,8%. No próximo ano vá para 10,6%. E ao longo dos anos seguintes integralize os 12%", afirma Eduardo Leite.
O Ministério Público, no entanto, pressiona por um prazo menor. A promotora de Justiça Gislaine Luckmann defende que o percentual seja alcançado até, no máximo, 2028 ou 2029. "Estamos fazendo uma contraproposta, a ideia é que o estado vá até 2028, 2029, no máximo, possa estar cumprindo então esses 12%. Não postergar tanto, não passar a tanto tempo até chegar a esse mínimo constitucional. O MP se reuniu com a Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e com o Consórcio da Associação dos Municípios da Região Metropolitana da Grande Porto Alegre (Granpal), para colaborar com a proposta.
O Ministério da Saúde diz que um novo programa deve reduzir o tempo de espera nas filas. Isso inclui um terceiro turno de trabalho no Hospital Conceição e ainda conversão de dívidas federais em mais atendimentos.
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Mesmo com programas lançados pelos governos estadual e federal para reduzir as filas do SUS, o número de pedidos de consultas com especialistas no RS teve aumento nos últimos meses, como mostram dados obtidos via Lei de Acesso à Informação pela reportagem. Segundo estimativa do governo, a expectativa era de contratação de 48 mil novos atendimentos.
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Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, a fila por consultas com especialistas tinha 474 mil pedidos em dezembro de 2023. Após uma revisão cadastral, o número caiu para 412 mil, em fevereiro.
E em maio, tinha subido para 413 mil pessoas aguardando atendimento. As especialidades com maior demanda são oftalmologia, ortopedia, reabilitação, otorrinolaringologia e cirurgia geral.
O Grupo de Investigações da RBS (GDI) acompanha a evolução das filas desde o final de 2024, em uma série de reportagens que joga luz sobre a evolução dos números e o agravamento do quadro de saúde de pacientes como a empresária Kelly Priscila Maciel Oliveira, de Esteio, Região Metropolitana de Porto Alegre. Ela aguarda há quase nove anos por uma cirurgia de redução de estômago.
Aos 31 anos, ela entrou na fila. Agora, prestes a completar 40, acumula novos problemas de saúde.
"Descobri nódulos na tireoide, pressão alta, fadiga, falta de ar e dores corporais. Tudo relacionado à obesidade", contou.
O caso de Priscila foi mostrado pela RBS TV e pelo g1 em dezembro passado. Desde então, ela não foi chamada sequer para uma nova consulta.
Kelly Priscila Maciel Oliveira aguarda há quase nove anos por cirurgia de redução de estômago.
Reprodução/RBS TV
"Cada dia que passa, dificuldade aumenta"
Em Arroio dos Ratos, o aposentado Claudino Moraes Munhoz também espera pelo mesmo procedimento. Em fevereiro deste ano, ele ainda conseguia caminhar. Hoje, mal consegue permanecer de pé por dez minutos.
"Cada dia que passa, as minhas dificuldades aumentam", lamenta.
"Não sei até quando vou aguentar"
A espera prolongada levou pacientes a buscar a Justiça. Em Eldorado do Sul, a cuidadora de idosos Soeli da Silva aguardou mais de 800 dias por uma consulta para tratar dores na perna direita. Quando finalmente foi atendida, em dezembro de 2024, descobriu que o problema havia se agravado e que a outra perna também começou a apresentar sintomas.
"Agora, até a esquerda está falhando. Não sei até quando vou aguentar", desabafou.
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) atribui a superlotação da fila à falta de investimentos. A Constituição determina que o estado deve aplicar, no mínimo, 12% da receita em saúde, mas o índice não vem sendo cumprido.
"A ausência desses 12% produz impacto direto na população que depende do SUS", afirma Marcelo Matias, presidente do Simers.
A Promotoria de Justiça dos Direitos Humanos cobra o cumprimento da regra desde 2006. Houve condenações em 2006 e 2013, além de uma nova ação ajuizada em 2021. Na semana passada, o governador Eduardo Leite anunciou a intenção de atingir os 12% apenas em 2031.
"Hoje a parte incontroversa da saúde são 9,33% que o estado aplica. A nossa proposta é justamente que o estado já traga neste ano isso para algo como 9,8%. No próximo ano vá para 10,6%. E ao longo dos anos seguintes integralize os 12%", afirma Eduardo Leite.
O Ministério Público, no entanto, pressiona por um prazo menor. A promotora de Justiça Gislaine Luckmann defende que o percentual seja alcançado até, no máximo, 2028 ou 2029. "Estamos fazendo uma contraproposta, a ideia é que o estado vá até 2028, 2029, no máximo, possa estar cumprindo então esses 12%. Não postergar tanto, não passar a tanto tempo até chegar a esse mínimo constitucional. O MP se reuniu com a Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e com o Consórcio da Associação dos Municípios da Região Metropolitana da Grande Porto Alegre (Granpal), para colaborar com a proposta.
O Ministério da Saúde diz que um novo programa deve reduzir o tempo de espera nas filas. Isso inclui um terceiro turno de trabalho no Hospital Conceição e ainda conversão de dívidas federais em mais atendimentos.
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