Maranhão criativo: Como a inovação no empreendedorismo gera renda e transforma realidades

Hambúrguer de coco babaçu, pizza de gongo e bolos ultrarrealistas são exemplos de como uma ideia 'fora da caixa' pode ser o diferencial para o sucesso nos negócios. Do ramo dos alimentos, passando pelos games, saúde e educação, maranhenses criativos reinventaram negócios e estão mudando a própria realidade e de outras pessoas.
Arquivo pessoal/Redes sociais/Rafael Cardoso/Divulgação
Quem nunca pensou em abrir um negócio fora do comum que gera desconfiança ou até risadas? Mas, e se essa ideia fosse realmente o diferencial para fazer o negócio se destacar e fazer sucesso?
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Como muitos que desejam abrir uma empresa, um forte desafio dos negócios inovadores é superar o medo, mas, no Maranhão, há empreendedores que decidiram seguir em frente e estão realizando o sonho de abrir o negócio do jeitinho que queriam.
? Confeitaria realista: doce reinvenção
Maranhense Mayara Carvalho faz sucesso nas redes sociais com seus bolos ultrarrealistas
Bolo de chuteira? De parede? De bolsa? Os bolos ultrarrealistas da maranhense Mayara Carvalho há anos fazem sucesso em vídeos divertidos nas redes sociais. São mais de 1 milhão de seguidores que viram na maranhense de Alto Alegre uma mulher talentosa e muito esforçada.
“Sou mãe de um adolescente autista e provedora do meu lar através do meu trabalho. Eu sou psicopedagoga, formada e pós-graduada, mas fiquei desempregada. Depois veio a pandemia, e aí foi só superação”, conta Mayara, fazendo referência ao início da vida na confeitaria profissional.
No começo, apenas o talento na confeitaria não era suficiente para alavancar as vendas. A virada de chave veio quando ela viu vídeos de uma confeiteira muçulmana e decidiu aplicar a técnica do realismo nos bolos, sempre com humor e elementos brasileiros.
Eu vi o movimento caindo, então me reinventei nos bolos e nos vídeos. Deu certo e a inovação para o meu negócio veio de uma forma que mudou completamente minha vida! Entendo hoje que inovar sempre te leva a muitas novas oportunidades e faz total diferença no seu crescimento”
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? Pizza de gongo? Isso mesmo!
No município de Caxias, a Pizzaria Paulista é especialista em pizzas de sabores exóticos. Uma ideia inovadora do Bruno Oliveira, que tem como carro chefe a pizza de gongo, que é literalmente a larva de um besouro que se desenvolve no interior do coco babaçu.
“Eu vi uns gongos e resolvi postar eles na internet. Nos comentários, começaram a sugerir: ‘faz uma pizza de gongo!’”, conta.
Não é que Bruno fez mesmo? Gravou um vídeo preparando a pizza, postou e, quando acordou no dia seguinte, o vídeo tinha viralizado. Milhões de visualizações e uma enxurrada de pedidos.
Pizza de gongo (canto superior direito), de torresmo, e outros sabores exóticos fazem sucesso na Pizzaria Paulista
Bruno Oliveira
O sucesso foi tanto que ele decidiu apostar de vez nos sabores exóticos. Além da famosa pizza de gongo, atualmente o cardápio conta com pizza de tripa, panelada, sarapatel e, mais recentemente, uma inusitada pizza de cuscuz, que também virou sucesso.
Como um bom exemplo de como uma ideia inovadora pode mudar realidades, a pizzaria dos sabores ‘diferentões’ já tem atraído turistas para a cidade. Quando bem preparada, o gongo também não faz mal à saúde.
“É uma experiência única”, diz Bruno. “Tem quem diga que não tem coragem de provar, mas quem prova, ama.”
Bruno Oliveira, o idealizador das pizzas exóticas
Arquivo pessoal
O preço também não assusta: a pizza grande custa R$ 50, e a gigante sai por R$ 60 — apenas R$ 15 a mais que os sabores tradicionais, segundo Bruno. O próximo passo do empreendedor é crescer ainda mais.
“Quero mudar para uma avenida mais movimentada da cidade. Acredito que em cinco anos a gente já vai ter concluído esse objetivo”, planeja.
? Hambúrguer de coco babaçu: inovação com impacto social e ambiental
Na Amazônia Maranhense, o conhecimento tradicional das quebradeiras de coco se uniu à ciência para criar um produto que tem surpreendido: um hambúrguer vegano feito a partir do mesocarpo do coco babaçu.
O projeto, liderado pela pesquisadora Guilhermina Cayres, envolve diversas associações de mulheres extrativistas, como a Coomavi (Itapecuru-Mirim), o Clube de Mães Quilombolas Lar de Maria (Anajatuba) e a Associação de Quebradeiras de Coco de Chapadinha.
Hambúrguer de babaçu criado no interior do Maranhão
Embrapa
Juntas, essas mulheres, com o apoio da ciência, desenvolveram não só o hambúrguer, mas também farinha de amêndoas, biscoitos, queijos vegetais e até bebidas similares ao leite, tudo a partir do babaçu.
O hambúrguer é estruturado com casca de banana, farinha de arroz e temperos naturais. Resultado: 13,17% de proteína por 100g, sem conservantes e com validade de até seis meses congelado.
Veja também: Empresários de São Luís contam como impulsionaram negócios usando aplicativos
Confira também: A startup que capacita mulheres para o mercado de trabalho no MA
Segundo Guilhermina, o produto valoriza a sociobiodiversidade brasileira, gera renda, promove sustentabilidade e ainda oferece uma alternativa nutritiva para quem busca uma alimentação mais consciente.
O projeto foi finalista do Con X Tech Prize: Amazônia, uma competição global que reconhece inovações sustentáveis que protegem os ecossistemas amazônicos e fortalecem as comunidades locais.
?Cachaça em boteco? Não, um presente de experiência refinada
Ana Valéria criou uma cachaça para experiências refinadas
Produzida em São Luís, a Santo Ambrósio veio para quebrar paradigmas no Maranhão, uma terra onde a Ana Valéria Ambrósio diz que ainda se vê a cachaça como item de boteco, bebedeira e pouco valor agregado.
Para a empreendedora - uma das raras mulheres em liderança nesse ramo -, era preciso entregar uma faceta das cachaças que já era comum em outras bebidas: uma experiência sensorial que pode servir de presente, como os vinhos.
“A verdade é que o consumidor de cachaça é um consumidor elitizado. Quem acaba achando que talvez o cachaceiro seja a pessoa que fica embriagada, caída no chão, ele não tem a noção real. A cachaça é o produto mais refinado, tem pouco aldeído, então não causa ressaca", explica a empreendedora.
Ana Valéria inovou na forma de criar e apresentar a cachaça a seus clientes
Rafael Cardoso/g1 Maranhão
Com três anos de história, Ana entende que ainda há muito caminho a percorrer, mas comemora cada conquista alcançada. Ela conta que o produto já é vendido para clientes em outros estados e tem agradado os paladares mais exigentes com garrafas elegantes e drinks autorais com ingredientes maranhenses, como mel de Viana e buriti de Barreirinhas.
"A visão criativa fez a diferença. Eu apresentei a qualidade e uma experiência boa. Eu não quero que a pessoa no outro dia amanheça com uma ressaca. Quero que as pessoas entendam a cachaça como um produto refinado, que pode ser presenteado e apreciado com elegância, trazendo uma boa memória afetiva", finaliza.
Como os pequenos negócios apontam para o futuro econômico e sustentável do Maranhão
EditorialAutomáticoSELECIONAR IMAGEMTítuloMulticontent *Insira o título do multicontent a ser anexado
Inovação faz parte do perfil empreendedor
César Guimarães, gerente de Inovação e Tecnologia do Sebrae no Maranhão, entende que inovar não significa, necessariamente, criar algo do zero ou ter uma ideia mirabolante. Trata-se, sobretudo, de pensar em formas diferentes de entregar valor ao cliente, resolver problemas e se destacar no mercado.
“Inovação não é mais luxo. Ela, de fato, é uma necessidade e tem que ser priorizada nas tomadas de decisão das empresas”, ratifica.
Veja dicas para entender se você tem um perfil empreendedor
Divulgação
? Startups maranhenses: criatividade que escala
Criatividade e inovação também são matérias-primas das startups, que são os negócios inovadores, geralmente tecnológicos e escaláveis.
No Maranhão, esse universo está ganhando cada vez mais terreno, com 545 startups concentradas em 49 cidades, de acordo com o Mapeamento Estadual de Startups 2024, realizado pelo Sebrae.
Uri Levine explica o que é uma startup
São Luís lidera com 349, seguida de Imperatriz (44) e Balsas (27). Os setores mais representativos são Educação (12,8%), Tecnologia da Informação (10,5%), Impacto Socioambiental (9,51%), Saúde e Bem-Estar (8,78%) e Alimentos e Bebidas (7,68%).
O crescimento das startups é nítido nos números anuais. Em 2002, apenas três foram criadas em todo o Maranhão. Porém, a partir de 2018, investimentos públicos e privados impulsionaram o nascimento de novas empresas do tipo, com pico em 2023, quando 105 startups nasceram apenas naquele ano.
Startups criadas por ano no MA
Especial: Como as startups estão transformando o mercado e o ecossistema de negócios no MA
Um exemplo de startup maranhense da área educacional é a TecTeca, que nasceu da inquietação com a falta de conteúdos digitais interativos voltados às crianças da Geração Alpha — nascidas a partir de 2010.
Segundo o CTO e um dos fundadores da startup, Eugênio Furtado, a empresa criou uma biblioteca de livros digitais que teve uma resposta tão positiva nas crianças, que o projeto ganhou vida própria.
“Percebemos a lacuna no mercado editorial e o potencial do formato interativo. A partir daí, buscamos formação em empreendedorismo e participamos de diversos ecossistemas de inovação que foram essenciais para transformar a ideia em negócio”, conta.
A inovação é a espinha dorsal da startup, que reformula o tradicional ato de ler com livros digitais repletos de elementos interativos e responsivos. O enredo é enriquecido com mídias dinâmicas, ampliando o engajamento das crianças em ambientes que estimulam a participação ativa.
Desde o MVP (em português, Produto Mínimo Viável), a TecTeca já passou por editais do Sebrae, participou de eventos como o Startup Summit em Florianópolis e o Neon em Teresina, além de viver uma residência de seis meses no Cordel Hub, em Fortaleza.
"Inovação é a base da TecTeca, visto que trabalhamos com um paradigma secular, que é o ato de ler, e esse leque de editais foi decisivo para nosso crescimento e amadurecimento como empreendedores”, destaca Eugênio.
O objetivo agora é consolidar a empresa como produtora de livros interativos no mercado educacional, firmando parcerias com grandes empresas do setor e transformar o Maranhão em referência nacional em inovação educacional.
TecTeca na escola e no startup Summit 2023
TecTeca
Crescimento das startups maranhenses fora do estado
Ainda segundo os dados do Sebrae Maranhão, quase metade das startups (48,99%) do estado ainda está no estágio de ideação (quando a ideia começa a tomar forma), mas 28,15% já estão validando seus produtos no mercado e 13,53% em fase de tração, ou seja, acelerando seu crescimento.
A SYN Saúde, de São Luís, faz parte do grupo de startups que já gerou mais de R$ 100 milhões em orçamentos cirúrgicos e transacionados mais de R$ 30 milhões em cirurgias, por meio da própria plataforma. É um crescimento de 237% em comparação ao mesmo período de 2024, segundo dados da própria empresa.
Fase atual das startups no Maranhão
A startup surgiu para oferecer orçamentos cirúrgicos previsíveis e acessíveis, por meio de uma plataforma que conecta pacientes, médicos e hospitais. A empresa também oferece pagamento por Pix, cartão, boleto e até FGTS, o que tem atraído diversos tipos de clientes.
“Com resultados expressivos e impacto positivo para pacientes, médicos e hospitais, a SYN entrou em nova fase e está agora em plena expansão nacional, testando sua operação em regiões com perfis de acesso à saúde diferentes do Maranhão”, afirma a CEO Ana Lemos.
Atuando também no Sul e Sudeste, recentemente a SYN foi reconhecida com prêmios como o NEon 2024 e o Vumbora, do Banco do Nordeste. A startup também tem buscado se comprometer com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e já doou 12 cirurgias para pacientes em fila do SUS.
Ana Lemos e Dr. Dener, sócios da Syn Saúde
Arquivo pessoal
???? Da ideia à nota fiscal: quando o apoio faz a diferença
Uma reclamação constante em muitos pequenos empreendedores é a falta de apoio para a inovação. Diante desse cenário, algumas instituições, como o Sebrae, oferecem trilhas de capacitação que vão desde a ideia até a validação do modelo de negócios, passando por branding, gestão financeira e mentorias.
"O Sebrae possui uma grande plataforma chamada Sebrae Startups, que congrega startups do Brasil todo. Atualmente são mais de 20 mil startups cadastradas. Empreendedores, além de se mostrarem como uma grande vitrine para o mercado, têm acesso a um clube de benefícios, soluções tecnológicas de parceiros do Sebrae colocadas gratuitamente para esses empreendedores se desenvolverem", acrescenta César Guimarães.
Como formatar um novo negócio - startup.
g1
O Sebrae também possui programas locais de aceleração de negócios, como o Startup Nordeste, no qual o empreendedor passa por uma jornada de orientações. O apoio financeiro para o desenvolvimento dos passos iniciais da startup vem pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).
O presidente da Fapema, Nordman Wall, detalha que só os editais da fundação já investiram entre R$ 3 a 4 milhões em startups, com cerca de 300 projetos beneficiados — e ao menos 70 deles ainda em operação.
Esses recursos financiam desde bolsas de apoio técnico a materiais e equipamentos. Os projetos passam por avaliação e são selecionados por mérito. No futuro, a ideia é que também contribuam para o tão sonhado Parque Tecnológico de São Luís e ajudem outras startups a nascer.
“O futuro da ciência, da tecnologia e da inovação está interligado. Acreditamos que o ecossistema de inovação deve ter base sólida e capilaridade”, diz Nordman.
Além dos editais regionais, há ainda iniciativas nacionais como o programa Mulheres Inovadoras, da Finep em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, que está com inscrições abertas até 18 de junho. O programa oferece capacitações e mentorias com especialistas, com foco na liderança feminina em startups inovadoras.
? Best Maragames: democratizando os games
A Best Maragames, de São Luís, é das startups apoiadas por editais de fomento/pesquisa que têm se destacado e mostra como um problema pode ser o ponto de partida para uma grande solução.
Jeane Assunção é uma das gestoras e conta que tudo começou em março de 2022, quando ela e o marido, Jadiel (apaixonado por videogames), decidiram montar um espaço de jogos na sala da própria casa.
Best Maragames tem se destacado como uma startup que democratiza os games, no Maranhão
Best Maragames
Mas, no dia seguinte, veio a notificação do condomínio: deveriam fechar o espaço imediatamente, sob risco de processo. A frustração quase fez o casal desistir. Mas, como Jeane destaca, “percebemos que estávamos diante de dois grandes problemas: o preconceito e a falta de informação sobre o mercado de jogos digitais”.
Foi então que surgiu a oportunidade de participar do programa Startup Nordeste do Sebrae, que trouxe uma virada de chave e o impulso que eles precisavam para seguir em frente.
“Graças às mentorias, estruturamos nosso negócio. Hoje temos plano de negócios, formalização e visão de mercado”, conta Jeane.
Jeane (primeira da direita pra esquerda) e a família
Jeane Assunção
A empresa oferece uma arena itinerante de games para eventos e promove torneios digitais. Além disso, criou o Educagame, projeto que leva para dentro das escolas não apenas os jogos, mas também palestras sobre o mercado de games, mostrando aos jovens que é possível transformar paixão em carreira.
“Quando se fala em startup, muitos pensam logo em aplicativo. Mas inovação também é sobre novos métodos e modelos de negócio. Levamos os games onde ninguém leva, democratizando o acesso e mostrando o potencial desse setor”, completa Jeane.
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? Agora falando de crédito, de onde vem?
Se a criatividade é um ativo valioso, muitas vezes o que falta é o combustível financeiro para tirar as ideias do papel. Para além do apoio dado pelos editais públicos de fomento, as instituições financeiras também desempenham um papel fundamental.
Isaque Nascimento, superintendente estadual do Banco do Nordeste no Maranhão, explica que, embora o acesso ao crédito ainda seja um desafio para muitos microempreendedores, os bancos podem ser facilitadores nesse processo.
“Negócios criativos ou inovadores são bem vistos, especialmente pelo seu potencial de gerar emprego, renda e ampliar mercados. Na condição de pessoa física, sem necessidade de formalização, o microempreendedor tem acesso ao crédito até o limite de R$ 21 mil por operação de crédito, que pode destinar-se a aplicação em atividades produtivas, abrangendo desde as pequenas mercearias de bairros até os comércios de confecções, alimentos, entre outros, desde que em funcionamento há pelo menos seis meses”, destaca.
Mas não basta ter uma boa ideia. Segundo ele, projetos inovadores precisam estar bem estruturados: ter um plano financeiro consistente, estudo de viabilidade, mapeamento de mercado e demonstrar como o negócio pretende gerar receita e sustentabilidade no médio e longo prazo.
“Seja um hambúrguer de mesocarpo de babaçu ou um aplicativo, o que importa é que o empreendedor mostre que não é uma aventura, mas sim um negócio com potencial real”, resume o superintendente do BNB.
?Inovar é estratégico
Nordman Wall (Fapema), Eduardo Oliveira (Secti), César Guimarães (Sebrae) e Isaque Nascimento (BNB) falam sobre formas de apoio aos pequenos negócios inovadores
Governo do MA/Arquivo pessoal/Sebrae/Banco do Nordeste.
Quando se fala em inovação, muitos ainda pensam exclusivamente em startups de tecnologia, softwares ou aplicativos. Mas, na prática, ela está presente em diferentes formatos: seja no desenvolvimento de produtos sustentáveis a partir da bioeconomia, na criação de modelos de entrega diferenciados, na ressignificação de insumos locais ou na oferta de experiências personalizadas aos clientes.
O superintendente de Políticas de Inovação da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Eduardo Oliveira, acrescenta que a inovação também não precisa ser complicada para ser eficaz.
“Inovar é surpreender o cliente. Pode ser algo intuitivo, como mudar a forma de atendimento, ou algo estruturado. Mas o essencial é colocar o cliente no centro do negócio e buscar maneiras de encantá-lo todos os dias”, explica.
Segundo Guimarães, a inovação também pode estar em uma solução simples, como oferecer ao consumidor meios mais práticos de acessar um produto, personalizar uma entrega, adotar tecnologias digitais ou mesmo ressignificar insumos locais.
Inovação de fato é um processo onde a empresa muda sua ação, sua forma de disponibilizar o produto ou serviço, e isso se traduz em resultado. Gera nota fiscal, gera renda, reduz custos e desperdícios”, pontua.
Simone Castilho, cerimonialista com 25 anos de atuação, aponta também como a criatividade maranhense é presente até no ramo de eventos.
“Hoje, não seguimos mais apenas o que vem do Sul. Temos um mercado aquecido, que respeita a cultura local e entrega eventos impecáveis”, afirma.
Criatividade que transforma
Apesar de gargalos — como a escassez de mão de obra técnica e a carência de espaços com infraestrutura de ponta —, especialistas apontam que o Maranhão vive uma fase de expansão em seu ecossistema de inovação e de abertura de novos negócios.
Iniciativas como Startup Nordeste, além de programas locais como o Inova Maranhão e incubadoras universitárias, vêm estimulando soluções criativas com potencial de alcance nacional.
Os dados confirmam essa movimentação: apenas no primeiro trimestre de 2025, o estado registrou mais de 312.481 empresas privadas ativas, sendo 95,32% micro e pequenos negócios. O saldo de novos empreendimentos no período foi positivo: 9.390, segundo o Sebrae/MA.
Michelle Kallas dá dicas para sobre começar a empreender de forma mais acertada
Um futuro possível — e presente
O que essas histórias têm em comum? São pessoas que não tiveram medo de começar e driblaram as dificuldades. Com apoio de instituições públicas, capacitação adequada e crédito acessível, empreender no Maranhão deixou de ser um sonho distante e pode se tornar um caminho real de transformação — econômica, social e, sobretudo, pessoal.
“O maranhense é um empreendedor nato. Temos startups de altíssimo nível, soluções criativas que não só atendem demandas locais, como começam a ganhar espaço em outros mercados”, conclui César Guimarães.
Mas não há espaço para improviso: planejar, estudar o mercado, buscar orientação técnica e estruturar bem o modelo de negócio são passos indispensáveis.
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O que antes poderia parecer só uma ideia diferente, hoje a inovação se consolida como uma estratégia inteligente — e necessária — para quem deseja não apenas empreender, mas também fazer parte de uma economia mais dinâmica e sustentável.
"Na minha leitura, os empreendedores – de startups ou não – que têm a sensibilidade de interpretar aquilo que o cliente está dizendo, fazendo, pra onde ele está olhando, observando suas dores, entre outras situações cotidianas, estão sempre na vanguarda das suas áreas de negócios e com isso adotando novas estratégias de precificação, de atendimento, de encantamento, esse empreendedor está inovando, mesmo que não perceba", finaliza Eduardo Santos.
Arquivo pessoal/Redes sociais/Rafael Cardoso/Divulgação
Quem nunca pensou em abrir um negócio fora do comum que gera desconfiança ou até risadas? Mas, e se essa ideia fosse realmente o diferencial para fazer o negócio se destacar e fazer sucesso?
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Como muitos que desejam abrir uma empresa, um forte desafio dos negócios inovadores é superar o medo, mas, no Maranhão, há empreendedores que decidiram seguir em frente e estão realizando o sonho de abrir o negócio do jeitinho que queriam.
? Confeitaria realista: doce reinvenção
Maranhense Mayara Carvalho faz sucesso nas redes sociais com seus bolos ultrarrealistas
Bolo de chuteira? De parede? De bolsa? Os bolos ultrarrealistas da maranhense Mayara Carvalho há anos fazem sucesso em vídeos divertidos nas redes sociais. São mais de 1 milhão de seguidores que viram na maranhense de Alto Alegre uma mulher talentosa e muito esforçada.
“Sou mãe de um adolescente autista e provedora do meu lar através do meu trabalho. Eu sou psicopedagoga, formada e pós-graduada, mas fiquei desempregada. Depois veio a pandemia, e aí foi só superação”, conta Mayara, fazendo referência ao início da vida na confeitaria profissional.
No começo, apenas o talento na confeitaria não era suficiente para alavancar as vendas. A virada de chave veio quando ela viu vídeos de uma confeiteira muçulmana e decidiu aplicar a técnica do realismo nos bolos, sempre com humor e elementos brasileiros.
Eu vi o movimento caindo, então me reinventei nos bolos e nos vídeos. Deu certo e a inovação para o meu negócio veio de uma forma que mudou completamente minha vida! Entendo hoje que inovar sempre te leva a muitas novas oportunidades e faz total diferença no seu crescimento”
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? Pizza de gongo? Isso mesmo!
No município de Caxias, a Pizzaria Paulista é especialista em pizzas de sabores exóticos. Uma ideia inovadora do Bruno Oliveira, que tem como carro chefe a pizza de gongo, que é literalmente a larva de um besouro que se desenvolve no interior do coco babaçu.
“Eu vi uns gongos e resolvi postar eles na internet. Nos comentários, começaram a sugerir: ‘faz uma pizza de gongo!’”, conta.
Não é que Bruno fez mesmo? Gravou um vídeo preparando a pizza, postou e, quando acordou no dia seguinte, o vídeo tinha viralizado. Milhões de visualizações e uma enxurrada de pedidos.
Pizza de gongo (canto superior direito), de torresmo, e outros sabores exóticos fazem sucesso na Pizzaria Paulista
Bruno Oliveira
O sucesso foi tanto que ele decidiu apostar de vez nos sabores exóticos. Além da famosa pizza de gongo, atualmente o cardápio conta com pizza de tripa, panelada, sarapatel e, mais recentemente, uma inusitada pizza de cuscuz, que também virou sucesso.
Como um bom exemplo de como uma ideia inovadora pode mudar realidades, a pizzaria dos sabores ‘diferentões’ já tem atraído turistas para a cidade. Quando bem preparada, o gongo também não faz mal à saúde.
“É uma experiência única”, diz Bruno. “Tem quem diga que não tem coragem de provar, mas quem prova, ama.”
Bruno Oliveira, o idealizador das pizzas exóticas
Arquivo pessoal
O preço também não assusta: a pizza grande custa R$ 50, e a gigante sai por R$ 60 — apenas R$ 15 a mais que os sabores tradicionais, segundo Bruno. O próximo passo do empreendedor é crescer ainda mais.
“Quero mudar para uma avenida mais movimentada da cidade. Acredito que em cinco anos a gente já vai ter concluído esse objetivo”, planeja.
? Hambúrguer de coco babaçu: inovação com impacto social e ambiental
Na Amazônia Maranhense, o conhecimento tradicional das quebradeiras de coco se uniu à ciência para criar um produto que tem surpreendido: um hambúrguer vegano feito a partir do mesocarpo do coco babaçu.
O projeto, liderado pela pesquisadora Guilhermina Cayres, envolve diversas associações de mulheres extrativistas, como a Coomavi (Itapecuru-Mirim), o Clube de Mães Quilombolas Lar de Maria (Anajatuba) e a Associação de Quebradeiras de Coco de Chapadinha.
Hambúrguer de babaçu criado no interior do Maranhão
Embrapa
Juntas, essas mulheres, com o apoio da ciência, desenvolveram não só o hambúrguer, mas também farinha de amêndoas, biscoitos, queijos vegetais e até bebidas similares ao leite, tudo a partir do babaçu.
O hambúrguer é estruturado com casca de banana, farinha de arroz e temperos naturais. Resultado: 13,17% de proteína por 100g, sem conservantes e com validade de até seis meses congelado.
Veja também: Empresários de São Luís contam como impulsionaram negócios usando aplicativos
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Segundo Guilhermina, o produto valoriza a sociobiodiversidade brasileira, gera renda, promove sustentabilidade e ainda oferece uma alternativa nutritiva para quem busca uma alimentação mais consciente.
O projeto foi finalista do Con X Tech Prize: Amazônia, uma competição global que reconhece inovações sustentáveis que protegem os ecossistemas amazônicos e fortalecem as comunidades locais.
?Cachaça em boteco? Não, um presente de experiência refinada
Ana Valéria criou uma cachaça para experiências refinadas
Produzida em São Luís, a Santo Ambrósio veio para quebrar paradigmas no Maranhão, uma terra onde a Ana Valéria Ambrósio diz que ainda se vê a cachaça como item de boteco, bebedeira e pouco valor agregado.
Para a empreendedora - uma das raras mulheres em liderança nesse ramo -, era preciso entregar uma faceta das cachaças que já era comum em outras bebidas: uma experiência sensorial que pode servir de presente, como os vinhos.
“A verdade é que o consumidor de cachaça é um consumidor elitizado. Quem acaba achando que talvez o cachaceiro seja a pessoa que fica embriagada, caída no chão, ele não tem a noção real. A cachaça é o produto mais refinado, tem pouco aldeído, então não causa ressaca", explica a empreendedora.
Ana Valéria inovou na forma de criar e apresentar a cachaça a seus clientes
Rafael Cardoso/g1 Maranhão
Com três anos de história, Ana entende que ainda há muito caminho a percorrer, mas comemora cada conquista alcançada. Ela conta que o produto já é vendido para clientes em outros estados e tem agradado os paladares mais exigentes com garrafas elegantes e drinks autorais com ingredientes maranhenses, como mel de Viana e buriti de Barreirinhas.
"A visão criativa fez a diferença. Eu apresentei a qualidade e uma experiência boa. Eu não quero que a pessoa no outro dia amanheça com uma ressaca. Quero que as pessoas entendam a cachaça como um produto refinado, que pode ser presenteado e apreciado com elegância, trazendo uma boa memória afetiva", finaliza.
Como os pequenos negócios apontam para o futuro econômico e sustentável do Maranhão
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Inovação faz parte do perfil empreendedor
César Guimarães, gerente de Inovação e Tecnologia do Sebrae no Maranhão, entende que inovar não significa, necessariamente, criar algo do zero ou ter uma ideia mirabolante. Trata-se, sobretudo, de pensar em formas diferentes de entregar valor ao cliente, resolver problemas e se destacar no mercado.
“Inovação não é mais luxo. Ela, de fato, é uma necessidade e tem que ser priorizada nas tomadas de decisão das empresas”, ratifica.
Veja dicas para entender se você tem um perfil empreendedor
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? Startups maranhenses: criatividade que escala
Criatividade e inovação também são matérias-primas das startups, que são os negócios inovadores, geralmente tecnológicos e escaláveis.
No Maranhão, esse universo está ganhando cada vez mais terreno, com 545 startups concentradas em 49 cidades, de acordo com o Mapeamento Estadual de Startups 2024, realizado pelo Sebrae.
Uri Levine explica o que é uma startup
São Luís lidera com 349, seguida de Imperatriz (44) e Balsas (27). Os setores mais representativos são Educação (12,8%), Tecnologia da Informação (10,5%), Impacto Socioambiental (9,51%), Saúde e Bem-Estar (8,78%) e Alimentos e Bebidas (7,68%).
O crescimento das startups é nítido nos números anuais. Em 2002, apenas três foram criadas em todo o Maranhão. Porém, a partir de 2018, investimentos públicos e privados impulsionaram o nascimento de novas empresas do tipo, com pico em 2023, quando 105 startups nasceram apenas naquele ano.
Startups criadas por ano no MA
Especial: Como as startups estão transformando o mercado e o ecossistema de negócios no MA
Um exemplo de startup maranhense da área educacional é a TecTeca, que nasceu da inquietação com a falta de conteúdos digitais interativos voltados às crianças da Geração Alpha — nascidas a partir de 2010.
Segundo o CTO e um dos fundadores da startup, Eugênio Furtado, a empresa criou uma biblioteca de livros digitais que teve uma resposta tão positiva nas crianças, que o projeto ganhou vida própria.
“Percebemos a lacuna no mercado editorial e o potencial do formato interativo. A partir daí, buscamos formação em empreendedorismo e participamos de diversos ecossistemas de inovação que foram essenciais para transformar a ideia em negócio”, conta.
A inovação é a espinha dorsal da startup, que reformula o tradicional ato de ler com livros digitais repletos de elementos interativos e responsivos. O enredo é enriquecido com mídias dinâmicas, ampliando o engajamento das crianças em ambientes que estimulam a participação ativa.
Desde o MVP (em português, Produto Mínimo Viável), a TecTeca já passou por editais do Sebrae, participou de eventos como o Startup Summit em Florianópolis e o Neon em Teresina, além de viver uma residência de seis meses no Cordel Hub, em Fortaleza.
"Inovação é a base da TecTeca, visto que trabalhamos com um paradigma secular, que é o ato de ler, e esse leque de editais foi decisivo para nosso crescimento e amadurecimento como empreendedores”, destaca Eugênio.
O objetivo agora é consolidar a empresa como produtora de livros interativos no mercado educacional, firmando parcerias com grandes empresas do setor e transformar o Maranhão em referência nacional em inovação educacional.
TecTeca na escola e no startup Summit 2023
TecTeca
Crescimento das startups maranhenses fora do estado
Ainda segundo os dados do Sebrae Maranhão, quase metade das startups (48,99%) do estado ainda está no estágio de ideação (quando a ideia começa a tomar forma), mas 28,15% já estão validando seus produtos no mercado e 13,53% em fase de tração, ou seja, acelerando seu crescimento.
A SYN Saúde, de São Luís, faz parte do grupo de startups que já gerou mais de R$ 100 milhões em orçamentos cirúrgicos e transacionados mais de R$ 30 milhões em cirurgias, por meio da própria plataforma. É um crescimento de 237% em comparação ao mesmo período de 2024, segundo dados da própria empresa.
Fase atual das startups no Maranhão
A startup surgiu para oferecer orçamentos cirúrgicos previsíveis e acessíveis, por meio de uma plataforma que conecta pacientes, médicos e hospitais. A empresa também oferece pagamento por Pix, cartão, boleto e até FGTS, o que tem atraído diversos tipos de clientes.
“Com resultados expressivos e impacto positivo para pacientes, médicos e hospitais, a SYN entrou em nova fase e está agora em plena expansão nacional, testando sua operação em regiões com perfis de acesso à saúde diferentes do Maranhão”, afirma a CEO Ana Lemos.
Atuando também no Sul e Sudeste, recentemente a SYN foi reconhecida com prêmios como o NEon 2024 e o Vumbora, do Banco do Nordeste. A startup também tem buscado se comprometer com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e já doou 12 cirurgias para pacientes em fila do SUS.
Ana Lemos e Dr. Dener, sócios da Syn Saúde
Arquivo pessoal
???? Da ideia à nota fiscal: quando o apoio faz a diferença
Uma reclamação constante em muitos pequenos empreendedores é a falta de apoio para a inovação. Diante desse cenário, algumas instituições, como o Sebrae, oferecem trilhas de capacitação que vão desde a ideia até a validação do modelo de negócios, passando por branding, gestão financeira e mentorias.
"O Sebrae possui uma grande plataforma chamada Sebrae Startups, que congrega startups do Brasil todo. Atualmente são mais de 20 mil startups cadastradas. Empreendedores, além de se mostrarem como uma grande vitrine para o mercado, têm acesso a um clube de benefícios, soluções tecnológicas de parceiros do Sebrae colocadas gratuitamente para esses empreendedores se desenvolverem", acrescenta César Guimarães.
Como formatar um novo negócio - startup.
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O Sebrae também possui programas locais de aceleração de negócios, como o Startup Nordeste, no qual o empreendedor passa por uma jornada de orientações. O apoio financeiro para o desenvolvimento dos passos iniciais da startup vem pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).
O presidente da Fapema, Nordman Wall, detalha que só os editais da fundação já investiram entre R$ 3 a 4 milhões em startups, com cerca de 300 projetos beneficiados — e ao menos 70 deles ainda em operação.
Esses recursos financiam desde bolsas de apoio técnico a materiais e equipamentos. Os projetos passam por avaliação e são selecionados por mérito. No futuro, a ideia é que também contribuam para o tão sonhado Parque Tecnológico de São Luís e ajudem outras startups a nascer.
“O futuro da ciência, da tecnologia e da inovação está interligado. Acreditamos que o ecossistema de inovação deve ter base sólida e capilaridade”, diz Nordman.
Além dos editais regionais, há ainda iniciativas nacionais como o programa Mulheres Inovadoras, da Finep em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, que está com inscrições abertas até 18 de junho. O programa oferece capacitações e mentorias com especialistas, com foco na liderança feminina em startups inovadoras.
? Best Maragames: democratizando os games
A Best Maragames, de São Luís, é das startups apoiadas por editais de fomento/pesquisa que têm se destacado e mostra como um problema pode ser o ponto de partida para uma grande solução.
Jeane Assunção é uma das gestoras e conta que tudo começou em março de 2022, quando ela e o marido, Jadiel (apaixonado por videogames), decidiram montar um espaço de jogos na sala da própria casa.
Best Maragames tem se destacado como uma startup que democratiza os games, no Maranhão
Best Maragames
Mas, no dia seguinte, veio a notificação do condomínio: deveriam fechar o espaço imediatamente, sob risco de processo. A frustração quase fez o casal desistir. Mas, como Jeane destaca, “percebemos que estávamos diante de dois grandes problemas: o preconceito e a falta de informação sobre o mercado de jogos digitais”.
Foi então que surgiu a oportunidade de participar do programa Startup Nordeste do Sebrae, que trouxe uma virada de chave e o impulso que eles precisavam para seguir em frente.
“Graças às mentorias, estruturamos nosso negócio. Hoje temos plano de negócios, formalização e visão de mercado”, conta Jeane.
Jeane (primeira da direita pra esquerda) e a família
Jeane Assunção
A empresa oferece uma arena itinerante de games para eventos e promove torneios digitais. Além disso, criou o Educagame, projeto que leva para dentro das escolas não apenas os jogos, mas também palestras sobre o mercado de games, mostrando aos jovens que é possível transformar paixão em carreira.
“Quando se fala em startup, muitos pensam logo em aplicativo. Mas inovação também é sobre novos métodos e modelos de negócio. Levamos os games onde ninguém leva, democratizando o acesso e mostrando o potencial desse setor”, completa Jeane.
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? Agora falando de crédito, de onde vem?
Se a criatividade é um ativo valioso, muitas vezes o que falta é o combustível financeiro para tirar as ideias do papel. Para além do apoio dado pelos editais públicos de fomento, as instituições financeiras também desempenham um papel fundamental.
Isaque Nascimento, superintendente estadual do Banco do Nordeste no Maranhão, explica que, embora o acesso ao crédito ainda seja um desafio para muitos microempreendedores, os bancos podem ser facilitadores nesse processo.
“Negócios criativos ou inovadores são bem vistos, especialmente pelo seu potencial de gerar emprego, renda e ampliar mercados. Na condição de pessoa física, sem necessidade de formalização, o microempreendedor tem acesso ao crédito até o limite de R$ 21 mil por operação de crédito, que pode destinar-se a aplicação em atividades produtivas, abrangendo desde as pequenas mercearias de bairros até os comércios de confecções, alimentos, entre outros, desde que em funcionamento há pelo menos seis meses”, destaca.
Mas não basta ter uma boa ideia. Segundo ele, projetos inovadores precisam estar bem estruturados: ter um plano financeiro consistente, estudo de viabilidade, mapeamento de mercado e demonstrar como o negócio pretende gerar receita e sustentabilidade no médio e longo prazo.
“Seja um hambúrguer de mesocarpo de babaçu ou um aplicativo, o que importa é que o empreendedor mostre que não é uma aventura, mas sim um negócio com potencial real”, resume o superintendente do BNB.
?Inovar é estratégico
Nordman Wall (Fapema), Eduardo Oliveira (Secti), César Guimarães (Sebrae) e Isaque Nascimento (BNB) falam sobre formas de apoio aos pequenos negócios inovadores
Governo do MA/Arquivo pessoal/Sebrae/Banco do Nordeste.
Quando se fala em inovação, muitos ainda pensam exclusivamente em startups de tecnologia, softwares ou aplicativos. Mas, na prática, ela está presente em diferentes formatos: seja no desenvolvimento de produtos sustentáveis a partir da bioeconomia, na criação de modelos de entrega diferenciados, na ressignificação de insumos locais ou na oferta de experiências personalizadas aos clientes.
O superintendente de Políticas de Inovação da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Eduardo Oliveira, acrescenta que a inovação também não precisa ser complicada para ser eficaz.
“Inovar é surpreender o cliente. Pode ser algo intuitivo, como mudar a forma de atendimento, ou algo estruturado. Mas o essencial é colocar o cliente no centro do negócio e buscar maneiras de encantá-lo todos os dias”, explica.
Segundo Guimarães, a inovação também pode estar em uma solução simples, como oferecer ao consumidor meios mais práticos de acessar um produto, personalizar uma entrega, adotar tecnologias digitais ou mesmo ressignificar insumos locais.
Inovação de fato é um processo onde a empresa muda sua ação, sua forma de disponibilizar o produto ou serviço, e isso se traduz em resultado. Gera nota fiscal, gera renda, reduz custos e desperdícios”, pontua.
Simone Castilho, cerimonialista com 25 anos de atuação, aponta também como a criatividade maranhense é presente até no ramo de eventos.
“Hoje, não seguimos mais apenas o que vem do Sul. Temos um mercado aquecido, que respeita a cultura local e entrega eventos impecáveis”, afirma.
Criatividade que transforma
Apesar de gargalos — como a escassez de mão de obra técnica e a carência de espaços com infraestrutura de ponta —, especialistas apontam que o Maranhão vive uma fase de expansão em seu ecossistema de inovação e de abertura de novos negócios.
Iniciativas como Startup Nordeste, além de programas locais como o Inova Maranhão e incubadoras universitárias, vêm estimulando soluções criativas com potencial de alcance nacional.
Os dados confirmam essa movimentação: apenas no primeiro trimestre de 2025, o estado registrou mais de 312.481 empresas privadas ativas, sendo 95,32% micro e pequenos negócios. O saldo de novos empreendimentos no período foi positivo: 9.390, segundo o Sebrae/MA.
Michelle Kallas dá dicas para sobre começar a empreender de forma mais acertada
Um futuro possível — e presente
O que essas histórias têm em comum? São pessoas que não tiveram medo de começar e driblaram as dificuldades. Com apoio de instituições públicas, capacitação adequada e crédito acessível, empreender no Maranhão deixou de ser um sonho distante e pode se tornar um caminho real de transformação — econômica, social e, sobretudo, pessoal.
“O maranhense é um empreendedor nato. Temos startups de altíssimo nível, soluções criativas que não só atendem demandas locais, como começam a ganhar espaço em outros mercados”, conclui César Guimarães.
Mas não há espaço para improviso: planejar, estudar o mercado, buscar orientação técnica e estruturar bem o modelo de negócio são passos indispensáveis.
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O que antes poderia parecer só uma ideia diferente, hoje a inovação se consolida como uma estratégia inteligente — e necessária — para quem deseja não apenas empreender, mas também fazer parte de uma economia mais dinâmica e sustentável.
"Na minha leitura, os empreendedores – de startups ou não – que têm a sensibilidade de interpretar aquilo que o cliente está dizendo, fazendo, pra onde ele está olhando, observando suas dores, entre outras situações cotidianas, estão sempre na vanguarda das suas áreas de negócios e com isso adotando novas estratégias de precificação, de atendimento, de encantamento, esse empreendedor está inovando, mesmo que não perceba", finaliza Eduardo Santos.
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