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Mapa da Fome: mesmo fora, Brasil tem 'desertos' e 'pântanos' alimentares; entenda

Mapa da Fome: mesmo fora, Brasil tem 'desertos' e 'pântanos' alimentares; entenda
O Brasil celebrou um marco significativo: a saída do mapa da fome da ONU (quando menos de 2,5% da população enfrenta subnutrição crônica). Um feito alcançado anteriormente em 2014, mas revertido no período de 2019 a 2021. Essa conquista de agora reflete uma melhora gradual observada nos anos de 2022, 2023 e 2024.
A fome, no entanto, é mais do que um dado estatístico: é uma realidade dolorosa e angustiante. E há desafios maiores, para além de saciar a fome: garantir que os alimentos sejam nutritivos e de qualidade, sobretudo para as populações mais vulneráveis.
É o que explica Kiko Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania, entrevista ao podcast O Assunto desta quarta-feira (30).
"Infelizmente, essa redução da produção e a falta de acesso dessa alimentação pela população tem mudado a cultura alimentar brasileira para uma cultura, muito parecida com a americana de produtos ultraprocessados."
Segundo Kiko, o arroz com feijão, base da nossa cultura alimentar e uma combinação muito representativa da alimentação brasileira, está se perdendo.
"A gente precisa lutar contra isso com todas as forças porque a fome não é só a fome de falta do alimento. Ela também é a falta de nutrientes, de vitaminas que alimentam o corpo e mantêm a gente saudável."
Kiko também fala sobre como, mesmo com o Brasil fora do Mapa da Fome, o desafio persiste em garantir que o alimento saudável chegue à mesa de todos os brasileiros.
"A gente tem uma cadeia inteira, desde a produção do alimento até essa chegada desse alimento saudável na mesa de todo brasileiro, que ainda está longe de ser realizada."
Segundo ele, há dois conceitos cruciais para entender as barreiras no acesso à alimentação adequada no país: "desertos alimentares" e "pântanos alimentares". Ouça, no player acima, a partir de 28:03.
Deserto alimentar: está ligado à distância da aquisição de alimento. É quando a pessoa precisa se deslocar muito para ter o que comer e muitas vezes nem consegue, seja por falta de recurso, seja por dificuldade por dificuldade para chegar onde o alimento é distribuído ou vendido.
"Você tem localidades remotas, especialmente as rurais. É surreal esse dado, mas a gente tem mais fome no meio rural, do que no meio urbano. Onde se produz o alimento, se tem mais fome do que onde não se produz."
Pântano alimentar: um conceito novo, que envolve a pessoa ir até o supermercado ou ir para algum estabelecimento da comunidade que vende comida e só encontrar ultraprocessados.
"Você força essa população a mudar a cultura alimentar dela para uma cultura de alimento ultraprocessado. Esse é o grande desafio que a gente tem hoje, dessa redução de preço e desse acesso a esse alimento saudável para essa população. É um desafio que a gente não está nem perto de resolver."
Ouça a íntegra do episódio aqui.
O que você precisa saber:
Brasil sai novamente do Mapa da Fome, segundo relatório da ONU
'Não conhecia rúcula, salsa, couve': como a agricultura mudou vidas em um deserto alimentar
Em 2022, Brasil tinha voltado ao Mapa da Fome da ONU
Primeira vez que o Brasil saiu do Mapa da Fome foi em 2014
As medidas para erradicar a fome
O Assunto é o podcast diário produzido pelo g1, disponível em todas as plataformas de áudio e no YouTube. Desde a estreia, em agosto de 2019, o podcast O Assunto soma mais de 168 milhões de downloads em todas as plataformas de áudio. No YouTube, o podcast diário do g1 soma mais de 14,2 milhões de visualizações.
Prata de comida; almoço; jantar; refeição
Lyon Santos/Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

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