'Nada parecido com o cenário de 2024', diz especialista sobre fortes chuvas no RS; entenda por que é diferente

Professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS avalia situação no estado. Duas pessoas morreram, uma está desaparecida e pelo menos 2,6 mil fora de casa. Risco de novas inundações é alto no Rio Grande do Sul
Com o céu encoberto desde o início da semana, o som da chuva e casas alagadas, é inevitável a aflição dos gaúchos um ano após a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul. A pergunta é direta: as chuvas vão ser as mesmas da enchente de 2024?
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Apesar dos transtornos que as tempestades têm provocado em várias regiões do estado, não estamos diante de um evento com a mesma magnitude de maio do último ano. Essa é a avaliação do professor Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, e da Defesa Civil de Porto Alegre. No entanto, requer atenção.
Rio Grande do Sul tem cidades alagadas
Reprodução/ RBS TV
Nível do Guaíba
A diferença começa pela geografia da chuva. Segundo o especialista, os rios transbordaram em conjunto em 2024, desaguando no Guaíba e elevando o nível do lago. Agora, o cenário é outro.
"Desta vez, as chuvas grandes não caíram na parte mais Norte do estado, elas caíram justamente na parte Sul. Então, o que está vindo em direção a Porto Alegre são volumes de chuva que, além de serem menores do que aconteceram em 2024, estão vindo apenas da região mais Central do estado em direção a Capital", explica Fan.
Em números: enquanto, em 2024, 800 milímetros de chuva foram acumulados em sete dias, agora as previsões falam em 100 milímetros nos próximos dias, comenta o professor.
Fan ainda detalha: cidades como Santa Maria, Jaguari, Manoel Viana e Alegrete, atingidas pelas chuvas recentes, escoam suas águas para rios como o Ibicuí e o Camaquã, que desaguam no Uruguai ou na Lagoa dos Patos — não diretamente no Guaíba. Isso significa que os impactos em Porto Alegre serão limitados, ao menos no que diz respeito ao nível do lago.
Cota de inundação
O Guaíba está subindo, sim. No entanto, segundo as projeções, deve alcançar entre 3,15 e 3,50 metros nos próximos dias. A chamada “cota de inundação” do Guaíba é de 3,6 metros. Ou seja: se o pior cenário se confirmar, o lago chegará perto, mas sem ultrapassar a marca crítica registrada em 2024, aponta o Instituto de Pesquisas Hidráulicas.
No ano passado, o Guaíba ultrapassou os 5 metros, invadindo bairros inteiros, inclusive o Centro Histórico da capital.
Enchente do lado de fora do Mercado Público de Porto Alegre (RS), nesta sexta-feira (17).
Adriano Machado/Reuters
O pico do nível do Guaíba é esperado entre sábado e domingo, dependendo das chuvas previstas para quinta e sexta-feira. Se chover mais do que o previsto, pode haver elevação adicional — mas o cenário segue distante do colapso de 2024.
Diferença entre alagamento e inundação
Parte da angústia da população se deve ao retorno das águas às ruas.
Na quarta-feira (18), o Rio Taquari, que percorre a Região dos Vales, e o Rio Caí, na Região Metropolitana, ultrapassaram a cota de inundação.
Contudo, como esclarece a Defesa Civil de Porto Alegre, nem toda água parada é sinal de enchente como a de 2024.
"Inundação é o que nós tivemos em maio de 2024. Nós tivemos o Guaíba elevando acima da sua porta e invadindo a nossa cidade. O alagamento é fruto dessa precipitação intensa em pouco tempo que trouxe", afirma Evaldo Rodrigues Jr., secretário executivo da Defesa Civil de Porto Alegre.
Esses alagamentos acontecem quando chove intensamente em um curto período de tempo. Eles podem trazer transtornos, inclusive para o trânsito e para moradores de regiões mais vulneráveis, mas são diferentes das grandes inundações.
Quem deve ficar mais atento?
Segundo o professor da UFRGS, o alerta, neste momento, é mais para quem vive nas áreas mais baixas do interior, próximas a rios como o Taquari, o Caí, o Jacuí e o Sinos. Com as chuvas previstas nas próximas 48 horas, esses rios podem atingir suas cotas de inundação, o que significa que algumas casas podem ser afetadas, especialmente em municípios já fragilizados.
"Vai ter transtorno, sim, nesses dias, nos locais que vão atingir a cota de inundação. Algumas pessoas vão ser atingidas, provavelmente bem menos do que foi em 2024, nesses rios do interior", diz Fan. "A população que deve estar mais em alerta, é a população atingida pelas cotas mais baixas", comenta.
Chuva no RS
Chuva provoca duas mortes e tira 2 mil de casa no Rio Grande do Sul
As chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde segunda-feira (16) deixaram duas pessoas mortas, uma desaparecida e pelo menos 2,6 mil fora de casa, de acordo com a última atualização da Defesa Civil do estado, na tarde desta quarta-feira (18).
Pelo menos 68 municípios relatam alagamentos, deslizamentos, danos em residências, estradas e pontes, além de milhares de pessoas desalojadas ou desabrigadas, de acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul.
VÍDEOS: Tudo sobre o RS
Com o céu encoberto desde o início da semana, o som da chuva e casas alagadas, é inevitável a aflição dos gaúchos um ano após a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul. A pergunta é direta: as chuvas vão ser as mesmas da enchente de 2024?
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Apesar dos transtornos que as tempestades têm provocado em várias regiões do estado, não estamos diante de um evento com a mesma magnitude de maio do último ano. Essa é a avaliação do professor Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, e da Defesa Civil de Porto Alegre. No entanto, requer atenção.
Rio Grande do Sul tem cidades alagadas
Reprodução/ RBS TV
Nível do Guaíba
A diferença começa pela geografia da chuva. Segundo o especialista, os rios transbordaram em conjunto em 2024, desaguando no Guaíba e elevando o nível do lago. Agora, o cenário é outro.
"Desta vez, as chuvas grandes não caíram na parte mais Norte do estado, elas caíram justamente na parte Sul. Então, o que está vindo em direção a Porto Alegre são volumes de chuva que, além de serem menores do que aconteceram em 2024, estão vindo apenas da região mais Central do estado em direção a Capital", explica Fan.
Em números: enquanto, em 2024, 800 milímetros de chuva foram acumulados em sete dias, agora as previsões falam em 100 milímetros nos próximos dias, comenta o professor.
Fan ainda detalha: cidades como Santa Maria, Jaguari, Manoel Viana e Alegrete, atingidas pelas chuvas recentes, escoam suas águas para rios como o Ibicuí e o Camaquã, que desaguam no Uruguai ou na Lagoa dos Patos — não diretamente no Guaíba. Isso significa que os impactos em Porto Alegre serão limitados, ao menos no que diz respeito ao nível do lago.
Cota de inundação
O Guaíba está subindo, sim. No entanto, segundo as projeções, deve alcançar entre 3,15 e 3,50 metros nos próximos dias. A chamada “cota de inundação” do Guaíba é de 3,6 metros. Ou seja: se o pior cenário se confirmar, o lago chegará perto, mas sem ultrapassar a marca crítica registrada em 2024, aponta o Instituto de Pesquisas Hidráulicas.
No ano passado, o Guaíba ultrapassou os 5 metros, invadindo bairros inteiros, inclusive o Centro Histórico da capital.
Enchente do lado de fora do Mercado Público de Porto Alegre (RS), nesta sexta-feira (17).
Adriano Machado/Reuters
O pico do nível do Guaíba é esperado entre sábado e domingo, dependendo das chuvas previstas para quinta e sexta-feira. Se chover mais do que o previsto, pode haver elevação adicional — mas o cenário segue distante do colapso de 2024.
Diferença entre alagamento e inundação
Parte da angústia da população se deve ao retorno das águas às ruas.
Na quarta-feira (18), o Rio Taquari, que percorre a Região dos Vales, e o Rio Caí, na Região Metropolitana, ultrapassaram a cota de inundação.
Contudo, como esclarece a Defesa Civil de Porto Alegre, nem toda água parada é sinal de enchente como a de 2024.
"Inundação é o que nós tivemos em maio de 2024. Nós tivemos o Guaíba elevando acima da sua porta e invadindo a nossa cidade. O alagamento é fruto dessa precipitação intensa em pouco tempo que trouxe", afirma Evaldo Rodrigues Jr., secretário executivo da Defesa Civil de Porto Alegre.
Esses alagamentos acontecem quando chove intensamente em um curto período de tempo. Eles podem trazer transtornos, inclusive para o trânsito e para moradores de regiões mais vulneráveis, mas são diferentes das grandes inundações.
Quem deve ficar mais atento?
Segundo o professor da UFRGS, o alerta, neste momento, é mais para quem vive nas áreas mais baixas do interior, próximas a rios como o Taquari, o Caí, o Jacuí e o Sinos. Com as chuvas previstas nas próximas 48 horas, esses rios podem atingir suas cotas de inundação, o que significa que algumas casas podem ser afetadas, especialmente em municípios já fragilizados.
"Vai ter transtorno, sim, nesses dias, nos locais que vão atingir a cota de inundação. Algumas pessoas vão ser atingidas, provavelmente bem menos do que foi em 2024, nesses rios do interior", diz Fan. "A população que deve estar mais em alerta, é a população atingida pelas cotas mais baixas", comenta.
Chuva no RS
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Pelo menos 68 municípios relatam alagamentos, deslizamentos, danos em residências, estradas e pontes, além de milhares de pessoas desalojadas ou desabrigadas, de acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul.
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