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'O que fizeram comigo foi uma covardia', diz auxiliar de produção agredido por PMs na porta de casa no interior de SP

'O que fizeram comigo foi uma covardia', diz auxiliar de produção agredido por PMs na porta de casa no interior de SP
Além de Luiz, a esposa dele, Samara, também foi agredida, e toda a cena foi registrada por câmeras do imóvel. Os policiais foram afastados e caso é apurado pela corregedoria da PM. Rapaz agredido por policiais militares na porta de casa desabafa: 'covardia'
"O que fizeram comigo foi uma covardia. Uma covardia, na frente do meu filho, na frente da minha mulher. Quero justiça porque isso não é certo". As palavras são do auxiliar de produção Luiz Jacopini, de 27 anos. Ele e a esposa Samara Siqueira, de 23, foram agredidos por policiais militares, na frente da própria casa, em Valinhos (SP).
O episódio foi em 21 de junho, no bairro Vale Verde, mas as imagens da violência foram divulgadas pela família nesta semana. Câmeras de segurança registraram quando o rapaz foi golpeado com cassetete por um dos policiais. Em outro momento, a mulher levou um tapa no rosto ao tentar evitar que as agressões ao marido continuassem.
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A cena foi assistida pelo filho do casal, que tem 5 anos. Os policiais foram acionados pela avó de Samara após um desentendimento familiar, e as imagens registradas pela câmara do imóvel contestam a versão que os agentes deram na delegacia. Eles afirmaram terem agredido o rapaz porque ele "investiu contra a equipe", o que não é mostrado nos registros (entenda abaixo).
O caso foi denunciado à Corregedoria da Polícia Militar, que afastou os dois agentes das atividades e instaurou um inquérito para apurar os fatos.
Eu sei que eu não posso reagir, eu não vou reagir à abordagem, se eu reagir, eu sei que vou morrer. A gente vê tantos casos na televisão, todo mundo reagindo o que acontece. Ninguém é besta de reagir. Eles foram na intenção mesmo. Se eu não tivesse a minha câmera, era a palavra deles contra a minha [...] Estou ferrado psicologicamente. Meu filho também não merecia passar por isso. Ele lembra todo dia, ele me lembra também. É ruim, é chato. Eu jamais imaginei que ia passar por isso.
PMs espancam casal na porta de casa e são afastados no interior de SP
'Vítima de um estigma social'
No momento em que os policiais chegaram no imóvel, Luiz estava sentando em uma cadeira na frente da casa, fumando um cigarro de tabaco e ouvindo música em uma caixa de som. A esposa estendia roupa em viral logo ao lado. O vídeo mostra quando os policiais chegaram, conversaram algo com o rapaz e começaram a agredi-lo sem que tivesse qualquer reação (assista acima).
"No momento que eles chegaram, perguntaram o que aconteceu. Eu falei assim: 'aconteceu que eu discuti com a minha avó, mas ela está aqui. Pode perguntar para ela. Foi ela quem chamou vocês'. Ele falou: 'com a sua avó a gente já conversou'. Eu falei: 'então eu não tenho mais nada para falar, porque o que ela falou é o que é. A gente discutiu e foi isso'".
"Nisso eles já vieram na direção do meu marido, começaram a falar bem alto com ele, totalmente rude, grosso", relata Samara. O auxiliar de produção caiu no chão, foi imobilizado e continuou sendo agredido. Ele relata que levou socos e tapas no rosto mesmo depois de ser colocado algemado dentro da viatura.
Para Matheus Nascimento, advogado da família, o casal foi vítima de preconceito. "Um estigma social em decorrência das tatuagens que, para quem olha, pode ser que leve a associar a algum criminoso. Mas ele foi vítima, sim, de um estigma social que a gente sempre diz, o 'PPP', preto, pobre ou periférico. A gente enquadra nesse estigma social, num preconceito, sim".
"Se eu não puder ficar na porta da minha casa, final de semana, que eu não tenho dinheiro, a gente não tem dinheiro para sair com a nossa família, que a gente já não tem uma condição boa de vida, é difícil as coisas...", comenta Luiz.
Casal decidiu mudar de endereço por medo de ameaças
Em um depoimento à Corregedoria da PM, dois dias após as agressões, o casal contou que decidiu mudar de endereço por medo de ameaças. A mulher relatou que, momentos antes de seguirem para a delegacia, um dos policiais os ameaçou dizendo: "que isso não acabou, que não ia ficar desse jeito, que iam mudar a rota, arrastá-los para o mato e acabar com a vida deles, que ia acabar com a família".
O marido disse também que "ficou amedrontado com as ameaças e que mudou para outra cidade com receio das retaliações dos policiais", conforme registrado no depoimento, ao qual o g1 teve acesso. A informação foi confirmada pelo advogado do casal Matheus Nascimento.
Câmera de segurança registrou agressão a casal em Valinhos
Arquivo pessoal
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Versão dos policiais X vídeo de câmeras de segurança
O que dizem os policiais: as agentes contaram na delegacia que o rapaz "estava muito alterado e, em dado momento, investiu contra a equipe policial, sendo necessário fazer o uso moderado da força", além do uso de "bastão tonfa", conhecido como cassetete, e imobilização.
O que mostra o vídeo: as imagens mostram que o homem estava próximo à porta e a mulher mexia em roupas no varal quando a viatura chegou. Os policiais se aproximaram e, após poucos minutos de conversa, um deles deu tapas e golpes de cassetete no rapaz.
O que dizem os policiais: os agentes afirmam também, conforme o boletim de ocorrência, que a mulher, na tentativa de defender o marido, "entrou no meio da confusão, sendo atingida acidentalmente por golpe de tonfa".
O que mostra o vídeo: no meio da confusão, enquanto o homem foi imobilizado no chão por um dos agentes, o outro deu um tapa no rosto da mulher. Momentos depois, ela disse: "Eu nunca apanhei na cara de homem nenhum", enquanto um PM responde "É por isso que você é desse jeito".
O marido foi levado até a viatura e gritava por socorro, mostram as imagens.
Luiz Jacopini, de 27 anos, foi agredido por policiais militares na porta de casa em Valinhos
Reprodução/EPTV
Desentendimento familiar levou PM ao local
A briga familiar teria começado após um desentendimento entre a mulher e a avó, que mora com a família. A denunciante contou aos policiais que foi xingada pelo casal. Já o rapaz relatou ter sido agredido pela idosa com tijoladas e tapas, sofrendo ferimentos pelo corpo.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, o casal foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas recusou atendimento.
Paralelamente, a Delegacia de Valinhos instaurou inquérito policial para investigar a suspeita de violência doméstica, relatada pela avó. "O casal envolvido já foi ouvido nos autos. As investigações seguem em andamento para o completo esclarecimento dos fatos".
Caso foi denunciado à corregedoria
O advogado Matheus Nascimento conta que, após a ocorrência, o casal registrou uma denúncia na corregedoria e tanto o homem quanto a mulher prestaram depoimento. Veja a nota da Polícia Militar na íntegra:
A Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar os fatos e determinou o afastamento dos agentes envolvidos das atividades operacionais. Paralelamente, a Delegacia de Valinhos instaurou inquérito policial para investigar a prática de violência doméstica. O casal envolvido já foi ouvido nos autos. As investigações seguem em andamento para o completo esclarecimento dos fatos.
VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região
No momento em que os policiais chegaram no imóvel, Luiz estava sentando em uma cadeira na frente da casa, fumando um cigarro de tabaco e ouvindo música em uma caixa de som. A esposa estendia roupa em viral logo ao lado. No vídeo é possível ver que os policiais h
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